O que fazer quando você não pode viajar: 11 dicas para se sentir sempre viajando
A grana tá curta, alguém da família tá precisando de ajuda, o trabalho tá muito demandante, seu cachorrinho tá doente, você é autônomo e não tá conseguindo se ausentar ou suas férias vão demorar a chegar. Qualquer que seja o motivo, muitas vezes pode ser preciso adiar as viagens tão sonhadas. Mas o que fazer quando você não pode viajar – além de ficar frustrado ou se lamentando?
Euzinha aqui, por exemplo, sou “location independent” há alguns anos, o que significa que posso trabalhar de qualquer lugar do mundo. Mas depois de um longo período com viagens super frequentes, uma série de fatores têm me feito passar mais tempo em casa que pelo mundo.
Quando trabalhava num emprego convencional com um salário meia-boca, então, nem se fala: precisava fazer um esforço constante pra segurar o bichinho da viagem durante boa parte do ano, mesmo sabendo como viajar barato.
É verdade que viajar é, hoje, uma das coisas mais importantes da minha vida. Mas isso não significa que precise estar sempre na estrada pra ser feliz. Por isso, quando vejo alguém meio aflito porque não tá podendo viajar, penso duas coisas:
- Amigue, te entendo. Dá aqui um abraço.
- Calma aí, que também não é tudo ou nada. Dá pra “viajar” sem viajar!
Pra provar o ponto número 2, trago aqui não uma, nem duas, mas onze sugestões de como lidar com essa vontade de viajar que não passa nem com a moléstia, como se diz aqui no meu país Pernambuco. #partiu? ;)
11 formas de se sentir viajando quando você não pode viajar
1. Lembre que a vida além-viagem também pode ser ótima
Prometo que os próximos itens dessa lista vão ser mais práticos, mas achei importante começar por um mais motivacional. Sim, viajar é MARAVILHOSO. Mas como já falei aqui, a viagem não faz nada sozinha, viajar não devia ser um imperativo moral e não é preciso viajar pra “se encontrar”.
Entendo quem se frustra num emprego chato, quem tem dificuldade de se conectar com as pessoas dos seus círculos sociais e quem fica entediado morando numa cidade com pouca oferta de cultura e passeios. Também acho super compreensível (e maravilhoso) você ter sede de conhecer o mundo, experimentar outras culturas e expandir horizontes.
Vejo muita gente #chateada com a vida que tem enquanto sonha com uma oportunidade de esquecer dos problemas num cenário distante. Mas vejo nisso alguns problemas, porque a) viajar não é solução mágica pra as broncas da vida; b) esse pensamento pode nos fazer esquecer do que tem de bom ao nosso redor.
Obviamente não sei nada sobre a vida de quem tá aí do outro lado da tela. Mas arrisco que pra maioria das pessoas que fica perdida em devaneios esperando uma viagem sem prazo pra chegar, deve ter um monte de coisa legal pra aproveitar no meio da rotina ou formas de torna-la melhor ou mais empolgante (assunto pra os próximos tópicos).
Resumindo: acredito que quando você não pode viajar, uma das principais atitudes é tentar ser feliz aí mesmo onde está. E isso começa por uma questão de consciência. De valorizar as pequenas coisas do dia a dia e os momentos com quem você ama e trabalhar pra resolver questões internas que te incomodem.
Nós humanos temos uma mania feia de só valorizar o que perdemos, né? Se você tem saúde, amigos, família, um lar aconchegante ou simplesmente muita vontade de ser feliz, agradeça por isso. Tem se vendido muito um ideal de vida sem rotina, na vibe “largue tudo pra viajar e seja feliz”, mas nada é assim tão simples.
Dito isso, sugiro fazer também algumas coisinhas que podem trazer parte dos benefícios das viagens – como a empolgação, as descobertas e os aprendizados – pra seu dia a dia, sem precisar ir longe de casa.
2. Brinque de turista na sua cidade
Quantas vezes a gente recebe amigos de fora e percebe que não conhece boa parte dos “atrativos turísticos” da nossa própria cidade? E quantos museus visitamos quando viajamos em comparação com os que ignoramos em casa? A sensação de que podemos ir conhecer as coisas “algum dia no futuro” costuma nos deixar mega acomodados, né?
