Como viajar sendo introvertido: 10 dicas práticas
Você gosta de ficar só, tem preguiça de interações sociais superficiais ou sente que o excesso de estímulos suga sua energia? É provável que você, assim como eu, tenha uma personalidade mais “introvertida” – o que não é a mesma coisa que ser tímido ou antissocial. Mas como é viajar sendo introvertido?
Pra quem pensa em viajar sozinho, ser introvertido pode parecer um obstáculo. Pra muita gente, a imagem de viajantes solo tá associada a pessoas aventureiras e que vivem fazendo amigos por onde passam.
Já ouvi muitos comentários tipo “Ah, mas eu não tenho facilidade de conversar com pessoas novas, vou passar a viagem toda solitária!”, ou então “Só de pensar que vou ter que interagir com muita gente desconhecida pelo caminho, morro de preguiça”.
Um introvertido que viaja com companhia, por sua vez, pode se preocupar com a ideia de estar grudado em alguém 24 horas por dia. Pode, também, ter medo de precisar seguir um itinerário mais ativo e “sociável” do que gostaria.
Como conciliar a contradição entre querer conhecer gente interessante e querer fingir que tá dormindo pra não ter que falar com ninguém? Como fazer com que as pessoas entendam que a escolha de ficar só, ou num ambiente mais tranquilo, não significa que você tá desanimado ou triste?
Como uma viajante introvertida de carteirinha, te digo com propriedade: vai dar tudo certo. Com o tempo, fui colocando em prática algumas dicas pra aproveitar mais a viagem respeitando minha personalidade. Quer ver?
10 dicas pra viajar sendo introvertido
1. Saia da sua zona de conforto
Vai viajar só pra descansar ou se divertir e não quer fazer nada minimamente desafiador? Tudo bem, é uma escolha.
Mas se você quer usar a viagem como uma ferramenta de transformação, vai por mim: vale a pena fazer um esforcinho pra sair da zona de conforto.
Especialmente quando viajo sozinha, meu principal objetivo é aprender. Tanto sobre os seres humanos, as diferentes culturas e a natureza quanto sobre mim mesma. E esse aprendizado pode ser doloroso, mas desde que você respeite seus limites, é também maravilhoso.
Por isso, mesmo que você não tenha uma tendência natural pra puxar assunto com desconhecidos ou aceitar convites inesperados, vale a pena experimentar fazer isso de vez em quando. Você pode se surpreender!
2. Mas reconheça e respeite suas necessidades
Dito isso, vale ressaltar que ninguém é obrigado a ser sociável o tempo todo. Ah, e não tem nenhuma regra dizendo que sua viagem vai ser um fracasso se você não fizer amigos pra vida toda ou viver aventuras loucas com desconhecidos, como acontece com aquela galera que você segue no Instagram.
Leia também:
A verdade sobre viajar só: o que ninguém conta
Entenda seus limites e o que realmente te dá prazer. Se você sente que precisa recarregar as energias, não tem problema nenhum em passar o dia na cama lendo ou vendo Netflix. Se tá sem vontade de conversar, ficar só observando os moradores do lugar também pode ser interessantíssimo.
Conhecer e aceitar sua personalidade ajuda a entender como aproveitar seu tempo sem culpa. Deu vontade de interagir? Ótimo! Quer ficar mais na sua por um tempo? Tudo bem também.
Vá tentando encontrar o equilíbrio entre não se prender demais à zona de conforto, nem se colocar em situações muito desconfortáveis. Sim, sei que é mais complicado na prática do que na teoria, mas pouco a pouco a gente vai pegando o jeito. #tamojunto
3. Se hospede em hostels sociais pero tranquilos
Pra quem quer conhecer pessoas sem fazer esforço, uma estratégia muito interessante é se hospedar em hostels. Mas não é qualquer hostel, tá?
Afinal, alguns desses estabelecimentos se parecem mais com grandes hotéis baratos com quartos compartilhados, sem muito charme e sem incentivo à socialização. Tem lugar que não tem uma areazinha comum que seja!
Outros albergues, por outro lado, são mais adequados pra quem quer socializar MUITO. São os chamados “party hostels”, que promovem festas e jogos em boa parte do tempo e têm um ambiente muito agitado.
