O que fazer em Bruxelas: roteiro pelo Centro
Senti até um pouco de pena de Bruxelas depois de ouvir tantas vezes que ela não era muito interessante e saber que muitos ignoram solenemente a capital belga e vão só pra Bruges. Mas de coitadinha ela não tem nada. Bruxelas é também considerada a capital da Europa, e atrai muita gente de todos os cantos do continente e outras partes do mundo, sendo hoje uma cidade bem multicultural.
Aliado aos fatos de ser uma capital relativamente compacta e bilíngue (quase tudo tá escrito em francês e neerlandês), isso me fez pensar que se não fosse pelo clima, adoraria morar lá. Mas e pra quem vai como turista, a cidade tem atrativos? Tem, sim, senhor. ;)
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O que fazer em Bruxelas
Passei três dias inteiros na cidade e o primeiro já foi bem produtivo. Logo pela manhã passei no escritório do Use It, organização criada pra oferecer informações turísticas pra jovens, e peguei o mapinha ilustrado que eles fazem com os melhores pontos da cidade, incluindo vários lugares fora do roteiro padrão. Recomendo que você faça o mesmo, ou faça download do mapa. Eles também recomendam uma lista de lugares especializados em itens vintage e vinis, pra alegria dos hipsters de plantão. ;)
No escritório do Use It de Bruxelas, que fica numa galeria icônica em frente à estação de trem central (Galerie Ravenstein), você também consegue informações sobre eventos que estão rolando na cidade no dia e pode até guardar sua bagagem de graça por algumas horas. Eles também oferecem tours guiados gratuitos (à base de gorjetas), mas pelo horário acabei preferindo fazer o free walking tour da Sandemans.
Somando o passeio com a guia deles (que achei bem forçada, mas tinha boas informações) e os rolês que dei depois, explorei boa parte do centrinho em dois dias, com direito a paradas pra cervejas e até cochilos na grama.
Se você conseguir fazer “só” isso já acho que valeu a ida até Bruxelas, mas por mais que essa região central seja cheia de coisas interessantes, não acaba por aí. No outro dia fui pra atrações mais afastadas, como o Atomium, o Parque do Cinquentenário, o Parlamentarium e alguns museus, que vão ser assunto de um próximo post.
Roteiro a pé pelo Centro
O tour guiado começou no coração do centro: a Grand Place, principal e mais bonita praça de Bruxelas. Dependendo de onde você se hospedar, dá pra passar por outras atrações no caminho pra lá, mas é um bom lugar de partida especialmente pra aqueles que ainda estão céticos quanto à beleza da cidade. Porque QUE COISA LINDA os prédios ao redor dessa praça, viu?
Desculpa aí pelo grito virtual, mas não deu pra me controlar. É de cair o queixo mesmo. Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, ela é abraçada por construções em estilo gótico que datam dos séculos 14 a 17, com destaque pra prefeitura deslumbrante.
No fim da tarde a Grand Place fica bem agitada com turistas e jovens que aparentemente moram lá e se encontram antes de ir pra algum bar. Apesar da quantidade de gente, achei uma vibe gostosa, com a galera sentada no chão, comendo e jogando conversa fora. E deve ficar ainda mais maravilhosa perto do Natal, quando abriga um mercado natalino dos mais legais da Europa, pelo que dizem por aí. Invejinha de você que vai pra lá em dezembro.
A menos de cinco minutos de caminhada dessa lindeza toda, se encontra outra atração famosíssima de Bruxelas, um forte concorrente ao prêmio de ponto turístico mais superestimado do mundo. Tou falando do Manneken Pis, uma estátua minúscula de um menino fazendo xixi, que você provavelmente já viu por aí. Não se sabe por que ela foi feita, mas existem várias teorias.
