Aprendizado e trabalho

Como é ser redator freelancer: vantagens, desafios e dicas

Aprendizado e trabalho | 07/03/19 | Atualizado em 12/07/21 | 13 comentários

“Como é ser redator freelancer?” é uma pergunta que chega aqui com menos frequência que “como é ser blogueira profissional?”. Mas apesar de hoje dedicar muito mais tempo a este bloguinho que você lê do que à vida de freela, continuo gostando bastante de produzir conteúdo pra outras pessoas. É uma forma de aprender sobre novos assuntos, estimular a criatividade e, em alguns casos, me desafiar.

E pra quem gosta de escrever e busca uma transição de carreira, acredito que essa é uma opção que dá frutos bem mais rápido que criar um blog do zero e construir uma audiência.

Como muita gente me pergunta sobre opções de trampos pra ser location independent ou nômade digital, achei que valia a pena compartilhar um pouco sobre a área que mais conheço além da blogagem. Vou focar mais em redação pra web, porque é uma área nova e com muita demanda, mas muitas das observações servem pra quem trabalha com outros tipos de texto também.

O que faz um redator freelancer

O trabalho de redator não é nada novo. Mas uma das facetas dessa profissão, a redação pra web, tem gerado uma demanda cada vez maior por esses profissionais.

Hoje em dia, desde empresas pequeninas às mais gigantes costumam precisar de alguém pra escrever textos pra meios digitais. Além, é claro, da publicidade tradicional/off-line continuar presente, ainda que com menos relevância.

Os tipos de texto que um redator freelancer pode fazer são bem variados. Anúncios, roteiros pra vídeos e textos pra panfletos, outdoors e spots pra rádio são alguns dos formatos mais tradicionais. A eles, se uniram outros formatos próprios pra web, como textos pra sites, landing pages, blogs, e-mail marketing, e-books e redes sociais.

Em grande parte, o foco do trabalho de redação na internet atualmente é o marketing de conteúdo. Que significa, em linhas gerais, a estratégia de produzir conteúdo pra um público-alvo parecido com aqueles clientes que você quer conquistar. A ideia é oferecer a eles algo de valor e, ao mesmo tempo, atrai-los pra sua empresa de forma natural.

Ou seja: em vez de invadir o tempo livre da pessoa com um anúncio no intervalo da novela, você oferece um conteúdo interessante pra ela e conecta esse conteúdo à sua marca.

No marketing de conteúdo, o foco não é falar sobre sua empresa, e sim sobre o que seus clientes precisam. Quando bem feito, o trabalho é um ganha-ganha: a audiência recebe algo de útil e a empresa alcança resultados.

A Domestika, plataforma de cursos online que adoro, tem um curso pra freelancers com ferramentas pra ser seu próprio chefe, e outros sobre escrita pra web, como Introdução ao UX Writing e Princípios básicos de SEO.

Minha trajetória como redatora freelancer

Eu sempre soube que queria trabalhar com escrita e percorri o mesmo caminho que várias pessoas com essa intenção. Fiz faculdade de jornalismo, consegui estágios na área e trabalhei como repórter pra um grande jornal do Recife.

Até que a vida acabou me levando pra longe das redações e me mostrou um novo universo relacionado à escrita. Quando voltei ao Brasil depois de um período fazendo mestrado fora, acabei caindo quase de paraquedas na função de coordenadora de conteúdo numa agência digital.

E aí percebi que minha profissão podia abranger um campo muito mais amplo do que eu imaginava. Afinal, durante a faculdade (lá nos idos de 2007-2011), me fizeram crer que minhas possibilidades se limitavam basicamente às redações e assessoria de imprensa, que nunca foi minha praia.

Depois, percebi que podia trabalhar no mundo da publicidade, que sempre tinha me parecido quase misterioso. “Como assim vocês passam horas sentados pensando NUMA SÓ FRASE?”, eu perguntava a uma amiga redatora depois de passar o dia correndo pra fechar três matérias longas no jornal.

