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Turismo responsável no Brasil: projetos que promovem viagens conscientes

Dicas Práticas | 08/08/19 | Atualizado em 30/11/23 | 6 comentários

O turismo de massa tem vários efeitos negativos pra o meio ambiente e as populações. Como viajar, então, de forma mais consciente? Além de nos conscientizar sobre o que evitar enquanto viajantes, podemos procurar projetos que se comprometam com um turismo responsável no Brasil e em outras partes do mundo.

É verdade que não faltam passeios e atrações que prejudicam animais silvestres, deterioram ecossistemas e patrimônios históricos, desrespeitam a cultura local e muitos etcéteras. Mas felizmente, também existem cada vez mais organizações dedicadas a promover um turismo sustentável, no sentido mais amplo do termo.

Afinal, sustentabilidade no turismo não tem a ver apenas com proteção ao meio ambiente. De acordo com o Ministério do Turismo, “turismo sustentável é a atividade que satisfaz as necessidades dos visitantes e as necessidades socioeconômicas das regiões receptoras, enquanto os aspectos culturais, a integridade dos ambientes naturais e a diversidade biológica são mantidas para o futuro”.

Praticar um turismo responsável no Brasil e em qualquer outro país é benéfico pra todos os envolvidos. Afinal, além de viver experiências muito mais ricas, por ter um contato mais profundo com a cultura local, a gente contribui pra que os lugares sejam preservados pra nos receber novamente no futuro.

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Quer fazer com que suas viagens pelo nosso lindo país tenham um impacto positivo não só em você, mas também nos lugares que visita? Pra ajudar, compilei vários exemplos de iniciativas que promovem um turismo responsável no Brasil.

Tem turismo em comunidades carentes de grandes cidades, em aldeias indígenas, em quilombos e em muitos outros cenários incríveis desde o litoral à Amazônia. São opções pra vários gostos e orçamentos, mas com algo muito importante em comum: o respeito pelos lugares e pelas pessoas.

Como fazer turismo responsável no Brasil

Vou dividir a lista entre Agências de viagem e similares, que oferecem diferentes roteiros, e projetos específicos focados em um só destino. Conheço pessoalmente algumas das iniciativas abaixo, mas a maioria foi recomendação de pessoas que trabalham com o tema, como João Paulo da Recria e Carol da Mandakaru Consultoria.

Muitos também foram encontrados em sites de organizações como o Coletivo Muda, coletivo de empreendimentos turísticos baseados no turismo responsável; a Garupa, que divulga experiências de turismo sustentável; o Mapa de Turismo Sustentável no Brasil, que compila vencedores e finalistas do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade; e o Projeto Bagagem, ONG que fomenta o turismo de base comunitária.

Agências de viagem e redes de turismo responsável no Brasil

Rede Tucum

Um dos exemplos de turismo responsável no Brasil mais citados é a Rede Cearense de Turismo Comunitário, conhecida como Rede Tucum. Formada em 2008 por comunidades da zona costeira do Ceará, ela promove atividades turísticas que respeitam os modos de vida e ambientes locais, valorizando a diversidade cultural e fortalecendo atividades tradicionais como a pesca artesanal e a agricultura.

Através da Rede Tucum é possível conhecer o litoral cearense quase todo a partir do ponto de vista das comunidades tradicionais. As comunidades vivem da pesca, mariscagem, artesanato e agricultura e, entre os grupos, há assentamentos, comunidades indígenas e remanescentes quilombolas.

Os roteiros fogem do padrão tradicional das agências turísticas e oferecem atividades como pescarias com mestres jongueiros, rodas de conversa em noites de lua cheia, troca de experiências com rendeiras e conversas sobre atividades tradicionais e acesso a produtos agroecológicos.

Acesse a fanpage da Rede Tucum pra mais informações.

Rede BATUC

A Rede BATUC – Turismo Comunitário da Bahia reúne mais de 30 iniciativas de povos e comunidades do campo e da cidade, articuladas na promoção e na comercialização do turismo comunitário na Bahia.

São comunidades quilombolas, indígenas, de agricultura familiar, de pesca, ribeirinhas, de fundos de pastos de assentados da reforma agrária e coletivos urbanos, entre outras. Elas promovem atividades turísticas como fomento da geração de trabalho e renda, instrumento de resistência e transformação, e na oferta de um turismo sustentável, responsável e regenerativo.

