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Work exchange na França: duas semanas sem gastar nada num lugar lindo

Dicas Práticas | 31/07/17 | Atualizado em 31/08/23 | 8 comentários

“Essa experiência foi tudo que eu esperava e muito mais”, escrevi pra Susie, minha host na França, em resposta a um e-mail de despedida que ela me enviou depois que eu saí de lá. Fui brega, mas sincera. Pelas reviews que vi no Workaway, site onde encontrei essa oportunidade de work exchange na França, já imaginava que seria massa ficar na casa dessa simpática inglesa e seu marido francês, Max, numa pequena cidade rural. Ainda assim, me surpreendi positivamente.

A boa impressão começou já nos primeiros minutos, quando Max foi me pegar no aeroporto de Nantes – maior cidade perto de onde eles moram – e parou numa padaria no caminho pra que eu escolhesse um doce pra o chá da tarde.

E continuou quando eu vi a casa linda onde eles moram, o quarto enorme onde eu dormiria nas duas semanas seguintes, o bom humor de Susie, a hortinha onde eu passaria a maior parte das minhas horas de trabalho e a paz desse pedacinho da França, diferente do que eu já conhecia.

casa onde fiz meu work exchange na frança

Work exchange na França: minha experiência

Um dos meus principais objetivos ao fazer work exchange na França era praticar o francês, que tava enferrujado. Por isso mesmo, escolhi uma cidade pequena e uma casa de família, em vez de um hostel num destino turístico. Pedi pra que falassem comigo nesse idioma,  mas ambos os anfitriões também falam inglês perfeitamente.

Às vezes eu escorregava pra o inglês por preguiça, especialmente ao falar com Susie, mas no geral consegui evitar (yay!) e foi ótimo dar uma relembrada no vocabulário e destravar um pouco o idioma depois de anos quase sem usá-lo.

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O lugar onde fiz meu work exchange na França, Les Biais, fica pertinho de uma cidade pequena chamada Saint-Père-en-Retz, no Pays de la Loire, ao sul da Bretanha. Perto, também, de cidades de praia que atraem muitos franceses no verão, como Pornic, e de outros destinos charmosos como a medieval Guérande.

Eles me levaram pra conhecer ambas, e também pra curtir o festival do 14 de julho (Festa Nacional da Queda da Bastilha) em outra cidade menorzinha, com direito a tomar cerveja com moules frites (mexilhões com batatas fritas) e ver os fogos de artifício. Fui, ainda, andar de bicicleta (emprestada por eles) por estradinhas rurais nos arredores até um lago, onde fiquei lendo um livro que peguei na biblioteca deles. ^^

workaway-frança4

passeio durante o work exchange na frança

workaway-frança3

workaway-frança7

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Nada mal, né? Mas muito mais do que esses passeios, o que me marcou foi a experiência lá na casa deles mesmo, de onde eu nem fazia tanta questão de sair. Fui pra lá, como mencionei, no esquema de work exchange, mas dessa vez a proposta era diferente do que fiz numa pousada em Paraty.

Na casa de Susie e Max, eu trabalhava uma média de 25h por semana em troca de hospedagem e todas as refeições. E quando eu digo “todas” são todas MESMO.

Afinal, até quando saíamos eles faziam questão de pagar o que eu consumia, e durante o período que passei por lá não gastei com nada além de uma cidra que ofereci pra Susie e umas cervejas que tomei quando estava sozinha. E tudo que comíamos na casa era de qualidade e com fartura.

cozinha linda da casa onde fiz o work exchange na frança

A troca era mais do que justa, já que a acomodação era ótima (um quarto só pra mim com banheiro compartilhado com eles) e as refeições também. No entanto, não era como estar de férias de pernas pra o ar; rolava trabalho mesmo.

Não que eu tenha feito nada muito complexo ou pesado, mas nesses 11 dias passei 40 horas (o equivalente a 8 dias) ajudando na horta, na estufa e na mini plantação de uvas, além de fazer umas coisinhas de pintura e alimentar as ovelhas fofísimas de vez em quando. Vale ressaltar que eu não sabia NADA sobre jardinagem; eles foram muito pacientes ao ensinar, e eu fiquei muito feliz por aprender.

meu quarto no work exchange na frança

jardim em que trabalhei no work exchange na frança

jardim do casal com quem trabalheiovelhas fofas

Esse gostinho da vida no campo foi uma das melhores partes da experiência, que me deixou inspirada pela forma em que eles encaram o consumo de alimentos, tentando fazer alguma diferença num nível local.

Eles não estão cadastrados no WWOOF – plataforma de work exchange focada em fazendas orgânicas – porque consideram que suas plantações são um hobby. De fato eles não produzem em grande quantidade, nem pra vender, nem plantam tudo que comem.

Ainda assim, têm uma boa variedade de legumes e frutas, e o que não sai do próprio quintal eles tentam comprar de produtores locais ou pelo menos privilegiar produtos orgânicos e com embalagens recicláveis. Também lidam com o lixo de forma responsável, separando os resíduos em quatro lixeiras diferentes (falei mais sobre isso no vídeo sobre a experiência lá no canal do Janelas Abertas no Youtube).

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Outro ponto alto foram meus anfitriões maravilhosos. Susie e Max já moraram em vários países, trabalhando com muita coisa diferente, antes e depois de se conhecerem. Entre os destinos nada chatos que já chamaram de lar estão ilhas Gregas, as Maldivas, a Austrália e Vanuatu, um país insular perto da Austrália onde eles moraram por 5 anos com os três filhos (que hoje tão espalhados pelo mundo).