Leia também:
Albergues para iniciantes: tudo que você precisa saber
Como conhecer pessoas viajando só
Pra quem vai viajar sendo introvertido e quer conhecer pessoas numa vibe parecida, minha recomendação é procurar lugares que não sejam os típicos “party hostels”, mas ofereçam ambientes propícios à socialização.
Muitos hostels menores e menos famosinhos são assim, e geralmente dá pra ter uma boa ideia lendo os comentários de hóspedes anteriores em sites como o Booking.
Quando o albergue é muito grande e com muita circulação de pessoas, você pode tanto se incomodar com o excesso de movimentação quanto sentir dificuldade de se aproximar de outros viajantes.
Em hostels mais “aconchegantes”, é mais provável que você se sinta em casa, o que pode dar uma sensação de expansão da zona de conforto. E também fica mais fácil de cruzar com as mesmas pessoas várias vezes, o que facilita a interação.
Além disso, quando a atmosfera não é tão frenética e festeira, você pode se sentir mais confortável pra ficar na sua, lendo um livro ou no celular, quando der vontade.
4. Mas alterne com acomodações privativas
Massa, né? Mas mesmo os hostels mais tranquilos podem ser demais pra viajantes introvertidos, especialmente se você estiver num quarto compartilhado. Por isso, em viagens longas costumo alternar acomodações desse tipo com hospedagens com mais privacidade.
Pra mim, o melhor dos mundos é ficar em quarto privativo num albergue. Afinal, assim eu posso me recolher pra minha bolha quando dá vontade e interagir com pessoas quando tou a fim. Ter meu próprio espaço de vez em quando é fundamental pra recarregar minhas baterias!
Isso vale, também, pra quem passa muito tempo se hospedando na casa de amigos ou conhecidos, ou fazendo CouchSurfing. São experiências maravilhosas, mas se você é introvertido elas podem também ser emocionalmente cansativas.
Caso não encontre um quarto privativo em albergue com preço bom, ou se quiser fugir inclusive da galera nas áreas comuns, vale a pena olhar as opções de pousadas, AirBnb e hotéis baratinhos. Mesmo em um mochilão longo, vale a pena gastar um pouco mais de vez em quando pra garantir seu bem-estar na viagem.
5. Procure atividades sociais
Viajantes solo com o perfil mais introvertido geralmente não saem conversando com qualquer pessoa que encontra no mercado ou no ônibus, né? Mas apesar de eu já ter dito que você não deve ver esse rolê das amizades na viagem como obrigação, a troca com outras pessoas costuma ser, sim, enriquecedora.
Por isso, vale a pena se colocar (nem que seja só de vez em quando) em situações onde você tá rodeado de pessoas. Passeios guiados, um pub crawl ou mesmo um curso ou oficina são exemplos de rolês que ajudam a conhecer gente mesmo que você possa, no fim do dia, se recolher de volta no seu casulo.
Leia também:
Tudo sobre viajar só: dicas práticas, inspiração e relatos
6. Mas frequente também lugares de introspecção
Eu adoro essas atividades sociais quando tou viajando só. Mas gosto também de equilibrá-las com momentos de introspecção. O que não significa simplesmente ficar dentro do quarto lendo um livro, né? Tem mil formas de aproveitar o destino numa pegada menos sociável também.
Se estiver em destinos “de natureza”, aproveite pra curtir uma trilha, cachoeira, praia, montanha… Quem gosta de “olhar pra dentro” com frequência tende a aproveitar muito esses lugares de contemplação.
Em cidades, os introvertidos costumam gostar de cafeterias confortáveis onde possam passar um bom tempo perdidos nos próprios pensamentos, ou imersos num bom livro. Praças e parques também são ótimas opções, especialmente pra quem curte o bom e velho people watching.
Caminhar pelas ruas sem rumo também pode ser uma forma de curtir um lugar “introvertidamente”, se você não tá numa cidade muito grande ou não se incomoda com agito. Gosta de fotografar? Prepare a câmera e saia procurando bons ângulos!
7. Leve livros, música, filmes e séries e um diário
Minhas coisas preferidas pra fazer tanto em cafés fofos quanto em parques agradáveis são ler e escrever.
