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Como ser nômade digital: guia completo

Dicas Práticas | 06/05/21 | Atualizado em 10/10/22 | 10 comentários

Viver viajando é o sonho de muita gente. E é a realidade de tantos outros, já que o nomadismo digital tem se tornado cada vez mais comum. Mas pra quem ainda não está nessa vida, é comum se perguntar: como ser um nômade digital? O que é preciso fazer pra começar?

Neste artigo, vou falar sobre o que é ser nômade digital, quais são as principais vantagens e desvantagens desse estilo de vida, quais os custos de viver como nômade digital, quais são as melhores profissões pra isso, como se tornar um nômade digital e como dar os primeiro passos pra essa jornada.

Também vou contar por que eu desisti de ser nômade digital e adotei uma opção “intermediária” entre esse estilo de vida e uma rotina de trabalho fixo e presencial.

O que é ser nômade digital

O que significa, de fato, ser nômade digital? Basicamente, ser nômade e se manter através de meios digitais. Em outras palavras: não ter um lar fixo, se mover de um lugar a outro com frequência e ganhar dinheiro pela internet.

O termo “nomadismo digital” já vem sendo usado desde os anos 1990, mas esse estilo de vida se tornou muito mais comum com o avanço da tecnologia e o barateamento das viagens. Agora que a pandemia de Coronavírus mostrou que muitos trabalhos podem ser feitos de forma remota, a tendência é que os nômades digitais sejam mais e mais numerosos.

Tem gente de várias profissões, faixas etárias, gêneros e nacionalidades vivendo assim, em diversas partes do mundo. O que essas pessoas costumam ter em comum são o apreço pela liberdade, a curiosidade por explorar novos lugares e a autonomia pra trabalhar sem uma estrutura fixa.

Muitos dos meus amigos e conhecidos que aderiram ao nomadismo digital o fizeram “sem querer”. Alguns começaram a trabalhar pela internet e foram emendando uma viagem na outra espontaneamente até que não fazia mais sentido ter uma casa. Outros estavam num mochilão e deram um jeito de ganhar grana online pra continuar na estrada. E alguns estavam desempregados e se tornaram freelancers ou começaram a empreender.

Vale ressaltar que ser nômade digital não é o único jeito de se manter financeiramente viajando pelo mundo. Tem quem prefira procurar trabalhos temporários presenciais nos lugares que visita, ou vender sua arte nas ruas, por exemplo. E também é possível tirar um sabático, viajando às custas das suas economias, sem se preocupar em trabalhar.

O nomadismo digital, no entanto, é uma forma de manter a renda entrando independente do lugar onde você está.

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Vantagens de ser nômade digital

Ser nômade digital traz muitas vantagens muito tentadoras pra quem não aguenta mais a rotina de escritório. A mais óbvia é a possibilidade de viver viajando constantemente.

Em vez de ter só 30 dias no ano pra explorar o mundo, você pode estar em um lugar diferente a cada mês e passar todos os finais de semana turistando, por exemplo. Sua rotina se torna imprevisível e repleta de novas experiências.

Muitos nômades digitais têm também flexibilidade de horário de trabalho. Nem sempre é o caso, porque tem quem trabalhe pra uma empresa em horário comercial, ainda que de forma remota.

Mas quem é freelancer ou autônomo tem a possibilidade de trabalhar no fim de semana e ir à praia numa terça-feira vazia, por exemplo, ou acordar bem cedinho pra concluir as demandas na hora do almoço e ir passear.

Pra mim, uma das maiores vantagens desse estilo de vida é poder passar mais tempo em cada lugar que visito e experimentar a realidade local com calma. Já fiz vários intercâmbios e sempre amei me sentir mais como moradora que turista, sabe?

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Desvantagens de ser nômade digital

No entanto, é claro que o nomadismo não é perfeito. Muita gente se deslumbra com a realidade glamorosa que vê nas redes sociais, ou em imagens clichê tipo uma pessoa no laptop à beira-mar. Na prática, não faz muito sentido usar seu equipamento de trabalho perto de areia e água salgada, né? :P E, como tudo na vida, esse caminho envolve várias renúncias.

