Budapeste: tour guiado gratuito sobre o comunismo
Os ônibus vermelhos de Budapeste têm numeração a partir de 70 porque essa era a idade de Stalin na época em que a primeira rota foi inaugurada. Na Hungria, é comum dar uma “gorjeta” aos médicos em hospitais públicos – e se você não fizer um agrado pra o cara que tem sua vida nas mãos, é provável que o atendimento deixe a desejar. Essas foram duas das coisas que eu descobri sobre a Hungria durante o tour sobre comunismo do Trip do Budapest: Free Budapest Walking Tours. A história das “gorjetas”, por exemplo, começou na época do comunismo e permanece hoje em dia (até porque os médicos continuam ganhando bem pouco por lá, e esse hábito funciona como forma de “compensação”).
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O tour dura umas três horas e sai da Vorosmarty Tér, uma das praças principais da cidade. Já comentei aqui sobre esse esquema de “free walking tours” (que na verdade não são exatamente grátis; espera-se que no final você pague o quanto achar justo), que é legal por ser mais voltado pra jovens e focar em aspectos práticos com leveza e humor.
Em Budapeste, fiz o tradicional, aproveitando que uma amiga foi me visitar, e esse do comunismo, que vale mais pelas histórias que ouvimos do que pelos lugares por onde passamos. Em outra viagem, fiz o terceiro tour da mesma empresa, focado no judaísmo – o bairro judeu é uma das partes mais interessantes da cidade.
Focando em alguns aspectos básicos da vida nos tempos do comunismo (viagem, moradia, religião, propaganda, saúde), dois guias simpáticos nos explicaram, por exemplo, que a Hungria bombava como destino turístico dos alemães, porque tanto o pessoal do lado oriental quanto do ocidental podia ir pra lá, então famílias e amigos escolhiam o país pra se encontrar.
Ouvimos sobre o “Goulash Communism” (ou “happy communism”), como era chamada a versão mais “leve” do regime, que vigorou na Hungria desde os anos 1960 até o colapso do comunismo em 1989. Esse nome engraçadinho deve-se à comparação com o prato nacional, feito de uma mistureba de ingredientes, já que essa versão do comunismo não se atinha tanto aos princípios stalinistas quanto nas décadas anteriores, sendo permitidas algumas coisas que eram proibidas em outros países do Leste Europeu.
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Também vimos alguns exemplares dos prédios típicos da época, que se concentram mais no chamado “gray belt” (cinturão cinza) em torno da cidade. Eles foram construídos em grande parte depois que Budapeste foi bombardeada na Segunda Guerra Mundial e 80% dos prédios residenciais ficaram inabitáveis.
Nos anos 50, técnicas de construção barata desenvolvidas na Dinamarca foram escolhidas como solução, mas o que era pra ser temporário (as estruturas são realmente ruins) permanece até hoje, dando dor de cabeça aos seus moradores, que foram convencidos a adquirir os imóveis depois do comunismo e agora têm que arcar com gastos de reforma e manutenção :(
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Fomos também no imponente prédio da MTV (não, não é essa que você está pensando, e sim a rede de televisão estatal), que foi vendido há seis anos e hoje serve como cenário de filmes. Ali, os guias contaram sobre a programação midiática recheada de notícias positivas, arte e programas educativos e científicos – desde que não incluíssem elementos contra o regime, é claro.
Nos filmes de James Bond, por exemplo, a dublagem fazia algumas mudanças (como em muitos outros países, eles se aproveitavam dessa prática ferramenta de censura), e os inimigos não eram os comunistas, e sim a máfia chinesa.
Além das informações históricas, o tour inclui histórias pessoais dos guias, como o conflito familiar entre um pai anti-comunista e os sogros que eram membros do partido, com enredo novelesco e tudo o mais. Mas tá bom de spoiler, né? Confere o passeio, descobre como foi essa história e depois me conta o que achou ;)
O tour é uma forma legal de conhecer outros viajantes e saber mais sobre a cultura do país, que ainda é fortemente influenciada pelo que aconteceu naquela época. Ah, e aproveite pra encher os guias de perguntas!
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8 Comentários
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Sou doido para conhecer Budapeste, mas infelizmente não deu ainda. E adoro esses free tours: os guias costumam ser muito bons. Dão informações ótimas de um jeito divertido. Cheguei a fazer um tour bem parecido com esse em Berlim e em Praga, Agora, vai estar no meu roteiro em toda cidade que eu for.
Abraço!
Também fiz em Berlim e Praga e adorei! Principalmente em uma cidade como Berlim acho que faz toda a diferença, né? Abraço! :)
Ah, e espero que Bp caiba no teu roteiro em uma próxima visita ao Velho Mundo… A cidade tem uma energia muito boa!
Oi, Luisa. Tudo bem? :)
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia
Eu fiz um free walking em Budapeste agora em setembro e foi muito bom mas bem diferente do seu. A saída foi em frente a doceria gerbaud na fonte dos leões. Gostei muito do seu tour, qual é o nome da empresa? abraços
Oi, Miriam! É essa que mencionei no primeiro parágrafo :) Eles têm três tipos de tours, olha aqui: http://www.triptobudapest.hu/
Um abraço!
Luisa encontrei excelentes dicas no seu blog sobre Budapeste. Estou indo para o meu primeiro mochilão pela Europa. Parabéns pelo blog!!
Oi, Alecsander! Que bom, fico feliz! :D Boa viagem pra você \o/