Marrocos

O que fazer no Marrocos: meu roteiro de 10 dias pelo país

Fazia tempo que eu queria viajar para o Marrocos. Cheguei até a comprar passagem, quando morava na Espanha 15 anos atrás, e acabei não indo. Nas últimas férias finalmente consegui realizar esse desejo e adorei. Viajei no país por 10 dias e claro que não ia deixar de contar aqui sobre o que fazer no Marrocos viajando de forma independente.

Comecei o roteiro por Fez, para onde voei saindo de Madri, e me surpreendi positivamente. Depois de lá, me encantei pelo azul de Chefchaouen, adorei o charme mediterrâneo de Tânger, conheci o turbilhão que é Marrakech e ainda passei um dia na deliciosa Essaouira, no litoral. Achei um roteiro bem equilibrado e fiquei feliz com minhas escolhas.

Neste post, compartilho meu roteiro completo, como me desloquei entre as cidades e minhas impressões gerais de cada uma. Nos próximos artigos, vou contar com mais detalhes sobre cada lugar e também como foi viajar sozinha pelo Marrocos, com dicas práticas e sinceras para quem está planejando uma aventura parecida.

O que fazer no Marrocos: meu roteiro

Resolvi ir ao Marrocos durante minhas últimas férias na Europa, já que existem muitos voos baratos para lá, principalmente saindo da Espanha. Fui no comecinho de junho, ou seja, no final da primavera. Já estava mais calor do que eu gostaria, mas na maior parte do tempo foi suportável.

Eu tinha 10 dias disponíveis e queria conhecer lugares diferentes, mas sem correr demais. Escolhi começar por Fez porque encontrei um voo muito barato saindo de Madri (com a bagagem ficou 30 euros) e porque fazia sentido para meu roteiro, considerando a distribuição geográfica das cidades que queria visitar.

viagem pelo marrocos - meu itinerário

O itinerário da minha viagem pelo Marrocos ficou assim:

  • Fez: 3 noites
  • Chefchaouen: 3 noites (com bate-volta para Akchour)
  • Tânger: 1 noite
  • Marrakech: 2 noites (com bate-volta para Essaouira)

Muita gente passa dois ou três dias no deserto do Saara, mas eu não acredito em “atrações imperdíveis” e não estava com vontade de fazer esse passeio. É meio cansativo, estava fazendo bastante calor e eu queria viajar de forma mais livre, de acordo com minha vontade em cada dia.

No entanto, os relatos que ouvi de quem foi foram todos positivos, e imagino que seja incrível para quem se sente atraído por desertos. Geralmente se faz várias paradas em lugares bonitos no caminho e se passa a noite num acampamento bem estruturado, com direito a músicas típicas ao vivo.

Se você for, pesquise bem a reputação da agência (existem muitas que oferecem roteiros parecidos). Conheci gente que foi com umas com veículos antigos, sem cinto, e motoristas imprudentes. Se você, assim como eu, não se sente bem com a ideia de andar de camelos, dromedário e afins, pergunte também se é possível usar quadriciclo. Veja também se é possível começar o tour numa cidade e terminar em outra, o que pode facilitar sua logística.

o que fazer no marrocos

Como se deslocar pelo Marrocos

Para chegar e sair do Marrocos vindo da Europa você também pode voar para outras cidades, como Tânger e Marrakech, ou mesmo pegar um ferry para Tânger. Estando no país, é fácil se deslocar para as cidades mais conhecidas.

Fiz todos os trajetos internos de ônibus com a CTM ou de trem com a ONCF. Existem outras companhias de ônibus por lá, mas alguns viajantes que conheci disseram que elas podem ser meio ruins.

Comprei todas as passagens online, nos sites das duas empresas, quando já estava no Marrocos. Os ônibus são confortáveis, mas algumas estradas são cheias de curvas, então vale levar um remédio contra enjoo. Peguei um trem bem moderno e confortável e outro mais antigo e simples, mas ainda assim razoável.

Todas as estações de trem e ônibus por onde passei eram organizadas. Em cidades menores eram mais simples e nas maiores eram mais “arrumadas”, como é de se esperar. Sempre encontrei pessoas que falavam inglês para tirar dúvidas e achei tudo bem sinalizado. Não é preciso imprimir as passagens compradas online; basta mostrar no celular.

Uma observação importante para quem vai andar de ônibus pela CTM é que eles cobram um pequeno valor (equivalente a uns R$ 3) por cada bagagem que vai no bagageiro embaixo do ônibus, e não dá para pagar essa taxa online. É preciso ir no guichê na estação, mostrar a passagem e fazer o pagamento.

