8 desvantagens de viajar só e como lidar com elas
Ter total flexibilidade pra fazer seus próprios planos, conhecer gente nova, superar medos, se conhecer melhor… Já falei muito por aqui sobre as vantagens de viajar só, já que sou supermilitante da causa “você não precisa de companhia pra se jogar no mundo” – especialmente no que diz respeito às migas mulheres.
Mas também já dei dicas pra tornar sua viagem solo mais segura e divertida, porque nem tudo são flores, né? Depois de quase cinco meses na estrada, quase sempre só, vim jogar a real de novo e falar sobre as desvantagens desse tipo de viagem – e algumas formas de contorna-las, é claro!
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1. Pagar mais caro
Infelizmente viajar sozinh@ significa não ter com quem dividir alguns custos, começando pela hospedagem. Além de hotéis e pousadas, já encontrei muitos quartos no Airbnb com duas camas ou cama de casal e um precinho super em conta pra uma dupla, mas meio salgado pra mim sozinha.
Também é ruim não poder rachar uma corrida de táxi ou aquele prato no restaurante que você não dá conta de terminar e não dá pra levar o que sobrar. Sem falar em aluguel de carro: os custos podem ser bem altos pra uma pessoa só e muitas vezes não vale a pena.
Como lidar: infelizmente em alguns casos não tem muito o que fazer além de aceitar a facada e economizar em outra coisa pra compensar. Em outros, dá pra encontrar opções mais baratas, como usar transporte público em vez de táxi, viajar de ônibus/trem/carona em vez de alugar carro, se hospedar num quarto compartilhado em albergue ou comer num restaurante mais baratinho.
Por outro lado, estar no controle de todas as decisões pode ajudar a economizar, já que você não tem que ir num restaurante caro ou fazer um passeio que não te interessa só porque sua companhia de viagem tá a fim.
2. Se sentir só
Pode ser difícil passar muito tempo só, especialmente se é a primeira vez em que você viaja assim. Mesmo pra quem ama ficar na própria companhia, é normal rolarem momentos de solidão.
Comigo é assim: geralmente fico plena sem contato com nenhum ser humano, mas em outros dá vontade de ter alguém com quem conversar e dividir as experiências, especialmente quando tou meio triste com alguma coisa ou depois de passar um tempo em boa companhia e ter que seguir viagem sozinha.
Sendo sincera: olhar ao redor e ver grupos de amigos ou casais se divertindo pode, às vezes, dar aquele apertinho no coração.
Como lidar: dependendo da sua personalidade e do “tipo” de solidão que você tá sentindo, existem mil formas de amenizar essa sensação.
Se você quer realmente estar com gente, algumas soluções são puxar assunto com alguém na área comum do albergue, procurar eventos ou mandar mensagens pra pessoas no Couchsurfing (que ficou mais interativo agora que tem um app), procurar no Facebook por grupos de estrangeiros morando naquela cidade, fazer um passeio em grupo tipo os free walking tours ou até perguntar aos seus amigos se eles conhecem alguém que more no destino.
Ou, se você quiser garantir que vai ter companhia, recomendo viajar num esquema tipo work exchange pra trabalhar num hostel ou pousada, como fiz em Paraty e em Budapeste.
Outra opção é fazer o possível pra se sentir melhor consigo mesmo, sem precisar de ninguém: faça coisas que você curte. Ver um filme ou série, escrever, ler um livro e sair pra fotografar são boas formas de se manter ocupado e de boas, e se nada disso adiantar tem sempre as redes sociais pra você encher o saco de amigos ou família desabafando, ouvindo as novidades ou contando sobre a viagem.