Quem visita os projetos da rede pode descobrir matrizes étnicas, degustar gastronomia típica e mergulhar na riqueza das músicas, artes, sambas e capoeiras da cultura popular baiana. Caminhadas na natureza, passeios de barco, festivais, feiras, hospedagens familiares e conversas com mestres e griôs estão entre as experiências oferecidas.

Acesse o Instagram da Rede Batuc para saber mais.

red batuc - turismo responsável na bahia

Braziliando

A Braziliando é uma pequena agência que promove experiências de viagem “autênticas e transformadoras”. O foco atual deles é a Amazônia, onde levam viajantes pra criar uma conexão com os moradores e gerar impacto positivo.

Além de capacitar os moradores de comunidades ribeirinhas próximas a Manaus, eles promovem o turismo de base comunitária. O que gera, por sua vez, empoderamento e renda pra as comunidades tradicionais. Passei alguns dias num dos “pacotes” deles em junho de 2019 e foi incrível!

Acesse o site da Braziliando e leia também o relato da minha viagem pra Amazônia com eles.

trilha pela floresta na amazônia

Vivejar

A Vivejar é uma operadora de turismo de experiência que realiza roteiros exclusivos em comunidades tradicionais brasileiras. “Somos uma empresa social que incentiva o turismo responsável, o empoderamento feminino e o impacto positivo nas comunidades e destinos visitados”, diz o site oficial.

Os roteiros são baseados em princípios como sustentabilidade econômica, social e ambiental; protagonismo das pessoas (privilegiando o Turismo de Base Comunitária); impacto positivo; e troca de experiências.

Alguns exemplos de destinos trabalhados por eles são Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), Morro da Babilônia (Rio de Janeiro/RJ), Belém e Cotijuba (Belém/PA), Alter do Chão (Santarém / PA), Grajau e Bororé (São Paulo/SP) e Amazonas – Rios e Biorregião.

Pra mais informações, acesse o site da Vivejar.

Viare Travel

A Viare Travel é uma plataforma digital que reúne uma seleção de tours, atividades, acomodações e viagens inteiras pra reservar online (através deles ou de sites parceiros). O que todos esses serviços e produtos têm em comum? Atender ao critério “turismo responsável”, de acordo com os responsáveis elo projeto.

Além de reservar tours e atividades online, você pode usar a Viare pra conferir uma curadoria de acomodações sustentáveis (visitas por eles) ou pra montar uma viagem personalizada pra você.

Chapada dos Veadeiros, Amazonas, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina estão entre os destinos disponíveis. Quer saber mais? Vá lá no site da Viare Travel.

Acolhida na Colônia

A Acolhida na Colônia é uma associação composta por cerca de 180 famílias de agricultores, criada em 1999 integrada à Rede Accueil Paysan, atuante na França desde 1987. A proposta da organização é valorizar o estilo de vida no campo através do agroturismo ecológico.

“Seguindo essa proposta, nós, agricultores familiares de Santa Catarina, abrimos nossas casas para o convívio do nosso dia-a-dia. O objetivo é compartilhar com você nosso saber fazer, nossas histórias e cultura, nossas paisagens… oferecemos hospedagens simples e aconchegantes com direito a conversas na beira do fogão a lenha, a tradicional fartura de nossas mesas e passeios pelo campo”, diz o site.

Atualmente, eles atuam em vários destinos em Santa Catarina e em Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro. É possível se hospedar nas propriedades rurais ou apenas visita-las. Confira mais informações no site da associação Acolhida na Colônia.

Uika

O nome Uika vem de Wyk, da língua indígena kambeba, e significa “viajante, um habitante da fronteira, que vive em um lugar onde pode ver os dois mundos, mas olha rumo ao desconhecido”.

A criadora da empresa, Camila, me explicou que a Uika foi batizada por um jovem de uma comunidade a cerca de 60 km de Manaus, durante uma visita que ela fez ao lugar. Foram essas visitas, através de um programa de intercâmbio e voluntariado de que ela participou em 2016, que motivaram a criação da Uika.

Seu principal propósito é desenvolver e comercializar experiências protagonizadas por empreendedores locais, valorizando a economia criativa do Amazonas e gerando impacto social, econômico e ambiental positivo.