Pra começar, é preciso exercitar constantemente o desapego. Você não pode ter muitos itens materiais, já que sua casa é sua mala ou mochila e tem que ser fácil de transportar mundo afora. E nem sempre você vai ter acesso a uma cozinha equipada, nem dormir num quarto decorado do seu jeito.

Na vida nômade também é preciso se acostumar a se despedir não só da família e amigos na sua cidade de origem, mas também das pessoas com quem criar laços na estrada. E pode bater solidão se você vai viajar sozinho(a) e tinha o costume de ter contato presencial com colegas de trabalho.

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Quem quer ser nômade digital também tem que gerenciar bem o próprio tempo. Principalmente pra quem não trabalha em horários fixos, é preciso disciplina pra dar conta de tudo sem deixar de curtir o lugar. Esse é um ponto que pesa pra mim: muitas vezes ficava ansiosa querendo passear enquanto estava trabalhando, e pensando que devia trabalhar enquanto estava passeando. :P

Por isso mesmo, é necessário internalizar que esse é seu novo estilo de vida e que isso é muito diferente de uma viagem temporária. Você vai ter que se acostumar a passar mais tempo em cada lugar e gastar menos que nas férias, por exemplo.

E pra quem é freelancer ou autônomo, é necessário lidar também com a instabilidade financeira e falta de benefícios como plano de saúde, vale alimentação e seguro desemprego. Se você perder clientes ou tiver uma redução de renda enquanto está na estrada, ou tiver gastos imprevistos, vai precisar de resiliência pra encontrar soluções.

Além disso, é preciso disposição pra buscar hospedagem em cada novo destino e se informar sobre questões básicas tipo supermercados e restaurantes com bons preços. E, é claro, se adaptar às novas culturas, conversões de moedas, diferenças de fuso-horário e eventuais questões burocráticas, tipo vistos e vacinas.

Também é preciso paciência pra lidar com as diversas broncas que podem surgir ao chegar em cada novo lugar. A hospedagem reservada pode ter problemas e você pode ter dificuldade de acesso à internet ou precisar trabalhar num lugar com estrutura precária, entre outros perrengues.

Falo tudo isso não pra desestimular quem quer ser nômade digital, mas porque acho importante ter uma noção da realidade desse estilo de vida. Se você decidir que realmente quer experimentar o nomadismo, ter expectativas realistas vai tornar tudo mais fácil e prazeroso.

Quanto custa viver como nômade digital?

Pesou os prós e contras e resolveu que quer mesmo ser nômade digital? Ótimo! Mas além da vontade, existem algumas questões práticas a se considerar. Acredito que a maior delas é o dinheiro.

Muita gente pensa que o nomadismo digital é só pra quem tem muita grana, ou que viver assim sai mais caro que ter uma vida mais convencional num lugar só. Mas isso geralmente não é verdade.

Pra começar, é preciso ter em mente o custo de vida dos destinos aonde você pretende ir. Em muitos lugares do Brasil e do mundo, é possível viver de forma confortável como nômade gastando bem menos que numa vida de classe média em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo.

Se você não tem uma grande reserva financeira, nem um trabalho online que pague muito bem, uma solução é buscar destinos com custo de vida mais em conta. Países do Sudeste Asiático, México e Colômbia, além de vários do Leste Europeu, são queridinhos dos nômades digitais justamente porque oferecem uma boa qualidade de vida com pouca grana.

Vale ressaltar que muitos dos gastos fixos que um brasileiro de classe média costuma ter são eliminados quando você vive viajando. Prestação do carro, IPVA, seguro, estacionamentos, gasolina, aluguel, condomínio e contas da casa são custos que não fazem parte da planilha de um nômade digital.

Gastos com roupas, equipamentos eletrônicos e itens de decoração também deixam de existir ou diminuem muito, já que você não tem onde guardar isso tudo.

“Ah, mas é preciso pagar pela hospedagem, né?”. Nem sempre! É possível viajar com hospedagem gratuita. Algumas alternativas são fazer house sitting (cuidar da casa e bichos de estimação de alguém que está viajando e ficar lá de graça) e voluntariar através de plataformas como Workaway e Worldpackers.