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3. Não ter com quem deixar suas coisas
Pra mim essa é uma das partes mais chatinhas. Na maioria das vezes o problema é a hora de ir no banheiro, seja naquele tipo químico que não tem gancho pra pendurar a bolsa, ou quando você tá com a mala/mochilão e o espaço é muito apertado, ou quando você penou pra conseguir uma mesa disponível no bar e vai ter que deixá-la à mercê de outros clientes que tão de olho nela, ou quando você tá trabalhando da estrada e organizou tudo pra usar o laptop num café e precisa levantar…
Quando bate aquela vontade de fazer xixi, vem aquele questionamento profundo: quem vai olhar suas tralhas? Sem falar naquelas situações em que você quer entrar no mar, rio, lago ou cachoeira e tá com coisas de valor na bolsa. Fica aquela dúvida cruel: arriscar ou ficar na vontade?
Como lidar: nos banheiros eu desenvolvi uma estratégia meio contorcionista pra não precisar colocar a bolsa no chão sujo, mas no caso de malas grandes ou um computador às vezes rola de pedir pra alguém (um funcionário do lugar ou um vizinho de mesa que tá lá há um tempo) dar uma olhada nas suas coisas. Ah, e também me acostumei a ir fazer xixi assim que entro no bar/café/restaurante, mesmo sem muita vontade, pra não ter que ir quando estiver instalada. :P
Pra entrar no mar, uma solução é colocar celular e dinheiro naquelas capinhas pra celular à prova d’água (já usei até ziplock pra guardar dinheiro e chave do carro), mas recomendo não mergulhar as coisas na água porque a vedação nem sempre é 100%.
Na Espanha fui à praia levando meu passaporte, porque ia precisar dele depois, e o calor tava tão grande que não consegui resistir a um mergulho. Deixei o bendito no fundo da bolsa, pedi pra uma família ficar de olho e tomei banho de mar rapidinho, sem perder de vista minhas coisas. É chato, mas é o que tem pra hoje, migos.
4.Não poder fazer alguns passeios
Por questões de segurança, não é recomendável fazer algumas atividades sozinho (ou, principalmente e infelizmente, sozinhA). Isso inclui programas como trilhas ou acampamentos em lugares isolados, por exemplo. Já deixei de fazer algumas trilhas porque estaria vulnerável a assaltos, a me perder, a me machucar e não ter como pedir ajuda ou coisas piores. Também existem passeios que precisam de um carro ou barco e não partem sem um número mínimo de pessoas, ou custam uma fortuna pra o viajante solo.
Como lidar: tem quem simplesmente ligue o “foda-se” e vá sozinha mesmo, mas pessoalmente prefiro procurar guias ou companhias. Quando quis fazer trilhas na região da Barra da Tijuca, no Rio, contei com o apoio do pessoal da Rio EcoEsporte, e pra trilhas mais simples tipo as cachoeiras no Jardim Botânico fiquei na entrada esperando chegar algum grupo pra subir junto, e em outro dia aproveitei a visita de uma amiga.
No caso dos passeios que precisam de um número mínimo de pessoas pra acontecer, uma opção é procurar as agências que organizam os tours e pedir pra ser avisado se houver mais interessados, ou então perguntar na sua hospedagem se não tem mais gente querendo ir.
No Vale do Capão, por exemplo, tanto os guias quanto o pessoal das pousadas costuma se articular pra formar grupos quando tem gente “solta” (como era meu caso, e acabei me juntando com uma galera massa). Se mesmo assim não rolar de conhecer uma atração ou outra, tente abstrair: certamente tem muito mais pra se aproveitar ali!
5. Não ter fotos suas
Esse é um “supérfluo” que, em tempos de desnecesselfies, acaba sendo um item importante: sem companhia é mais difícil conseguir aquelas fotos divas pra registrar o que você viveu no lugar.
Pedir pra estranhos tirarem fotos suas costuma não ter o resultado esperado, porque tem muita gente andando por esse mundo sem a menor ideia de composição (quantos horizontes diagonais e quantos pés cortados residem em cartões de memória e feeds do Instagram?) e porque não é tão legal avacalhar com a gentileza alheia pedindo pra repetirem o click até pegar seu melhor ângulo, como você faria com seu namorado/amigo/parente.
