Marrocos

Viajar sozinha pelo Marrocos: minha experiência e dicas de segurança

É seguro viajar sozinha para o Marrocos? Muita gente me fez essa pergunta quando eu disse que ia passar 10 dias no país norte-africano por conta própria, sem agência e sem companhias. Montei meu roteiro passando por Fès, Chefchaouen, Tânger, Marrakech e Essaouira e estava empolgada, mas confesso que também tinha certo receio.

Antes de confirmar a viagem, conversei com várias mulheres que já tinham viajado para lá sozinhas e quase todas relataram ter passado por alguma situação um pouco chata. Nada grave, mas me falaram de assédios verbais, motoristas tentando cobrar a mais, acordos quebrados em tours, furtos e vendedores insistentes nos souks (mercados).

Por outro lado, também me contaram histórias de amizades com marroquinos, presentes que ganharam só porque elogiaram alguma coisa, ajudas inesperadas que receberam… E absolutamente todas recomendaram muito a viagem. Realmente acho que vale a pena ir sozinha para o Marrocos, mesmo que exija um pouco mais de você que alguns outros destinos.

O país tem uma cultura muito rica, com a mistura de influências amazigh (povos originários da região), árabes e islâmicas, europeias e de outros países africanos. É um destino relativamente barato, com paisagens e monumentos lindos, comidas gostosas e tradições milenares. E em termos logísticos, achei um lugar fácil de viajar. O turismo é uma das principais fontes de renda por lá, e nas últimas décadas houve bastante investimento em infraestrutura.

Se você tem alguma experiência de viagem e for passar por cidades turísticas, pode ficar tranquila: não é nada de outro mundo. E com as dicas deste artigo vai ficar ainda mais fácil você evitar perrengues e curtir muito sua experiência sozinha no Marrocos.

Leia também: O que fazer no Marrocos: meu roteiro pelo país e dicas práticas

viajar sozinha pelo marrocos

O que eu vivi viajando sozinha pelo Marrocos

A boa notícia é que nada do que me contaram de negativo aconteceu comigo. Ninguém me assediou, as abordagens na rua foram poucas, e 99% dos vendedores foram simpáticos e respeitosos. Os atendentes das hospedagens e restaurantes foram sempre solícitos e me trataram bem. Não me senti ameaçada em nenhum momento. Fiquei com a impressão de que não ter um fenótipo muito “de gringa” pode ter ajudado, pelas histórias que ouvi, mas é só uma hipótese.

O único momento em que tive um pouco de medo, muito mais motivado pelo meu imaginário que por alguma ameaça real, foi quando tinha acabado de chegar no país e me perdi na medina de Fez enquanto procurava uma loja para comprar chip de celular. São milhares de vielas labirínticas, eu não tinha internet no celular, não vi outros turistas e não conseguia me comunicar com os moradores, que não falavam nem inglês nem francês.

Alguns grupos de homens jovens me ofereceram ajuda, mas não curti muito a abordagem deles, e como eu tinha escutado que eles poderiam querer no mínimo dinheiro no final (e eu ainda não tinha dinheiro trocado), achei melhor recusar por precaução. Preferi abordar grupos de mulheres e homens idosos. Depois de falar com várias pessoas, acabei achando a saída e foi tudo tranquilo.

Me hospedei em quartos privativos em riads (casas tradicionais marroquinas com um pátio interno), pequenos hotéis e pousadas. Ainda assim, consegui conhecer outros viajantes, incluindo mulheres que também estavam viajando sozinhas pelo Marrocos, e acabei passando bastante tempo acompanhada. Mas mesmo quando estava só, me senti bem, apesar de ficar sempre em um certo estado de alerta.

Como em toda viagem, é preciso entender a realidade local. Sendo um país árabe de maioria muçulmana, existem alguns costumes, como a forma de se vestir e a ocupação dos espaços públicos pelas mulheres, que são diferentes dos nossos. E por mais que no fundo eu sentisse alguns incômodos, não faz sentido uma estrangeira querer impor seu jeito num lugar que está visitando, né? A gente tem que respeitar e se adaptar à realidade local.

Por exemplo, as cafeterias frequentadas pelos marroquinos são espaços predominantemente masculinos. Eles ficam horas conversando, assistindo futebol ou vendo o movimento nas ruas, com outros homens ou sozinhos. Me dava uma sensação um pouco estranha ao ver alguns lugares ocupados só por homens, mas vi também alguns grupos de mulheres em alguns cafés e restaurantes.

Achei um pouco cansativo estar sempre atenta, mas com o tempo fui entendendo melhor como as coisas funcionam por lá e como deveria me comportar. Infelizmente, ser mulher traz riscos mesmo dentro das nossas próprias casas, e se você mora numa cidade grande no Brasil certamente tem que se preocupar um pouco sempre que sai na rua, né?