“Buscamos fazer turismo justo e sustentável, transformando pessoas e realidades a partir de nossas vivências da cidade até a floresta”, resume Camila.

A Uika promove roteiros em Manaus e expedições pela Amazônia. Conheça os roteiros da Uika e veja como é o tour guiado pelo centro de Manaus, que eu fiz em junho de 2019.

a chegada no porto de manaus

Samaúma Viagens

“A Samaúma é um negócio social criado com o objetivo de estimular o turismo sustentável e promover a valorização do Brasil e, sobretudo, dos brasileiros”, diz o site da empresa. Ela atua em duas frentes: tanto como uma agência de turismo consciente quanto como uma consultoria de projetos de desenvolvimento local.

A atuação inclui operação de roteiros turísticos em parceria com comunidades tradicionais, viagens personalizadas para grupos escolares e corporativos e desenvolvimento de projetos pra apoiar comunidades na estruturação do turismo de base comunitária, além da produção de conteúdo fotográfico e audiovisual sobre culturas brasileiras.

O foco da Samaúma é a Costa Verde, que compreende o litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa região, várias comunidades convivem harmoniosamente com a natureza e permanecem como guardiãs de conhecimentos e manifestações culturais. A Samaúma atua na região em parceria com comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras.

Veja o Instagram da Samaúma pra mais informações.

Estação Gabiraba

A Estação Gabiraba é uma operadora de ecoturismo que, em conjunto com comunidades locais, procura desenvolver e estabelecer um modelo alternativo de turismo que gera renda às iniciativas sociais comunitárias e valoriza as tradições e o ambiente em que elas vivem.

O campo de atuação da Estação Gabiraba abrange atualmente mais de 30 comunidades no Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Mato Grosso. Confira os roteiros disponíveis no site da Estação Gabiraba.

Projetos específicos de turismo responsável no Brasil

Polo Cultural da Bomba do Hemetério (PE)

A Bomba do Hemetério, no Recife, é um destino turístico cultural de base comunitária em área urbana, organizado com uma estratégia de desenvolvimento local.

O bairro reúne mais de 60 grupos culturais e agremiações carnavalescas, o que faz dele um ótimo lugar pra mergulhar na diversidade do Carnaval recifense em qualquer época do ano.

São maracatus e caboclinhos, sambas e troças, bois e reisados, afoxés, ursos e frevo, que você pode conhecer através de passeios guiados, oficinas e até saindo em cortejo pelas ruas.

A partir da capacitação de artistas, grupos culturais, artesãos e microempreendedores, foram desenvolvidas atividades e roteiros, temáticos ou personalizados, de acordo com o interesse do visitante.

Entre os roteiros disponíveis, destacam-se os chamados Coco Virado, Muito Brilho e Tambores, Recife é Sempre Carnaval, Oficina de Percussão e Oficina de Adereços Carnavalescos,

Saiba mais sobre o turismo na Bomba do Hemetério no site oficial e leia o que escrevi sobre minha experiência de turismo comunitário lá na Bomba.

turismo responsável no Brasil - TBC na Bomba do Hemetério

Quilombo Campinho da Independência (RJ)

Localizado em Paraty, no Rio de Janeiro, o quilombo do Campinho da Independência é um dos mais antigos do país e recebe visitantes pra fazer roteiros etno-ecológicos. Existem vários quilombos que promovem um turismo responsável no Brasil e acho importantíssimo visitar esses lugares e ter contato com essa faceta essencial da nossa história.

Numa visita guiada ao local, você pode conhecer a história, a luta e a resistência dos quilombolas pela garantia de suas terras, além de experimentar um pouco da sua arte e gastronomia. Inserido na Área de Proteção Ambiental Cairuçu, o quilombo também oferece contato com as belezas da Mata Atlântica.

O roteiro inclui contação de histórias, visita à casa de farinha, viveiro agroflorestal e casa de artesanato. Saiba mais sobre o Campinho da Independência.

Museu de Favela (RJ)

O Museu de Favela é uma organização não-governamental criada por lideranças das favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Nas fachadas de várias casas entre as comunidades de Canta Galo e Pavão-Pavãozinho foram realizados grafites e pinturas contando a história da formação das favelas cariocas.