Quando me dei conta de que podia usar o gosto pela comunicação pra fazer vários tipos de conteúdo, foi como se um mundo inteiro se abrisse à minha frente. E ainda mais quando percebi que podia pedir demissão da agência, onde passei alguns anos de muito aprendizado, e trabalhar como redatora freelancer.

Desde então, fiz principalmente conteúdo pra blogs e redes sociais, mas também trabalhei com um monte de coisas diferentes. Texto pra narração de um vídeo-manifesto, conteúdo pra sites, relatório de cultura organizacional, tradução de anúncios e matérias pra revistas institucionais são alguns exemplos.

como é ser redator freelancer

Pontos positivos de ser redator freelancer

O que ganhei com a transição pra vida de freelancer + blogueira full time? Qualidade de vida. Posso respeitar meu relógio biológico, acordando um pouco mais tarde e trabalhando até mais tarde. Não preciso passar horas no trânsito todos os dias.

Posso tirar uma manhã de folga pra resolver questões pessoais quando necessário. Posso, inclusive, trabalhar um final de semana inteiro e passar a semana seguinte viajando (o que, como você pode ver por esse blog, faço com certa frequência).

Também tenho, como falei, a oportunidade de aprender sobre diferentes assuntos. Apesar de meu trabalho como redatora freelancer ser focado em turismo e intercâmbio, temas que já abordo aqui no blog, a linguagem e os temas específicos são diferentes pra os clientes. Além disso, escrevo textos que envolvem assuntos variados, desde responsabilidade social corporativa a pássaros.

Outra vantagem do redator freelancer, especialmente quando você consegue uma cartela de clientes ou uma variedade de fontes de rendimento que permitem certa segurança financeira, é poder escolher os projetos em que vai trabalhar.

Enquanto numa empresa as demandas chegam pra você e não é possível dizer “não” a elas, como freelancer dá pra priorizar os projetos que lhe interessam mais e os clientes em que você acredita. Em agência, já tive que trabalhar pra empresas cujos valores se chocam com os meus, e não precisar passar por isso atualmente é um alívio.

Por fim, tem o que pra mim é uma das maiores vantagens: trabalhar de qualquer lugar do mundo onde encontre uma boa conexão de internet. A maioria dos meus jobs de redação não exige que eu esteja fisicamente presente num lugar específico, e pra quem foca em marketing de conteúdo esse é quase sempre o caso. Tenho clientes com quem trabalho ou trabalhei por meses, com uma ótima relação, e que nunca vi pessoalmente.

Essa liberdade do trabalho remoto é massa, e tenho tirado proveito dela. Desde que deixei meu último emprego fixo, venho alternando períodos em minha cidade natal com alguns meses viajando e trabalhando em vários países e em outras partes do Brasil.

Como meus objetivos principais no momento são continuar usando as viagens como ferramenta de aprendizado e compartilhando o que aprendo através desse bloguinho aqui, o trabalho remoto tem tudo a ver com meu estilo de vida.

Pontos negativos de ser redator freelancer

Ser redator freelancer é ser empreendedor. Soa empolgante, né? Mas isso traz também algumas responsabilidades extra. Afinal, em vez de contar com a estrutura de uma agência completa, você é a empresa inteira.

Por isso, precisa assumir várias funções, como o controle das finanças, a captação de clientes e a negociação de contratos. Coisinhas que podem ser chatas pra quem só queria saber de escrever, e que podem tomar bastante tempo.

Além disso, é preciso disciplina pra ser seu próprio chefe, saber administrar seu tempo e ter consciência do número de projetos que consegue administrar com qualidade, sem comprometer o job ou sua saúde física e mental.

Algumas pessoas podem ter mais dificuldade pra ser produtivas nesse esquema de home office ou sentir a falta de conviver com colegas de trabalho no dia a dia, então é preciso avaliar se esse estilo de trabalho tem a ver com sua personalidade.

Além disso, o freelancer tem que organizar bem seus rendimentos, já que o salário fixo dá lugar a uma renda variável. Você também não vai ter benefícios trabalhistas como férias e 13º salário. E quando ficar doente ou algum outro fator o impedir de trabalhar, seu rendimentos vão ser prejudicados.