Olhar pra o lugar onde vivemos como se fôssemos turistas vendo aquilo tudo pela primeira vez, ou mesmo fingir que temos tempo limitado pra curtir os rolês, pode nos fazer descobrir ou redescobrir muitos encantos pertinho de casa.
Mesmo que você não more numa cidade considerada “turística”, certamente tem coisas legais pra se fazer, nem que seja um piquenique num parque ou uma visita a uma nova sorveteria que abriu no bairro ao lado.
Pesquise sobre sua cidade. Procure um guia turístico, o site oficial ou o escritório local de turismo, ou mesmo a prefeitura. Veja o que viajantes falaram sobre ela em blogs ou nas redes sociais. Relembre os principais fatos históricos que aconteceram por aí. Pergunte a amigos e familiares que frequentam outras partes da cidade o que eles mais gostam de fazer.
Faça uma lista de bairros que você gostaria de explorar, museus que não visita desde a escola, passeios que nunca fez, restaurantes que quer conhecer e monumentos cuja história desconhece, por exemplo.
Encontre parceiros de aventuras, se possível, pra ajudar a driblar a preguicinha. Monte um itinerário que faça sentido geográfico e separe alguns dias só pra esses passeios, como se estivesse viajando, ou estabeleça a meta de visitar um lugar por semana. Você provavelmente vai se surpreender. :)
Olha eu aí embaixo turistando no meu Recife!
Leia também:
Como ser turista na própria cidade: um guia básico em 5 passos
3. Faça algo que o tire da zona de conforto
Uma das minhas partes preferidas de viajar, especialmente sozinha, é ser obrigada a sair diversas vezes da minha zona de conforto. Na comodidade da rotina, é comum a gente sair sempre com as mesmas pessoas, fazer todos os dias o mesmo trabalho e não experimentar muitas coisas novas, né?
Mas quem disse que precisa ser assim? Se você também sente falta dessa sensação de descobertas e superação de desafios quando não tá podendo viajar, provoque situações pra viver isso sem precisar ir longe de casa.
Algumas sugestões: aprenda a fazer algo novo, como dançar, cozinhar, nadar ou andar de skate. Vá circular num bairro desconhecido (porém seguro, hehe) sem GPS. Procure alguma atividade ou esporte radical, como rapel ou bungee jump. Vá sozinho(a) pra um show ou festa aonde seus amigos não costumam ir. O céu é o limite!
4. Conheça realidades diferentes da sua
Muita gente tem vontade de conhecer destinos “exóticos” (conceito bem problemático, mas isso é assunto pra outro post) porque quer sair um pouco da bolha em que costumamos viver e se deparar com outras realidades. No entanto, não costuma ser preciso ir muito longe pra isso.
Se você é uma pessoa de classe média, por exemplo, provavelmente existem bairros na sua cidade ou municípios periféricos onde as pessoas vivem de forma diferente de você. Onde têm outros hábitos, outros tipos de lazer, escutam outras músicas, enfrentam outras dificuldades.
Vejo pessoas falando que querem ser voluntários “na África” pra ajudar quem precisa e ter um choque cultural. Por que não fazer o mesmo aí onde vive? Ou por que não simplesmente parar pra conversar com pessoas de outra classe social ou outra geração e aprender o que elas têm a ensinar?
5. Encontre estrangeiros que estejam na sua cidade
Uma das minhas formas preferidas de viajar sem sair de casa é conhecendo gente de outras partes do Brasil e do mundo. Se você mora em uma cidade turística, ou que atrai pessoas de fora em busca de trabalho ou estudos, isso não deve ser muito difícil.
Minha forma preferida de conhecer gente de fora da minha cidade é através do Couchsurfing, plataforma pra quem procura hospedagem gratuita na casa de moradores do lugar com o objetivo de economizar e fazer trocas culturais.