Acredito que a mais famosa é a história de que durante um incêndio um menininho teria feito xixi nas chamas, supostamente ajudando a salvar a cidade… Não sei por que, mas a estátua se tornou superpopular, e de tempos em tempos o pirralha mijão aparece fantasiado – jogue no Google pra ver as curiosas personas que ele já assumiu. Engraçado ver que a estátua é tão pequena que até muitos dos souvenirs vendidos nas lojas próximas são maiores do que ela. :P Ah, e pra se aproveitar do hype ainda foi feita depois uma versão feminina, a Jeanneke Pis, instalada perto dali.
Em frente ao Manneken Pis fica um bar chamado Poechenellekelder (sim, tive que copiar e colar esse nome), que pela localização achei que seria megaturístico, mas tava cheio de “locais” quando fui. Ele tem uma decoração interessante, garçons simpáticos, preços dentro da média da cidade (cervejas entre 3,50 e 4,50 euros) e uma boa seleção de queijos belgas, além de espaguete e lasanha por 9-10 euros, chocolate quente, chás, café etc. Fui lá no meu último dia na cidade, sentei num lugar bem legal em frente à janela e fiquei lendo por algumas horas. :)
Vale a pena também andar aleatoriamente por ali, se perdendo pelas ruazinhas estreitas com carinha medieval. Só fique ligado ao entrar em alguma loja, restaurante ou bar, porque essa zona é bem turística, então os preços tendem a ser inflacionados.
Caso queira ir dar uma espiada na menina mijona, aproveite pra fazer um pequeno desvio no caminho e passar na Fritland (lanchonete fast food criada em 1978 e especializada, logicamente, em fritas belgas) e no prédio da Bolsa de Valores, construído em estilo neoclássico.
Por ali também fica o Delirium Café, bar mais famoso de Bruxelas, que entrou no Guiness Book por disponibilizar mais de 2 mil rótulos de cerveja. O lugar é relativamente grande, com três andares e vários ambientes diferentes. Obviamente é superturístico, mas achei o ambiente legal e acabei passando muitas horas por lá provando várias cervejas diferentes (até demais, eu diria) e fazendo amigos no processo. :P
Não vai se encher de cerveja belga agora? Então siga caminho e volte lá depois. Perto da estátua da Jeanneke Pis você encontra ainda a luxuosa galeria Galeries Royales Saint-Hubert. O lugar é bonitão e merece uma passadinha, mesmo que absolutamente nada ali dentro caiba no seu orçamento (#tamosjuntos), nem que seja pra babar em frente às prateleiras de algumas das melhores lojas de chocolate da cidade.
Siga, depois, pra Cathédrale de St. Michel e St. Gudula, que é gótica e bem bonitona, tendo sido construída ao longo de 300 anos. Segundo a guia, os casamentos e funerais da família real costumam acontecer ali.
De lá, outra parada pode ser na Galerie Ravenstein, aquela que abriga o escritório do Use It. Ela foi construída nos anos 1950 e tem uma arquitetura bem interessante, além de abrigar lojas, restaurantes e escritórios. E ali pertinho ficam os jardins do Mont des Arts, onde terminou o free walking tour, com direito a uma vista bem legal da cidade.
O jardim em si é uma graça; tanto que aproveitei o clima bom pra comprar uma massa pronta no Carrefour Express que fica na estação de trem ali junto (Gare Centrale) e fazer um mini piquenique num dos seus bancos.
Nessa região também vale destacar a Biblioteca Nacional, que tem um quintal gostoso nos fundos e uma vista lindona do quinto andar, onde fica o refeitório. Quando subi já tinha acabado o almoço, mas pareceu ser uma ótima opção de refeição econômica e com vista.
No prédio da Gare Centrale, mas virado pra biblioteca, você encontra também uma loja de quadrinhos e objetos relacionados chamada La Maison de La Bande Dessinée, com destaque pra bonecos e livros de Tintin em dezenas de idiomas. Ah, e esse simpático personagem criado pelo belga Hergé provavelmente vai cruzar seu caminho mesmo que você nem passe pela loja: fique atento aos murais de Tintin pela cidade.
