Roteiro na Chapada Diamantina: passeios e dicas práticas
Procurando um roteiro na Chapada Diamantina com opções para quem vai com ou sem carro, com pouco ou muito preparo físico? Encontrou! Eu estive lá duas vezes e fiz desde passeios que têm fácil acesso e não precisam de guia a uma travessia de 5 dias por um vale isolado. Conheci atrações com entrada paga e gratuita, com e sem estrutura. Curti a energia de cidades-base como Lençóis e Vale do Capão e fiquei com muita vontade de voltar! Neste artigo, vou reunir tudo que aprendi, pra facilitar sua viagem.
Como é a Chapada Diamantina?
A região da Chapada Diamantina, localizada a 450 km de Salvador, é enorme, então já saiba desde agora: é impossível conhecê-la toda numa só visita. São muitas trilhas, cachoeiras, poços d’água e morros espalhados por diferentes biomas, como Caatinga, Cerrado, Campos Rupestres e Matas de Altitude.
Ao todo, 24 municípios compõem a Chapada Diamantina. Dentre eles, algumas cidades-base mais populares entre os visitantes, com destaque pra Lençóis (a cidadezinha mais estruturada), Vale do Capão (que na verdade é uma vila pertencente à cidade de Palmeiras), Mucugê, Igatu, Andaraí e Ibicoara.
Se você estiver de carro, dá pra fazer um roteiro mais longo por conta própria, dormindo em algumas dessas cidades pelo caminho. Se for sem carro, como eu fiz nas duas ocasiões em que estive por lá, uma boa opção é fazer base em menos cidades e procurar passeios de agências de turismo no esquema bate-volta pra alguns passeios em outras regiões. Pra quem quer usar o esquema de agência em ao menos parte da viagem, existe uma boa oferta em Lençóis.
Leia também:
Quanto custa passar uma semana na Chapada Diamantina
10 motivos para fazer trilhas: por que o esforço vale tanto a pena
Quantos dias de Roteiro na Chapada Diamantina?
Como falei ali em cima, nenhum roteiro na Chapada Diamantina vai ser suficiente pra conhecer toda essa região. Por isso, quando me perguntam quanto tempo ficar por lá, costumo responder: “o máximo de tempo que puder!”. Se quiser explorar as trilhas, poços e outras maravilhas com calma, nem um mês inteiro vai ser suficiente.
Mas pra quem não tem esse tempo todo disponível, dá pra ter um bom gostinho do que é a Chapada Diamantina com no mínimo quatro dias inteiros. É claro que dá pra passar menos tempo, mas vai ser bem corrido. Não esqueça, afinal, de considerar o tempo de deslocamento até lá a partir de Salvador, e da sua cidade de origem até Salvador, e também a distância entre algumas das atrações mais legais.
Aqui neste texto você vai encontrar um roteiro na Chapada Diamantina com base nas viagens que fiz por lá. Vou sugerir um percurso de até 15 dias, mas você pode eliminar ou acrescentar passeios e cidades-base de acordo com seu tempo disponível. Antes disso, no entanto, vou responder a outras perguntas frequentes que recebo sobre esse destino.
Como chegar na Chapada Diamantina?
Existe um aeroporto em Lençóis, cidade com maior estrutura turística da Chapada Diamantina, mas a oferta de voos é pequena e os preços costumam ser altos. Por isso, o mais comum é sair de carro direto da sua cidade de origem ou voar até Salvador, e lá alugar um carro ou pegar um ônibus pra Chapada.
A empresa Rápido Federal tem ônibus até Lençóis e Palmeiras (cidade onde fica o Vale do Capão). A viagem até Lençóis dura cerca de 6h30 e costuma custar por volta de R$ 90.
Na minha primeira ida à Chapada, peguei o ônibus noturno (na época, saía às 23h) na rodoviária de Salvador e cheguei em Palmeiras por volta das 6h30. De lá, peguei um transporte informal até o Capão (na mini rodoviária de Palmeiras, você vai encontrar motoristas que fazem esse curto trajeto, que em 2017 custava R$ 15).
