Roteiro pela Índia para 7, 15, 30, 60 ou mais dias: o que fazer
Montando seu roteiro pela Índia? Chegou no lugar certo! Passei 50 dias viajando de forma independente pelo país, parte em companhia de um amigo indiano e parte sozinha. Ir pra lá não era um grande sonho, mas voltei pra casa apaixonada pela Índia e já planejando uma próxima viagem.
Muitos seguidores do Instagram do Janelas Abertas se disseram surpresos com o que mostrei durante a viagem. Afinal, a Índia é MUITO mais que o Taj Mahal. O país é super diverso, oferecendo desde praias a montanhas nevadas, de grandes cidades populosas a pequenos povoados budistas – e muito mais.
A Índia é um ótimo destino pra quem acha que o imprevisível torna a viagem mais bonita e quer se sentir vivo a cada segundo. Lá, você vai se encantar só de sair na rua e observar as pessoas, vai encher os olhos com obras arquitetônicas e paisagens impressionantes, tirar fotos lindas e questionar seu jeito de ver o mundo.
Neste artigo, vou falar sobre:
- Como foi minha experiência viajando sozinha pela Índia
- Qual a melhor época pra viajar pra Índia
- Qual foi meu roteiro pela Índia passo a passo
- Como são as cidades por onde passei e onde se hospedar
E além de falar da minha experiência, vou sugerir roteiros pra quem vai ficar 7 dias, 15 dias ou 30 dias na Índia, e mais ideias de destinos pra quem vai passar 2 meses ou mais. Vem comigo explorar esse país maravilhoso!
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Viajar sozinha pela Índia
Viajar pela Índia de forma independente não é tão fácil quanto em outras partes do mundo que já conheci, como América Latina, Europa e Estados Unidos. Mas é, ainda assim, bem menos complicado do que imaginei.
A pergunta que recebi com mais frequência durante meu período por lá foi: é seguro viajar sozinha pela Índia sendo mulher? Cada viajante tem sua experiência, mas achei muito mais tranquilo do que imaginava.
Conversando com outras mulheres que viajavam sós por lá (são muitas!), encontrei quase sempre a mesma opinião: o “terror” que as pessoas fazem é bem pior que a realidade.
É verdade que a posição da mulher na sociedade indiana tá longe de ser ideal. Existe, sim, mais assédio por lá que em muitos outros lugares do mundo, e conheço mulheres que passaram por situações chatas. Também existe gente querendo dar golpes em turistas, sejam eles homens ou mulheres, pra tirar vantagens financeiras.
Por outro lado, praticamente não se encontra na Índia a violência urbana que temos no Brasil, e pela minha experiência a imensa maioria das pessoas quer ajudar. É preciso tomar alguns cuidados, sim, mas nada absurdo. Para mais informações, confira meu artigo completo sobre viajar sozinha na Índia, com minhas impressões e depoimentos de outras viajantes.
Quando ir para a Índia?
Em linhas gerais, a melhor época pra viajar pra Índia é entre outubro e abril. De preferência, entre novembro e março. Esse é o inverno indiano, quando as temperaturas costumam ficar agradáveis na maior parte das regiões turísticas do país.
No norte da Índia, incluindo a capital Nova Delhi, faz frio nessa época, e perto dos Himalaias costuma nevar bastante. Já nas cidades mais ao sul, como Mumbai e os estados de Goa e Kerala, as temperaturas nunca baixam muito. A partir de abril começa a esquentar. Dizem que viajar no verão pelo Rajastão, por exemplo, é infernal.
E assim como em outros países dessa parte do mundo, é preciso atentar a outra questão além da temperatura: as monções. Nesse fenômeno, que na Índia acontece entre junho e agosto, ventos fortes trazem chuvas torrenciais que deixam muitas cidades inundadas ou no mínimo ainda mais caóticas que o normal. Pelos relatos de amigos indianos e viajantes que estiveram por lá nessa época, é bom evitar visitar a Índia nesse período.
Minha viagem pra Índia aconteceu entre meados de janeiro e meados de março. O clima estava ótimo em Mumbai, com céu azul e pouco calor. Nas cidades do Rajastão e em Rishikesh, fazia um calor OK durante o dia e friozinho à noite. Calça e um casaco eram suficientes, exceto quando dormi no deserto, onde a temperatura cai mais.
