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Residência artística no Brasil: viagem para Alter do Chão, Amazônia

Pará | 09/05/22 | Atualizado em 09/06/22 | 4 comentários

Você se dedica a algum tipo de arte, seja profissionalmente ou não, e gostaria de fazer uma viagem pra Alter do Chão, na Amazônia, com uma pegada imersiva e poética? Uma residência artística pode ser uma ótima opção.

A Campo de Heliantos promove programas de residência no meio da Floresta Amazônica mediados por curadores especialistas em diferentes formas de expressão artística. Achei a proposta muito massa – tanto que tou me preparando pra participar da próxima.

O que é uma residência artística?

Em linhas gerais, o objetivo de uma residência artística, conceito popularizado por volta da década de 1980, é dar ao artista a oportunidade de se inserir num novo contexto por um tempo. E, assim, desenvolver um processo de criação influenciado pelo ambiente e a comunidade local e por outros artistas.

Esses programas podem ser públicos ou privados e incluir ou não oficinas, palestras ou acompanhamento de curadores, professores ou críticos de arte.

A ideia é ter um tempo de dedicação total à produção artística e aos processos criativos relacionados a ela, além de criar laços com pessoas da área e ter novas inspirações pra seus projetos.

residência artística no campo de heliantos

É como uma pausa na vida cotidiana pra se dedicar à reflexão e experimentação, usufruindo de um ambiente e uma programação que incentivam isso.

Alguns programas são focados em uma expressão artística específica, como escrita ou fotografia, enquanto outros acolhem participantes de diversas áreas.

O período de duração de uma residência artística varia, podendo ir de alguns dias a várias semanas ou meses.

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Residência artística no Brasil: Campo de Heliantos

Campo de Heliantos é uma residência artística dentro da Floresta Amazônica, na vila de Alter do Chão, no Pará. Ela foi criada com o objetivo de aproveitar os ritmos e elementos da floresta como estímulo à produção artística.

Sua proposta é servir como núcleo de investigação do “Eu criativo”, encorajando a produção de pensamento crítico sobre o mundo que nos rodeia e o desenvolvimento de uma poética inspirada por esse ambiente tão rico.

As vivências artísticas promovidas lá incluem leituras, debates, oficinas, interlocução de escrita e poesia, apresentação de textos, palestras, performances e outras atividades.

Como explicam os curadores do espaço, “a geografia de Alter do Chão, rica em recursos naturais, permite que os participantes se reconectem à natureza e à sua própria produção”.

residência artística no brasil

Viagem para Alter do Chão

Achei o cenário escolhido maravilhoso. Caso você não conheça Alter do Chão, toma aqui uma pequena introdução: a vila fica a 34 km do aeroporto de Santarém e é conhecida pelas lindas praias de água doce cercadas pela Floresta Amazônica.

As faixas de areia branca banhadas pelo Rio Tapajós aparecem no período da vazante do rio, entre agosto e fevereiro.

Durante a cheia, uma viagem para Alter do Chão também vale muito a pena, podendo-se admirar os cenários lindões formados pela exuberância das águas e fazer passeios de barco e caminhadas na floresta.

passeio em alter do chão

Um passeio muito especial por lá é a incursão pela Floresta Nacional do Tapajós, conhecida como Flona. O ponto alto do passeio é a caminhada até uma gigantesca sumaúma, árvore centenária impressionante.

Outras atrações de Alter do Chão são o artesanato indígena, as comidas típicas e as noites de festa, com direito a muito carimbó.

residência artística no campo de heliantos

Estrutura do Campo de Heliantos

As instalações do Campo de Heliantos são pensadas pra colocar o residente em contato direto com a diversidade da floresta. No local é possível encontrar macacos guaribas, prego e shuiem, além de várias espécies de aves.

A estrutura das cabanas mescla arquitetura tradicional e técnicas indígenas. O material de construção reutiliza madeira e matérias como a palha e o barro.