Se você tem vontade de conhecer o Marrocos sozinha ou não encontra companhia, não deixe o medo te impedir. Com alguns cuidados, é totalmente possível ir para lá sem passar perrengue.

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fez, marrocos

10 Dicas para viajar sozinha pelo Marrocos

Em qualquer viagem sozinha, seja perto ou longe de casa, acho importante se informar bem, ficar atenta aos arredores e confiar na sua intuição. Observe o comportamento das pessoas e não permaneça em lugares ou situações que a deixem desconfortável: com isso você já consegue evitar muitas preocupações.

Fora isso, tem algumas dicas práticas que podem ajudar a tornar sua viagem sozinha pelo Marrocos mais tranquila. Vou compartilhar minhas percepções com base na minha experiência e nos relatos que recebi de outras mulheres.

1. Vista-se de forma discreta

As mulheres no Marrocos não são obrigadas a se cobrir ou usar hijab, por exemplo. Nas grandes cidades você vê mulheres com véu ou sem, de jalaba (tipo um robe largo) e de roupas ocidentais. Só não é comum que elas usem roupas curtas, justas e decotadas, por isso também é importante você evitar.

Prefira peças soltas e compostas, cobrindo os joelhos e, nos lugares menos turísticos ou mais tradicionais, também os ombros. Em primeiro lugar por respeito à cultura local, mas também para se sentir mais confortável. Ouvi histórias de mulheres que ouviam “gracinhas” de alguns homens mesmo estando super cobertas, mas acho que a discrição te faz chamar menos atenção.

Em Chefchaouen, uma das cidades com mais turistas internacionais dentre as que visitei, vi muitas mulheres jovens de short curto e cropped. Lá foi um dos destinos que me pareceram mais transformados pelo turismo, mas ainda assim me parece meio sem noção se vestir ignorando totalmente os costumes locais.

Se você for num período de muito calor, como eu fui, prefira tecidos naturais como algodão ou linho, em tons claros se possível. Recomendo usar vestidos e saias midi ou longos, calças largas de linho ou pantalonas, blusas de manga curta e sandálias ou sapatos confortáveis. Se for na primavera, outono ou inverno, confira as temperaturas e leve também agasalhos adequados.

Ah, e uma ótima dica é levar sempre um lenço na bolsa (dá para comprar na maioria das cidades, se você não tiver um em casa). Assim, você pode cobrir mais os ombros ou o decote se achar necessário, e se proteger do sol em dias quentes ou no deserto.

viajar sozinha pelo marrocos

2. Fique atenta às abordagens

Muitas pessoas no Marrocos são hospitaleiras e simpáticas, mas como em muitos destinos turísticos do Sul Global, onde existe desigualdade e os estrangeiros costumam ter maior poder aquisitivo, pode ter gente querendo tirar proveito de você. Não confie em pessoas que aparecerem na rua oferecendo ajuda ou tours, porque podem te levar para uns lugares nada a ver ou cobrar uma grana alta no final.

Sempre contrate guias credenciados ou peça indicações. Eu fiz passeios guiados em todas as cidades, no esquema de “free walking tour”, em que você paga no final o valor que achar justo (eles sugerem em torno de 10 euros). Encontrei os guias no site GuruWalks e foram todos bons (na foto abaixo, o guia do passeio em Chefchaouen).

Se alguém quiser oferecer algo de graça, como henna, degustação de chás ou algo assim, é provável que cobrem depois. Se aceitar, esteja pronta para pagar. Se alguém insistir muito oferecendo algo, diga com firmeza “La, shukran” (não, obrigada). E em qualquer situação, se eu não curtia a vibe da pessoa, simplesmente não rendia a conversa e ia embora.

free walking tour em chefchaouen, marrocos

3. Evite circular sozinha à noite

Fui para o Marrocos no fim da primavera e já estava escurecendo tarde (por volta das 20h30), então consegui aproveitar bem o dia e voltar para a hospedagem depois do jantar com o dia ainda claro. Mas evitei sair sozinha depois de anoitecer, principalmente quando estava hospedada em ruelas menos movimentadas numa das medinas. Uma das viajantes que conheci em Fez passou por uma situação um pouco tensa assim que chegou, porque se perdeu na medina e um grupo de homens a seguiu de forma meio ameaçadora. Não aconteceu nada grave, mas não foi nada legal.

Em Tânger e Chefchaouen me senti segura nos arredores da minha hospedagem e me preocupei menos, mas em Fez pedi para um alemão que tinha conhecido num walking tour me acompanhar de volta até minha hospedagem quando ficamos na rua até mais tarde, só por precaução. Se você estiver num hostel, fica mais fácil encontrar companhia para sair à noite.

anoitecer em marrakech

4. Idiomas ajudam

Eu falo francês e isso foi útil em muitos momentos, mas nem sempre, porque muita gente fala só árabe marroquino (darija). Nos lugares mais turísticos, inglês ou espanhol básicos costumam funcionar, especialmente em cidades grandes como Marrakech. Vendedores e recepcionistas de hospedagens muitas vezes falam algumas palavras em vários idiomas.