Em Delhi, onde cheguei no final de fevereiro, também estava agradável. E em McLeod Ganj, onde fui na metade de março, fazia em torno de 7ºC. Achei uma ótima época pra viajar pela Índia!
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Meu roteiro pela Índia em 50 dias
A seguir, vou listar o roteiro pela Índia que eu fiz em 50 dias, entre janeiro e março de 2020. A quantidade de dias em cada lugar se refere a dias inteiros, ou seja, sem contar com a chegada e a saída.
Ao viajar pelo país, recomendo sempre estar preparado pra imprevistos. Trens atrasam, engarrafamentos ou estradas ruins podem fazer o ônibus demorar mais que o previsto… Por isso, tentei considerar os dias de deslocamento como dias “perdidos”, que costumava usar pra descansar ou ir comer num lugar legal.
Viajei um pouco mais devagar que um turista convencional e recomendo muito fazer isso, porque todas as cidades que visitei guardam belas surpresas pra quem pode explorá-las sem pressa. Sem contar que a intensidade indiana faz a gente gastar bastante energia física e emocional, hehe.
Caso tenha menos tempo pra fazer esse roteiro pela Índia, sugiro ficar um dia a menos que eu em Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer e Delhi. No caso de Mumbai, fiquei uma semana porque estava com um amigo de lá. Pra quem vai só fazer turismo, uns três dias são suficientes.
Em Rishikesh, acabei ficando uma semana porque adorei a atmosfera da cidade. Passei parte do tempo trabalhando, mas daria facilmente pra ocupar meus dias com várias atividades “não turísticas”. Se quiser conhecer o básico, dois ou três dias são o bastante, mas eu ficaria umas duas semanas numa boa!
- Mumbai: uma semana
- Voo de Mumbai para Udaipur (1h30)
- Udaipur: 4 dias
- Ônibus de Udaipur para Jodhpur (6h)
- Jodhpur: 3 dias
- Trem de Jodhpur para Jaisalmer (6h)
- Jaisalmer: 4 dias, incluindo 1 noite no deserto
- Trem de Jaisalmer para Ajmer + táxi para Pushkar (12h)
- *houve um problema no meu trem e ele não foi até o destino final, então voltamos até Jodhpur e de lá pegamos um táxi para Pushkar
- Pushkar: 2 dias
- Ônibus de Pushkar para Jaipur: 3h30
- Jaipur: 2 dias
- Trem de Jaipur para Agra: 4h
- Agra: 2 dias
- Trem de Agra para Delhi: 3h30
- Delhi; 4 dias
- Trem expresso de Delhi para Rishikesh: 5h
- Rishikesh: 7 dias + 6 dias em um Ashram
- Trem de Rishikesh para Chandigarh (6h) + voo (1h) ou táxi (6h) para Dharamshala
- Dharamshala (McLeodGanj): planejei ficar uma semana, mas antecipei a volta pra o Brasil por causa do Coronavírus. Se quiser só conhecer, acredito que 3 dias são suficientes, mas tenho amigas que já passaram um mês por lá, só curtindo a vibe.
Meu roteiro pela Índia cidade a cidade
Mumbai
Capital do estado de Maharashtra, Mumbai é o principal polo financeiro e cultural do país e fica às margens do oceano Índico. Ela é a segunda maior cidade do país, atrás apenas de Delhi, e sedia a famosa indústria de cinema conhecida como Bollywood.
Mumbai não é uma cidade muito turística, mas foi a primeira que visitei porque meu amigo é de lá. E apesar de não achar que ela deva ser prioridade num roteiro pela Índia pra quem não tem muito tempo, achei super interessante.
É que essa metrópole é provavelmente a mais cosmopolita do país, com um ar menos conservador que Delhi e uma grande mistura de religiões.
Na minha primeira manhã por lá, caminhei por um bairro mais humilde e vi numa mesma rua mulheres muçulmanas, homens sikhs e judeus. No dia seguinte, fui num bairro que ainda preserva muita influência dos portugueses que um dia dominaram a cidade e vi um grande número de igrejas e imagens católicas. Acho essa mistura incrível!
