Por que viajar sozinha apesar do medo
Por uma triste coincidência, logo que comecei a escrever mais um post sobre viajar sozinha me deparei com a horrível notícia do assassinato de duas turistas argentinas no balneário de Montañita, no Equador, no final de fevereiro.
As meninas (Maria José Coni, 22 anos, e Marina Menegazzo, 21), saíram de Mendoza pra conhecer alguns países da América do Sul e foram brutalmente assassinadas por – ao que tudo indica – dois homens. Um deles confessou a autoria da morte de Maria José com um golpe na cabeça ao tentar abusar dela e acusou o outro de matar Marina a facadas.
O caso gerou muita comoção em vários países e fez surgirem notícias e comentários horrendos como os que afirmam que elas “viajavam sozinhas” (Como assim sozinhas se estavam acompanhadas uma da outra? Quer dizer que a ausência de um homem configura estar sozinha?) e outros tantos que faziam a culpa recair sobre as vítimas.
Felizmente, surgiram também discussões sobre nosso direito de ocupar o espaço público e manifestações que refletem sobre as consequências terríveis do machismo tão entranhado em nosso mundo. Alguns exemplos são o uso da hashtag #viajosola (#viajosozinha) e textos como o da paraguaia Guadalupe Costa, que teve grande repercussão no Facebook.
Quando compartilhei na fanpage do blog uma matéria do El País que falava do texto de Guadalupe, uma leitora comentou que por situações como essa, tem medo de viajar sozinha. Acho perfeitamente compreensível, mas ao mesmo tempo me recuso a abrir mão da minha liberdade. E quis vir continuar esse post recém-iniciado pra explicar por quê.
Como lembrou Catalina Ruiz-Navarro numa coluna no jornal colombiano El Espectador, “não existe isso de um lugar ‘seguro’ onde nós mulheres podemos estar, ao menos não enquanto o machismo e a misoginia habitarem todos os espaços”. Mandam-nos ficar em casa, mas quantas mulheres são alvo de violência doméstica? Quantas sofrem nas mãos de quem se autoproclama “protetor” (pais, maridos, irmãos)? O problema não está em nós.
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Acredito que temos o direito de ir e de voltar – sãs e salvas, é claro. Por isso, apesar do preâmbulo ter sido inevitável, não vou me aprofundar no tema do machismo e da violência de gênero, já que tem muita gente mais qualificada do que eu pra falar no assunto. Mas vou, como planejava, tentar dar minha pequena contribuição pra que mais mulheres lutem por sua liberdade de desbravar o mundo sozinhas.
Mas por quê? Porque acho que não podemos ceder. Que não podemos nos tornar, como diz esse texto publicado no Think Olga, prisioneiras do patriarcado. Que merecemos o mundo e precisamos ser respeitadas nesse direito.
Por que viajar sozinha?
Você pode argumentar que viajar sozinha traz um punhado de desvantagens: não ter alguém pra ajudar numa situação difícil, não ter com quem conversar e dividir os bons momentos, não ter com quem relembrar as histórias depois.
E, se você for mulher, a sensação de insegurança também pode pesar bastante nessa equação. Mas, apesar de gostar de viajar bem acompanhada, também adoro cair no mundo sozinha. Mesmo com namorado, amigos e família que são ótimas companhias de viagens, não abro mão de estar comigo mesma de tempos em tempos.
É que as vantagens também são muitas, como já falei nesse post e nesse outro: viajar só torna mais fácil entrar em contato com a cultura local, conhecer novas pessoas e observar o que se passa ao redor.
Também te dá total liberdade pra definir seu roteiro sem precisar conciliar vontades e gostos diferentes, além de permitir que você se conheça melhor e seja quem você quiser, sem se preocupar com a ideia que alguém tem de você.
E como se não bastasse, te ajuda a superar medos, ficar mais confiante, desenvolver a autonomia e descobrir que você pode mais do que imagina.
Cada um tem suas preferências e seus limites (psicológicos, financeiros, sociais e de muitas outras ordens) e não sou eu que vou mudar isso, mas se você acha inimaginável viajar sozinha, me promete só uma coisa: pensa com carinho!