De todo jeito, acho legal aprender algumas palavras básicas em darija para demonstrar respeito e provocar a simpatia do pessoal. Por exemplo, Shukran é “obrigada” e La, shukran é “não, obrigada”, e Salam Alaikum é como um “olá” (a paz esteja com você);

5. Pesquise bem as hospedagens

Fiquei em hospedagens simples, mas com boas avaliações, e gostei de todas. Recomendo checar com atenção as avaliações de hóspedes anteriores, que estão disponíveis em sites de reserva como o Booking.com. Li comentários de outras mulheres antes de reservar, prestando atenção especial ao que falavam sobre o atendimento dos funcionários e sobre a localização, e deu super certo.

Se você tiver disposição para dividir quarto (fiz muito isso quando era mais nova, mas cansei), recomendo ficar em hostels, porque assim você conhece facilmente outros viajantes e pode receber dicas e ter companhia para passeios. Muitos também oferecem tours em grupo.

minha hospedagem em fez

6. Tenha internet no celular

Comentei lá em cima que o único momento em que fiquei um pouco nervosa foi ao me perder na medina de Fez sem internet no celular. Eu poderia ter evitado isso se tivesse comprado um chip de dados já no aeroporto. Acho importante para a segurança você ter como acessar o Google Maps, buscar informações online ou até mesmo entrar em contato com alguém se necessário.

As operadoras Maroc Telecom, Orange e Inwi têm chips de dados com boa qualidade e um pacote de dados válido por 7 ou 10 dias custa de 5 a 10 euros. Eu comprei da Orange e a atendente ativou tudo para mim rapidinho.

7. Fique atenta com os transportes

Me desloquei entre as cidades de trem e ônibus e achei muito tranquilo. Dá para comprar passagens online e as estações que conheci eram muito organizadas. Os trajetos foram confortáveis e houve alguns atrasos, mas nada de mais. Achei bem mais fácil me deslocar por lá do que em outros países em que já viajei sozinha, como a Índia e alguns lugares na América Latina.

Outra opção de transporte comum por lá, mesmo para longas distâncias, é com táxis compartilhados. Não sei falar sobre isso porque preferi evitar – não só por ser mulher, mas porque ouvi relatos de motoristas meio imprudentes e sem cinto de segurança.

Por precaução, evitei me deslocar durante a noite. Quando fui de Chefchaouen para Marrakech, por exemplo, tive que fazer uma parada em Tânger porque não existia transporte direto. Eu poderia pegar um trem noturno para economizar tempo e dinheiro, mas não me senti segura. A outra opção seria passar o dia viajando e chegar em Marrakech tarde da noite, o que também não acho recomendável. Então dormi em Tânger por uma noite e aproveitei para conhecer um pouco a cidade – e adorei! Olha ela aí na foto abaixo, vista do meu hotelzinho.

tanger, marrocos

Dentro das cidades, me desloquei quase sempre a pé, porque os atrativos turísticos costumam ficar numa área pequena. Para ir e voltar da estação de trem/ônibus ou aeroporto, peguei táxis, exceto na chegada. Como estava um pouco insegura, contratei um transfer privativo, oferecido pelo dono da minha hospedagem, para me buscar no aeroporto de Fez.

Foi a primeira vez em que alguém me buscou no aeroporto com plaquinha com meu nome, haha. Paguei caro, mas achei que valeu a pena para não ter que me preocupar com nada no momento da chegada. Depois que me habituei ao país, já estava negociando preços com taxistas e tudo o mais.

É importante saber que é comum por lá as pessoas dividirem o táxi, então não estranhe se entrar em um e já tiver um passageiro, ou se entrar alguém depois de você. Além disso, não deixe de conferir se o taxímetro está ligado, ou então combine o valor da corrida (procure saber antes qual a média para esse trajeto).

Uma dica que recebi foi de evitar pegar táxis na saída de estações de trem e ônibus, onde é mais provável que tentem cobrar a mais ao ver que você é estrangeira. Eu sempre ia para a rua pedir um táxi que estivesse passando, e nunca esperei mais que alguns minutos. Também tem táxis com valor tabelado em alguns aeroportos, em que você paga antes no cartão. Não usei, mas pode valer a pena para quem está chegando.

viagem sozinha pelo marrocos - trem

8. Procure outros viajantes

Também já comentei que apesar de ter ido sozinha para o Marrocos, acabei passando boa parte da viagem acompanhada (quase sempre com mulheres) e acho que isso também me ajudou a me movimentar com mais tranquilidade pelos lugares. Para quem fica em hostel, como falei acima, isso costuma ser fácil; especialmente se você escolher um lugar com uma boa área de convivência. Mas mesmo se você optar por riads, hotéis ou pousadas, como eu fiz, ainda dá para encontrar companhias viajantes.