Outro problema dessa área de redação pra meios digitais é que não só a demanda tem crescido, como a oferta de profissionais também, muitos deles vindos de outras áreas. Além da concorrência alta, é preciso lidar com um mercado meio bagunçado. Tem muitas empresas por aí que oferecem um valor irrisório por texto – e, infelizmente, muita gente que aceita.

Existem marketplaces de conteúdo (sites que fazem a ponte entre redatores e empresas) criticados por explorar os freelancers, e também existem sites que funcionam como um leilão em que ganha o job quem fizer a oferta mais barata. E existe, é claro, um bocado de gente que acha que “o sobrinho pode fazer superbem” um post de Instagram ou texto de blog sem nenhuma qualificação ou conhecimento da área.

Como consequência, existe também muito conteúdo de má qualidade sendo produzido a toque de caixa e gerando pouco ou nenhum resultado. Além de muita gente trabalhando por infinitas horas pra ganhar só o suficiente pra sobreviver e muita empresa que acha isso normal.

Ou seja: a vida de redator freelancer traz liberdade, desafios que estimulam a criatividade, flexibilidade e várias outras vantagens maravilhosas. Mas pra dar certo, você também tem que ter disciplina, planejamento, profissionalismo e um bom controle da ansiedade.

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Como ser redator freelancer

Você gosta de escrever, acredita que tem aptidão pra isso e considera fazer a transição pra uma carreira de redator freelancer? Como em qualquer profissão, ingressar nessa área exige capacitação e esforço.

Qualquer que seja seu nicho de trabalho, é preciso saber escrever com objetividade, fluidez e correção gramatical. Se quiser focar em marketing de conteúdo, também deve saber aplicar os principais conceitos relacionados a inbound marketing e SEO, por exemplo.

Existem MUITOS cursos online sobre esses temas, seja em plataformas mais genéricas como as que mencionei no post sobre cursos online gratuitos ou em sites voltados pra essa área, como Hubspot e RockContent. Também é fácil encontrar bons textos em sites especializados, especialmente pra quem tá começando.

Outra dica é se especializar em algumas áreas de conhecimento, produzindo assim conteúdos com mais profundidade e em menos tempo. Se você entende tudo de direito, medicina ou engenharia, por exemplo, terá mais chances de encontrar um job escrevendo sobre essa área (e de entregar um bom trabalho) que um redator sem experiência no assunto.

E, como não podia deixar de ser, sua postura como freelancer vai influenciar a percepção do valor do seu trabalho pelo mercado. Por isso, lembre-se sempre de ter humildade pra aceitar feedbacks, compreender as estratégias de cada cliente antes de produzir um texto e nunca deixar de lado o profissionalismo.

“Tá, Luísa. Mas depois de me tornar um ótimo redator, como consigo clientes?”. Você pode fazer isso de diversas formas: acionar contatos pessoais ou profissionais que já conheça provavelmente é a mais eficaz. Mas se não for seu caso, também vale desenvolver uma estratégia de networking com esse fim.

E tem quem comece “do zero” e se torne conhecido através do marketing pessoal, que pode ser tosco quando feito de forma exagerada, mas traz bons resultados caso seja sincero e bem pensado. Uma boa estratégia é publicar textos na web (num blog próprio, Medium ou Linkedin, por exemplo) pra se tornar conhecido na sua área.

Você também pode montar um portfólio online e abordar possíveis clientes diretamente, ou se cadastrar em sites que fazem a “ponte” entre redatores e empresas, como Contentools e RockContent (muita gente critica essa última, mas pode ser uma porta de entrada pra quem tá começando).

Tem alguma dúvida ou comentário pra acrescentar sobre a vida de redator freelancer? É só perguntar nos comentários! E se quiser conversar sobre algum job, é só mandar um e-mail pra luisa @ janelasabertas.com.

Transparência: se você efetuar a compra de cursos da Domestika ou da Worldpackers através de links presentes neste post, eu ganho uma comissão pra manter o blog e você não paga nada a mais (e até ganha desconto!). Só recomendo produtos e serviços de empresas que conheço e confio.

