Como começar um blog do zero: aprenda a definir seu posicionamento
Como começar um blog do zero? Muita gente pensa apenas nas questões técnicas, como que plataforma usar, como comprar ou instalar um domínio e coisas do tipo. Isso tudo é importante, mas existe também uma etapa essencial pra quem quer produzir conteúdo de qualidade e se diferenciar no mar de informações da internet.
O que vou abordar aqui nesse post são questões sobre posicionamento e estratégia, que recomendo definir antes mesmo de criar o blog propriamente dito. Ao menos, é claro, se você planejar tratar seu blog de forma profissional, assim como faço aqui no Janelas Abertas – que começou como hobby, em 2012, e virou minha empresa.
Te convido, aqui, a refletir sobre seu propósito com a criação do blog, sobre a importância de analisar a concorrência, por que ter clareza sobre seu perfil ou nicho, qual tom de voz ou linguagem que você vai usar, como escolher um bom nome pra seu blog e, por fim, como criar uma descrição que reflita tudo isso.
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Essas dicas sobre como começar um blog são fruto da minha experiência com oito anos de blog e observações desse mercado, mas também dos meus aprendizados trabalhando com comunicação em outras áreas. Sou jornalista e redatora publicitária e trabalho com planejamento e produção de conteúdo pra meios digitais há mais de 10 anos.
Espero que as informações sejam úteis pra você que quer saber como começar um blog, ou que já criou o seu, mas pretende profissionalizá-lo ou ajustar seu posicionamento de marca.
Propósito: por que você quer começar um blog?
Vou começar com uma pergunta que pra alguns pode parecer boba, e pra outros pode ser difícil de responder: por que você quer começar um blog?
Pra praticar a escrita? Pra se tornar referência na área? Pra escrever um livro depois? Pra compartilhar conhecimentos específicos ou uma visão de mundo única? Pra inspirar outras pessoas? Pra ganhar dinheiro? Pra poder trabalhar de qualquer lugar do mundo?
Se sua resposta for sobre dinheiro, vou avisar logo que é super possível, mas não é fácil, nem rápido. Se a ideia é conseguir um trabalho que possa ser feito online, existem outras opções que rendem mais dinheiro em menos tempo. É importante ter isso em mente porque é preciso persistência pra chegar no ponto da monetização. Muita gente desiste do blog no primeiro ano por não ter um retorno imediato, mas as coisas não funcionam assim tão rápido.
E por que pensar no propósito? Você pode encarar seu blog como um hobby, tipo as aulas de bordado ou de violão que você faz duas vezes por semana, ou como um negócio, como quem abre uma pequena empresa mesmo. Mas seja como for, acredito que é preciso ter paixão envolvida.
Além disso, ter clareza sobre suas motivações vai ajudar muito a tomar várias das decisões sobre o blog, e também a não desistir depois de pouco tempo.
Já existem muitos blogs por aí na maioria dos nichos. O que não significa que não tenha espaço pra muitos outros, já que cada pessoa tem um ponto de vista único. Mas significa, sim, que você deve saber responder a essa pergunta: por que quero colocar mais um blog no mundo? O que vou acrescentar ao que já está aí?
Esse entendimento não deve ser imutável, já que a gente vai se transformando com o passar do tempo. Mas é importante tê-lo como bússola na sua trajetória com o blog.
Benchmarking: o que os outros estão fazendo?
Uma das maravilhas da internet é que hoje em dia qualquer pessoa com acesso a ela pode ter sua voz ouvida. Não faltam blogs, canais do Youtube, perfis no Instagram, páginas no Facebook e assim por diante, falando sobre os mais diversos assuntos. Por isso, quem quer se somar a esse mundo precisa pensar em formas de se diferenciar.
Mas como determinar o que você tem de diferente se você não conhece bem o que os outros estão fazendo? Um dos primeiros passos pra entender o que você pode trazer de novo pra um mercado é fazer benchmarking, ou seja, analisar sua concorrência.
Quem são os blogueiros que você mais admira no seu nicho? Quem são os que mais se destacam no mercado? Também vale a pena observar blogs que falam de outros assuntos pra observar sua abordagem, linguagem e estratégias.
Procure saber qual foi o percurso deles pra chegar até ali, veja o que fazem de legal e o que poderiam fazer melhor. Observe que linguagem usam, em que canais estão presentes, que valores promovem, como é a experiência do usuário na página deles, que temas costumam abordar, com que frequência as páginas são atualizadas…
E pergunte-se: o que todo mundo já faz que você não precisa fazer? Onde ninguém está prestando atenção?
Acompanhe, também, as tendências que estão bombando ou começando a surgir. Uma ideia legal pra se destacar é ficar atento ao que está rolando e pensar se você pode se antecipar a essas tendências e se tornar referência no assunto.
Lembrando que fazer benchmarking não é roubar ideias, hein? Nada de plagiar o coleguinha, ou querer reproduzir todas as características de alguém porque essa pessoa “deu certo” na internet. A ideia é conhecer outras ideias, se inspirar e dar a sua cara pra elas.