Também é comum viajar pelo Marrocos em táxis compartilhados. Eu usei esse serviço para um passeio de um dia a partir de Chefchaouen (fui a Akchour, a 40 minutos de lá), mas tem quem faça distâncias maiores também. Pode ser uma boa opção caso você queira fazer um trecho que é mal conectado por trem, ônibus ou avião, ou se os horários dos transportes forem ruins, mas eu ouvi alguns relatos de motoristas que dirigiam rápido demais e de carros meio desconfortáveis ou sem cinto, então preferi evitar.

Outra opção é alugar um carro. Acho que muitos europeus fazem isso, porque quando estava buscando hospedagem vi muitos comentários relativos a estacionamento. Não conheço nenhum brasileiro que tenha viajado assim, e não sei dizer se vale a pena.

aeroporto de fez

estação de trem em marrakech

O que fazer no Marrocos: destaques de cada cidade

Fez (3 noites)

Entre as cidades que visitei no Marrocos, Fez foi a que me pareceu mais “autêntica”. Vi turistas estrangeiros no souk (mercado), mas muito menos que nos outros lugares, e achei o souk em si menos voltado para turismo. Mesmo na parte antiga da cidade, vi muita gente só vivendo a vida normalmente.

Me hospedei num riad dentro da medina e fui recebida pelo dono do local com um tradicional chá de menta. Logo em seguida, me perdi horrores nos labirintos da medina em busca de uma loja de chip de celular. Pedi informação para várias pessoas e quase ninguém entendia francês ou inglês. Não vi outros turistas e cheguei a ficar um pouco nervosa, mas deu tudo certo no final. Assim que fiquei conectada (e com a benção do Google Maps) e encontrei o souk, comecei a me apaixonar.

No dia seguinte, decidi fazer um free walking tour (aqueles em que você paga o quanto achar justo no final) para me situar melhor na cidade e conhecer outros viajantes, já que era a única hóspede no riad. Escolhi o Funky Walking Tour pelo site GuruWalk, com o guia Abdelali. Achei ele super gente boa e curti muito ter a visão de quem é do lugar.

Durante três horas de caminhada passamos por várias áreas do souk: vimos tapetes, objetos de cobre, sapatos, tecidos, porcelanas, temperos… Também visitamos o curtume Chouara (um dos principais atrativos da cidade), a Universidade de al-Qarawiyyin, considerada a mais antiga do mundo em funcionamento (e foi fundada por uma mulher!) e lindas madraças (escolas islâmicas).

Conheci outros viajantes no tour e visitamos juntos o parque Jnan Sbil, um dos poucos espaços verdes da cidade. No dia seguinte, fomos caminhar pelo bairro judeu (Mellah), passeamos mais pelo souk, ficamos vendo a vida passar em restaurantes com lindas vistas e fomos até ver um jogo de futebol num café cheio de marroquinos.

o que fazer no marrocos - fez

fez

Chefchaouen (3 noites)

Conhecida como “cidade azul”, Chefchaouen (também chamada de Chaouen) era a única certeza que eu tinha quando comecei a planejar o que fazer no Marrocos. Minhas expectativas estavam altas, já que a cidade me lembrava a também azul Jodhpur, na Índia, que eu amei.

Muita gente vai lá só de bate-volta, ou fica no máximo uma noite, mas eu resolvi passar mais tempo porque tinham me falado que era um dos lugares mais tranquilos para mulheres viajando sozinhas no Marrocos. Felizmente, Chefchaouen não decepcionou.

A cidade fica a 600 metros de altitude, aos pés das montanhas Rif, e tem várias trilhas e nos arredores. Realmente me senti segura por lá, e achei uma gracinha. Com a maioria das casas na parte antiga pintadas de azul, ela certamente é um dos lugares mais fotogênicos do país. O lado ruim é que achei também muito turística, especialmente em comparação com a experiência que tive em Fez.

Também fiz um free walking tour lá, que foi excelente, e o guia comentou que de fato o turismo é hoje a principal economia da cidade, e que os moradores têm deixado tudo ainda mais azul e colocado alguns “cenários” para fotos com o objetivo de atrair viajantes que buscam lugares “instagramáveis”. Esse não é muito meu estilo, mas com o tempo fui descobrindo outras facetas do destino que vão além das fotos.