Também incrível é o trem urbano de Mumbai, tipo um metrô a céu aberto famoso por ficar superlotado nas horas de pico. As pessoas pulam das portas abertas antes mesmo do trem parar, o que é bem curioso de se observar, mas também tem um lado bem triste: muita gente morre ao cair do trem. Uma das principais estações, a Chhatrapati Shivaji Maharaj Terminus, é linda – virou até Patrimônio Mundial da UNESCO.
No quesito pontos turísticos, Mumbai também abriga o Gateway of India (tipo um Arco do Triunfo) e o bonito Taj Mahal Hotel. Mas o que eu mais gostei foi ver o sol se pôr no mar, especialmente na Chowpatti Beach. Ah, a visita ao Dhobi Ghat, maior lavanderia a céu aberto do mundo, também é bem interessante.
Hospedagem em Mumbai: fiquei na casa do meu amigo, mas me recomendaram o Backpacker Panda Colaba, hostel com opção de quartos privativos
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Udaipur
Antes de mais nada, uma introdução: Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer, Pushkar e Jaipur ficam todas no mesmo estado, o Rajastão. Que basicamente representa os clichês que nos vêm à mente quando pensamos na Índia.
Muitas vacas na rua, calor, elefantes, camelos, marajás, homens de turbantes e bigodão, mulheres com saris MUITO coloridos e muitas pulseiras… Amei viajar por essa região!
Conhecida como a cidade mais romântica da Índia, Udaipur é mesmo uma graça. Seu “centro turístico” é pequeno e se concentra ao redor do tranquilo Lago Pichola. O que mais curti por lá foi simplesmente sentar num restaurante com rooftop e curtir a vista, comendo bem por preços ótimos.
Mas a principal atração turística da cidade, o City Palace, também me surpreendeu. O palácio tem salões lindíssimos com decorações super detalhadas. De lá, dá pra pegar um passeio de barco bem bonito ao pôr do sol.
Ah, e o templo hindu Jagdish e a apresentação de danças tradicionais no Bagore Ki Haveli também são muito legais, assim como aula de culinária com a inspiradora Shasi.
Dica de hospedagem barata em Udaipur: fiquei no GoStops Hostel e adorei a localização e estrutura; só não curti o fato de que os banheiros coletivos ficam numa área aberta
Jodhpur
Chamada de Cidade Azul, Jodhpur não é das mais famosas do Rajastão, mas foi uma das minhas cidades preferidas no meu roteiro pela Índia.
Foi onde me senti em contato com as pessoas de forma mais “autêntica”, porque o mercado central e seus arredores não são feitos pra turistas, e sim pra os moradores. Achei interessantíssimo observar e interagir com os vendedores e passantes.
Além disso, Jodhpur tem as tais ruelas com casas azuis, super fotogênicas, e abriga o belo Forte de Mehrangarh. Também adorei fazer o tour guiado da empresa Jodhpur Heritage Walk, que nos levou por uns bequinhos incríveis.
Dicas de hospedagem barata em Jodhpur: Durag Niwas Guesthouse e Hotel Blue Haveli (fiquei no segundo e foi OK, mas ouvi falar muito bem do primeiro)
Jaisalmer
Jaisalmer é a Cidade Dourada (sim, cada cidade do Rajastão tem uma cor :P). E ao contrário de Jodhpur, que só tem umas partes azuis, e Udaipur, que supostamente é branca mas não achei tanto assim, essa cidade inteirinha tem um tom amarelado que ganha mesmo um brilho dourado a cada pôr do sol.
A grande estrela de Jaisalmer é seu Forte, um dos poucos do mundo que ainda é habitado. Andar dentro dele é superlegal, tanto pela arquitetura e pelos cafés e lojinhas instalados ali quanto pela vida cotidiana, sempre interessantíssima quando falamos de Índia. Também vale conferir os maravilhosos Havelis, antigas mansões de comerciantes, com decoração nada básica, digamos assim. ;)
Além disso, usei a cidade como base pra um passeio super comum no Rajastão: passar a noite no Deserto do Thar. Dormimos em camas montadas a céu aberto depois de um jantar delícia preparado na fogueira e de muita cantoria de músicas locais. Bem legal!