Definindo seu perfil
Pra se diferenciar, é preciso ter clareza sobre o perfil do seu blog. Que pode ser um subnicho dentro do tema que você aborda, como viagens com crianças, por exemplo. Mas também pode ser uma diferenciação no sentido da abordagem. Seguindo o exemplo do universo de viagens, você pode se aprofundar na história dos lugares ou dar dicas superpráticas e objetivas, entre outras tantas possibilidades.
Essa visão pode ser amadurecida com o tempo (provavelmente vai, e isso é bom). Mas é legal começar já com um norte, até pra dar início às primeiras decisões estratégicas, como a escolha do nome.
Não é obrigatório trabalhar um nicho específico, mas existem muitas vantagens nessa escolha. A não ser que seja um nicho MUITO limitado, com poucas pessoas interessadas no assunto, começar nichado permite se aproximar mais das pessoas com quem você está falando e se destacar do resto.
Pense que você não precisa que todo mundo lhe acompanhe, mas sim as pessoas certas. A graça do digital é gerar conversas qualificadas, e não dar tiro de canhão e querer atingir as massas. Pra isso existe a televisão. ;)
Os grandes números são tentadores, mas com uma comunicação mais dirigida é mais fácil você formar comunidades fortes – e, caso queira monetizar seu blog no futuro, gerar conversão (ou seja, vendas). Isso porque o público que está interessado no seu nicho vai saber que seu blog atende como nenhum outro às demandas dele.
Seja como for, lembre-se que você precisa ser apaixonado pelo que escreve. Até dá pra tomar uma decisão puramente estratégica, tipo “não tem ninguém falando sobre esse assunto e vejo potencial nele”. Mas se você não tiver nenhuma identificação com o tema, acho difícil conseguir transmitir entusiasmo, conquistar sua audiência e persistir na empreitada de fazer o blog crescer.
Definindo seu público-alvo ideal
Junto com a definição do seu nicho ou foco com o blog, vem outra questão: quem é (ou vai ser) seu leitor ideal?
É claro que todo tipo de gente vai acabar chegando no seu blog através de buscas no Google, e é claro também que ninguém quer falar só com um tipo super mega específico de pessoa, né? Mas criar um perfil de leitor ideal tem várias vantagens.
Visualizar uma pessoa específica enquanto você escreve ajuda a focar nas necessidades e problemas de um leitor real, imaginando que perguntas e reações eles poderiam ter ao que você está falando. Pra pensar seus primeiros conteúdos, o ideal é trazer respostas às perguntas dessa pessoa.
Além disso, ter uma ideia clara sobre quem é seu público é útil pra negociar com anunciantes e procurar oportunidades pra monetizar seu blog. Isso inclui desde a criação de produtos que eles podem precisar à escolha de afiliados que se relacionem ao estilo de vida deles.
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Recomendo criar uma “persona” pra o blog. O conceito de persona é muito usado no marketing e significa basicamente uma representação fictícia do cliente ideal de um negócio.
Ela é criada com base em questões relacionadas a gênero, faixa etária, renda, escolaridade, área de trabalho, hobbies, hábitos de uso da internet, nível de conhecimento ou experiência com o assunto, sonhos, paixões, necessidades e interesses.
A diferença entre persona e “público-alvo” é que esse conceito dá uma abordagem mais humanizada e personalizada pra o seu cliente ideal. Ou seja: em vez de estar falando com “homens e mulheres de 25 a 30 anos, solteiros, com ensino superior e de classe média”, você visualiza uma pessoa específica. Por exemplo:
Exemplo de persona para um blog de viagens
Alice tem 26 anos, é solteira, trabalha em um escritório de arquitetura e ganha R$ 4 mil por mês. É paulistana, gosta de ler, pratica yoga, usa muito o Instagram e faz bordados no tempo livre. Nos feriados costuma ir pra cidades próximas com amigos e nas férias às vezes viaja pra o exterior com a família, mas quem planeja as viagens é quase sempre seu irmão.
Desafios: Gosta da sua rotina, apesar de ser bem estressante. Sente vontade de sair da zona de conforto e não sabe como começar. Se sente acomodada. Nunca viajou sozinha porque fica insegura. Se sente frustrada porque não fez intercâmbio quando era mais nova.
Como posso ajuda-la: Mostrando que viajar sozinha é mais fácil e barato do que ela pensa e pode ser uma ótima ferramenta de desenvolvimento pessoal. Contando histórias inspiradoras de personas parecidas e dando informações práticas sobre alternativas a um intercâmbio tradicional.
Vale ressaltar que você não precisa se limitar a uma só persona. É interessante produzir conteúdo pensando em diferentes perfis de leitores, mas o ideal é ter uma consistência em relação a esses perfis, ou seja, não sair “atirando pra todo lado”.
