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Intercâmbio mais barato: como conseguir hospedagem e curso de graça

Dicas Práticas | 11/07/19 | Atualizado em 30/11/23 | Deixe um comentário

Como fazer um intercâmbio mais barato que o convencional? Geralmente, quando pensamos em viajar pra estudar um idioma, o que vem à mente são os programas oferecidos por agências. Mas e se eu disser que você pode fazer intercâmbio quase de graça?

Como fazer um intercâmbio mais barato que o convencional?

O mais comum e mais fácil pra quem quer ir aprender ou aprimorar um idioma no exterior é aquele esquema tradicional de estudar numa escola de línguas privada e se hospedar em casa de família, residência estudantil ou num apartamento compartilhado com outros estudantes. Que eu já fiz algumas vezes e adorei, aliás.

Mas se você tá com grana apertada pra realizar esse sonho ou procura uma experiência mais “alternativa”, dou uma sugestão: saia da caixinha e pense em outras possibilidades.

Já falei aqui no blog sobre formas de baratear seu intercâmbio. Algumas coisas que fazem muita diferença são priorizar países com custo de vida mais baixo ou onde seja permitido trabalhar legalmente. Também é importante se informar bastante e ter atitudes econômicas no dia a dia. Mas mesmo assim, você ainda vai ter que pagar pela hospedagem e pelo curso de idiomas, certo?

Errado! ;) Sempre digo que se o seu foco é aprender um idioma, é muito mais difícil conseguir uma bolsa de estudos do que no caso de intercâmbios pra graduação ou pós, ou programas específicos voltados pra profissionais de alguma área. Mas isso não significa que seja preciso pagar por tudo.

Existem várias formas de fazer um intercâmbio mais barato do que você pensa, não pagando nada (ou pagando muito pouco) pela hospedagem e pelo curso de línguas. Olha só algumas delas:

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Como não pagar por hospedagem no intercâmbio

Um dos principais custos pra quem passa um longo período no exterior (se não o principal) é a hospedagem. Por isso, economizar ou não pagar por esse item faz toda a diferença pra tornar seu intercâmbio mais barato.

1. Troca de trabalho por hospedagem

Uma forma muito legal de viajar sem pagar por hospedagem é fazendo um work exchange, ou seja, trocando algumas horas diárias de trabalho por um lugar pra dormir.

Esse tipo de troca pode envolver diferentes condições de acomodação, desde um colchonete numa barraca a uma suíte privativa super confortável. E pode incluir, também, outros benefícios além da hospedagem, como alimentação, cursos e tours.

Aqui no blog você encontra um guia completo sobre troca de trabalho por hospedagem, com dicas práticas e relatos de experiências reais minhas e de outros viajantes. Te convido também a entrar no meu canal no Telegram sobre voluntariado em viagens, onde compartilho dicas exclusivas e tiro dúvidas

Pra conciliar uma viagem de work exchange com o estudo de um idioma, é só procurar um anfitrião que tope acomodar seus horários de trabalho às horas das suas aulas.

Mas você pode nem precisar fazer aulas propriamente ditas. Isso porque além da acomodação gratuita, o work exchange costuma ser uma oportunidade de praticar o idioma intensamente no próprio lugar de hospedagem.

Caso você já tenha um nível razoável da língua e vá trabalhar num estabelecimento onde as pessoas falem sempre naquele idioma, o dia a dia pode ser sua melhor fonte de aprendizado.

Foi o que eu fiz, por exemplo, no meu work exchange no interior da França. Escolhi ir pra lá justamente porque queria praticar o francês, que já tinha estudado por alguns anos, e não queria pagar por acomodação e curso novamente, como fiz em 2012 em Lyon.

Pra ter certeza de que ia realmente conversar em francês na maior parte do tempo, evitei me hospedar em lugares como albergues, onde sabia que a maioria dos voluntários e hóspedes se comunicaria em inglês.

Também me certifiquei de que viajantes anteriores mencionavam, nas avaliações, que os anfitriões gostavam de conversar. O resultado foram duas semanas de muito aprendizado, não só do idioma, gastando um total de zero Reais. :)

Ou seja: procure uma vaga em que você consiga conciliar o trabalho com os estudos, ou em que tenha a oportunidade de praticar o idioma-alvo intensamente.

Ah, e caso não possa ir pra o exterior, em alguns casos é possível usar o work exchange como forma de praticar idiomas mesmo sem sair do Brasil.