Mesmo que você não possa ou queira receber ninguém em casa, pode aproveitar a função de “hangouts” do aplicativo, que mostra pessoas que estão de visita e querem companhia pra passear ou tomar uma cerveja/café.
No site também tem uma seção de eventos onde, em muitos destinos, a galera marca encontros pra que turistas e moradores se conheçam. É também uma ótima forma de praticar idiomas estrangeiros, aliás. :)
6. Prove comidas de outras partes do Brasil e do mundo
Em cidades grandes, não costuma ser difícil provar comidas de várias partes do mundo. Aqui no Brasil, sair pra comer sushi, por exemplo, é algo comum pra classe média em muitas cidades. Mas que tal ir além disso?
Procure um restaurante japonês ou chinês mais tradicional (a.k.a. menos abrasileirado) ou vá num coreano, tailandês, peruano, indiano… Também vale, é claro, um lugar especializado em comidas de outras partes do nosso país, que oferece um universo bem variado de sabores.
Caso esteja se sentindo mais aventureiro, peça pra o garçom trazer uma sugestão sem que você saiba o que é (o que talvez você fizesse sem querer se fosse comer num lugar onde não fala o idioma :P).
Se aí onde você mora a cena gastronômica for meio desanimada, sempre existe o amigo Google pra fornecer infinitas receitas internacionais. Procure ou adapte os ingredientes, coloque uma trilha sonora daquele país pra tocar, chame os amigos pra jantar e se divirta na cozinha!
7. Saia pra fotografar
Hoje em dia é difícil achar quem não tire fotos quando viaja, né? Com as redes sociais, ficamos ainda mais habituados a fazer registros dos lugares que visitamos. Mas por que deixar pra fotografar só em lugares desconhecidos?
Sair com a câmera (ou mesmo o celular, já que esses danadinhos tão arrasando na qualidade fotográfica) é uma forma superlegal de ver sua cidade com outros olhos. Procure detalhes e situações interessantes, experimente o modo manual da câmera ou faça um ensaio fotográfico com amigos.
8. Passe um ou dois dias num lugar próximo
Às vezes você não pode viajar pra longe e por muito tempo. Mas se tiver um fim de semana livre ou mesmo um dia que seja, que tal fazer um bate-volta ou passar uma ou duas noites em algum lugar próximo a onde você vive?
De preferência, escolha algum destino que você nunca visitou, mas também vale aquela praia que você frequentava na infância e não visita há anos, ou a capital do estado vizinho que você conhece só por viagens a trabalho.
Dá até pra “viajar” na sua própria cidade: eu já passei, por exemplo, um final de semana num hotel bem confortável na região metropolitana do Recife, onde vivo. Além de curtir a estrutura do hotel, pude conhecer um pouco melhor uma região por onde só costumo passar rapidamente, em raras ocasiões.
Na baixa temporada, você pode inclusive conseguir bons preços pra hotéis ou pousadas bem legais na sua cidade. Sem falar que alguns lugares com boa estrutura de lazer oferecem a opção de day use. Procure saber!
9. Estude um idioma estrangeiro
Um dos meus hobbies mais antigos, que me fez ter curiosidade sobre o mundo muito antes de começar a viajar, é aprender idiomas. Já falei aqui sobre várias razões pra estudar línguas estrangeiras, e uma das minhas preferidas é justamente esse processo de imersão em uma nova cultura.
Ao aprender como as pessoas de outros lugares se comunicam, descobrimos muito sobre seus hábitos, comportamentos e visão de mundo. A própria forma de usar a língua diz muito sobre um povo, mas esse conhecimento também nos abre portas pra entender um monte de outras idiossincrasias culturais.
Pra que o aprendizado de idiomas seja prazeroso e eficaz, nada melhor que fazer uma imersão, né? E enquanto não dá pra viajar, você pode muito bem fazer isso em casa.
Assista a programas de TV ou escute podcasts de lugares onde a língua seja falada, consuma produtos culturais de lá, espalhe post-its na casa com o nome das coisas naquela língua… E por que não fazer uma festa temática inspirada no país?