Definindo seu tom de voz
Tendo em mente esse seu leitor ideal (ou leitores), também fica bem mais fácil definir o tom de voz que você vai usar pra seus textos. Sim, porque não é só questão de sentar e escrever do jeito que vier na cabeça; é bom pensar no estilo de escrita que você vai adotar.
Afinal, as pessoas vão chegar no seu blog por causa do conteúdo, mas é sua voz e personalidade que vai determinar se eles vão ficar pra ler aquele post até o fim, clicar pra conferir mais textos e, quem sabe, voltar outras vezes. Se seu estilo de escrita for agradável e alinhado com o que eles procuram, é mais provável que você consiga cativar esses leitores.
Se estiver com dificuldade pra definir seu tom de voz, um recurso que pode ajudar é pensar em termos de arquétipos. Um arquétipo é um modelo mental que forma o imaginário do inconsciente coletivo, como conceitualizado pelo psicólogo Jung. No marketing esse conceito é bastante usado a partir da referência do livro “O Herói e o Fora-da-lei”, que define uma série de modelos de arquétipos e suas características.
Alguns exemplos são o bobo da corte, que é bem-humorado e quer divertir as pessoas; o “fora-da-lei”, que quebra as regras; o sábio, que procura compreender o mundo; e o prestativo, que quer ajudar os outros.
Esses conceitos podem ajudar a decidir se você vai ter uma abordagem mais honesta, direta, científica, simples, divertida, formal…
Definir o nome do blog
A partir desse perfil, é hora de quebrar a cabeça pra escolher um nome. Se tiver dificuldade pra escolher, sugiro fazer uma nuvem de palavras relacionadas ao seu nicho ou perfil e chamar uns amigos pra fazer brainstormings, jogando na roda tudo que vier à cabeça sem julgamentos.
Depois, confira se o nome já foi usado ou ainda está disponível. É bem provável que você descubra que já foi usado, mas não desanime! Continue pensando, que um nome ainda melhor vai aparecer.
Dicas para escolher um bom nome para blog
O ideal é encontrar algo curto, fácil de lembrar, de pronunciar e de soletrar. De preferência, se seu público-alvo for brasileiro, um nome em português. E, se possível, algo que não seja tão parecido com a maioria dos outros blogs da área, pra evitar confusão.
Também acho interessante optar por um nome que não se limite a uma experiência específica. Criei meu blog logo antes de ir pra Espanha fazer mestrado, mas imagina se eu tivesse resolvido chamá-lo “mestranda na Espanha” ou algo do tipo? Ia ter que mudar o nome ou começar outro blog um ano depois. A não ser que você queira realmente se ater a aquele nicho bem restrito, é bom usar um nome mais amplo pensando no futuro.
Ainda assim, não precisa quebrar demaaais a cabeça pensando no nome perfeito. No fim das contas, sua voz e seu conteúdo importam mais que seu nome.
Se o nome não for um total desastre e você fizer um bom trabalho, provavelmente você não vai se prejudicar. Não deixe de começar o blog porque não pensou num nome!
Ah, e se quiser levar o negócio a sério mesmo, também é muito indicado fazer o registro da marca, através do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Comunicando quem você é
Finalmente você escolheu seu nome. Arrasou! Mas pensa que acabou? Pra muita gente, sim. Mas antes de finalizar esse texto sobre como começar o blog, queria falar de um ponto que acho bem negligenciado por aí.
Vejo um monte de blogs que tão lá só com o nome no topo e nenhuma outra informação sobre o que eles querem oferecer. Quem tá escrevendo? Por quê?
Tendo em mente o que torna seu blog diferente dos outros, ou qual é sua “proposta única de valor”, como se diz no marketing, é importante comunicar isso muito claramente a quem entra no site.
Você pode fazer isso através de um slogan, da descrição que costuma ficar na lateral da página ou de uma página de “sobre”. Seja como for, é importante mostrar pra quem caiu ali “de paraquedas” o que torna seu blog especial. E quanto mais visível isso estiver, melhor.
Eu criei o blog com a intenção de falar não só das viagens em termos práticos, mas também do impacto que elas provocam na gente. Por isso, meu slogan (que aparece no topo da página) é “blog de viagens pra dentro e pra fora”.
Tenho minha foto e descrição no topo da barra lateral e acho, como leitora, superimportante ter fácil acesso à informação sobre quem tá escrevendo. Altero um pouco esse texto de tempos em tempos, conforme meu posicionamento vai se ajustando aos meus objetivos atuais.
Mas tento sempre expressar, de forma concisa, informações que quero que os leitores saibam sobre mim. Recomendo se perguntar: você consegue expressar em um parágrafo quem você é e o que tem pra oferecer aos leitores, de forma alinhada com seus propósitos com o blog?
Depois disso, eu partiria pra as etapas mais técnicas (caso você não tenha feito isso ainda) e começaria o planejamento de conteúdo do blog, que vai ser assunto de outro post.
Se tiver alguma dúvida sobre como começar um blog do zero, fala aí nos comentários!
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