Pensa nas viagens que você deixou passar por não ter companhia, no tanto de coisa que você pode fazer sozinha, em como você é forte e em como o mundo tá cheio de gente boa, apesar do que as notícias nos fazem crer. Pensa se esse discurso da insegurança não criou um bloqueio em você, pensa que você não merece ficar numa prisão se o que deseja é voar. Pensa que se isso é o que você quer, vale a pena.
Como diz o artigo da Think Olga, é normal ter medo. Afinal, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual no mundo. “Mas ser mulher, por si só, é viver apesar desse medo. Então vamos viajar apesar dele também”, observa a autora do texto.
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Se corremos riscos em todo lugar – principalmente dentro de casa! -, é claro que ao viajar não temos garantias de estar a salvo. Mas acredito que não podemos deixar de viver, explorar o mundo e nos divertir por causa disso. Todos os dias milhões de mulheres viajam mundo afora sozinhas e você é tão capaz quanto elas. Se possível, não deixe que o medo a impeça de realizar seus sonhos.
E que a gente fale e lute cada vez mais por nossos direitos. Pra um dia, quem sabe, posts como esse deixarem de fazer sentido.
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8 Comentários
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Oi Luisa! Bela abordagem do tema…
Também compartilhei a postagem da Guadalupe Costa no facebook, relatando a minha indignação :(
É lastimável que o machismo ainda está enraizado na “Nossa América”, depois de tantos direitos já conquistado, estamos longe de conseguir tudo o que queremos.
No carnaval, fiz a minha primeira “viagem sozinha” e como primeiro destino escolhi Florianópolis. Fomos em três ônibus, não fui com nenhuma amiga e o meu intuito era fazer novas amizades e me “jogar” nesse mundão.
A sensação de liberdade não tem preço! A minha próxima viagem será em janeiro pra Piura-Peru (ficarei hospedada na casa da minha amiga) e depois irei para Mancora (sozinha). Sei que os homens peruanos são machistas, tal atitude depois que ingerem bebida alcoólica. Já me informei de tudo, de todo o roteiro e as suas dicas são importantes também.
Concordo com tudo o que disse! As mulheres não podem se intimidar, temos o direito de ir e vir, de estudar, trabalhar, viajar sozinha também pra qualquer lugar do mundo e claro, tomar os devidos cuidados.
Oi, Nayara! Acho que é por aí mesmo… Já caminhamos um pouco, mas ainda estamos longe de conseguir o que queremos – e merecemos, né? Mas acho que você tá arrasando se jogando por aí :) Boas viagens e vamos em frente!
Olá!! Mês passado fiz minha primeira viagem sozinha, um intercâmbio para o Canadá, poucas semanas, e me senti muitoooo bemmm…fiquei tão nervosa na chegada, pois não sabia como ia ser minha família, mas foi tudo perfeito e maravilhoso!! aprendi muito, aprendi a andar em qualquer cidade e chegar em todos os lugares sozinha!! Lá é muito fácil também…mas indico para todos!!! a sensação de superação e que tudo deu certo é maravilhosa…Conheci pessoas do mundo inteiro e realmente, viajando sozinha você conhece muito mais pessoas. Não vejo a hora da próxima!!! beijossss
Oi, Erica! Que delícia ler o teu relato :) Essas descobertas são incríveis, né? Obrigada pelo comentário e desejo que você continue ganhando o mundo! Um abraço
Que matéria incrível! Fico muito feliz por termos esse poder hoje e ainda planejo minha primeira viagem só. Obrigada por compartilhar, amei esse site!
Oi, Beatriz! Que bom que você gostou do post e do blog <3 Obrigada pelo comentário! Espero que sua viagem se torne realidade em breve e seja uma experiência imperdível. Um abraço!
Viva Luísa, muitos parabéns pela Coragem… como dizia Nelson Mandela “A coragem não é a ausência do medo mas a consciência que algo é mais importante que ele”. Grande abraço!
Oi, Márcio! Muito obrigada pelo comentário :D