Viagem pra Dentro

Uma carta pra mim mesma 10 anos atrás: aprendendo a viajar melhor

Viagem pra Dentro | 10/04/15 | Atualizado em 29/03/24 | 3 comentários

O Hypeness tem uma tag chamada “Uma carta pra mim mesmo 10 anos atrás”, em que pessoas de diversas áreas são convidadas a refletir sobre o que fizeram e o que aprenderam nesse tempo. Me lembrei dessa seção ao perceber que faz pouco mais de 10 anos que viajei pra o exterior pela primeira vez.

Desnecessário dizer que mudei um bocado na última década, porque pelamordedeus, todo mundo muda dos 15 pra os 25, né? (assim espero). Igualmente óbvio é o fato de que ainda tenho muito o que aprender em todas as áreas da vida. Mas se eu pudesse, falaria pra Luísa de 2004/2005 um punhado de coisas que aprendi depois de algumas viagens. Então me perdoem a pieguice, mas aqui vai a minha carta ;)

Aprendendo a viajar melhor

Oi, Lu!

Tás prestes a ir visitar tia Becky em San Diego, né? Digo logo que esses 20 dias vão ser massa e a terra do Tio Sam vai ser só o primeiro de muitos países que vais conhecer \o/ Mas pra aproveitar ainda mais essa e todas as outras viagens, tenta deixar de lado as inseguranças e preconceitos, tá? Vais ver que vai valer a pena. Com o tempo, vais aprendendo algumas coisas que vais passar o resto da vida melhorando, mas se liga em algumas delas:

Não tenha vergonha

Se tem uma frase que vais amar daqui a uns anos é “não sou daqui e não vim pra ficar” ;) Essa máxima é libertadora, viu? A gente devia agir sem se importar muito com o que os outros vão pensar em qualquer ocasião, mas quando estamos viajando ou morando fora temporariamente é muito mais fácil fazer isso, simplesmente porque aquele povo que tá ali nunca mais vai te ver de novo.

Então se você não sabe como algo funciona, tente fazer e corra o risco de parecer meio idiota, ou pergunte e corra o risco de parecer meio idiota. Porque ah, e daí se você parecer meio idiota? Só não deixe de fazer.

Aproveite pra praticar o idioma

Ainda és supertímida e tens medo até de ir pedir uma pizza em inglês, língua que já tás estudando há anos. “E se o atendente me perguntar alguma coisa e eu não entender?”, podes perguntar. Simples: pede desculpas, diz que é estrangeira e pede pra ele repetir. Não vai tirar pedaço, prometo. E ainda vai te trazer uma sensação muito boa de independência, além de ajudar a melhorar no idioma.

Entendeu, né? Por mais assustador que pareça, aproveite todas as oportunidades pra falar com outros estrangeiros e principalmente com nativos e não pense demais sobre possíveis erros. A maioria das pessoas vai ter paciência e que se danem as outras :)

Não leve as coisas pra o lado pessoal

Uma americana uó pode gritar contigo pra fechar a porta do carro, outra pode reclamar porque passasse na frente dela enquanto ela olhava os produtos no supermercado, e um espanhol mal-humorado pode te tratar supermal quando tu for fazer o pedido num bar.

Não se incomode: é provável que isso tenha muito mais a ver com os problemas e desajustes desse indivíduo do que contigo, ou até que seja algo cultural mesmo, porque às vezes o que parece grosseria pra uma cultura é normal pra outra. Respire fundo e abstraia.

Não generalize questões culturais

Existem sim várias tendências e características ligadas às diferentes culturas, como a tendência de usar mais imperativos na fala, de conversar num volume mais alto e gesticulando mais, de ter maior ou menor contato físico, formas diferentes de paquerar etc.

Mas tome sempre cuidado ao generalizar um povo a partir de uma ou duas pessoas que você conheceu, especialmente em um contato superficial como turista.  E mais importante: nunca leve a sério demais quando alguém diz coisas tipo “parisienses são grosseiros” ou “argentinos são chatos”; cada um tem sua experiência pessoal, e se deixar influenciar pela dos outros nesse sentido é uma merda.

Aceite o que não pode mudar

Em viagens, assim como na vida, imprevistos acontecem. Se estressar demais por causa deles não resolve nada e só faz piorar o dia. Tente resolver o que der, da forma mais criativa possível, mas tente também aceitar o que estiver além do teu controle. Planos não são criados pra serem imutáveis, passeio nenhum é absolutamente imperdível e todo erro pode virar aprendizado. Foque nisso e tente manter o bom humor sempre.

Não perca o deslumbramento

Em alguns momentos, vais ficar cansada durante a viagem, de saco cheio ou achando o lugar feio. Viajar não é só glamour e diversão, a vida não é uma conta do Instagram. Mas nessa primeira viagem, ainda vais achar tudo incrível – desde a emoção de estar sozinha num avião indo pra outro continente ao cheiro das lojas e casas lá nos states, passando pela programação diferente da TV nas muitas horas de conexão no aeroporto e até, sei lá, pelo jeito de tirar o lixo das casas.