Dica de hospedagem barata em Jaisalmer: gostei do Hotel Pol Haveli
Pushkar
O epicentro de Pushkar também é um lago, assim como em Udaipur. Só que lá o lago é sagrado, atraindo muitos peregrinos. A cidade também abriga o único templo do mundo dedicado ao deus Brahma, que segundo o hinduísmo foi o criador de tudo. Além de muitos outros templos, não apenas hindus.
Ao redor do lado é preciso tomar cuidado com os golpistas que oferecem um ritual e depois tentam extorquir os turistas. Supostamente existem pessoas que fazem um ritual autêntico e não cobram um valor específico de doação, mas eu quase fui enrolada. Ah, e não se esqueça de tirar os sapatos e cobrir os ombros pra caminhar ao redor do lago.
Achei Pushkar a melhor cidade pra comprar roupas, porque eles fazem modelos muito diferentes dos que vi nas outras cidades e os preços são incríveis. Também foi um dos poucos lugares onde não precisei barganhar o tempo inteiro, nem fugir de vendedores insistentes.
Talvez isso se deva à grande quantidade de gringos que não só visitam mas também moram lá, especialmente uma galera com vibe hippie. Vi muito mais estrangeiros interagindo com indianos nas ruas de lá que em outros lugares e fiquei com a impressão de que rola uma convivência bem legal, mas também achei a cidade muito turística.
Uma das coisas que mais curti fazer por lá foi ver o sol nascer no topo do Savitri Temple. O pôr do sol sobre o lago visto no Sunset Point também é lindo!
Dica de hospedagem barata em Pushkar: fiquei em quarto privativo no albergue Zostel Pushkar e gostei muito, mas é preciso andar uns 15-20 minutos até a região mais turística
Jaipur
Conhecida como Cidade Rosa, Jaipur é a capital do Rajastão e provavelmente a cidade mais visitada do estado. Isso porque ela fica perto de Agra e Delhi, e junto com essas duas compõe o chamado “triângulo dourado”, roteiro pela Índia feito pela maioria das pessoas que passam pouco tempo no país.
No entanto, ela foi a cidade que menos curti dentre as que visitei. Em parte, provavelmente, porque já tinha visto muita coisa parecida em termos culturais e arquitetônicos nas cidades anteriores e não me impressionei tanto.
Mas também porque é uma cidade bem maior que as outras, e por isso menos charmosinha. Além disso, achei o assédio aos turistas um pouco pior por lá.
Ainda assim, ela vale a visita (especialmente se estiver no seu caminho, como estava no meu). Os fortes Nahargarh e Amber são lindíssimos e têm vistas lindas, o super fotografado palácio Hawa Mahal é bem interessante, o City Palace tem salas bonitonas…
Mas um dos rolê eu mais gostei por lá foi ver um filme de Bollywood num cinema de rua retrô, o Raj Mandir. Os filmes são em hindi e sem legendas, mas é uma experiência bem divertida!
Dica de hospedagem barata em Jaipur: fiquei num quarto privativo no Chillout Hostel e adorei
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Agra
No caminho entre Jaipur e Nova Delhi fica Agra, que até pensei em não incluir no meu roteiro pela Índia. Pensava que talvez não fosse essas coisas todas que falam, e não sou grande fã de monumentos. Mas fiquei MUITO impressionada com o impacto desse mausoléu imenso, branquinho e repleto de detalhes. Se puder, vá no amanhecer, assim que abrir.
Todo mundo me falou que Agra era uma cidade horrorosa e realmente achei bem sem graça pelo que vi, mas nada absurdo. E além do Taj, existem outras atrações por lá, como o Forte de Agra, o Baby Taj e o Túmulo de Akbar.
Não fui em nenhum deles, mas curti a vista pra o Taj Mahal no pôr do sol no jardim Mehtab Bagh. E adorei, também, visitar um restaurante comandado por mulheres sobreviventes de ataques com ácido, o Sheroes Hangout, bem pertinho do Taj.
Dica de hospedagem barata em Agra: fiquei na Anukampa Paying Guest House, hospedagem domiciliar com donos muito fofos e ótima localização
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Delhi
Terminei meu primeiro mês de viagem em Nova Delhi, capital da Índia. A cidade é grande e, apesar da fama de ser super caótica, me surpreendeu por ter vários bairros relativamente tranquilos e agradáveis. O metrô de lá também funciona superbem e é limpinho e moderno.
