Bonito, em Pernambuco: cachoeiras e aventura perto do Recife
Há uns anos, eu interrompi uma conversa por Whatsapp com uma amiga de Salvador e disse: “tenho que ir, vou passar o dia em Bonito”. “Como assim vais sair do Recife pra passar o dia no Mato Grosso do Sul e voltar?”, ela perguntou, confusa. Assim como muitos brasileiros, minha amiga não sabia que existe uma cidade chamada Bonito em Pernambuco. E apesar de muito menos famoso do que seu homônimo lá no Centro-Oeste, esse município é um ótimo destino de ecoturismo.
Localizada a 140 km do Recife, a Bonito pernambucana é conhecida por suas paisagens verdinhas e suas cachoeiras, que foram eleitas em um concurso como uma das 7 maravilhas de Pernambuco.
A região ao redor das quedas d’água conta com áreas de camping e hotéis-fazenda, além de atividades como tirolesa, rapel, arvorismo, passeio de teleférico e até voo de balão.
Não é difícil chegar à cidade e às cachoeiras mais famosas por conta própria, mas caso você não tenha carro, queira tomar umas cervejinhas ou prefira fazer um “reconhecimento de campo” antes de voltar pra explorar o lugar de forma independente, uma boa opção é ir num bate-volta oferecido por uma agência de turismo.
Naquele dia, anos atrás, em que fui pra Bonito com minhas amigas, passamos uns perrengues porque pegamos uma trilha errada, e acabamos não conhecendo tudo que queríamos.
Mais recentemente, voltei lá pra passar o dia a convite da Elotur, agência online que realiza passeios em Pernambuco e arredores, e fiquei o dia todo pensando: por que não voltei aqui antes?
Neste post, vou falar sobre o roteiro que fiz com a agência, que achei ótimo. Super recomendo contratar o passeio no site deles se você quiser comodidade, ou então fazer um rolê parecido por conta própria, se preferir.
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Foi preciso acordar bem cedinho pra ir no passeio da Elotur, mas quando tem viagem envolvida, pulo da cama sem reclamar. ;) O micro-ônibus da empresa passa pra pegar os passageiros às 5h30 na Pracinha de Boa Viagem, perto da praia de mesmo nome, e às 5h45 na Praça do Derby, na região central da cidade.
O guia Rinaldo, muito simpático, explicou pra gente o roteiro do dia, que incluía as cachoeiras Véu da Noiva 1, Barra Azul, Pedra Redonda e Camping do Mágico. Mas antes disso tudo, fizemos uma parada estratégica pra algo muito importante: comer.
Café da manhã
Afinal, ninguém aguenta fazer trilha e rapel de barriga vazia, né? A parada pra o café da manhã foi na cidade de Camocim de São Felix, já pertinho de Bonito, na Cia da Coalhada.
Esse mercadinho-lanchonete é, obviamente, famoso pela coalhada, mas produz várias outras delícias. Eu não provei a dita-cuja porque não sou fã, mas me joguei no self-service de café da manhã e tá, ó, aprovadíssimo.
Comi batata doce, ovo mexido, mamão, bolachinhas e carne de sol e tomei um café com leite e minha conta deu R$ 12. Entre as opções do bufê também tinha macaxeira, inhame, cuscuz, frango e banana comprida.
Quem preferir também pode pedir um sanduíche, tapioca ou salgado na lanchonete. Ou não comer nada, é claro – mas acho um grande desperdício de oportunidade comilônica.
Aproveitei pra comprar dois mini bolos de rolo bem gostosos (R$ 2 cada) pra comer durante o dia. Paramos lá na volta também, porque uma galera queria comprar queijos, doce de leite e outros produtos artesanais pra levar pra casa. Eu tentei me controlar e acabei levando só nego bom, um doce típico de banana que eu amo (R$ 4 o pacote).
Poço Dantas
Depois de uns 40 minutos lá na Cia da Coalhada, voltamos à estrada (que é bem bonita, pelo que pude ver nos breves momentos em que eu espiava pela janela, já que tenho tendência a enjoar).
Em mais uns 30 minutos estávamos no estacionamento que dá acesso às cachoeiras, onde fica uma churrascaria chamada Campo Verde. Essa é a hora de ir ao banheiro, se você não tiver ido na parada anterior.
A entrada pra primeira cachoeira, a Véu da Noiva 1, custa R$ 5, mas tá incluída no pacote da Elotur. Logo no começo do percurso, passamos pelo Poço Dantas, que é como uma piscina, bem gostosinho pra dar uma nadada.
Quem não queria ou podia fazer trilha com o resto do grupo ficou por ali, curtindo o poço. Em dias mais tranquilos deve ser uma delícia, mas se você for num feriadão (como eu fiz), se prepare pra encontrar muita gente e pouca tranquilidade. O lugar tem churrasqueira e umas mesas, e o pessoal traz bebidas alcoólicas e comidas e fica fazendo uma farrinha.