Quem faz a visita pode conferir a galeria de grafites, escutar essa história através de quem a vivencia e fazer uma ecotrilha cultural, abordando também a relação das comunidades com a natureza. O passeio é acompanhado por guias locais treinados pelo MUF, dura cerca de três horas e dá direito a vistas privilegiadas, sambinha e uma degustação de comidinhas.

Esse projeto fomenta um turismo alternativo aos típicos “favela tours” conduzidos por gente que não mora no local. Além de ajudares a quebrar estereótipos sobre os morros cariocas, os tours por lá movimentam a economia de pequenos empreendimentos.

“Nesse primeiro museu territorial e vivo sobre memórias e patrimônio cultural de favela do mundo, o acervo são cerca de 20 mil moradores e seus modos de vida, narrativos de parte importante e desconhecida da própria história da Cidade do Rio de Janeiro”, diz o site do MUF.

Ficou curioso? Acesse o site do Museu de Favela (MUF) pra mais informações.

Pousada Uacarí (AM)

Um dos principais exemplos de hospedagem sustentável no Brasil, a Pousada Uacarí fica na Reserva Mamirauá, no Amazonas, perto do município de Tefé. Ela foi criada em 1998 e é administrada por meio de uma gestão compartilhada entre o Instituto Mamirauá e moradores das comunidades locais.

O empreendimento tem a finalidade de gerar renda para os moradores locais e contribuir para a conservação dos recursos naturais da região, em um programa de Turismo de Base Comunitária.

De acordo com eles, a maioria dos funcionários é das comunidades ribeirinhas. A equipe da pousada funciona em sistema de rodízio, sendo que cada pessoa trabalha em média 10 dias por mês, para que não fiquem dependentes da atividade turística e possam continuar exercendo outras atividades.

Além disso, a estrutura da pousada é sustentável, usando energia solar, água coletada da chuva e telhas ecológicas, por exemplo. Ah, e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é a maior área de mata de várzea protegida do mundo.

Acesse o site da Pousada Uacarí pra mais informações.

Rota da Liberdade (BA)

A Rota da Liberdade, na Bahia, é um programa de turismo étnico focado em mostrar como vivem os descendentes de escravos na região. Durante o passeio, os turistas conhecem a produção de farinha, azeite de dendê e xarope e têm contato com rezadeiras e griôs, como são chamados os idosos que contam histórias do local. Também há apresentações de danças e samba de roda.

Os roteiros são elaborados pela comunidade e apresentam aos visitantes a história, geografia, cultura e o modo de vida das comunidades quilombolas. Mais informações na fanpage da Rota da Liberdade.

Fundação Casa Grande (CE)

A Fundação Casa Grande foi criada em 1992 na cidade de Nova Olinda, na região do Cariri, no sul do Ceará. Numa visita ao local, você pode conhecer as tradições da vida no Sertão, tendo como guias crianças e jovens capacitados pela instituição.

Os roteiros permitem explorar o trabalho das rendeiras e repentistas, projetos agroflorestais, a oficina do conhecido artesão de couro Espedito Seleiro e as diversas oficinas realizadas com crianças da comunidade.

De acordo com o Garupa, o programa desenvolvido por lá é referência nacional e internacional em protagonismo juvenil, formando crianças e jovens em gestão cultural. E com uma cooperativa criada com os pais das crianças, é realizado um projeto de turismo comunitário em pousadas domiciliares.

Além disso, a instituição mantém um programa de pesquisa e preservação do acervo arqueológico da região do Cariri. Afinal, Nova Olinda é a maior reserva mundial de fósseis do período Cretáceo, espécies que viveram entre 65 e 135 milhões de anos atrás.

Os passeios mencionados no site da Fundação incluem, além da interação com os moradores e colaboração com a execução de oficinas, vários roteiros no município e em outras partes do Cariri.

Uma caminhada na Floresta Nacional do Araripe, no Crato, e visitas ao Museu de Luiz Gonzaga, em Exu, e ao Memorial Patativa do Assaré, na cidade de Assaré, são exemplos de atividades nas redondezas. Também é possível visitar engenhos, provar comidas típicas e conhecer mais sobre a história do Padre Cícero, entre outras atrações.