Como lidar: felizmente as empresas que fazem gadgets fotográficos já criaram mil soluções pra isso, desde o famigerado pau de selfie a tripés, temporizador, disparo por controle remoto e displays que viram totalmente pra você ver sua carinha linda enquanto aperta no botão.
Eu sempre tive dificuldade pra lidar com selfies, mas com a GoPro me sinto um pouco mais à vontade porque o ângulo mais aberto não faz meu rosto ocupar a tela inteira. E falando em display que vira, recomendo a Canon G7X, câmera compacta bem maravilhosinha.
Seja como for, no fim das contas você tem basicamente duas opções: perder a vergonha (de segurar o pau de selfie ou de incomodar o povo pedindo foto e mostrando exatamente o enquadramento que você quer) ou focar na alegria que é estar ali e abstrair das fotinhas.
6. Não ter companhia pra balada
Não me incomoda comer sozinha num restaurante, mas mesmo que você não goste da ideia dá pra se acostumar ou contornar isso frequentando barraquinhas de rua ou supermercados, por exemplo. A ideia de chegar só numa balada, por outro lado, é um obstáculo maior pra muita gente.
E ainda que a vida noturna não seja prioridade pra mim na hora de viajar, em alguns lugares dá curiosidade de conhecer a night (tipo os barcos-boate em Belgrado ou as baladas famosinhas de Berlim). Estar num grupo de amigos animado faz falta nessas horas, né?
Como lidar: especialmente nesses destinos conhecidos pela vida noturna é quase certo que você vai encontrar companhias pra sair à noite se ficar hospedado num hostel onde dê pra interagir com outros viajantes.
Além disso, a maioria das grandes cidades tem vários pub crawls, passeios em que você paga um valor inicial e vai pulando de bar em bar com uma bebida grátis em cada um e alguns drinking games pra galera socializar (e se embriagar, claro). O ponto alto da minha estadia em Bratislava, por exemplo, foi conhecer uma galera num walking tour, emendar num pub crawl e virar a noite cantando num karaokê (agradeçam porque vocês não tavam lá pra testemunhar isso).
Mas atenção: se assegure de que vai conseguir voltar pra sua hospedagem em segurança mesmo depois de muitos shots de qualquer que seja o destilado típico local. Estando só é sempre bom maneirar um pouco na bebida, ainda mais se você não tá pertinho de “casa”.
7. Ter mais trabalho
Planejar uma viagem dá trabalho; em alguns destinos mais, outros menos, mas sempre tem uma dose de esforço envolvida, a não ser que você pague alguém pra resolver tudo. Decifrar a logística de deslocamento entre destinos, entender a geografia das cidades, buscar hospedagens com bom custo-benefício, pesquisar atrações, se informar sobre o funcionamento de transporte público, troca de moedas e outros detalhes leva tempo e consome um bocadinho de energia.
E quando você viaja só não tem com quem dividir essa pesquisa toda, nem pra quem delegar tarefas durante a viagem (tão bom mandar o amigo decifrar o mapa ou ir pedir informações por você, né? :P). Mesmo que você goste de planejar e fique responsável por isso nas viagens em grupo, às vezes é preciso tomar decisões difíceis e faz falta ter alguém pra dar opinião.
Sem falar que ao viajar por um longo período, como tou fazendo agora, você pode ficar cansado e mais propenso a tomar decisões ruins, se esquecer de pesquisar algo ou se confundir com uma reserva (recentemente comprei duas passagens de ônibus pra dias errados, mas percebi o erro logo antes do horário limite pra mudar sem custos – amém!).
Como lidar: tento trabalhar principalmente o psicológico nesse item, porque não tem muito pra onde correr. Ajuda pensar que ao menos você tá se envolvendo plenamente em todas as fases da viagem; quando tem alguém resolvendo as coisas por mim às vezes não entendo tão bem como o lugar funciona ou acabo fazendo atividades que não curto.
