Berlim: explorando uma cidade que se transforma
Quando comecei a planejar o que fazer nos poucos dias que teria em Berlim no começo de maio eu não tinha consciência de que quase todos os lugares que escolhi ficavam nos bairros mais hipster-descolados da capital alemã. Minha ideia era descobrir alguns cantinhos interessantes fora do circuito turístico básico, que já tinha explorado na minha primeira visita à cidade. Acabei passando um par de dias em bairros como Neukölln, Kreuzberg e Friedrichshain, tradicionais redutos de imigrantes que se tornaram as regiões mais badaladas da cidade. E também sem perceber, fui parar em vários lugares que têm hoje um uso totalmente diferente do original – e muito mais legal, diga-se de passagem. Foi um prazer conhecer essa Berlim.
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Eu já sabia que a capital alemã se esforça pra não esquecer seu passado, dando um banho de história moderna. Quando fui lá pela primeira vez, em 2012, fiz o roteiro mais tradicional, visitando vários lugares que relembram o holocausto, como o Memorial aos Judeus Mortos da Europa e o Topografia do Terror, além de outros que trazem as marcas da Guerra Fria, como a East Side Gallery, o bizarro museu Checkpoint Charlie e o interessantíssimo DDR Museum. Também vi alguns lugares bonitos como a Ilha dos Museus, o Tiergarten, a Catedral de Berlim e as vistas a partir da Torre de TV e do Reischtag, além de fazer um free walking tour bem legal.
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Nessa última visita, não passei por nenhum desses lugares e me senti em outra cidade. Pude entender, mais do que nunca, por que Berlim é considerada por muitos como a capital mais “cool” da Europa. E também entendi um pouco sobre como ela continua se transformando hoje em dia, 26 anos depois da queda do muro (e do meu nascimento :D), com diversos espaços sendo reinterpretados, muitos deles mais próximos dos interesses da sociedade. Foi massa constatar como a cidade hoje vai muito além dos emblemas de fatos históricos que a marcaram, com um processo de ressignificação em vários sentidos.
Um exemplo é antigo aeroporto de Tempelhof, que hoje é um parque (e abriga milhares de refugiados) e contou com participação ativa da população no seu processo de transformação. De lá, fui pra o Prinzessinnengarten, em Kreuzberg – um antigo lixão transformado em jardim comunitário, com direito a pequenos restaurantes/bares/cafés e a uma “free box” onde você pode pegar o que quiser e deixar o que já não precisa usar. Depois, foi a vez de dar uma passada na Burgermeister, hamburgueria instalada num antigo (e lindo) banheiro público.
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De barriga cheia, seguimos pra o Raw Tempel, em Friedrichshain, que reúne galpões grafitados lindões com diversas galerias, baladas, espaços para esportes, bares etc. (você vê um pedacinho dele na foto lá em cima, em destaque). E ainda terminamos o dia na cervejaria Hops & Barley, que tem um papel importante no atual cenário cervejeiro berlinense. Esse foi um pedaço do roteiro que fiz, com um metrô entre o Tempelhof e o Prinzessinnengarten.
Nessas e em outras andanças por Kreuzberg e Neukölln – inclusive no dia 1º de maio, em que rola uma superfesta reunindo protestos e música no começo da primavera – também deu pra ter um gostinho do que essas áreas representam pra cidade.
Primeiro que é supergostoso caminhar pelas ruas desses bairros e esbarrar com uma infinidade de galerias, bares, cafés e restaurantes charmosos. Ver uma mistura de gente de todo tipo foi como um sopro de vida e me deu muita vontade de imitar tantos outros jovens que saem de vários cantos do mundo pra curtir a atmosfera de efervescência e liberdade berlinense, que é tão latente nesse pedaço da cidade.
Mas aí eu comecei a me informar um pouco mais sobre essa transformação da região. E foi impossível não pensar no termo “gentrificação”, que se refere a um processo complexo de valorização de bairros pobres. É tipo assim: uma área negligenciada pelo poder público e pela galera dos dinheiros (mas com baixo custo de vida) começa a atrair artistas e jovens e acaba se tornando “descolada”, o que por sua vez atrai novos moradores e turistas e provoca maior investimento em infraestrutura, geração de empregos e estímulo à produção cultural.
Até aí parece tudo lindo, né? Só que essa mudança costuma aumentar os preços dos imóveis e o custo de vida em geral. E provoca, assim, a exclusão dos antigos moradores, que não podem mais pagar pra morar lá. :(
Felizmente, parece que existe resistência da população berlinense. Um exemplo: os artistas responsáveis por um dos grafitis mais famosos da cidade, localizado num muro em Neukölln, chegaram a pintar de preto a obra, por ter consciência dos efeitos negativos que a valorização da área, que também tem a ver com a arte de rua, vinha provocando.
Também resistem, ainda, lugares que carregam a tradição dos imigrantes que já ocupavam a região antes dessa badalação toda – na minha próxima visita, quero conhecer o Maybachufer Turkish Market, um mercado de rua turco realizado toda terça e sexta.
Além disso, têm sido criadas políticas públicas pra tentar frear o aumento de preços, como uma lei que fixa o preço médio do aluguel por metro quadrado pra cada bairro e determina que não é permitido cobrar mais do que 10% a mais do que o valor fixado.
E isso é só um pedacinho do caleidoscópio que compõe essa cidade incrível. Pra nós, turistas, acho que fica a importância de tentar entender o que tá por trás dos lugares que visitamos, por mais legais que pareçam, e torcer pra que cidades como Berlim continuem se transformando, mas de uma forma que seja positiva pra todos. :)
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6 Comentários
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Muito legal ver esse outro lado da cidade!
Eu adorei, Bruna! :D
Lindo seu trabalho , Luisa. Estou encantada com seu blog , a visao que vc tem a partir de suas experiencia e a forma como expressa .
Oi, Geisiane! Que alegria ler esse comentário :) Fico muito feliz que o blog tenha te tocado. Obrigadíssima pelo comentário!
Ei, Luísa! Onde ficaste em Berlim? Li todos os seus posts sobre a cidade, mas não encontrei. Essa informação é de muuuuita utilidade quando estamos na dúvida entre um bairro e outro, entre um hostel e outro, rs! Deixo essa dica, inclusive, para você citar sempre. Nós, viajantes, adoramos! Bjos e obrigada.
Oi, Marcia! Pretendo fazer um post só falando sobre onde se hospedar em Berlim :D Tá aqui na pauta, mas é que a pauta tá enoooorme hahaha. Mas indo direto ao ponto: eu quase sempre fiquei hospedada na casa de amigos por lá, mas na última viagem fiquei num hostel em Prenzlauer Berg. É excelente e tem vários restaurantes e cafés charmosos por perto, além de transporte público, mas não fica muito perto de atrações turísticas e é um pouco caro: https://www.booking.com/hotel/de/pfefferbett-hostel.en-gb.html?aid=810824;sid=cd56af42ea5c08629fa742ddcbefcca7;ucfs=1;srpvid=d52918f501a504b2;srepoch=1526268779;room1=A%2CA;hpos=1;hapos=1;dest_type=city;dest_id=-1746443;srfid=1294b637fd110a7be8d4512ea3ef36477db37892X1;from=searchresults;highlight_room=#hotelTmpl
As regiões mais centrais são Mitte, Tiergarten, Charlottenburg… E pra sair à noite e curtir uma vibe mais hipster, Kreuzberg e Friedrichsain :) Espero ter ajudado. Um abraço e boa viagem!