O espaço conta com refeitório, ateliê de impressão e encadernação, escritório ao ar livre e 12 acomodações. São quartos duplos integrados à floresta, com banheiro privado, mesa de estudo, camas e redes.

campo de heliantos em alter do chão, pará

Residência artística “Entre o rio e o mar”

Durante sete dias, de 18 a 24 de agosto de 2022, o Campo de Heliantos vai promover a Residência Artística Literária “Memorialismo entre o rio e o mar”.

Esse programa tem como proposta trabalhar elementos do memorialismo e junto aos deslocamentos pela Floresta Amazônica e pelo rio Tapajós – que, de tão grande e imponente, se assemelha a um mar.

A ideia é que os participantes aproveitem a imersão na floresta pra dar o pontapé em novos projetos artísticos ou retomar projetos trazidos na bagagem. Pra isso, o curador Stefanni Marion vai provocar a prática da escrita e a construção de novas experiências literárias a partir das lembranças dos participantes.

Como explica Marion, “a memória de cada um, assim como o rio(mar) do Tapajós, de tempos em tempos expande seus fluxos: o que parecia estável e cheirando a esquecimento ressurge com desejo de re(criar), de estabelecer nova margem entre lembrança e ficção”.

Como resultado da imersão, será produzida uma Antologia Artesanal publicada pela Editora Tamuatá.

Pra quem é essa residência artística?

Serão selecionados até dez artistas cujas linhas de trabalho se situem no domínio da poesia/literatura – escrita exclusivamente – ou com a interlocução da pintura, desenho, performance, vídeo, fotografia, escultura, novas mídias e/ou cruzamentos interdisciplinares.

É necessário estar com o cronograma de vacinação da COVID-19 em dia pra participar da imersão.

residência artística no campo de heliantos

Quem são os curadores da experiência?

Stefanni Marion é natural do vilarejo de pescadores Barra do Una (Peruíbe – SP), radicado no Recife (PE). Autor dos livros Inventário (2014) e Temporário (2012), realiza a Oficina de escrita “memorialismo, baús e lampiões”, que já teve mais de 26 edições.

Graziela Brum é escritora. Idealizou o projeto literário Senhoras Obscenas. Seu último romance venceu o ProAc (2019), intitulado Jenipará. Escreve na Revista Vício Velho sobre Criatividade e Literatura e idealizou o espaço Campo de Heliantos, em Alter do Chão.

residência artística na amazônia

Onde se inscrever?

Os interessados devem se inscrever até dia 5 de agosto de 2022 através deste formulário. Os curadores do projeto farão entrevistas online com os artistas pré-selecionados pra tirar dúvidas sobre a experiência e avaliar o alinhamento à proposta.

Quando custa?

O investimento para o programa de Residência Artística Literária Presencial Memorialismo Entre o Rio e o Mar é de 10x R$423,00 ou R$4.235 à vista.

Se tiver dúvidas, entre em contato pelo e-mail [email protected]

imersão em alter do chão

Outros programas do Campo de Heliantos

Residência artística

É um programa de residência mais longo (até 30 dias) que permite dar uma pausa pra reconectar à criatividade pelo mergulho na natureza da Amazônia. A liberdade que o programa traz incentiva a auto reflexão e ideias pra construção de projetos de arte sem pressa. Há um incentivo pra os inúmeros passeios em Alter do Chão, dentro da Floresta Amazônica e pelo Rio Tapajós.

Travessias Poéticas

Essa experiência trabalha os deslocamentos físicos e imaginários propondo-os como experiência artística e prática poética. O programa, que está em andamento atualmente, tem uma fase online (4 meses) e uma presencial (7 dias).

viagem para alter do chão

Crédito das fotos que ilustram o artigo: Alanna Fernandes/Campo de Heliantos

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4 Comentários

  1. Que matéria linda, obrigada. Estamos esperando você em agosto aqui em Alter do Chão.

  2. Tatiane

    Uma baita oportunidade de autoconhecimento, de imersão na Amazônia, de novos ares, aprendizados e novas amizades

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