Pra mais informações, confira os roteiros descritos no blog Turismo Comunitário FCG ou entre em contato com eles através do Instagram da Fundação.

Ilha de Deus (PE)

Localizada no centro de um dos maiores manguezais urbanos do Brasil, a Ilha de Deus fica na região central do Recife. Ela começou a ser ocupada nas primeiras décadas do século XX e desde essa época a pesca tem sido a atividade econômica predominante: de camarões, caranguejos e unhas-de-velho a siris e sururus.

A comunidade é exemplo de resistência e do potencial de reinvenção das pessoas. Ela foi uma das regiões mais violentas da cidade e passou por uma grande transformação, impulsionada pelo turismo.

Entre as opções de passeios estão um rolê bem delícia de catamarã pelo rio, passeio de baiteira (barco de pesca), ajudar a pescar sururu e marisco, oficinas de gastronomia e artesanato e intercâmbio social. Tem até um hostel lá, que abriga turistas e voluntários de várias partes do mundo. O lucro é direcionado pra projetos de desenvolvimento da comunidade.

Esse foi um dos projetos de turismo responsável no Brasil que eu já conheci – e me encantei. Saiba mais sobre os projetos sociais e os roteiros turísticos oferecidos por lá acessando o site da Ilha de Deus.

turismo responsável no Brasil - ilha de deus

Andarilho da Luz (MG)

Desde 1999, a agência Andarilho da Luz realiza um programa turístico em Capivari, Alto Jequitinhonha, entre as cidades do Serro e Diamantina (MG). “Um vilarejo que encanta os seus visitantes pela riqueza das belezas naturais presentes nas suas majestosas cachoeiras e trilhas que cortam os rústicos e preservados campos rupestres da Serra do Espinhaço”, descreve a empresa.

A proposta da viagem é proporcionar uma imersão no modo de vida dessa pequena comunidade, com direito a hospedagem na casa dos moradores, prosa na beira do fogão à lenha e contato direto com a natureza.

Essa iniciativa foi identificada pelo Ministério do Turismo como uma pioneira no estado de Minas Gerais em Turismo de Base Comunitária.

Veja mais informações no site da agência Andarilho da Luz, clicando em “Turismo de vilarejo”.

Trilhas Griô (BA)

Já fui duas vezes a Lençóis, na Chapada Diamantina (BA), mas não conheci muito das histórias e lendas da região. Os passeios da agência de turismo solidário Trilhas Griô apresentam aos visitantes os relatos de moradores de comunidades da Vila do Remanso, Iúna e Capivara, do entorno de Lençóis, que guardam alguns dos saberes mais tradicionais da cultura local.

Além disso, é possível realizar oficinas de pesca, fazer farinha, passear de barco, almoçar comidas típicas em um restaurante de garimpeiros, participar de uma roda de samba, conhecer a casa de um pai de santo jarê (religião de matriz africana) e, claro, visitar algumas das belezas naturais da região – como a cachoeira do Capivari e o Morro do Pai Inácio.

De acordo com o Garupa, os passeios são feitos em parceria com as associações de moradores, que se beneficiam com a renda gerada pelos visitantes. “A agência faz parte da ONG Grãos de Luz e Griô e promove o turismo cultural, buscando valorizar os saberes das comunidades locais”, diz a página.

Atualmente, são promovidos quatro roteiros de um dia na região: a Trilha Griô do Quilombo (na Vila do Remanso), das Ciências Tradicionais (em Iúna), do Garimpo (em Lençóis) e da Afrodescendência (na Capivara). Todas as daytrips incluem traslado de Lençóis à comunidade e devem ser reservadas com pelo menos um dia de antecedência.

Acesse o site da Trilhas Griô pra saber mais sobre os roteiros disponíveis.

Turiarte (PA)

A Turiarte organiza, opera e comercializa roteiros de Turismo de Base Comunitária na região de Santarém, no Pará, envolvendo principalmente quatro comunidades de rio Arapiuns, onde também gerencia duas pousadas comunitárias.

Os roteiros oferecem a oportunidade de conviver com comunidades ribeirinhas, experimentar os sabores da culinária amazônica e ter contato com a natureza. “Desenvolvemos práticas econômicas solidárias e sustentáveis, promovendo inclusão social e cidadania”, afirmam.