Nelas, você troca algumas horas semanais de trabalho por hospedagem, e às vezes também outros benefícios como refeições. Se seu trabalho como nômade digital puder ser conciliado com as tarefas que o anfitrião precisa, é uma ótima solução pra se manter viajando com economia e conhecer pessoas.

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Outra questão são os custos de deslocamento, mas se você viajar devagar e por lugares próximos, não é preciso investir muito em passagens. Dá pra usar ônibus e até mesmo caronas pra economizar.

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Profissões para ser nômade digital

Existem muitas profissões que possibilitam ser nômade digital. O mais comum é pensarmos em carreiras diretamente ligadas à internet, mas até as mais tradicionais como arquitetura, engenharia e direito podem ser exercidas remotamente. Hoje em dia, dá pra atender a distância como psicólogo, educador físico, nutricionista, contador…

Vou falar mais à frente sobre a transição pra o nomadismo digital, mas adianto que é possível trabalhar de diversas formas: como funcionário remoto de uma empresa, como autônomo oferecendo consultoria ou cursos, como freelancer atendendo diversos clientes etc.

As possibilidades são infinitas e muitas vezes você não precisa de uma graduação ou curso formal na área. Mas é necessário, sim, se dedicar muito e saber que as coisas não costumam acontecer de uma hora pra outra.

“Ah, mas eu queria algumas ideias de profissões pra ser nômade digital”. Então tá! Seguem alguns exemplos de áreas com bastante demanda pra trabalho online:

Marketing digital

Uma das áreas com mais demanda atualmente é a de marketing digital, que geralmente funciona muito bem pra trabalho remoto. Você pode trabalhar com planejamento de marketing, gerenciamento de mídia, produção de conteúdo pra redes sociais, campanhas com influenciadores…

Redação

Você pode trabalhar produzindo textos para blogs, newsletters e outras ferramentas de marketing de conteúdo; produzir conteúdo publicitário; escrever textos técnicos para indústrias específicas; escrever artigos pra sites, jornais e revistas; e muito mais. Também é possível trabalhar remotamente com revisão de texto ou revisão de trabalhos acadêmicos seguindo as normas da ABNT, por exemplo.

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Design

Outra profissão muito comum entre nômades digitais é a de designer. Esses profissionais são muito procurados pra tarefas como criar logomarcas, diagramar e-books, fazer o layout de sites, criar peças gráficas pra redes sociais, fazer materiais de divulgação pra pequenas empresas etc. Se você trabalha com ilustração, também pode vender trabalhos pra bancos de imagens ou criar produtos pra vender online.

Tradução

Pra quem leva jeito com idiomas, uma possibilidade é se especializar em tradução. Nesse caso, alguns diferenciais são a fluência em idiomas com oferta mais reduzida e o domínio de vocabulário técnico de áreas específicas, como direito, medicina e tecnologia. Também é recomendável fazer capacitações na área e aprender a usar softwares de tradução.

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Programação

Programadores e desenvolvedores de softwares e aplicativos são profissionais muito valorizados atualmente. Essas profissões costumam ter muitas vagas para trabalho remoto, seja como freelancer ou com contrato em empresas mundo afora. Pra quem tem bastante experiência, não costuma ser difícil achar oportunidades bem remuneradas.

Fotografia e vídeo

Vários tipos de empresa precisam de profissionais capacitados pra produzir fotos ou vídeos pra divulgar seus estabelecimentos. Muitos dos meus amigos nômades digitais não pagam por hospedagem porque oferecem permuta de produção audiovisual. Mas é claro que você pode cobrar por esses serviços, ou trabalhar fotografando turistas, eventos etc. por onde passar.

Se quiser depender 100% da internet, você pode vender fotos ou presets online, fazer freelas como editor de vídeo ou oferecer workshops, por exemplo.

A Domestika, plataforma de cursos online que eu adoro, tem vários cursos voltados pra quem empreende. Alguns exemplos são Gestão financeira para profissionais criativos, Ferramentas para ter sucesso sendo seu próprio chefe, Técnicas para melhorar sua produtividade e Técnicas de gestão do tempo para criadores e criativos. Veja também todos os cursos de marketing e negócios.