Meus programas preferidos por lá foram a visita à maior mesquita da Índia, Jama Masjid, e o passeio pelas ruas bagunçadíssimas de Old Delhi. Também curti passar horas relaxando nos jardins do lindo mausoléu Humayun’s Tomb e ir na feira orgânica que acontece aos domingos de manhã no Sundar Nursery, ali do lado.
Em Delhi, você também pode conhecer o minarete de tijolos mais alto do mundo (Qutb Minar), visitar o Lotus Temple (da interessante religião Bahá’i) e comer em ótimos restaurantes mais ocidentalizados como Social, The Big Chill e Smokehouse Delhi.
Dica de hospedagem barata em Delhi: fiquei no Yes Boss By Backpackers Heaven e apesar da área onde ele está não ser muito agradável e não ter nenhum espaço comum, os quartos eram novinhos e confortáveis, a localização boa e achei o melhor custo-benefício disponível pra quarto privativo. Se quiser um hostel com vibe mais legal pra interagir com outros viajantes, me recomendaram o Moustache Delhi
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Rishikesh
Conhecida como “Capital Mundial da Yoga”, Rishikesh foi a cidade onde vi mais brasileiros durante meu roteiro pela Índia. E me pareceu, também, ser uma das mais tranquilas pra quem viaja sozinha por lá.
Ela é cheia de turistas, tendo ficado mais famosa depois que os Beatles passaram um tempo por lá, mas ainda parece preservar uma forte espiritualidade. Nessa altura, o sagrado Rio Ganges ainda é limpo, porque a nascente é ali perto. E lindo, com um tom esverdeado maravilhoso. Meu programa preferido por lá era ficar num café ou restaurante com vista pra o rio – são muitos!
Os pontos turísticos de Rishikesh são poucos, incluindo o Ashram dos Beatles (que hoje está em ruínas e cheio de grafites), o Boothnath Temple (que dá direito a uma ótima vista da cidade) e o aarti (cerimônia do fogo) em frente ao Parmath Niketan ou no Triveni Ghat.
Mas além disso você pode fazer rafting no Ganges, ir numa cachoeira, fazer trilhas, ver o sol nascer no Kunjapuri Temple ou ir em uma das dezenas de aulas de yoga, massagem ayurvédica, aula de culinária ayurvérdica, satsangs, entre outros rolês espirituais.
Dica de hospedagem barata em Rishikesh: Shalom Backpackers
Ashram em Rishikesh
Outra coisa que atrai muitos estrangeiros e indianos pra Rishikesh é a grande oferta de ashrams por lá. Esses lugares são espaços pra desenvolver a espiritualidade, geralmente contando com uma programação diária de yoga, meditação e aulas de filosofia.
Passei seis dias no ashram Swami Rhama Sadhaka Grama e gostei muito! Eles são a sede internacional da Tradição Himalaia de Yoga, que vê a yoga como uma preparação pra meditação. A ideia, segundo os professores, é aprender a estar em paz consigo mesmo – e não fazer posturas acrobáticas ou instagramáveis.
É possível reservar a estadia de 3 a 15 dias, e depois dá pra estender a estadia por mais tempo se quiser. O “pacote” inclui hospedagem, três refeições por dia e todas as atividades, que vão das 5h30 às 21h.
Dharamshala (McLeod Ganj)
De Rishikesh eu fui pra McLeod Ganj. Essa cidadezinha é um subúrbio de Dharamshala, cidade no norte da Índia que é quase um mini Tibet. É que o líder político e espiritual tibetano Dalai Lama se exilou lá porque a China não reconheceu a independência do território. Ele mora lá até hoje, e é essa atmosfera budista que atrai boa parte dos visitantes.
A cidadezinha e seus arredores têm lindos templos, ótimos restaurantes com comida tibetana, cafeterias fofas, centros budistas como o Tushita, trilhas lindas como a de Triund e monges fofos por toda parte. Além da paisagem linda com as montanhas do Himalaia enfeitando o cenário.