Na visita, os turistas aprendem mais sobre a criação de peixes, manejo de abelhas nativas e agricultura de subsistência. Também é possível fazer passeios pra comunidades próximas e conhecer técnicas de artesanato em palha de tucumã.

Acesse o site da Turiarte pra mais informações.

Associação Mico-Leão-Dourado (RJ)

O turismo com animais silvestres costuma ser muito prejudicial pra os bichos, segundo aprendi com o pessoal da ONG Proteção Animal Mundial. Mas de acordo com a mesma organização, um dos melhores exemplos de turismo de observação que contribui pra preservação dos animais é a Associação Mico-Leão-Dourado.

Localizada em Silva Jardim e Casimiro de Abreu, a cerca de 1h30 do Rio de Janeiro, a AMLD recebe grupos de ecoturistas interessados em caminhar pela Mata Atlântica e ver os macacos em seu habitat natural.

O que contribui pra financiar o trabalho da associação, que é responsável por tirar o mico-leão-dourado da lista de animais em extinção. Enquanto em 1970 eram menos de 200 indivíduos na natureza, hoje esse número passa dos 3,2 mil.

A visita é sempre feita com o acompanhamento de guias especializados. Além do avistamento dos micos na floresta é possível visitar exposições e assistir a uma palestra pra conhecer o trabalho da associação. O tempo médio do passeio é de quatro horas e na região também dá pra curtir cachoeiras, trilhas, cavalgadas, rafting, entre outras atividades.

Pra saber mais e agendar sua visita, acesse a página do Instituto Mico-Leão-Dourado.

Instituto Arara Azul (MS)

Outra instituição que trabalha pela preservação de animais em seu habitat natural país e é muito mencionada como bom exemplo de turismo responsável no Brasil é o Instituto Arara Azul, em Campo Grande.

Os profissionais do instituto monitoram ninhos urbanos espalhados pela capital e promovem educação ambiental. Através dos passeios turísticos realizados lá, eles procuram conscientizar as pessoas sobre a preservação do meio ambiente, e o valor pago pelos turistas é destinado aos projetos da instituição.

Mais informações no site do Instituto Arara Azul.

Banana Bamboo Ecolodge (SP)

Localizado em Ubatuba, no litoral de São Paulo, o Banana Bamboo Ecolodge é uma hospedagem sustentável instalada no Sertão do Ubatumirim, região que guarda grande diversidade natural, étnica e cultural.

De acordo com eles, o tratamento de efluentes, o consumo de água e a geração de energia são feitos com métodos que minimizam o impacto no meio ambiente. Além disso, os alimentos usados são orgânicos e produzidos localmente, e ao contratar colaboradores a preferência é dada a moradores da área.

Se interessou? Acesse o site do Banana Bamboo Ecolodge.

Você conhece outras iniciativas que promovem o turismo responsável no Brasil? Compartilha aí nos comentários, pra eu ir ampliando essa lista! E se tiver alguma experiência com os projetos mencionados aqui, conta aí também.

turismo responsável no Brasil - ilha de deus

As fotos que ilustram o artigo são minhas, com exceção da imagem sobre a Rede BATUC, que pertence ao Acervo Rede BATUC e foi cedida para divulgação.

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6 Comentários

  1. cris

    menina, obrigada por esse post <3

  2. Luuu, maravilhoso e necessário seu post! Como sempre!
    Acabei de conhecer um projeto muito massa aqui na Chapada Diamantina. Chama Chapada Sup Trip, é uma agência de ecoturismo e turismo de base comunitária, focado principalmente em trilhas aquáticas e explorar uma parte menos conhecida da regiao! Super recomendo eles também :))

    • Vi teus posts no Instagram e fiquei bem curiosa! Adorei a dica, obrigadíssima por compartilhar! Amo a Chapada e quero muito voltar lá e conhecer essa agência (pena que nunca tinha ouvido falar, se não teria conhecido antes!). Um beijo!

  3. Nossa que post essencial, gostaria que mais gente buscasse acessar conteúdos como o seu.
    Tenho um site de bicicletas justamente para tentar incentivar o uso mais consciente e acho contraditório eu utilizar e viajar não sustentavelmente.

    • Que massa, Tedy! É um processo, né? Infelizmente no capitalismo vivemos em contradição, mas vamos aprendendo juntos e juntas :)

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