Minha estratégia foi fazer free walking tours, passeios guiados à base de gorjetas. Logo no primeiro, no meu segundo dia em Fez, dei sorte de encontrar um alemão e duas alemãs, todos viajando sozinhos também. Acabamos passando o resto do dia juntos e passeando no dia seguinte.

Depois disso, reencontrei um deles em Chefchaouen e outra em Marrakech, porque nossos roteiros acabaram coincidindo. Em Chefchaouen conheci também um colombiano que estava trabalhando no hostel onde uma das alemãs tinha se hospedado, e ele me colocou em contato com um pessoal do hostel com quem fui passar o dia em Akchour, lá perto (foto abaixo). E através dele, conheci uma belga que foi junto comigo de ônibus para Tânger, e dei uma volta com ela por lá. Ou seja: se você se abrir, pode fazer ótimas conexões.

amigos que conheci no marrocos

9. Informe-se

Informação é poder, né? Uma amiga belga caiu em alguns pequenos golpes viajando com amigas no Marrocos porque elas não sabiam de algumas das coisas que compartilhei aqui, por exemplo. Se você for viajar de forma independente, como eu fiz, é bom pesquisar sobre a cultura local e ter uma ideia da logística da viagem. Por exemplo, pesquisando descobri que cidades como Chefchaouen e Essaouira costumam ser mais tranquilas para viajantes solo. Me senti super segura em ambas, e também em Tânger, que achei mais cosmopolita. Minha experiência confirmou o que tinha lido e ouvido: achei Marrakech meio caótica demais e vi menos turistas em Fez (o que me fez gostar muito da experiência lá, mas também pode dar uma sensação maior de insegurança).

E isso não só antes de ir para o país. Durante sua viagem sozinha pelo Marrocos, converse com os recepcionistas da sua hospedagem e com outros viajantes para pedir dicas e recomendações, perguntar o valor médio de corridas de táxi etc. Em conversas com quem já estava pelo país há mais tempo, aprendi como funcionavam os ônibus por lá, recebi aquela dica de evitar pegar táxis nas estações, descobri atrações incríveis como Akchour (um passeio de um dia perto de Chefchaouen) e muito mais.

viagem sozinha pelo marrocos

10. Faça seguro-viagem

Não é obrigatório ter seguro-viagem para ir ao Marrocos, mas eu nunca vou para o exterior sem seguro. Quando fiz essa viagem, além dos 10 dias por lá eu ia passar um mês na Europa, então contratei um seguro que fosse aceito tanto na Europa quanto na África. Usei a Seguros Promo, um comparador de planos, para achar a opção com o melhor custo-benefício, e falei com os atendentes para ter certeza de que estaria coberta por lá.

Felizmente não tive que usar o seguro-viagem por lá, mas já precisei em várias outras viagens: no México, na Hungria, na Inglaterra, na Alemanha, nos Estados Unidos… Para quem viaja sozinha, acho esse item ainda mais importante, especialmente em países com cultura e idiomas mais diferentes. Se você ficar doente ou se acidentar sem seguro, vai ser muito mais complicado.

Afinal, vale a pena viajar sozinha para o Marrocos?

Acho que você já sabe minha conclusão, né? Sim! Viajar sozinha pelo Marrocos foi, para mim, uma experiência divertida e segura. É claro que exige atenção e respeito à cultura local, mas não precisa ter medo. E indo sozinha você vai poder vivenciar várias coisas que provavelmente não viveria acompanhada.

Eu sou suspeita para falar, porque adoro viajar só. Justamente porque me permite sair da zona de conforto, me envolver com o ambiente de forma mais profunda, me conhecer melhor e conhecer gente nova. Sentir que estamos superando medos infundados e preconceitos e exercitando nossa independência é massa demais.

Uma das melhores partes da minha viagem pelo Marrocos foi a sensação de conhecer um país diferente, com uma cultura tão intensa, e me virar por conta própria. Gostei demais de ter ido e, se você está na dúvida, vá! Vá com curiosidade, atenção e confiança. Com preparo e mente aberta, é possível viver uma viagem incrível.

Abaixo, mais umas fotos de Chefchaouen, Essaouira e Tânger para te inspirar. Boa viagem!

chefchaouen, no marrocos

essaouira

viagem independente para o marrocos

E você, já viajou sozinha para o Marrocos, ou está planejando ir? Me conta nos comentários!

 

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