Além de caminhar pela linda medina e fazer um tour guiado para entender a história e as tradições do lugar (recomendo demais!), outro passeio que vale muito a pena é ir ver o pôr do sol na Mesquita Espanhola, que fica no alto de uma colina, fora da medina. A caminhada até lá dura uns 20 minutos e não é muito puxada. A mesquita foi construída pelos espanhóis em 1920 e é um ponto clássico para apreciar o fim de tarde.

chefchaouen, a cidade azul do marrocos

o que fazer no marrocos - chefchaouen

Lá em Chefchaouen também tive uma ótima surpresa: não tinha dado muita atenção a essa dica quando pesquisei o que fazer no Marrocos, mas uma alemã que conheci em Fez me falou para ir conhecer Akchour, uma vila nas montanhas a 40 minutos de Chaouen. Me juntei com outros viajantes que conheci e dividimos um táxi coletivo até lá. Com certeza foi um dos pontos altos da minha viagem pelo Marrocos.

Akchour é um lugar onde muitos marroquinos vão passar o dia, especialmente no final de semana. Lá você encontra trilhas leves, poços cristalinos para banho e restaurantes simples à beira do rio. É um passeio de dia inteiro muito gostoso. O lugar é lindíssimo, e mesmo num domingo dava para encontrar áreas tranquilas.

o que fazer no marrocos - akchour

Tânger (1 noite)

Quando pesquisei o que fazer no Marrocos eu nem considerei ir para Tânger, mas acabei passando uma noite lá para facilitar a logística. Não tinha ônibus ou trens diretos de Chefchaouen para Marrakech, e se combinasse o ônibus até Tânger com o trem até Marrakech no mesmo dia eu só chegaria de madrugada, o que não é recomendável.

No fim das contas curti muito essa parada. Só passei uma tarde, uma noite e uma manhã em Tânger, mas me pareceu uma boa cidade para começar o roteiro pelo Marrocos e ir se acostumando aos poucos. Com vibe gostosa à beira-mar, cafés tradicionais e uma medina mais tranquila e menos labiríntica do que as de Fès ou Chefchaouen, a cidade tem um clima acolhedor e um quê europeu.

Não por acaso, aliás: ela já foi uma “zona internacional”, administrada por vários países europeus entre 1923 e 1956. Nessa época Tânger atraiu escritores, artistas e intelectuais de todo o mundo, e ainda hoje tem bairros com arquitetura colonial que lembram o sul da França ou da Espanha (que está a apenas 1h de ferry).

Adorei caminhar pela medina, visitar a Kasbah (fortaleza) com vista para o mar e sentir a brisa refrescante. Acho que vale ir com mais tempo para explorar os museus, praias e parques da cidade.

o que fazer no marrocos - tânger

jantar marroquino em tânger

Marrakech (2 noites)

Já tinham me avisado que Marrakech é um turbilhão, com muitos turistas, vendedores, confusão e motocas que aparecem do nada. A cidade não foi minha preferida e não acho que seja “essencial” em um roteiro no Marrocos, ainda que não me arrependa de ter ido.

Fiquei hospedada pertinho da Praça Jemaa el-Fna, que é tão caótica quanto fascinante, especialmente à noite. Me perdi nos souks, fiz um free walking tour (sim, mais um!), passei por lugares lindos como a Mesquita Koutoubia, visitei o Museu de Artes Culinárias, passei horas admirando a Madraça Ben Youssef e fiz algumas comprinhas.

Ia ficar dois dias e meio lá, mas depois de um dia e meio já senti vontade de ir embora. Tem vários outros atrativos turísticos em Marrakech, como o Jardin Secret, o Jardin Majorelle e os palácios Badi e Bahia. Mas eram todos pagos, e com valores bem mais altos que nas outras cidades, e não me atraíram tanto.

Para completar, estava fazendo muito calor, apesar de ainda não ser oficialmente verão. Então resolvi passar meu último dia no Marrocos em outra cidade que tinham me recomendado muito: Essaouira.

marrakech

roteiro marrocos - marrakech

Bate-volta para Essaouira

A menos de 3 horas de Marrakech, Essaouira é uma cidade litorânea charmosa, com vibe tranquila, mar azul e muito vento. Eu tinha pensado em passar uma noite lá, mas fiquei com preguiça de mudar de hospedagem. Mesmo indo de bate-volta, consegui aproveitar bastante.