Uma dica é procurar uma vaga em hostels em destinos muito frequentados por estrangeiros, como Jericoacoara, Pipa ou Búzios. Nesse caso, quando for se candidatar recomendo perguntar ao anfitrião se a maioria dos hóspedes do lugar costuma ser de outros países.

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work exchange é boa opção pra um intercâmbio mais barato

2. Housesitting

Outra forma de conseguir hospedagem gratuita por longos períodos é fazendo housesitting, que significa basicamente ser babá da casa alheia. Existem sites especializados nisso, onde você encontra propriedades disponíveis em várias partes do mundo.

Geralmente quem coloca a casa ou apartamento pra ser “cuidado” por viajantes tá querendo alguém que cuide dos seus animais de estimação enquanto sai de férias. Mas também existem vagas pra ficar em casas de veraneio ou que estão à venda, quando os donos não querem que fiquem desocupadas por muito tempo.

Meus amigos Larissa e Carlos do blog Vida Cigana passaram bastante tempo na Nova Zelândia se hospedando nesse esquema e dão os macetes pra conseguir uma boa vaga no Guia de Housesitting.

Essa opção de hospedagem não oferece tantas chances de praticar o idioma do destino no dia a dia, já que você provavelmente vai ficar mais “isolado”. Por outro lado, você pode usar o dinheiro que economizou pra fazer mais aulas num curso de idiomas.

E também pode, é claro, procurar outras atividades onde possa interagir com pessoas, como as que mencionei no post com dicas pra conhecer gente morando fora.

Alguns sites pra procurar oportunidades de house sitting são Trusted House Sitters, Mind My House, House Carers, Nomador, House Sitter America (pra os EUA) e Kiwi House Sitters (pra Nova Zelândia).

3. Au Pair

Uma opção de hospedagem gratuita no intercâmbio que já se popularizou há mais tempo entre os brasileiros é a de au pair. Nesse caso, em vez de ser babá de uma casa ou de um animalzinho de estimação, você trabalha como babá de crianças mesmo. :P

Nos programas de au pair, geralmente você se hospeda na casa de uma família por um período ao redor de um ano e é pago pra cuidar dos filhos deles. Em alguns casos, os anfitriões pagam até por um curso de idiomas pra você.

Além disso, a experiência dá a chance de praticar o idioma local de forma super intensa, já que você vai passar boa parte do tempo com as crianças. Sem falar que crianças costumam ser ótimas pra corrigir seus erros, porque não têm aquelas travas dos adultos, né?

Esse tipo de intercâmbio é regulamentado pelo governo de alguns países. Neles, há regras bem definidas sobre horas de trabalho, salário e outros benefícios. E, em alguns casos, tem até um tipo de visto específico.

Acredito que o destino mais comum pra quem quer ser au pair é os Estados Unidos. Pra ir pra lá, uma opção é entrar em contato com a Experimento, agência que representa no Brasil a organização Au Pair in America.

Mas não pense que só tem oportunidades lá na terra do Tio Sam, viu? Também conheço gente que foi au pair em outros países, como Alemanha e Holanda.

4. Couchsurfing

Vai ficar fora por um período mais curto, não quer trabalhar e não quer cuidar dos animais ou filhos alheios, mas mesmo assim quer economizar com hospedagem e interagir com moradores? Uma opção é recorrer ao Couchsurfing, site que menciono aqui quase sempre que falo sobre viagens baratas e culturalmente ricas.

A ideia dessa plataforma é conectar viajantes a pessoas que possam recebe-los em suas casas por alguns dias e queiram viver uma troca cultural.

Por motivos óbvios, dificilmente você vai encontrar alguém que se disponibilize a recebe-lo de graça por um longo período de tempo. Ainda assim, vale considerar essa opção pra um intercâmbio mais barato e menos convencional.

Caso queira passar um tempo estudando numa só cidade, você pode usar o Couchsurfing pra se hospedar nos primeiros dias enquanto procura, presencialmente, uma opção de hospedagem barata pra o resto da sua estadia.

Caso não se importe com a incerteza e as constantes mudanças, também pode procurar diferentes anfitriões e ficar um tempinho na casa de cada um.

Outra opção pra quem tá mais interessado na prática do idioma na “vida real” e não pretende se matricular num curso é ir fazendo Couchsurfing em várias cidades num país que fale o idioma-alvo.