Só fiz de base a cidade de Lençóis e a vila do Capão porque estava viajando sozinha e sem carro e achei o transporte público mais prático nesses trechos. Como falei acima, pra quem for de carro a flexibilidade é muito maior, sendo possível pernoitar em várias cidades durante a viagem.
Onde ficar na Chapada Diamantina?
E falando em pernoite, onde ficar na Chapada Diamantina? Separei algumas opções de hospedagem em cada uma das cidades que costumam ser usadas como base pelos viajantes:
Lençóis: Se você procura muito conforto, uma ótima opção é o Hotel Canto das Águas. Pra pagar um pouco menos, boas opções são as pousadas Terra dos Diamantes e Luar do Sertão. E se você busca algo ainda mais em conta, vale conferir as pousadas Solar Azul e Pouso da Trilha. Uma amiga ficou na Tatu do Bem e recomendou também.
Pra quem viaja com orçamento bem enxuto, vale considerar o Albergue Chapada Hostel, o Hostel das Estrelas e o Viela Hostel. Outra opção baratinha é a Casa Mangamel, onde fiquei hospedada duas vezes. A estrutura lá é suuuuper simples, mas o custo-benefício era muito bom considerando que eu queria ficar em quarto privativo.
Confira também as outras opções de hospedagem em Lençóis disponíveis no Booking.comou leia meu post completo sobre onde se hospedar em Lençóis.
Vale do Capão: Nas duas vezes em que fui ao Vale do Capão, repeti a hospedagem: fiquei na pousada Tatu Feliz, na rua principal da vila. A localização é perfeita (especialmente pra quem tá sem carro e quem quer curtir mais a atmosfera da vila que a pousada em si), o café da manhã é gostoso e o atendimento muito bom. Acho um ótimo custo-benefício.
Se você procura algo com mais charme e estrutura mais completa, vale conferir a Pousada Pé no Mato, Pousada Zazen, Pousada Rosa dos Ventos e a Pousada do Capão. Muitas hospedagens no Capão parecem valer a viagem por si sós!
Também tem um post completo aqui no blog sobre essas e outras opções de hospedagem no Vale do Capão. Ou, se preferir, vá direto no Booking.com ver as opções de hospedagem no Capão (Caeté-Açu).
Mucugê: Uma amiga recomendou a Pousada Monte Azul, que não fica muito perto do Centro, mas pra quem está de carro é bem localizada pra fazer os passeios ali nos arredores. Outra opção muito bem avaliada em Mucugê é a OForasteiro.
Igatu: A Pousada Flor de Açucena é uma das hospedagens mais recomendadas em Igatu e parece bem peculiar, com quartos construídos em meio às rochas típicas da cidade.
Andaraí: No Centro Histórico de Andaraí, a Donnana Hostel Adventure & Trekking parece uma ótima opção. O lugar tem quartos com banheiro privativo ou compartilhado.
O que levar para a Chapada Diamantina?
Tênis ou bota de trilha
Meias confortáveis (de preferência de cano alto e próprias para trilhas)
Mochila “de ataque” (pequena) para levar nas trilhas e passeios
Roupa de banho (de preferência uma que não “saia do lugar” fácil em cachoeiras, hehe)
Toalha de microfibra (daquele tipo que fica compacta e seca rápido)
Roupas confortáveis para trilha (legging, bermuda, camisa dry fit ou UV etc.)
Capa de chuva (pra mochila também, se tiver)
Roupas confortáveis pra noite
Garrafa d’água reutilizável
Remédios que você costuma tomar
Um casaquinho pra noite, se for no inverno
Dinheiro em espécie (em algumas cidades pode ser difícil sacar)
Protetor solar
Repelente
Óculos escuros
Chapéu
É preciso contratar guias na Chapada Diamantina?
Depende das atrações. Algumas são trilhas simples, outras são atrações mais “comerciais” em que você paga entrada e conta com estrutura de restaurante, banheiro etc. Mas muitas das trilhas não são claramente demarcadas e sinalizadas, sendo arriscado se aventurar por conta própria.
No Vale do Capão, os passeios costumam ser contratados diretamente com guias locais, participantes da Associação de Guias do Vale do Capão, com preços tabelados. Pra saber mais, leia também o post em que falei só sobre meus gastos na Chapada Diamantina.