Empreendedorismo e nomadismo digital

Além de trabalhar como freelancer, autônomo ou funcionário remoto de uma empresa, você pode ser nômade digital empreendendo. Dá pra usar a criatividade pra criar todo tipo de projeto, mas vou citar alguns caminhos muito usados por nômades digitais que conheço:

Lojas online

Você fabrica algum produto físico, ou tem talento pra isso? Ou então conhece fornecedores de produtos que poderia revender? Uma opção é usar uma plataforma de e-commerce pra criar uma loja online, que pode ser gerenciada e divulgada pela internet.

Nesse caso, no entanto, é preciso pensar na logística pra gestão do estoque e envio do produto pra os clientes. Se você tiver um funcionário, sócio ou equipe num lugar fixo, dá pra eles ficarem responsáveis por essa parte enquanto você administra e divulga o negócio de qualquer lugar do mundo.

Infoprodutos

Outra solução é vender produtos digitais, ou infoprodutos. Você pode criar cursos, eventos online, e-books, aplicativos ou softwares, por exemplo, e vende-los pela internet.

A vantagem dessa alternativa é que depois do esforço inicial pra produção do produto, configuração da plataforma de vendas e lançamento, o trabalho diminui muito. E aí sua criação passa a gerar uma renda passiva, ou seja, um dinheiro que entra mesmo quando você não está ativamente trabalhando pra isso.

Vale ressaltar, no entanto, que tem muita gente por aí trabalhando bastante pra criar autoridade online e estudando muito sobre lançamentos. Por isso, não é só criar “qualquer coisa” e jogar na internet, ou seguir supostas “fórmulas mágicas” vendidas por gurus do marketing. Você precisa se dedicar de verdade pra ter bons resultados.

Ah, e além de criar produtos próprios, também é possível vender infoprodutos feitos por terceiros, ganhando uma comissão sobre as vendas efetuadas. Plataformas como Eduzz e Hotmart oferecem essa opção.

Produção de conteúdo autoral

Outro caminho pra ser um nômade digital é o que eu escolhi: produzir conteúdo autoral pra internet. Você pode ser blogueiro, instagrammer ou youtuber, por exemplo, e ganhar dinheiro com isso. Mas aviso que não é fácil: geralmente é preciso muita dedicação e tempo pra conseguir uma audiência considerável.

A partir daí, você pode monetizar seu conteúdo de várias formas. Alguns exemplos são os anúncios do Google Adsense, posts patrocinados, marketing de afiliados e outros tipos de parcerias e publicidade.

Eu criei esse blog aqui em 2012 e vivo dele desde 2018, quando me dediquei de fato a profissionalizá-lo. Na plataforma de aprendizado online Worldpackers Academy, você encontra um curso criado por mim com 6 horas de duração e muitos bônus, em que compartilho tudo que sei sobre como criar e monetizar um blog. E com o cupom JANELASABERTAS, você ganha 10 USD de desconto pra ter acesso às dezenas de cursos da plataforma.

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Como se tornar um nômade digital

Agora que você já tem uma boa noção do que está envolvido nessa vida de nômade digital, vamos à parte prática: como se tornar nômade? Separei alguns passos importantes pra quem está fazendo a transição pra esse estilo de vida.

Avalie se sua profissão pode ser realizada remotamente

A primeira coisa é pensar se você tem como realizar o seu trabalho atual de forma remota (se não já estiver fazendo isso por causa da pandemia). Avalie se é possível fazer essa transição pra o home office ou torna-la permanente, seja trabalhando na empresa atual ou como autônomo ou freelancer.

Capacite-se numa profissão que facilite o trabalho remoto

Seu trabalho não se adapta bem pra o nomadismo digital, ou você está querendo mudar de carreira? É hora, então, de se capacitar pra exercer alguma função que tenha boa demanda e possa ser realizada online.

Existem muitos cursos na internet pra desenvolver habilidades em profissões que não exigem diplomas de graduação, como as que citei acima. Sites como Udemy e Coursera têm cursos grátis em várias áreas. Dependendo do assunto que queira estudar, recomendo pesquisar instituições desse nicho com aulas disponíveis online.