Leia também:
Todos os posts sobre aprendizado de idiomas
10. Viaje através da arte
Livros, filmes, séries, músicas e outras artes talvez sejam o mais perto que existe de um teletransporte. E mergulhar na cultura de um país é uma ótima forma de se preparar pra uma viagem, né? Mesmo que ainda esteja na fase de “sonho”.
Já falei aqui sobre o projeto 198 livros, de Camila Navarro do blog Viaggiando, e acho ele uma ótima inspiração pra se aproximar a outras culturas através da literatura. A seção “Livros” aqui do blog também tem algumas boas dicas de leituras viajantes.
A sede por conhecer novas realidades também pode ser uma boa desculpa pra explorar filmes que ficam de fora do grande circuito comercial. Netflix, Amazon Prime e outros sites de streaming têm muitos títulos de países árabes ou asiáticos, por exemplo, que revelam facetas interessantes sobre culturas diferentes da nossa.
O mesmo vale pra playlists: no Youtube ou no Spotify não é difícil encontrar coletâneas com várias músicas de diferentes partes do mundo.
E obviamente tudo isso também vale pra nosso próprio país: que tal explorar a produção artística de outras partes do Brasil?
11. Planeje uma viagem futura
Comecei esse post falando pra você encontrar formas de curtir o presente enquanto você não pode viajar, em vez de ficar projetando sua felicidade numa possível viagem futura, né? Mas isso não significa que planejar viagens seja algo ruim.
Mesmo que você ainda não saiba quando vai poder viajar, pode ser super divertido preparar tudo pra sua viagem dos sonhos. Pra muita gente (eu incluída), cada trip já começa nessa fase de planejamento e encantamento. Adoro!
Se é um destino no exterior ou aqui mesmo no Brasil, não importa. Pesquise sobre a cultura local, leia relatos de outros viajantes, se informe sobre a parte prática da viagem e vá montando um itinerário.
Aproveite pra se informar também sobre custos e, se possível, crie uma “poupança” pra viagem. Quando você finalmente puder colocá-la em prática, já vai ter quase tudo pronto!
Tem mais ideias do que fazer quando você não pode viajar? Fala aí nos comentários. ;)
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4 Comentários
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Tenho feito passeios com agências de turismo locais para lugares perto, que é uma das suas sugestões. Adorei a matéria!!!
Que massa, Isabelle! Onde você mora? Um abraço!
Oi, Luisa, conheci seu site hoje. Estou amando! Gostei especialmente deste texto, pois viajar é bom, mas não pode ser obrigação nem competição. Gosto muito de viajar, mas nem sempre é possível, são tantas as situações, problemas familiares, doença… Mas tudo passa e volta ao normal, se Deus quiser. Concordo que não viajar não significa que a vida seja ruim. Moro numa cidade linda (Vila Velha-ES). Temos praias lindas, morros para trilha, parques, um calçadão ótimo pra andar de bicicleta ou caminhar, estamos há menos de 1 hora das cidades montanhosas… Há muito o que explorar na minha cidade também. Confesso que o único probleminha é que tenho medo de ser assaltada, e acabo não tirando tantas fotos quanto gostaria na cidade. Por outro lado, nunca passei por isso, então talvez seja um medo infundado… Sempre que posso, procuro curtir por aqui, enquanto espero a oportunidade de conhecer outro lugar. Nunca viajei sozinha… e ainda não tomei coragem. Quem sabe um dia…
Que bom que você gostou do texto e do blog, Ana! Seja bem-vinda por aqui :) E sim, muitas vezes a gente não lembra ou não repara que tem muita coisa incrível do nosso ladinho, né? Esse medo de tirar fotos eu também tenho um pouco no Recife, mas tento arrastar algum amigo comigo pra me sentir mais segura porque pelo menos tem outra pessoa ligada nos arredores, hehe. Sobre viajar sozinha, você já baixou o e-book gratuito que escrevi sobre o assunto? São 60 páginas de dicas práticas, acho que pode ser útil pra você :) Pra receber o link e fazer o download é só assinar a newsletter do blog: http://bit.ly/newsletter-janelas1
Um abraço e boas viagens!