Qualquer que seja sua escolha, sugiro aproveitar também os eventos e a opção de “hangouts” do app, que permitem conhecer ainda mais gente no destino e praticar o idioma com mais frequência.

Além disso, o Couchsurfing é uma forma de praticar idiomas sem sair da sua cidade de origem. Caso você more num destino turístico e possa receber pessoas em casa, é só se cadastrar no site e aceitar os pedidos de sofá de viajantes que sejam falantes nativos da língua que você está estudando. Passando o tempo com eles você vai ter a chance de evoluir bastante no idioma.

Como achar aulas de idiomas de graça ou baratas

Conversar na língua estrangeira e estudar por conta própria não são o suficiente pra você? Também existem formas de fazer um intercâmbio mais barato que o convencional fazendo aulas do idioma no lugar onde ele é falado.

1. Bolsas de estudos

Não existe intercâmbio mais barato do que aquele em que você não paga absolutamente nada ou até recebe uma ajuda de custo, né? Ganhar uma bolsa de estudos é, obviamente, uma ótima forma de viajar economizando.

Eu já recebi algumas, tanto pra mestrado quanto pra cursos curtos, e dei dicas aqui pra você procurar a sua. Mas vou logo avisando: a maioria das oportunidades é voltada pra graduação ou pós e exige um conhecimento avançado do idioma falado na instituição de ensino. Existem poucas opções de bolsas de estudo pra cursos de idiomas.

As que conheço são a de alemão do DAAD e a de espanhol da universidade de La Rioja. Cada uma tem um cronograma e pré-requisitos específicos, como demonstrar que tem ao menos o nível básico da língua e que tá cursando graduação, mestrado ou doutorado.

Dê uma olhada nos sites e, se souber de outras oportunidades do tipo, me conta aí nos comentários!

2. Contato direto com escolas

Ao contrário do que muita gente pensa, nem sempre sai mais caro fechar seu intercâmbio com uma agência especializada. Afinal, essas empresas costumam enviar um grande número de alunos pra as escolas de idiomas, e com isso podem negociar tarifas mais em conta.

Por isso, sempre recomendo fazer um orçamento com algumas agências de intercâmbio de boa reputação, sejam na sua cidade ou online. O apoio oferecido por essas empresas pode ser valioso pra quem não tem muita experiência com viagens pra o exterior.

Dito isso, considere também a possibilidade de entrar em contato diretamente com escolas de línguas lá no país de destino.

Foi o que eu fiz quando fui estudar francês na Alliance Française de Lyon, que cobrava muito menos que as escolas indicadas pelas agências que contatei no Brasil.

No caso da França, recomendo procurar a Aliança da cidade aonde queira ir e também dar uma olhada no site Qualité Fle e nessa página do Campus France. Pra Alemanha, uma dica é conferir o site do DAAD.

Pra pesquisar opções em diversos outros países você pode acessar sites como o LinguaTrip e o Language International. E também pode, é claro, fazer buscas no Google e ir diretamente aos sites das escolas.

Mas se for fechar tudo por conta própria, não deixe de se certificar de que aquela escola é confiável e de qualidade. Você pode procurar avaliações de alunos nas reviews do próprio Google, na página da escola no Facebook ou em sites como o Yelp, mas o ideal é entrar em contato com quem já estudou lá.

Uma ótima fonte pra esse tipo de indicação são os grupos no Facebook. Procure por “intercambistas em + nome do destino”, “brasileiros em + nome do destino”, “expats in + nome do destino” e similares e veja o que aparece!

existem aulas de idiomas grátis em várias cidades

3. Aulas gratuitas para estrangeiros

Sabia que em muitas partes do mundo você pode fazer aulas gratuitas do idioma local? Algumas instituições públicas, como prefeituras, bibliotecas e universidades, oferecem cursos de línguas pra estrangeiros de graça ou por um valor simbólico.

O objetivo geralmente é facilitar a adaptação de imigrantes, então em alguns casos as turmas são voltadas pra moradores. Isso significa que pode ser exigido comprovante de residência e que talvez as turmas só sejam abertas poucas vezes por ano, exijam inscrição com antecedência ou tenham carga horária semanal baixa.

Além disso, em cidades com alto número de estrangeiros pode ser difícil conseguir uma vaga. E nesses casos, não acho que seja nem muito justo você ocupar a vaga de alguém que realmente precisou imigrar, né?