Introvertidos costumam gostar de pensar sobre o que vivem, né? Por isso, um diário de viagem tem tudo pra ser seu grande amigo, além de uma ótima distração.
Um livro e um smartphone com música, filmes ou séries baixados também são ótimos recursos pra curtir a própria companhia. De quebra, servem pra passar uma mensagem pra o mundo: “respeite meu espaço”.
Afinal, quem nunca se deparou com um vizinho de poltrona no avião ou colega de quarto no albergue que não parava de falar? Colocar fones no ouvido ou enfiar a cara num livro são boas formas de sinalizar que, naquele momento, você não tá a fim de conversar.
8. Não se obrigue a ficar sempre com suas companhias
Viajar sendo introvertido não traz desafios só pra o viajante solo, mas também pra quem embarca com companhia. Especialmente, é claro, se seu amigo/amor/familiar for mais extrovertido.
Nesse caso, talvez você fique cansado de interagir com alguém o tempo inteiro, mesmo que goste muito da pessoa. E talvez os interesses sejam diferentes: seu amigo pode querer sair com o pessoal do hostel toda noite, enquanto você prefere dormir cedo e aproveitar o dia.
A boa notícia é que, pasmem, mesmo quando viaja com alguém, vocês não têm que ficar sempre juntos! Dá pra combinarem, por exemplo, de fazer algo juntos à tarde, enquanto à noite a outra pessoa vai pra balada e pela manhã você vai ler na praia. ;)
O mesmo vale pra amigos que você fizer pelo caminho, caso esteja viajando só. Sim, porque mesmo sem fazer esforço, é possível que você encontre pessoas com quem se sente bem e acabe se juntando a elas pra passar um ou vários dias.
Mas por mais que essa nova companhia seja maravilhosa, depois de um tempo talvez você sinta a necessidade de voltar a ficar só. Se for o caso, tudo bem também!
9. Não se importe com o que os outros podem pensar
Outra preocupação comum sobre viajar sendo introvertido tem a ver com o que as pessoas vão pensar.
“O que vão achar de mim quando me virem comendo sozinho num restaurante?”, perguntam vários viajantes prestes a embarcar numa viagem solo. “Se eu ficar ‘na minha’ num hostel cheio de gente, não vou parecer esquisito?”, questionam outros.
Outra notícia incrível: boa parte das pessoas provavelmente não vai nem reparar em você, ou pelo menos não vai perder tempo tirando conclusões sobre seu comportamento. Mas não vou mentir pra você, querido leitor: é possível, sim, que achem que você é estranho, antissocial, tímido, mal humorado ou que não tem amigos.
Mas sinceramente, e daí? Esse é um julgamento superficial e você nunca mais vai ver essas pessoas de novo. Não se preocupe demais com pensamentos alheios, que você não pode controlar.
Tá se sentindo bem consigo mesmo? É isso que importa! Se o fulaninho do hostel ou do restaurante não entender isso, problema dele.
10. Não se coloque numa caixinha
Por fim, sugiro colocar em prática um exercício bem gostoso de fazer quando a gente viaja (especialmente sozinho): não se apegue à ideia de quem você é.
Tudo bem ser introvertido e querer continuar assim, claro! Como já falei, não precisa ter vergonha, nem achar que isso é defeito. Mas tudo bem, também, se você quiser agir de outra forma enquanto tá viajando.
Deu vontade de lutar contra as garras da introversão e se abrir mais pra o mundo de vez em quando? Ótimo! Abrace as oportunidades, não pense que não é capaz de fazer algo porque supostamente não é seu estilo e diga “sim” pra situações que normalmente evitaria.
Viajar, sendo introvertido ou não, é sempre uma ótima chance de se conhecer melhor e entender seus limites e gostos. Mas também é uma oportunidade de rever as histórias que nos contamos sobre nós mesmos.
Cada pessoa é um mundo! Por mais que rótulos como “introvertido” e “extrovertido” sejam úteis pra gente se entender e se identificar com outras pessoas parecidas, eles passam a ser ruins se nos deixam presos numa caixinha.
Tem alguma história pra compartilhar ou tem algum receio ou dúvida sobre como é viajar sendo introvertido? Conta nos comentários!
0 Comentários