Pertinho dali, tem outra belezinha que é o Museu de Instrumentos Musicais, cujo prédio é um dos mais lindos que já vi. E mais à frente, uma praça (Place Royale) que reúne vários outros museus: o Musée Magritte, o Museu Real de Belas Artes, o Musée Fin de Siècle e, um pouco mais afastado, o BelVue, que é muito interessante pra quem quer entender melhor a Bélgica sob os pontos de vista histórico, social e político. Uma boa forma de tentar entender essa confusão de idiomas e regiões administrativas que rola num país tão pequenino. :P
Olha o mapa do percurso até aqui:
Em frente ao BelVue (que tem um café num pátio delícia, acessível sem ingresso) fica o Palácio Real (Palais Royal de Bruxelles) e o Parc de Bruxelles. O Palácio pode ser visitado apenas no verão (quando o rei não está lá, imagino) e é bem bonito, mas nada muito especial pra quem já foi a outros palácios como Versalhes, na França, ou Schönbrunn, em Viena.
O parque também não é, a meu ver, dos mais incríveis, mas tem vários pedaços de grama com sombra pra descansar em dias de sol e um café bem simpático com iced teas, limonadas, bebidas quentes pra consumir lá e pra levar e comidinhas. Como fui lá num (raro) dia quente, aproveitei pra tirar um cochilo na grama. <3
Não muito longe dali fica a bonita igreja de Notre-Dame au Sablon, logo em frente à simpática praça do Petit Sablon. E passando pela igreja você chega à praça do Grand Sablon, com a maior concentração de lojas de chocolate por metro quadrado. Ótimo lugar pra fazer aquelas comprinhas gulosas.
Já fora do Centro, mas muito pertinho, você encontra ainda o Palais de Justice (Palácio de Justiça), um dos maiores prédios da Europa. Ele estava cheio de andaimes e não achei a entrada de cara, mas ele tá, sim, aberto à visitação – gratuita, aliás. Se você tiver entrado, me conte o que achou.
Vale ressaltar, no entanto, um ponto importante observado pela guia do walking tour: muitos dos prédios impressionantes de Bruxelas construídos entre o final do século 19 e começo do século 20 foram financiados com dinheiro resultante das atrocidades cometidas pelo sanguinário rei Leopoldo II no Congo.
Mesmo que não queira entrar no prédio, vale ir até o Palácio de Justiça porque o prédio fica em frente à praça Poelaert, que tem uma vista legal também. No verão, encontrei lá um quiosque vendendo cervejas, um carrinho de waffles e sorvetes e várias cadeiras tipo de praia, pra uso livre. Achei amor. :)
E olha o resto do mapa aqui embaixo. ;)
Logo mais entra outro post com dicas de o que fazer em Bruxelas além do Centro, e atualizo o link aqui. E você, conhece Bruxelas? De que atrações mais gostou por lá?
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5 Comentários
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Olá Luisa, estarei em Bruxelas por um fim de semana em maio-18, já fiz as reservas no walking tour Sandmans como vc indicou, estou ansiosa pela viagem e quero desfrutar bem de Bruxelas. Pretendo ir a Antuerpia tb, adorei suas dicas e na volta de digo tudinho… bjs
Oi, Luciene! Que ótimo, aproveite! :D Coma muito por mim, hehe. E se lembrar, venha mesmo me contar o que achou! Um abraço e boa viagem :)
gostaria de saber quanto tempo levou o walking tour free que vc fez. reservei o meu, mas nao fala o tempo de tour. obrigada
Oi, Alethea! Não tenho certeza absoluta, mas acho que foram 2h ou 2h30. Já fiz uns 20 free walking tours e eles sempre duraram entre 2h e 3h. Você pode entrar em contato com a empresa pra confirmar ;) Um abraço!
Adorei bruxelas uma cidade linda tem muitas diversáo um paraiso de bonito.