Cachoeira Véu da Noiva
Andando um pouco mais você chega no topo da famosa Véu da Noiva 1, onde a primeira coisa que se vê são as estações de saída do rapel e da tirolesa. Fiz as duas atividades com a empresa Alfa Adventure, que me pareceu bem séria e tem muitos anos de atuação.
Eu nunca tinha feito rapel, então achei essa uma boa ocasião, já que a cachoeira não é tão alta: são 34 metros de altura. Eles fornecem os sapatos e luvas especiais, além do capacete e, é claro, os equipamentos que te prendem num cabo de aço pra ir descendo o paredão.
Descemos em dupla junto com um instrutor da empresa, que nos explicou como o negócio funcionava e nos orientou passo a passo durante a descida. Ele foi, inclusive, bem paciente quando eu dei uma derrapada e caí de cotovelo na pedra. :P Faz parte, né? Especialmente pra quem é desastrada feito eu, haha.
Confesso que não amei fazer rapel, mas fiquei super feliz por ter superado o medo e experimentado uma coisa nova. Ah, e caso você fique apreensivo, tenho três dicas: confie no equipamento (eu “testei” com a queda e a corda me segurou direitinho :P), não olhe pra baixo (só fui fazer isso quando já tava chegando no chão) e pense que se as crianças podem fazer, você também pode (vi vários pequeninos descendo numa boa).
Chegando lá embaixo, você vai poder dar uma olhada na Véu da Noiva em si, que é bem bonita vista de baixo (vide foto lááá do topo do post!).
Depois de subir de volta ao ponto inicial por uma escadinha, pegamos nossas mochilas e voltamos à fila pra fazer outra atividade massa com a Alfa Adventure: a tirolesa. E que tirolesa, viu?
A paisagem é muito linda, e eles colocam um mini paraquedas em você pra reduzir o ritmo e dar mais tempo de apreciar os entornos. Queria ter ido mil vezes!
São 70 metros de altura e 300 metros de comprimento, e lá no ponto de chegada aproveitei a tranquilidade pra dar mais uma paquerada na paisagem, já que só tinha nosso grupo por lá. Depois, era hora de seguir caminho, rumo à próxima cachoeira.
Ah, um detalhe importante: o rapel e a tirolesa são opcionais, então não estão incluídos no pacote da Elotur. O primeiro custa R$ 35 por pessoa e a segunda R$ 40, mas se você for fazer ambos, o pacote sai por R$ 60. A equipe da Alfa Adventure tira fotos de cada participante e publica na página deles no Facebook no dia seguinte.
Cachoeira Barra Azul
Quem não quis fazer tirolesa foi andando até o ponto de chegada, e quando o grupo estava todo lá, seguimos caminhando por uma estradinha por onde passam carros.
Em cerca de 15 minutos, chegamos à cachoeira Barra Azul. O acesso também custa R$ 5, que não tão incluídos no passeio.
Achei essa cachoeira bonita e curti que ela tem umas pedras enormes onde dá pra sentar ou deitar e curtir a vibe. O poço dela é pequeno, mas gostosinho. Passamos uma meia hora por lá.
Cachoeira Pedra Redonda
Levamos mais uns 20 minutos pra chegar na cachoeira seguinte, a Pedra Redonda, onde também pagamos R$ 5 pra entrar. No acesso pra cachu tem um camping com estrutura de banheiros e um restaurante.
Essa foi minha cachoeira preferida, porque apesar de pequena, é daquelas que dá pra curtir mesmo, ficando embaixo da queda d’água e tal. Ela tem esse nome por causa de (adivinhem) uma pedra redonda bem grande, ao redor da qual a água escorre.
Junto dela tem outra pedra onde a galera ficava só relaxando (vide foto abaixo), e embaixo tem um micro poço de onde fica caindo uma aguinha vibes hidromassagem, bem gostoso pra sentar e ver a vida passar.
A partir de lá, poderíamos voltar pelo mesmo caminho por onde viemos, mas seguimos o conselho do guia e pegamos uma trilha um pouco mais cansativa, mas rápida e bonita. O percurso terminou na parte de baixo da Véu da Noiva, e então subimos pelas mesmas escadinhas que tínhamos usado depois do rapel e voltamos ao micro-ônibus.
Camping do Mágico
Eram 14h15 quando saímos do estacionamento e nosso dia em Bonito já estava chegando ao fim, mas ainda tinha uma parte massa por vir. Em uns 20 minutos, chegamos ao Camping do Mágico, uma área de acampamento privativa com uma superestrutura.
O lugar é praticamente um clube roots, com direito a estacionamento privativo, banheiros com chuveiro, piscina e restaurante. Uma corredeira (é tipo um rio com pequenas quedas d’água) passa bem no meio do espaço, e a galera acampa nas margens. Achei a atmosfera bem tranquila e silenciosa, apesar de estar cheio por causa do feriado.
Pra entrar lá, é preciso pagar a taxa de day use de R$ 15. Pra saber os valores de acampamento (com ou sem aluguel de barraca e colchonete e café da manhã), entre em contato com eles pelos contatos disponíveis no site do Camping do Mágico.