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13 Comentários

  1. Walianne Fernandes

    Luisa, te achei agora buscando “Viagem para a Chapada Diamantina” e encontrei essa jóia em forma de texto. Parabéns pelo conteúdo. Enquanto eu lia e as dúvidas iam surgindo mentalmente, você respondia nos parágrafos seguintes. A leitura é absolutamente envolvente. Obrigada. :)

    • Que massa, Walianne! Fico muito feliz com esse feedback :) Obrigada por tirar um tempinho pra deixar um comentário! Um abraço e boas viagens ;)

  2. Edson Menom

    Olá Luísa, atualmente eu estudo Marketing e gostaria de trabalhar com criação de conteúdo por vários motivos. O primeiro delea é que sou curioso, gosto de pesquisar, conhecer e sempre faço redações sobre meu entendimento sobre tudo, escrever ainda é pra mim a melhor forma de comunicação dentre tantas que temos hoje.
    Muito valioso seum conteúdo Obrigado pelas dicas

    • Que ótimo, Edson! :) Boa sorte na tua trajetória! Um abraço e obrigada por comentar

  3. Débora Mariano

    Olá, Luísa! Nossa, o seu texto respondeu 70% das minhas dúvidas. Adorei demais. Parabéns pelo seu trabalho, inclusive este, o voluntário para nos auxiliar.
    Sou professora de Língua Portuguesa, há 5 anos, mas, de verdade, amo a minha profissão, mas o faria melhor como voluntária- o que farei, após a pandemia, posso explicar brevemente: eu e sei lá quantos mil outros professores contratados de redes municipais e privadas, fomos dispensados sem qualquer aviso prévio, ou mesmo, direitos trabalhistas; e todo ano é isso: o fim do contrato e a humilhação em busca de outro… esse é, portanto, um dos motivos que me fazem aproveitar dessa conjuntura e focar a minha profissão para a área da correção, marketing de conteúdo… Na verda, eu ainda estou devorando informações, cursos grátis -a princípio, e busco pessoas tal como você, que iluminam nossas mentes e vidas. Certamente lhe enviarei, sim, um e-mail, pois preciso de tudo que você puder compartilhar.
    Sinta-se abraçada diretamente de Rio das Ostras-RJ!
    Gratidão, Luísa!

    • Oi, Débora! Poxa, que tristeza! Um absurdo isso. Sinto muito mesmo. A profissão de professor é muito desvalorizada no nosso país – cada vez mais, infelizmente, né? Que bom que o post foi útil! :) Boa sorte e se tiver alguma dúvida me escreve, sim! :) Sinta-se abraçada também! <3

  4. Renata

    Olá Luísa!

    Parabéns pelo seu trabalho:) Esse blog é um achado! Conteúdos super sérios e bem produzidos, está me ajudando mto! abraço

    • Oi, Renata! Que alegria ler esse comentário :) Fico muito feliz que o blog esteja sendo útil pra você. Obrigada pelo feedback! Um abraço!

  5. Pedro Lemos

    Olá Luísa, tudo bem. Assim como vários outros posts que eu li sobre o assunto, este me ajudou bastante, obrigado mesmo! Mas eu possuo uma dúvida, como você conseguiu seu primeiro trabalho coo freela?

    • Oi, Pedro! Meu primeiro trabalho foi através de indicação por ter trabalhado como redatora em agência, mas também consegui vários outros pela internet através da Contentools e Rock Content :) Um abraço!

  6. Fernanda

    Muito bom o seu post, tirei super dicas para melhorar minha jornada como freelances. Estou começando agora e e divulgando meus serviços em varias plataformas de freelance, gostei muito da Entonz.com porque lá eles não compra taxa.
    Beijosss

  7. Laira

    É função de um redator freelancer analisar relatórios das redes sociais? Obrigada!

    • Oi, Laira! Se for um redator de conteúdo para redes sociais, pode ser, sim :) Depende do acordo feito com o cliente… Um abraço!

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