Infelizmente, devido ao Covid-19 tive que voltar ao Brasil logo depois de chegar lá. Mas meu plano era passar 8 dias inteiros só curtindo a vibe e comendo muito, hospedada num quarto privativo num hostel com vista pra as montanhas. Fica pra próxima! :)
Dica de hospedagem barata em McLeod Ganj: fiquei num quarto privativo no Backpackers Inn, mas acabei passando só uma noite
Roteiro pela Índia em menos tempo
Sei que pra maioria das pessoas, uma viagem com duração de 50 dias não é viável. Até dá pra fazer todo meu roteiro pela Índia em menos de um mês, mas ficaria bem corrido. Por isso, vou dar aqui algumas sugestões de itinerários pra quem tem uma semana, duas semanas ou 30 dias.
Roteiro de 7 dias na Índia
A opção mais óbvia pra quem vai passar pouco tempo é fazer o clássico roteiro pela Índia chamado de Triângulo Dourado, que já mencionei lá em cima. Ele é formado por três cidades próximas uma da outra: Nova Delhi, a capital; Agra, onde fica o Taj Mahal; e Jaipur, capital do Rajastão.
Faz todo sentido que esse itinerário seja tão popular, já que Delhi é a porta de entrada pra maioria dos voos, o Taj Mahal é o principal ponto turístico do país e o Rajastão é o estado que melhor representa a ideia que a maioria tem do que é a Índia.
Pra ir de uma cidade a outra, você pode usar trem, ônibus ou contratar um táxi ou motorista particular, em percursos de menos de cinco horas.
No entanto, eu já falei lá em cima que não sou tão fã de Jaipur, né? Acho que ela não representa bem o charme do Rajastão, que tá muito mais presente nas cidades menores. Por isso, minhas sugestões seriam pegar um voo interno até Udaipur ou Jaisalmer, que têm aeroportos e têm uma atmosfera mais diferente da que você já vai conhecer em Delhi.
Ou então, se preferir, pegar um trem de Delhi até Rishikesh (o trem expresso leva umas 5h e o normal, cerca de 7h). Ou ainda voar até Varanasi, a mais importante das cidades sagradas pra os hindus. Olha uma sugestão de distribuição do tempo, e outra opção pra quem não quer correr tanto:
7 dias na Índia corridos
2 dias em Delhi
1 dia em Agra
1 dia em Jaipur, Udaipur ou Jaisalmer
2 dias em Varanasi ou Rishikesh
1 dia pra deslocamentos
7 dias na Índia com mais calma
2 dias em Delhi
1 dia em Agra
3 dias em Jaisalmer com noite no deserto ou em Rishikesh
1 dia pra deslocamentos
Roteiro de 15 dias na Índia
Tem duas semanas? Você pode escolher entre focar numa região, como o Rajastão, ou ter um gostinho de diferentes “lados” da Índia. Pessoalmente, o que eu faria seria isso:
2 dias em Udaipur
2 dias em Jodhpur
3 dias em Jaisalmer (com noite no deserto)
1 dia em Agra
2 dias em Delhi
2 dias em Rishikesh
3 dias pra deslocamentos longos
Roteiro de um mês na Índia
Vai dedicar os 30 dias de férias ao seu roteiro pela Índia? Com mais tempo as opções de combinações são infinitas, mas minha sugestão é essa:
2 dias em Udaipur
2 dias em Jodhpur
3 dias em Jaisalmer (1 no deserto)
3 dias em Delhi
2 dias em Agra
2 dias em Varanasi
3 dias em Rishikesh
5 dias em um ashram
3 dias em Dharamshala
4 dias pra deslocamentos longos
Outros lugares para visitar na Índia
Vai passar dois meses ou mais na Índia? Você pode escolher algumas das cidades acima pra passar mais tempo e curtir como morador, ou pode incluir outras partes do país no roteiro. A seguir, vou mencionar alguns destinos que não pude conhecer e pretendo colocar no meu itinerário numa próxima viagem à Índia.
Varanasi
Como mencionei acima, Varanasi é a cidade mais sagrada pra os hinduístas. O hinduísmo, aliás, é a religião mais popular da Índia e a terceira com mais fiéis no mundo depois do cristianismo e do islamismo. Além disso, Varanasi é uma das cidades mais antigas do mundo.