Em Lençóis, por outro lado, quem não tá de carro fica preso às agências, que costumam oferecer passeios de um dia incluindo transporte, almoço ou lanche, guia e entradas pras atrações que são pagas. Tem também alguns roteiros que ficam juntinho da cidade e podem ser visitados por conta própria ou com guias contratados na hora, mas apesar de muito legais eles não são os mais deslumbrantes (e famosos) da região.
Sugestão de roteiro na Chapada Diamantina
O ideal é você ler esse post inteiro (e, se possível, conferir os artigos que escrevi sobre cada atração) pra ver que passeios mais lhe interessam e, a partir disso e do tempo que tem disponível, montar seu roteiro. Mas pra facilitar, montei uma sugestão de roteiro na Chapada Diamantina dia a dia.
Leia também:
Chapada Diamantina sem carro: 7 dias entre o Capão e Lençóis
Dia 1: Chegada no Vale do Capão – Poço da Angélica e Cachoeira da Purificação
Meu primeiro roteiro na Chapada Diamantina, em 2017, começou pelo Vale do Capão por uma questão de logística: era mais fácil seguir essa ordem considerando os horários dos ônibus. Se você estiver de carro, tem mais flexibilidade pra definir o percurso, então uma dica é colocar no Google Maps as atrações ou cidades-base que pensa em incluir no seu itinerário e ver qual ordem faz mais sentido pra o tempo que tem disponível.
Alguns dos maiores destaques desse roteiro na Chapada Diamantina ficam nos arredores do Vale do Capão, mas além disso, a vila em si já é uma atração. Ela é composta por basicamente duas ruas e uma pracinha, que durante o dia ficam bem tranquilas, mas costumam se movimentar à noite.
Lá você encontra ótimas opções de comida caseira e vegetariana, lojas de produtos naturais e muitas pessoas que foram lá a passeio e nunca mais voltaram. Se estiver por lá num final de semana, confira a feirinha de orgânicos e artesanato aos domingos e fique atento à programação do Circo-Escola do Capão, que tem espetáculos em alguns finais de semana. Achei massa!
Poço da Angélica e Cachoeira da Purificação
Se você chegar por lá pela manhã e tiver disposição pra fazer algum passeio ainda nesse dia, sugiro fazer como eu e começar pela trilha pra o Poço da Angélica e Cachoeira da Purificação. Essa é uma das mais fáceis a partir do Vale do Capão e tem um visual diferente da maioria das outras trilhas nos arredores.
Seu começo é na Vila do Bomba, a 8 km do centro da vila. O percurso dura cerca de uma hora pra ir e outra hora pra voltar e tem poucos trechos íngremes, sendo todo sombreado. Só é preciso atenção para não tropeçar nas pedras e galhos, mas no geral é bem tranquila.
O destino final é a Cachoeira da Purificação, considerada a mais gelada da Chapada Diamantina. Vale a pena entrar, nem que seja um pouquinho! E também vale fazer uma parada no Poço da Angélica, que fica no caminho pra lá.
Leia também o post completo sobre o Poço da Angélica e a Cachoeira da Purificação.
Dia 2: Cachoeira da Fumaça e Riachinho
Cachoeira da Fumaça
No segundo dia, sugiro começar conhecendo um dos cartões postais da Chapada Diamantina: a Cachoeira da Fumaça é uma das mais famosas da região. Pra chegar lá no topo e ver a cachoeira que aparece na foto, você deve fazer uma trilha com cerca de 5km saindo de um povoado no distrito do Vale do Capão.
Leva-se cerca de duas horas pra percorrê-la e o caminho não é tecnicamente difícil, mas prepare o fôlego pra subida e os joelhos pra decida, porque boa parte do percurso é bem íngreme.
Riachinho
Cansou? Na volta da Fumaça, aproveite pra ir direto na “praia” do Capão: o Riachinho, uma pequena cachoeira que fica a 5 km da vila, na direção de Palmeiras. Muita gente vai até lá de carona e também existe a opção do mototáxi, caso esteja sem carro. Chegando na entrada, o acesso é muito fácil, bastando caminhar por uma escadaria de 500 metros. O lugar é bem gostoso pra tomar sol nas pedras, se banhar no poço e ver o pôr do sol.