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Outra opção é assinar a plataforma Worldpackers Academy, que mencionei acima. Nesse site, você paga uma taxa única pra ter acesso a dezenas de cursos criados pra quem quer fazer da viagem um estilo de vida.

Além do meu curso sobre como criar e monetizar um blog, que já mencionei, você encontra lá ótimas aulas sobre gravação e edição de vídeo, fotografia, escrita pra web, gestão de redes sociais, marketing, empreendedorismo, lançamento de produtos, Youtube, Instagram, TikTok e muito mais.

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Monte seu currículo e portfólio

Se o caminho que você escolheu pra ser nômade digital é oferecer serviços como freelancer, não basta se capacitar e ter experiência. Você precisa também mostrar a qualidade do seu trabalho pra as pessoas. Por isso, é importante dedicar um tempinho ao currículo e portfólio.

Caso esteja começando numa área nova, você pode montar seu portfólio oferecendo trabalho de graça ou de baixo custo pra amigos e conhecidos ou projetos sociais, por exemplo. Também pode fazer amostras “fantasma” do seu trabalho, tipo um texto ou logomarca pra jobs fictícios.

E se ainda estiver com um trabalho fixo, recomendo ir trabalhando como freelancer no seu tempo livre. Assim, você vai testando esse estilo de trabalho, recheando seu portfólio e montando uma cartela de clientes pra quando resolver ser nômade digital de fato. Além, é claro, de ganhar uma grana extra pra suas reservas financeiras.

Comece seu negócio online

Caso opte pelo empreendedorismo ou criação de produtos digitais, também recomendo começar o quanto antes. Construir um negócio digital e alcançar um bom rendimento com ele costuma tomar tempo, e geralmente você vai trabalhar bastante sem ganhar nada até que a renda comece a crescer.

Não indico esse como o caminho prioritário pra quem tá ansioso pra ser nômade digital num curto prazo, mas é uma opção que oferece mais autonomia.

Estude inglês

Você pode ser nômade digital viajando pelo Brasil e pela América Latina, e obviamente isso é maravilhoso. Mas se quiser morar em outros países, é importante saber falar inglês. Não diria essencial, porque dá pra se virar usando mímica, cara de pau e tradutores online. Mas pra resolver pepinos burocráticos, fazer amigos e ter mais possibilidades de trabalho, o inglês é muito importante.

Falar inglês também dá acesso a muito mais informações sobre nomadismo digital e materiais úteis pra capacitação profissional. Se sua área de trabalho permitir, também dá pra conseguir trabalhos online com clientes de outros países, e possivelmente ser remunerado numa moeda que valha mais que o Real.

Caso esteja pensando em ser nômade digital no futuro, recomendo ir estudando o idioma desde já. Mas é claro que você também pode aprender bastante durante as viagens, desde que se esforce pra conversar com estrangeiros e estudar.

Como começar a vida de nômade digital

Já tem tudo isso encaminhado e está pronto pra começar de fato a vida como nômade digital? Dá uma olhada nesses itens importantes:

Organize suas finanças

É verdade que ser nômade digital pode sair muito mais barato que a maioria das pessoas pensa, mas ainda assim custa dinheiro. O ideal é não começar essa vida afundado em dívidas, que seriam mais um peso a se somar à instabilidade da estrada. Então, se puder, quite-as todas.

Além disso, é muito recomendável ter uma reserva financeira pra emergências. Imprevistos sempre podem acontecer, especialmente quando fazemos muitos deslocamentos. Se seu computador pifar no meio de uma viagem, por exemplo, você vai precisar consertá-lo ou arrumar outro pra continuar trabalhando, né? Se estiver sempre no limite financeiro, vai ser mais difícil resolver situações assim.

O melhor cenário pra quem quer ser nômade digital é ter uma grana guardada por precaução e ter uma entrada de renda mensal suficiente pra viver no destino aonde quer ir. Mas é, sim, possível começar sem isso. Conheço muita gente que caiu na estrada na cara e na coragem e foi dando um jeito. Com disposição, tudo é possível.