Ainda assim, vale a pena ver se no país aonde você quer ir não existe uma oferta boa de aulas grátis, que podem deixar seu intercâmbio mais barato. Frequentemente essas aulas são dadas por professores em formação, ou seja, gente que tá estudando pra dar aulas e precisa de alunos pra serem suas “cobaias”.

Sendo assim, é possível que sobrem vagas. E também pode ser que não sejam as melhores aulas do mundo, né? Mas se você se esforçar pra estudar por conta própria e praticar no dia a dia, podem ser uma ótima ajuda.

Pra encontrar essas instituições, você pode recorrer aos grupos do Facebook que mencionei ali em cima ou ao boca a boca mesmo. Mas também pode colocar no Google termos como “free English classes + cidade” ou o equivalente em outros idiomas.

No caso do inglês, por exemplo, busque também por “free ESOL” ou “free ESL”, que significam “English for Speakers of Other Languages” (inglês pra falantes de outros idiomas) e “English as a Second Languages” (inglês como segundo idioma).

Encontrei opções de cursos de idiomas presenciais grátis ou baratinhos em Berlim, Nova York, San Diego, Toronto, Chicago e Edimburgo, mas existem muitos outros. Não tenha preguiça de pesquisar!

4. Intercâmbios de idiomas (tandem)

Por fim, outra opção gratuita é ter “aulas de conversação” com falantes nativos em troca de aulas de português. Esses intercâmbios de idiomas, chamados de “tandem”, também podem ser feitos online, mas são ainda mais legais presencialmente.

Quando morei na Espanha, fiz tandem com uma espanhola e com uma francesa que queriam aprender português e me ajudavam a praticar os idiomas delas.

Foi uma boa forma de fazer amizades, conhecer diferentes lugares da cidade (já que nos encontrávamos em bares e cafés) e ter alguém com mais paciência de me corrigir e explicar particularidades da língua do que as pessoas com quem conversava em situações normais do dia a dia.

Dá pra procurar um “tandem partner” na cidade que você quiser através de sites específicos como o Tandem.net ou jogando no Google mesmo. Algumas universidades e bibliotecas públicas, especialmente em cidades com muitos estudantes estrangeiros, também fazem essa ponte entre pessoas interessadas.

Outra dica é procurar moradores através de sites como o Couchsurfing (olha ele aí mais uma vez :P). Em alguns lugares, tem até eventos regulares agendados através da plataforma com o objetivo de oferecer esse intercâmbio linguístico – aqui no Recife, por exemplo, costumam rolar toda semana.

Se você conseguir marcar um tandem semanal com várias pessoas diferentes e se dedicar pra estudar gramática e ler no idioma, dá pra aprender bastante!

Moral da história

No fim das contas, eu podia resumir todas essas dicas de intercâmbio barato em uma só: seja criativo. É menos trabalhoso pagar por um pacote pronto, saber que tá indo pra uma ótima escola e que vai ficar numa hospedagem bonitinha e com todo o conforto? Sim! E essa pode ser uma opção mais eficaz pra quem tá com pouco tempo, ou inseguro, ou com algum objetivo específico tipo se preparar pra um exame de proficiência.

Mas se a ideia é simplesmente aprender ou aprimorar um idioma, você pode procurar mil outras formas de fazer isso, inclusive em casa. E se resolver ir pra o exterior aprender no dia a dia, sua atitude vai influenciar muito mais do que as aulas de um cursinho. Não adianta ir pra melhor escola de línguas do mundo durante cinco horas diárias e não se dedicar de verdade ao aprendizado.

Por outro lado, você pode simplesmente “se jogar” num destino que fale a língua, ir falando com as pessoas sem ter vergonha de errar e acabar aprendendo muito.

Ou seja: na prática, as mesmas estratégias pra viajar barato podem servir pra fazer um intercâmbio barato, conciliadas com as dicas de aprendizado de idiomas que já dei aqui. E tudo isso também pode não funcionar se você não estiver realmente disposto a correr atrás. Como em tudo na vida, né?

Você tem outras dicas de como baratear ou não pagar pela hospedagem ou o curso de idiomas e tornar o intercâmbio mais barato? Usou alguma das dicas do post? Conta aí nos comentários. :)

Crédito das fotos que ilustram o post: Pexels – licença Creative Commons Zero (CC0)

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