Saiba mais sobre essas duas atrações da Chapada Diamantina lendo meu artigo detalhado sobre a Cachoeira da Fumaça e o Riachinho.
Dia 3: Águas Claras – Ida pra Lençóis
Águas Claras
No terceiro dia você pode se despedir do Capão com a trilha de Águas Claras. Ela é quase toda plana, então não é difícil, mas o percurso todo é sob o sol. Boa parte da caminhada é feita com vista para o Morrão, que muitos consideram o morro mais bonito da Chapada Diamantina. O destino é um poço pequeno, mas bem gostoso – e, como o nome indica, de águas claras.
Reserve aqui uma trilha guiada pelo Morro dos Três Irmãos e Águas Claras
À tarde, siga pra Lençóis. Lá existem várias agências que oferecem passeios de bate-volta nos arredores, cobrindo a maioria das atrações dessa região. Geralmente os passeios incluem transporte em van, guias e almoço. Eu fiz os passeios (incluindo a travessia do Vale do Pati) com a Chapada Adventure Daniel e recomendo muito, foi tudo super organizado. Outras opções com boa reputação por lá são a Venturas e a Nas Alturas.
Caso você não esteja de carro ou não queira ir por conta própria pra todas as atrações, esse dia de chegada pode servir pra dar uma passada nas agências e contratar passeios pra os próximos dias. Também recomendo dar uma voltinha pelo pequeno centro de Lençóis e comer num dos restaurantes por lá.
Outra opção: Ribeirão do Meio
Se você não fizer a trilha de Águas Claras lá no Capão e chegar cedo em Lençóis, uma sugestão é fazer a trilha tranquila pra o Ribeirão do Meio, que fica pertinho do centro da cidade. Ela é curta, com cerca de uma hora de duração. Eu fui com um pessoal do hostel que já tinha ido lá e sabia o caminho, mas você pode pedir instruções ou um mapa pra chegar por conta própria – é bom se ligar porque em alguns momentos a trilha tem bifurcações.
Nem mergulhei no poço do Ribeirão do Meio, mas gostei de ficar sentada na beirinha curtindo o silêncio e o visual, que é bonito mesmo num dia nublado. O destaque desse lugar, no entanto, é o “tobogã”, uma pedra lisa por onde dá pra escorregar até o poço.
Falei mais sobre a Ribeirão do Meio no artigo sobre Passeios em Lençóis com acesso a pé.
Dia 4: Poço Encantado e Poço Azul
Poço Encantado e Poço Azul
Imagine cavernas antiquíssimas com um poço de água azulada e transparente. Não por acaso o passeio pra o Poço Azul e Poço Encantado, que geralmente são visitados no mesmo dia, marca presença na maioria dos roteiros na Chapada Diamantina. No Poço Azul (primeira foto), é permitido fazer flutuação usando coletes e snorkel fornecidos por eles, com 20 minutos de duração por grupo. No Poço Encantado (segunda foto) não se pode nadar, mas o lugar é deslumbrante só de olhar.
As duas grutas ficam a cerca de uma hora de carro uma da outra, nos municípios de Nova Redenção e Itaetê, a pouco mais de 80 km de Lençóis e ainda mais perto de Mucugê e Andaraí. Se você estiver de carro for fazer base em uma dessas duas cidades, sugiro deixar pra conhecer esses dois poços saindo de lá. Se não, pode ir a partir de Lençóis, seja dirigindo ou com uma agência.
Leia também o post completo sobre o passeio pra o Poço Encantado e o Poço Azul saindo de Lençóis.
Pantanal de Marimbus
“Ah, mas se eu for deixar pra fazer esse passeio dos Poços depois, o que posso fazer nesse dia?”, você pode se perguntar. Uma sugestão é um rolê que eu não consegui fazer, mas me recomendaram muito: o Marimbus, conhecido como o pantanal da Chapada Diamantina. Essa é uma planície inundada cheia de plantas aquáticas, uma paisagem bem diferente das outras que você vai conhecer por lá.
O lugar é acessado a partir da comunidade quilombola do Remanso, que fica a 22 km de Lençóis. Em um passeio de canoa, os visitantes vão até a Cachoeira do Roncador.