Contratei um tour no hostel por 20 euros, com transporte porta a porta em carro confortável. É fácil encontrar passeios do tipo em sites tipo GetYourGuide, se não estiver disponível na sua hospedagem.

Antigamente chamada de Mogador, a cidade é tombada pela UNESCO, com uma medina murada à beira-mar que já foi um importante porto comercial entre África e Europa. A medina é pequena e muito bonita – tanto as ruelas quanto as muralhas ao redor.

É cheia de cafés charmosos e é um ótimo lugar para fazer compras, já que os preços costumam ser melhores do que em Marrakech e os vendedores são menos insistentes. Além de passear por lá, também curti duas das praias locais e dei uma volta pelo bairro judeu. Se você ama frutos do mar, dá para almoçar peixes e outras delícias bem fresquinhos, recém-pescados.

A princípio eu não ia fazer esse bate-volta porque foram, ao todo, umas 5h30 no carro, e achei que seria cansativo. Mas os trajetos foram bem confortáveis, fui cochilando e admirando a paisagem numa boa, e achei que super valeu a pena.

essaouira, marrocos

roteiro marrocos - essaouira

o que fazer no marrocos - essaouira

Custos da viagem ao Marrocos

Achei o Marrocos um país acessível. Gastei 300 euros (atualmente, cerca de R$ 2 mil) com transportes, alimentação e ingressos para atrativos. Vale considerar um valor extra para compras, especialmente se você tiver espaço na mala. Tem muita coisa linda! Eu ia continuar viajando por mais algumas semanas de mochilão, então tive que me controlar e trouxe só umas lembrancinhas.

Com as hospedagens, gastei também cerca de 300 euros ao todo (ou seja, uma média de 30 euros ou R$ 200 por noite). Se estivesse viajando em dupla ou casal, teria economizado nisso. Também daria para gastar muito menos ficando em quartos compartilhados em hostels, mas escolhi ficar em quartos privativos com banheiros privativos. Fiquei em um riad, dois pequenos hotéis e um hostel. Não eram luxuosos, mas eram todos confortáveis, limpos e bem localizados.

Procurei opções bem avaliadas no Booking (sempre coloco o filtro para ver só lugares com nota acima de 8) que tivessem quarto e banheiro privativos e elogios em relação à prestatividade da equipe, para me sentir mais segura. No geral, o custo-benefício me pareceu bom, com exceção de Marrakech, onde as hospedagens eram duas ou três vezes mais caras que nos outros destinos.

A maioria dos meus deslocamentos dentro das cidades foi a pé, mas na chegada e saída peguei táxis, que eram baratos (uns 2 euros por trecho), e muitas vezes compartilhados com outros passageiros que entravam no meio do percurso (não se assuste).

Ouvi histórias de taxistas querendo cobrar a mais, mas sempre combinei o valor antes ou pedi para usarem o taxímetro. Uma dica que recebi (e segui) foi evitar de pegar táxi logo na saída de estações de trem e ônibus, que estão mais propensos a querer tirar vantagem de turistas; eu andava um pouco mais e pedia facilmente um na rua.

Poucos lugares por onde passei aceitavam cartão, então saquei dinheiro várias vezes durante a viagem usando meu cartão Wise, que estava carregado com Euros. Atenção: muitos caixas cobram até 6 euros de taxa por saque, mas os do Al Barid Bank não cobram nada. Vale procurar por esse banco para economizar.

riad em fes

Minhas impressões da viagem ao Marrocos

Eu não fiquei completamente apaixonada pelo Marrocos, mas acho que isso se deve mais a questões pessoais. A cultura é diferente da nossa, mas não tanto quanto na Índia, por exemplo, onde fiquei mais impactada. A arquitetura é linda, mas como morei em Sevilha, onde a influência árabe é muito forte, não era algo super novo para mim. Ainda assim, gostei muito e recomendo demais a viagem!

A cultura é riquíssima e, sendo um país de maioria muçulmana, é importante viajar com a mente aberta. Como mulher viajando sozinha, fiquei meio “em alerta” o tempo todo porque tinha ouvido alguns relatos de situações chatas, mas não passei por nada ruim. Vou escrever em breve um artigo sobre minhas percepções em relação a isso e coloco o link aqui. Em resumo: pesquise bem, respeite a cultura local, evite o verão e não tenha medo! O Marrocos tem muito a oferecer.

Quem sabe um dia eu volto para conhecer outras regiões e fazer umas comprinhas… Espero que essas dicas do que fazer no Marrocos tenham sido úteis. Boa viagem!

 

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