Se você tiver algum amigo que já foi pra esse destino (e se ele for uma pessoa legal :D), pode pedir ajuda pra fase do planejamento. E se bater aquela indecisão antes ou durante a viagem, vale consultar pessoas em cujo bom senso você confia, desde sua mãe a um amigo que você conheceu na estrada, pra pedir uma opinião. #independenteperonomucho
8. Administrar todos os perrengues
Se você tiver sorte tudo vai dar certo na viagem e esse item não vai ser um problema, mas quando a Lei de Murphy ataca e você tá com perrengues pra resolver, faz falta ter com quem contar. Quem viaja só pode ficar mais vulnerável a ser alvo de golpes, e também pode cometer mais erros porque não tem ninguém checando nada.
Sem falar naqueles problemas que podem afetar todos os viajantes (tipo um desastre natural, atraso de voo ou cartão de crédito que não funciona) e são mais difíceis de resolver por conta própria. Afinal, não tem ninguém pra te ajudar a manter a calma ou enxergar a melhor solução, ou mesmo pra quebrar aquele galho (tipo o amigo que me emprestou dinheiro na Eslovênia, quando não consegui sacar nada e tinha deixado o cartão reserva em Budapeste).
Como lidar: tentar evitar os perrengues é o primeiro passo; não dá pra controlar tudo nessa vida, mas dá pra tentar, né? :P Você pode fazer isso se informando bem, levando um cartão de crédito reserva pra emergências, salvando na nuvem todos os comprovantes de reservas e cópias dos seus documentos e optando por opções de transporte, hospedagem e passeios que pareçam mais seguras.
Viajando sozinha, fico menos propensa a fazer escolhas “arriscadas”. Também é importante ter um seguro viagem, que pode ajudar muito se você ficar doente, sofrer um acidente ou passar por algum imprevisto na viagem, tipo assalto, voo cancelado ou mala perdida.
Além disso, felizmente vivemos numa era conectada e muitas vezes dá pra pedir ajuda (nem que seja na forma de conselho) usando o Whatsapp ou o Skype, por isso tento sempre ter internet e deixar o telefone carregado. Ah, e claro: respire fundo e saiba que tudo vai se resolver! ;)
E você, também costuma viajar só? Quais desvantagens te incomodam mais e como você lida com elas? Conta aí nos comentários! <3
Crédito da foto em destaque no topo do post: Pexels – licença Creative Commons Zero (CC0)
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Eu aprendi a viajar sozinha e hoje gosto da experiência e me divirto com meus perrengues (sou naturalmente muito atrapalhada). Mas a pior situação que vivi foi uma vez que desamei sozinha — numa me senti tão vulnerável numa viagem :/
Putz, Natalie. Já desmaiei algumas vezes e sei que é uma das piores sensações da vida, imagino como deve ser assustador passar por isso sozinha longe de casa. Infelizmente a gente sempre tá suscetível a alguma situação assim :( Mas ainda bem que não foi algo mais grave, né? :/ No geral, também coleciono alguns perrengues e tenho aprendido a rir deles hahah. Beijo!
Oi Luisa, que vida linda a sua e ainda por cima é muito jovem, o que significa que tens muitos e muitos anos para viver intensamente. É lindo viver a vida assim. Não li todo este post neste momento, devido a outros afazeres, mas o pouco que li, gostei muito. Viajei algumas vezes pelo México e uma vez para Buenos Aires, no México acompanhada, em Buenos Aires, solita. Foi uma experiência maravilhosa! Infelizmente minha desorganização não me permitiu fazer um diário, contando os detalhes, e fico feliz por ver o quanto você é dedicada a este documentar. Na minha próxima viagem me lembrarei de você. Bjs. Deus te proteja sempre.
Vitalina de Assis.
Oi, Vitalina! Que legal seu comentário :) Muito obrigada por tomar um tempinho pra vir compartilhar sua experiência comigo! Espero que na sua próxima viagem você consiga documentar um pouco do que fez e sentiu; além do blog também tenho um diário mais pessoal com algumas observações sobre o que vou vivendo e pensando enquanto viajo e adoro voltar a ele depois de um tempo. Um grande abraço e boas viagens! :D