Saiba mais sobre esse passeio pra o Pantanal Marimbus e Rio Roncador e faça sua reserva
Dia 5: Poço do Diabo e Cachoeira do Mosquito
Poço do Diabo
No quinto dia de viagem, sugiro outro “combo” de passeios bem delícia. Começando com cerca de 1 km de trilha às margens do Rio Mucugezinho até o Poço do Diabo, um grande poço com água cor de Coca Cola. Adorei tomar banho lá, e o pessoal também costuma oferecer atividades como rapel e tirolesa.
Cachoeira do Mosquito
Depois, fomos até a Cachoeira do Mosquito, que foi uma das minhas preferidas na Chapada Diamantina. Uma trilha fácil de cerca de 30 minutos leva até essa queda d’água que cai em meio a um paredão de pedras deslumbrante. Ela não forma poço, mas o visual é tão bonito que compensa. E adorei também a história do nome da queda d’água: os garimpeiros chamavam os pequenos diamantes encontrados por lá de “mosquitinhos”.
Veja aqui o tour pela Civitatis pra Cachoeira do Mosquito e Poço Azul
Leia também o post detalhado sobre o Poço do Diabo e a Cachoeira do Mosquito.
Dia 6: Gruta da Lapa Doce, Pratinha e Morro do Pai Inácio
Gruta da Lapa Doce
Nesse dia, fui conhecer três atrações com perfis bem diferentes. Começando pela Gruta da Lapa Doce, que faz parte de um sistema de 42 km de cavernas. Atualmente só 850 metros estão abertos à visitação, mas já é o suficiente para um passeio bem interessante. É obrigatório fazer o trajeto com um guia, em grupos pequenos.
Fazenda da Pratinha
A Fazenda da Pratinha é um complexo privado com atividades como caiaque, pedalinho, tirolesa e flutuação na Gruta da Pratinha. É um lugar bem estruturado e deve ser interessante pra famílias com crianças, mas não é tanto minha “vibe” porque prefiro estar num ambiente mais “natural”. Minha parte preferida por lá foi o Lago da Pratinha, que tem águas rasas e temperatura agradável pra banho. É como uma grande piscina de águas clarinhas.
Morro do Pai Inácio
A apenas 30 km de Lençóis você encontra o principal cartão-postal da Chapada Diamantina: o Morro do Pai Inácio. Se estiver de carro, você pode facilmente ir por conta própria. Dá pra estacionar perto do acesso à subida, e apesar de íngreme, o caminho é simples. O horário mais bonito (e mais disputado) é o pôr do sol, quando a vista lá de cima fica ainda mais bonita. A dica, no entanto, é não demorar demais pra descer quando começar a escurecer, ou então deixar uma lanterna a postos.
Leia meu artigo detalhado sobre a Gruta da Lapa Doce, Pratinha e Morro do Pai Inácio.
Dia 7: Cachoeira do Sossego
Eu acabei sem fazer a trilha da Cachoeira do Sossego porque estava sozinha e não consegui formar um grupo pra ir comigo, mas pretendo ir lá no meu próximo roteiro na Chapada Diamantina. Essa trilha exige a companhia de um guia, apesar de seu acesso ficar perto do centro da cidade. São 7km de caminhada por trecho, com dificuldade moderada, e leva-se cerca de 4 horas e meia pra ir e voltar.
Todo mundo que conheço que fez esse passeio falou que a trilha e a cachoeira são lindas, mas que o percurso é puxado e requer atenção. Pelo que li, tem trechos subindo e descendo pedras, outros com trilha de terra e outros em que é preciso passar por partes do rio.
Você pode reservar online uma excursão pra Cachoeira do Sossego, pra não correr o risco de perder como eu. ;)
Dia 8: Parque Nacional da Muritiba
Outro rolê mais tranquilo e também facilmente acessível a pé a partir do centro de Lençóis é o Parque Municipal da Muritiba ou do Serrano. É quase um “complexo de atrações naturais” a cerca de 15 minutos de caminhada do Centro de Lençóis, com vários pontos interessantes que você pode visitar no mesmo dia.