Como chegamos esfomeadas, fomos direto procurar uma mesinha à beira do rio e fazer nosso pedido. Achei os preços bem razoáveis: dividi com Carol do blog Idas e Vindas um arrumadinho de carne de sol (R$ 35) e uma porção de macaxeira frita das melhores da minha vida (R$ 13) e ficamos super satisfeitas.
Levou comida e quer só beber? Então saiba que a caipirosca custa R$ 10 e um suco sai por R$ 4.
Depois fomos dar uma olhada nas atividades de aventura do lugar. Sim, porque além da estrutura toda, o Camping do Mágico oferece também tirolesa e arvorismo, por R$ 15 cada. Queria ter feito arvorismo, mas quando terminamos de comer o rapaz responsável tava indo almoçar, então ficou a desculpa pra voltar!
Aproveitamos pra passar o resto do tempo tomando banho lá nas corredeiras, que têm vários trechos calminhos e outros em que a água desce mais forte, mas existem cordas pra você evitar escorregar. Achei isso massa, porque permitia aos idosos (e aos desastrados) curtir essa parte também, sem correr riscos. :)
Ficamos lá no camping até umas 16h30 e voltamos pra o Recife. Paramos novamente na Cia da Coalhada e chegamos de volta ao Derby às 20h30.
Você já conhece a cidade de Bonito em Pernambuco? Tem outras dicas de passeios por lá? Conta aí nos comentários!
O que vestir e levar
Recomendo ir fazer esse passeio vestindo roupa de banho, com roupas leves e confortáveis por cima e um bom tênis (de preferência, um que seja feito pra trilha, mas não achei essencial).
Na mochila, vale levar protetor solar e repelente (não senti necessidade, mas disseram que em algumas épocas tem bastante mosquito). Não se esqueça também da toalha, uma muda de roupa pra se trocar antes de voltar, uma sacola plástica pra guardar as peças molhadas e dinheiro em espécie (só o Camping do Mágico aceita cartão).
Passeio da Elotur
Ficou interessado no bate-volta da Elotur? Eles costumam fazer esse passeio todo final de semana, desde que se forme um grupo com no mínimo 8 pessoas.
A Elotur também faz excursões de um dia pra destinos de praia como a Ilha de Santo Aleixo e a Praia de Carneiros (PE), as Piscinas Naturais do Seixas e a Praia de Tambaba (PB) e pra Maragogi (AL), além de alguns roteiros de vários dias, como o que vai pra o Vale do Catimbau (PE).
Onde se hospedar em Bonito (PE)
Eu adorei esse passeio de um dia por Bonito, mas desde então fiquei com muita vontade de passar ao menos uma noite por lá pra curtir com mais calma e conhecer outras atrações. Caso você pense a mesma coisa, vale dar uma olhada nas opções de hospedagem na cidade além do camping que mencionei acima.
Um dos hotéis em Bonito mais bem recomendados é o Bonito Plaza Hotel, que tem atualmente diárias em quarto duplo por cerca de R$ 220 e é muito elogiado pela localização. Outra opção com boa reputação é a Pousada Rural Estação Verde, que fica um pouco afastada, mas parece ter uma atmosfera bem tranquila. A diária em quarto duplo custa hoje R$ 260.
Mas a opção mais interessante que achei por lá foi o Refúgio do Rio Bonito, que tem uma vista incrível e um café da manhã também muito elogiado. O lugar tem muito verde e é cheio de charme. As diárias pra casal custam hoje desde R$ 340.
Por fim, vale considerar também o all-inclusive Hotel Fazenda Engenho Pedra do Rodeadouro, que oferece as três refeições diárias e atividades como cavalgadas. Os hóspedes que já ficaram lá dizem que o acesso não é dos mais fáceis, com estradas esburacadas, mas que vale a pena.
Fiz o tour em outubro de 2018 como cortesia da Elotur. As opiniões presentes nesse texto são pessoais e não sofreram nenhuma interferência da empresa. O Janelas Abertas preza pela transparência e sempre sinaliza todos os eventuais patrocínios e parcerias. Para saber mais sobre as políticas do blog, clique aqui.
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11 Comentários
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Parabéns pelo relato e experiencia. Ri muito da experiencia comilonica.
Hahah que massa, Marco! :) Obrigada pelo comentário!
Quero conhecer, que ainda não conheço.
Vale a pena! :)
Qual a data que você foi? quero ir em outubro mas n sei se as cachoeiras estarão caudalosas.
Oi, Breno! Fui no final de julho ou início de agosto. Hoje em dia, com essas loucuras do aquecimento global, acho que nem dá pra prever muito…
Obrigada pelas dicas 😘
Por nada, Jorgiany! :)
Gostei muito das dicas! Gostaria de saber sobre o Rio grande do Norte irei passar 4 dias lá
Obrigado pelas dicas, vou com a minha família em Agosto/2021 e tentarei fazer este roteiro. Um abraço.
Massa, Bruno! :) Não sei se a agência ainda está operando esse roteiro, mas certamente você consegue fazer parecido com outra empresa ou indo de carro. Um abraço!