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Seja minimalista

Uma forma de conseguir essa reserva financeira e reduzir seus custos é ter um estilo de vida mais minimalista. Sou contra a glamourização do minimalismo, já que a maioria das pessoas não tem poucas posses por escolha, né? Mas caso você viva uma vida padrão de classe média, é provável que tenha mais coisas do que precisa.

Você pode, então, vender móveis, carro, eletrônicos, roupas e outros objetos pessoais pra juntar uma grana pra viagem. Afinal, na estrada você não vai precisar de nada disso. E se tiver casa própria, vendê-la ou alugá-la enquanto estiver fora também é uma ótima fonte de renda.

Ao viajar, você vai perceber que precisa de muito pouca coisa no dia a dia. Recomendo fazer a bagagem mais leve possível pra facilitar sua vida. Basta levar algumas poucas roupas e seus equipamentos de trabalho. A adaptação a um estilo de vida mais minimalista pode ser transformadora, e muitos nômades digitais mantêm esse hábito quando voltam a ter base fixa.

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Entre em contato com outros nômades digitais

Nós humanos somos seres sociais, e encontrar “tribos” com interesses parecidos costuma nos fortalecer. Além disso, não há melhor fonte de informação sobre o nomadismo digital que pessoas vivendo essa experiência. Por isso, minha dica é fazer contato com pessoas que já são nômades.

Existem grupos no Facebook que reúnem nômades digitais, incluindo vários focados em cidades específicas. Também tem um monte de gente compartilhando experiências de nomadismo no Instagram, como meus amigos Carla do @fuigosteicontei e Willy do @eimaetovivo. Além dos aprendizados, esses contatos podem lhe fazer sentir menos só nessa nova jornada.

Defina o primeiro destino

Um passo óbvio, mas que merece atenção, é a escolha dos destinos aonde você quer ir como nômade digital. Começando pelo primeiro deles, né?

Existem alguns lugares muito populares entre nômades do mundo todo, como Chiang Mai (Tailândia), Bali (Indonésia), Budapeste (Hungria) e Cidade do México. Geralmente são destinos com custo de vida baixo, internet de qualidade e um “ecossistema” de expatriados ou nômades já estabelecido, facilitando o networking.

Esses são bons pontos de partida, mas não se influencie totalmente pelas tendências. O ideal é avaliar o que funciona de acordo com suas prioridades. É claro que você pode ir embora de um lugar se não se adaptar, mas vale a pena pesquisar e refletir pra escolher destinos interessantes pra você.

Se você precisa estar online no horário comercial do Brasil, por exemplo, pode não ser interessante ir pra um lugar com fuso horário muito diferente. Se odeia frio, não vale a pena ir pra o hemisfério norte no inverno.

Vale ressaltar que a maioria dos nômades digitais prefere passar período longos em cada lugar, como um mês ou mais. Assim, você tem tempo de se acostumar àquela nova rotina, criar laços e curtir o destino sem ansiedade. Sem falar no tempo, esforço e custos de ficar se deslocando com frequência e planejando cada mudança. Isso dá mais trabalho do que pode parecer!

Planeje a viagem

Destino decidido? Grana separada? Trabalho encaminhado? Ótimo! É hora de planejar a viagem em si. Caso vá viajar pelo Brasil, os procedimentos evidentemente são mais simples. Pesquise como chegar no lugar, como é o clima no período, reserve uma hospedagem, faça as malas e vá.

Se for pra o exterior, é importante fazer um check-up médico, deixar alguém de confiança com uma procuração pra resolver burocracias em seu nome, pesquisar sobre a exigência de vistos, fazer ou renovar seu passaporte, habilitar seus cartões pra uso no exterior, comprar moedas estrangeiras e contratar um seguro viagem.

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Minha experiência como nômade digital

Eu sou jornalista e já trabalhei em redações de jornal e também em uma agência de marketing digital. Paralelamente, alimentava desde 2012 esse blog aqui, que a princípio era um hobby.

No final de 2016, resolvi pedir demissão do emprego fixo pra me dedicar mais a ele. Tanto pra trabalhar na produção de conteúdo e outras questões mais técnicas quanto pra viajar e ter mais assuntos pra abordar.