Tem os Caldeirões do Serrano, que são como a “praia” de Lençóis; os Salões de Areias Coloridas; o Poço Halley; a Cachoeirinha; e a Cachoeira da Primavera. Pela facilidade de acesso, é um lugar muito frequentado por moradores da cidade.
Pra saber mais sobre o Parque Nacional da Muritiba, leia meu artigo sobre passeios em Lençóis com acesso a pé.
Dias 9, 10, 11, 12 e 13: Travessia do Vale do Pati
Ainda está cheio de disposição depois de cerca de uma semana de roteiro na Chapada Diamantina? Até aqui, as trilhas e passeios foram quase todos de nível fácil. Mas se você tiver tempo e animar um desafio um pouco maior, recomendo MUITO a travessia do Vale do Pati.
O Vale do Pati fica dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, área protegida pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio). Durante muito tempo, a região foi usada pra extração de diamantes, e depois pra plantio de café.
No período “áureo” da exploração econômica por lá, cerca de 3 mil pessoas chegaram a viver no vale, que tinha até escola, igreja e prefeitura. Hoje, ele abriga pouco mais de 10 famílias e quase todos seus habitantes vivem do turismo. As trilhas antes usadas pra escoar o café são hoje percorridas por turistas.
O Vale tem três acessos principais: Guiné (distrito do município de Mucugê), Vale do Capão e Andaraí. É possível entrar ou sair por qualquer um deles, mas em todo caso o percurso envolve muitos quilômetros de subidas e descidas. Eu fiz começando pelo Guiné e saindo por Andaraí.
A travessia do Vale do Pati é considerada um dos trekkings mais bonitos do mundo, e o que não falta é coisa bonita pra ver por lá. Confesso, no entanto, que amei mais ainda a superação pessoal, o contato com a cultura do lugar e a experiência de estar offline vivendo tudo aquilo, já que não pega sinal de celular por lá.
Dá pra fazer a travessia do Vale do Pati com diferentes roteiros. Tem quem passe só uma noite por lá, sendo um dia pra entrar no vale e outro pra sair, podendo passar por atrativos como o Mirante do Pati. Mas o mais comum é fazer roteiros de 3 a 5 dias. Eu fiz o percurso em 4 dias e 5 noites e queria ficar mais! Ah, e apesar de ser uma experiência puxadinha, eu fiz sem muito preparo físico e dei conta. Se você não tiver problemas de saúde, curtir trilhas e estiver mentalmente disposto (a), dá pra encarar.
Escrevi um texto super detalhado com tudo que você precisa saber sobre a Travessia do Vale do Pati e um relato completo do primeiro dia de travessia do Pati.
Você também pode conferir na Civitatis as excursões pra o Vale do Pati com 4/5 dias ou 2/3 dias de duração.
Dia 14: Cachoeira do Buracão
Pra fechar esse baita roteiro na Chapada Diamantina com um grand finale, minha sugestão é conhecer a Cachoeira do Buracão, considerada por muitos como a mais impressionante de lá.
As agências oferecem passeio bate-volta até lá a partir de Lençóis, mas não animei porque a distância é bem grande: são 230 km até Ibicoara, onde fica o Parque Municipal do Espalhado e a trilha pra Cachoeira do Buracão. O ideal é fazer esse passeio partindo de alguma cidade mais ao sul, como Mucugê, que fica a 98 km do início do passeio.
A caminhada pelo parque, margeando o rio, já parece ser bem bonita. Mas o melhor ainda está por vir: os visitantes vestem um colete salva-vidas e nadam pelo cânion inundado até a cachoeira, que tem 85 metros de altura e é deslumbrante. Vi vídeos de outros viajantes por lá e me apaixonei.
Dia 15: Outros passeios e/ou retorno
Ainda pode esticar a viagem? Você pode “mover” pra esses dias finais as visitas ao Poço Encantado e Poço Azul, fazer outras trilhas menos populares (pergunte ao pessoal por lá, existem muitas!) e ir conhecer Igatu, cidadezinha com muros e casas de pedras próxima a Mucugê (cerca de 20 km) e a Andaraí (15 km).
Gostou dessa sugestão de roteiro na Chapada Diamantina? Ficou com alguma dúvida? Conta aí nos comentários!