O Rio Ganges também passa por lá e muitos hindus se banham em suas águas acreditando que vão se purificar. Só que, diferentemente de Rishikesh, ele não é limpinho por lá. Afinal, além dos banhos também acontece cremação de corpos às margens do rio.
A principal “atração” de Varanasi é justamente observar as cerimônias religiosas ao nascer e pôr do sol. Pelo que dizem, não é uma experiência fácil, já que a carga espiritual é pesada e o caos é grande. Parece ser super interessante, mas acho legal deixar mais pra o final da viagem, quando você estiver acostumado à Índia. ;)
Amritsar
Amritsar estava no meu roteiro inicial, mas como tive que antecipar a volta pra o Brasil, não deu tempo de ir lá. Essa cidade fica no norte da Índia, no estado do Punjab. É lá que vive a maioria dos adeptos do Sikhismo, e quando passei por lá de carro a caminho de outra cidade notei logo como quase todos os homens usavam os turbantes que são de costume nessa religião.
Em Amritsar, o grande destaque é o Golden Temple, imenso templo dourado que é o principal pra os sikhs. A construção é linda e visitá-la parece ser uma experiência massa porque são oferecidas milhares de refeições por dia gratuitamente pra qualquer pessoa, e você pode não só comer como se voluntariar pra ajudar.
Goa
Goa é um estado no Sul da Índia que preserva influências da colonização portuguesa, como nomes de ruas em português. O lugar é conhecido pelas praias, festas (principalmente vibes trance) e por ser mais “ocidentalizado”, de certa forma.
Pelo que ouvi falar, as praias não são extraordinárias, especialmente pra quem vem de países como o Brasil ou vai pra destinos do Sudeste Asiático na mesma viagem. Ainda assim, se você curte farra ou tem curiosidade de saber como são praias indianas, acho que vale a viagem. Vi também que em algumas praias dá pra ver plânctons bioluminescentes, que vi na Colômbia e achei surreal!
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Kerala
Outro destino que eu gostaria de ter incluído na minha viagem, mas deixei de fora porque não queria ficar na correria, é o estado do Kerala. Também no sul, ele tem o maior IDH da Índia e supostamente é mais tranquilo viajar por lá que mais ao norte.
Cidades como Kochi, Trivandrum e Varkala têm ótima reputação, e em Alleppey você encontra os chamados “backwaters”, um complexo de rios, lagos e canais por onde é possível fazer lindos passeios de barco. Em Kerala também tem praia, montanha e reservas onde se pode avistar tigres e elefantes.
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É claro que existem muito mais destinos interessantes pra se incluir num roteiro pela Índia, e se tiver tempo e disposição pra desbravar lugares menos turísticos dá pra passar meses e meses viajando por lá sem se entediar. Se você conhece e curte outras cidades que não estão aqui no post, conta aí nos comentários!
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25 Comentários
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Olá!
Amei seu post!
Com certeza será uma ótima referência quando for a Índia
Muito obrigada por compartilhar sua experiência com ricos detalhes 🙏🏻
Oi, Kcenia! Muito obrigada por comentar! Fico feliz que tenha gostado e espero que você possa ir a esse país incrível em breve :)
Há algum tempo pesquiso sobre a Índia na tentativa de viajar e conhecer… Agradeço muito por compartilhar sua experiência. O que mais gostei foram os caminhos alternativos que você traçou e que fogem do habitual… Tenho muita vontade de fazer um itinerário mais ligado a espiritualidade e aspectos culturais … Mas me parece sempre muita informação para buscar e acabo ficando confuso..
Sua publicação me ajudou muito… Desejo sucesso na sua trajetória. Obrigado por compartilhar esta experiência…
Saudações!
Que ótimo! Fico muito feliz :) Obrigada por comentar e espero que sua viagem seja incrível :) Um abraço!
Eu sou apaixonada pela Índia e estou planejando fazer uma viagem para lá. Meu planejamento é ficar em torno de 1 mês e meio. Gostaria de saber mais ou menos os valores necessários
Oi, Isabela! Detalhei todos os meus gastos aqui, dá uma olhada pra ter como referência :) https://janelasabertas.com/2020/03/27/quanto-custa-viajar-para-a-india/
Ótimo relato, gratidão!