A princípio, além de trabalhar muito no blog fiquei fazendo trabalhos freelancer de produção de conteúdo, mas quase todos eram remotos. Então me dei conta de que não precisava estar parada em nenhum lugar.

Passei um tempo emendando uma viagem na outra e trabalhando da estrada, e adorava essa flexibilidade. Mas percebi que, pra mim, o nomadismo digital em si não funciona tão bem.

Produzo muito melhor e com menos ansiedade quando tenho uma base. E gosto, sim, de ter um cantinho com minha cara, e um pouco mais de coisas do que consigo levar na mochila (materiais de arte, por exemplo, ocupam um bom espaço).

Pra mim, o que tem funcionado melhor é ser “location independent”, ou seja, continuar trabalhando de forma remota de qualquer lugar, mas tendo uma base fixa pra onde voltar.

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Atualmente, divido apartamento com uma amiga na minha cidade natal. Posso visitar minha família com frequência, tenho uma cozinha com tudo que preciso e me sinto super bem no meu espacinho aconchegante. Mas (em tempos não pandêmicos) faço uma viagem curta ao menos uma vez por mês, e umas duas vezes por ano passo alguns meses em outro país.

Amo ter a liberdade de aproveitar uma promoção de passagens, um convite de amigos ou uma oportunidade de trabalho pra viajar quando bem entender. Mas também amo ter minha casinha me esperando na volta, na cidade onde tenho mais conexões emocionais e mais estrutura.

Meu conselho, enfim, é tentar entender o que funciona melhor pra você. Vejo muita gente ficar empolgada com a ideia de poder trabalhar remotamente e achar que, por isso, precisa ir pra uma cidade nova a cada duas semanas. Pra alguns, isso funciona; pra outros, não. Mas isso não significa que você precise voltar a bater ponto em escritório.

Se você tem o privilégio de buscar um estilo de vida fora do padrão, aproveite! Mas minha dica principal é refletir sobre suas prioridades e experimentar diferentes formatos até encontrar o que mais funciona pra você.

Ainda tem dúvidas sobre como é ser nômade digital? Manda nos comentários!

Crédito das fotos que ilustram o post (exceto a imagem em que eu apareço): Unsplash e Pexels – licença Creative Commons – Direitos de uso liberados

Transparência: os links da Worldpackers e Domestika presentes no post são de afiliados, o que significa que se você usar meu cupom de desconto, se inscrever num curso ou assinar um plano usando meu link, eu ganho uma comissão e você não paga nada a mais por isso. Essa é uma forma de me ajudar a manter o trabalho aqui no blog, que exige um esforço muito grande. Eu só recomendo empresas e serviços que conheço e aprovo. Clique aqui se quiser saber mais sobre as formas de monetização do Janelas Abertas.

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10 Comentários

  1. Ana Paula

    Preciso mudar o curso da minha vida, urgentemente. Seu post me deu esperança. Um dos melhores que eu já li sobre o assunto.

  2. Maristela Ramos Vasconcelos

    Show amei o seu blog, estou a manhã toda vendo um artigo após o outro, ótimo conteúdo, muito obrigada.

    • Que massa que você gostou, Maristela! :) Fico muito feliz! Obrigada por comentar <3

  3. Henrique

    Na minha opnião o passo mais difícil é a transição de carreira. Parabéns pelo artigo Luísa.

  4. Júlia Magalhães

    Muito legal esse conteúdo Luisa, poder trabalhar e ao mesmo tempo viajar e conhecer diferentes lugares e culturas deve ser incrível. Pra quem já consegue viver essa realidade e faz pequenos trajetos o legal é buscar por uma passagem de ônibus, que as vezes sai mais em conta. Esse site aqui: https://www.passagensbr.com/home, tem preços bem legais. Vale a pena dar uma olhada!

  5. Luciana Salles da Costa

    Que lindeza!! Legal ver meninas tão corajosas vivendo este mundo! Continue firme inspirando nossos vôos!! Obrigada!

  6. Bruno Farias

    Blog espetacular, bastante didático e bem lúcido indo direto ao ponto. Parabéns!!

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