Voluntariado na Chapada Diamantina
Quer passar mais tempo na Chapada Diamantina para curtir a região com calma e ainda economizar e viver experiências incríveis? Faça um voluntariado pela Worldpackers!
Nessa plataforma você encontra oportunidades para trocar algumas horas semanais de trabalho por acomodação e outros benefícios, como refeições e passeios. Existem ótimas vagas de voluntariado em Lençóis, Ibicoara e no Vale do Capão. Quando for fazer seu cadastro, use o cupom JANELASABERTAS e ganhe 20% de desconto.
E se você quiser explorar também o litoral da Bahia, recomendo dar uma olhada nas dicas do blog Mala de Aventuras. As queridas Gaia e Nanda exploraram destinos incríveis como Cumuruxatiba, Boipeba e Península de Maraú e deram ótimas dicas de passeios, hospedagem e restaurantes.
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11 Comentários
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Oi Luisa, adorei seu post sobre a chapada diamantina, estou programando para ir em SET/21. como viajo sempre sozinha, queria saber se consigo fazer os passeios por conta de acordo com seu relato , ou preciso contratar um guia para todos os dias? Vc tem como me orientar quais posso fazer sozinha e quais tenho q ter guia ? Tem indicaçao de algum guia ? é seguro fazer sozinha nas trilhas?? Obrigada pela sua ajuda !!!!
Oi, Gleise! Nos meus relatos sobre cada passeio eu dou mais detalhes sobre eles; é só clicar nos links que estão neste post :) Fui sozinha pra Chapada duas vezes e consegui fazer quase todas as trilhas que queria. A maioria não se recomenda fazer sem guia, mas no Vale do Capão tem a Associação de Guias e você também pode conseguir contatos com sua hospedagem. Em Lençóis, existem algumas opções de trilha que se pode fazer saindo a pé do centrinho (falei delas aqui: https://janelasabertas.com/2018/06/29/chapada-diamantina-passeios-em-lencois/), mas a maioria exige deslocamento de carro, então o mais comum se você não está de carro é contratar uma agência (eu fiz os passeios pela Chapada Adventure). Um abraço!
Oi Gleise, estou indo fazer um tour de 7 dias em setembro de 2021 tmb, de repente podemos nos combinar e reduzir custos, me chame nesse numero 77999364532. Obrigado, meu nome é Pedro e eu sou da Bahia mesmo
Oi, Luisa. Obrigada por compartilhar a experiência. Estou programando a ida para Chapada em outubro e seu relato tá ajudando bastante ;)
Que bom, Gardênia! Fico muito feliz :)
Oi Luísa tudo bem? Adorei as suas dicas e já estou programando minha visita para Março de 2022. Sou de SP e já tenho as passagens compradas. Minha dúvida é sobre a hospedagem. Ví alguns videos onde a galera se hospeda alguns dias em Lençois para os passeios, e depois em Mucuge. Queria saber se você também dividiu a sua hospedagem assim, e quais os passeios mais próximos de cada cidade pra eu conseguir me organizar.
Obrigada!
Oi, Aline! Dividi minha viagem entre Lençóis e o Vale do Capão. Nesse post explico direitinho, e tem links pra outros artigos com mais detalhes dos passeios que fiz saindo de cada cidade :) Mucugê também é uma boa base, mas ainda não fiquei lá. Um abraço
Muito bacana o roteiro. Vou em Maio/2022, como vamos de carro, partindo de Vitória/ES, estamos pensando em dividir o roteiro entre Lençóis, Andaraí, Mucugê e Ibicoara. 😁
Maravilha, Andressa! Vai ser incrível! :D
boa tarde. alguém poderia me auxiliar na montagem de um roteiro, saindo de Formosa-GO com destino Chapada Diamantina? Não preciso de detalhes como hospedagem; apenas melhor traçado de rodovias/estradas. Isso para eu ir passando pelos locais onde tem cachoeiras/poços numa sequencia lógica, sem ter que ficar indo e voltando.
No pensamento faço uma viagem, vejo as paisagens, vou no meu sertão, Diamantina tamanha beleza, verde natureza, linda região… (trechos da musica de Paulo Armando)