Trabalharam com barcos, com mergulho, como guias turísticos, como consultores de grandes organizações internacionais, como professores de idiomas e mais um monte de coisa, e há 6 anos resolveram comprar e reformar essa casa charmosa (ainda “em reforma”) na campagne, vivendo uma vida mais tranquila.

Em menos de uma hora de estrada eles chegam a cidades grandes com oferta de lazer e serviços, mas ali onde vivem é como uma bolha em que os vizinhos se ajudam, os carros não precisam ser trancados e muitas das mazelas desse mundo não chegam.

carro antigo do meu anfitrião

É uma casa cheia de riso e gentileza, e acho que não por acaso eles dizem que nunca tiveram experiências ruins com o pessoal que vai pra lá fazer work exchange. Já faz uns 5 anos que o casal recebe gente pra ajudar com tarefas variadas, desde as que eu fiz a outras no interior da casa, como pintura e renovação de móveis (principalmente no inverno).

Eles já tiveram como workawayers pessoas de vários países e idades, de 18 a até 64 anos, e diferentes níveis de habilidade também. Em geral a galera vai passar cerca de duas semanas, até pra ver se a convivência vai dar certo, mas às vezes acabam ficando por mais tempo.

Susie e Max me pareceram anfitriões exemplares porque gostam da troca cultural (tanto que evitam receber franceses) e se preocupam com o bem estar do ajudante. Me pediam pra parar de trabalhar quando fazia muito calor, perguntavam se eu tava contabilizando as horas de trabalho na tabelinha que fizeram pra mim e me incluíam em todas as atividades, desde uma noite de filme na sala de estar ao passeio com a irmã e o cunhado que vieram visitar.

passeio durante meu work exchange na frança

No final do breve período que passei lá, já tava um pouco cansada do trabalho físico, com o qual não tou acostumada, e minhas costas e joelhos reclamavam um bocadinho. Mas por mais que estivesse animada pelas minhas próximas aventuras, fiquei com uma dorzinha no coração ao me despedir desse casal tão cheio de energia e disposição pra compartilhar. Ficou interessado? Você pode conferir o perfil de Susie e Max no Workaway pra mais informações.

Se quiser dar uma olhada na casa e saber um pouco mais sobre essa experiência linda, é só dar play aí no vídeo (meio tosquinho). Não se esquece de assinar o canal! E se tiver alguma dúvida sobre esse work exchange na França ou sobre troca de trabalho por hospedagem em geral, já sabe: é só falar nos comentários.

 

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8 Comentários

  1. RFK

    Muito legal essa experiência, Luísa! E eles recebem gente de até 64 anos! Hmmmm, anotado. Adorei ver as ‘meninas’ comendo as ervas daninhas! :)

    • Hahahah sim :) Nem são todas meninas, mas só por serem ovelhas chamei assim hahah.

  2. Menina, que coincidência! Eu tava procurando um negocio nada a ver e caí no seu blog. Acredita que eu tô fazendo um work exchange na França também? Tá sendo uma experiência super massa, o pessoal cria cabras e faz queijo, além de ter uma hortinha orgânica pra consumo da família. Adorei seu post e seu blog <3

    • Oi! :) Que massa!! Tás em que região? Que bom que você curtiu o post e o blog, fico muito feliz :D Obrigadíssima pelo comentário e aproveita MUITO por aí!

  3. Ana

    Oie. Moro em Portugal e estou pretendendo fazer work exchange na Irlanda pra aprimorar o inglês… comecei as pesquisas há pouquíssimo tempo e achei teu site. M A R A V I L H O S O. Desde ja agradeço demais o conteúdo.

    Aproveitando, achas que o workaway mais “seguro” do que o helpx? O site é mais bonitinho e “arrumado”, mas a taxa tbm é mais cara. Conheces pessoas que usaram o helpx e/ou que foram pra irlanda? Tenho receio de cair em cilada =/

    • Oi, Ana! Fico muito feliz por saber que as dicas foram úteis. <3 Obrigada pelo feedback! Eu não conheço ninguém que viajou pelo helpx :/ Conheço muita gente que foi pelo Worldpackers e Workaway e alguns pelo WWOOF, mas acho que o site feio do helpx assusta o pessoal, hahah. De todo jeito, acredito que a plataforma em si não é o mais importante; se você achar anfitriões que pareçam legais e eles tiverem boas referências, penso que não deve ter problemas :)
      Um abraço e boa viagem :)

  4. Cesar

    Oi, Luiza! maravilhosa postagem!
    Realmente nao conhecia o Wordkay, muito interessante
    Mas estava olhando um país para qual gostaria de viajar e talvez fazer esses trabalhos, e aparece um aviso no site sobre a necessidade de um visto para trabalho… Isso realmente é necessário para fazer trabalho voluntário?

    • Oi, Cesar! No meu caso nem pensei nisso porque estava no meio de um mochilão longo a turismo, mas quase todo mundo que viaja através da Workaway ou Worldpackers entra como turista mesmo. Porque a ideia é uma experiência cultural, não havendo troca monetária, então teoricamente não se configura como trabalho, sabe? O ideal seria que essa modalidade de viagem fosse regulamentada tanto no Brasil quanto em outros países, mas enquanto não é, o mais comum é você dizer na imigração que tá indo a passeio mesmo :)

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