Eu e meu marido íamos para India em Março/20 mas um dia antes o consulado fechou tudo, livramento né… mas ficamos bem tristes pois era muita expectativa pela viagem. Estamos nos programando para ir em Novembro/21 e suas dicas nos ajudaram muito. Você teve contato com algum guia local que possa nos indicar?
Namastê!
Oi, Fabiana! Ah, que pena… Mas realmente teria sido uma dor de cabeça ir pra lá e ter que voltar logo depois. Espero que dê tudo certo pra ir em Novembro e que vocês curtam muito! :) Não tive contato com guias locais, mas o pessoal do @vemcomigopraindia no Instagram talvez possa ajudar com isso :) Um abraço!
Adorei que você dividiu esse momento magico! Tenho alguns amigos de internet ( amigos virtual) que fala muito do dia a dia e sua cultura, sou apaixonada pela índia e sua cultura .Estou me programando para ir no próximo ano talvez se essa situação do covid – 19 melhorar.
Oi, Tania! A Índia é incrível mesmo! :) Espero que você possa ir pra lá com segurança em breve. Também tou doida pra voltar!
Olá Luisa tudo bem, eu nunca viajei para fora e só mais queria ir a Índia para mim 30 dias e muito, devo levar quanta malas e o que levar e na questão dinheiro como faço, ele deve andar comigo o tempo todo não sei o que fazer pois teria que levar dólares para trocar por rúpias e teria que ser bastante para o tempo que vou ficar.
Aguardo sua resposta.
Oi, Roseli! O ideal é levar a menor bagagem possível :) Dá uma olhada nessas dicas de o que leva pra mala nesse outro artigo: https://janelasabertas.com/2012/08/05/fazendo-as-malas-viagem-longa/
Sobre dinheiro, dei algumas dicas aqui: https://janelasabertas.com/2018/08/01/dinheiro-em-viagens-internacionais/
Recomendo levar uma parte em dólares, que sai mais em conta, e outra parte pra sacar do cartão, porque assim você não fica com tanto dinheiro por aí.
Então Luiza será .unha 1 vez a Índia pensei em uma bagagem de 23 kilos porque agora está frio e só vou levar uma de mão com medo de extraviar minha mala mais não tenho muitas roupas que poderei usar lá e terei que comprar então acho que minha mala vai um pouco vazia. Oi compro uma lá e trago com algumas coisas
Oi Luisa , tudo bem? Você chegou a fazer a profilaxia de malária para visitar a Índia? Tenho visto informações desencontradas e não sei se devo ou não tomar o remédio. Pretendo visitar o triângulo dourado por duas semanas, somente.
Oi, Breno! Não, ninguém me indicou fazer!
Oi Luisa. Tudo bem? Seu relato está ótimo! Parabens! Como vc fez para reservar o ashram? No site deles não achei onde fazer? Obrigada pela ajuda querida!
Oi, Glauce! É onde diz “Registration” lá em cima, do lado direito :) Aqui o link: https://www.sadhakagrama.org/accommodation/?t=5
Oi Luisa, tudo bem?
Vi que você ficou quase dois meses na India, como fez em relação ao visto? Tirou o de um ano?
Tinha feito um planejamento para dois meses porém vi agora que o visto de 60 dias nao existe mais, que passou a ser de 30 dias :(
Oi, Pedro! Na época em que eu fui, eu fiz o eVisa de 60 dias mesmo :( Que droga que mudou!
Sua postagem é perfeita <3. Parabéns!
Que massa que foi útil, Fernando! Obrigada por comentar :)
Olá , Luisa tudo bem ? por gentilesa será que você saberia alguem como nos ajudar como guia na india ?
Fala com o pessoal do Vem Comigo Para a Índia :)
Bacana as suas informações. Comecei a juntar Rúpias para uma viagem de 30 dias que será feitas em 2024. Pretendo fazer viagem econômica, sem grandes aventuras, mas com conteúdo. Sua publicação foi de grande ajuda. Espero que publique mais, que comente sobre os custos e os cuidados. Obrigado
Oi, Genildo! Que bom que o texto foi útil :) Pretendo publicar mais sobre a Índia, sim, mas já falei sobre custos e cuidados: https://janelasabertas.com/categoria/asia/india-asia/