Pode ser que daqui a umas viagens algumas dessas pequenas descobertas percam o brilho e alguns lugares pareçam menos interessantes, mas tente não perder essa “magia”. Não deixe de reparar em todas as pequenas coisas ao teu redor e de perceber a sorte que tens de estar vivendo aquilo tudo, mesmo que pela milésima vez ou num momento de tédio. Viagens são presentes e devem ser tratadas como tal <3

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Prove coisas diferentes

Lá em San Diego tem muita comida com influência dos vizinhos mexicanos, além de várias outras delícias apimentadas, bem temperadas, coisa e tal, mas aos 15 anos ainda tens um paladar bem infantil e vais acabar comendo frango e mac and cheese quase todo dia.

Em breve vais olhar pra trás e se arrepender, porque txarans: comidas mexicanas, bem temperadas e apimentadas vão ficar no topo das tuas preferências culinárias. E mesmo se não ficassem, vale a pena arriscar, viu? Tem muita coisa que pensas que não gostas, mas se apegar a esse pensamento é uó. Gostos mudam e experimentar novos sabores é uma das melhores formas de conhecer um lugar. Deixe de frescura!

Vá com calma

Estudos indicam que 99,99% das pessoas que vão à Europa pela primeira vez pensam que o continente vai desaparecer em breve e que elas precisam conhecer o máximo de coisas em 15 dias. Ok, inventei esse dado, mas a questão é que seja na Europa, nos EUA ou na cidade vizinha, não vale a pena viajar com pressa. Querer espremer mil cidades em uma semana de férias e mil atrações em um dia que insiste em ter apenas 24 horas é receita pra cansaço e estresse.

Não, tu não tens que enfrentar neve pra ir visitar aquele parque que não tem nada de interessante no inverno só porque ele tava no guia. Nem tens que enfrentar filas pra ir naquele museu “onde todo mundo vai” enquanto faz um dia lindo lá fora e o que tu mais quer é deitar na grama e comer cerejas. Relaxe.

Evite gastos e economias desnecessárias

Essa primeira viagem ao exterior vai ser uma das tuas primeiras experiências controlando o próprio dinheiro. Vais se sair até bem, com um gasto equilibrado e um número moderado de quinquilharias do tipo bichinho de pelúcia da Disneyland. Mas em alguns momentos nessa e nas próximas viagens, vais acabar comprando umas coisas inúteis que só fazem ocupar espaço, então é bom ir evitando desde já a ideia de que souvenirs são obrigatórios.

E por outro lado, também vais passar alguns perrengues por pirangagem e aprender a duras penas que certas economias não valem a pena. Só a experiência ensina como chegar de fato a esse equilíbrio, mas vai tentando colocar as coisas na balança, tá?

Registre as experiências

Vais começar essa viagem com um caderninho onde vais registrar pensamentos e acontecimentos. Mas depois de alguns dias, podes acabar deixando o caderninho de lado, e em viagens futuras vais acabar não anotando muita coisa. Não que isso deva ser transformado em uma obrigação (longe de mim querer transformar viagens em chatice), mas tenta lembrar de escrever quando der, beleza? Vais ver que vale a pena poder revisitar no futuro tanto os lugares quanto teus sentimentos.

Converse com as pessoas

Tá certo que é massa conversar com teus tios, teus amigos ou quem quer que esteja viajando contigo no futuro, mas fica a dica: bater um papo com os moradores do lugar e ficar amiga de outros estrangeiros é massa. Vais aprender muito conversando com gente de outras nacionalidades, perguntando sobre seus costumes, observando seus hábitos e compartilhando um pouco do que é ser brasileiro.

Se limitar à companhia dos teus compatriotas é mais fácil, mas indo além vais descobrir trocas incríveis e fazer grandes amigos que não sabem o que é coxinha, mas dividem as mesmas alegrias e angústias e podem te apresentar novas formas de encarar a vida.

Questione-se e evite julgamentos

Quando a gente mergulha em outras culturas, algumas coisas podem parecer estranhas. Superar preconceitos é uma tarefa diária, tanto em casa quanto em outra realidade, e é legal praticar esse exercício desde cedo. Por isso, vai tentando ver as coisas sem teus próprios óculos (figurativos), imaginar o que é estar inserido em outra realidade e questionar teus hábitos e certezas. Esse processo às vezes é difícil, mas vais descobrir que é viciante.

Por último, mas não menos importante: confie em si mesma e não perca nenhuma chance de descobrir o mundo. Vais amar tanto esse negócio de se jogar por aí que vais querer compartilhar aos quatro cantos tuas experiências ^^ Boas aventuras!

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3 Comentários

  1. RFK

    Amei, Luísa! Excelente experiência e dicas para compartilhar com meus alunos de 14 a 18 anos. E que nada de ‘piegas’ ou fotos ‘jegues’. É a verdade e a verdade é sempre beleza! Obrigada e parabéns, mais uma vez…sempre!

    • Luísa Ferreira

      Own :) Eu que agradeço! ^^

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