O que fazer no Deserto do Atacama: roteiro e melhores passeios
Admirar o entardecer em infinitos tons de rosê, caminhar por paisagens que parecem de outro planeta, ver animais como raposas, flamingos e lhamas, admirar o céu mais estrelado do mundo, boiar numa lagoa de sal com vista para vulcões, aprender sobre os povos andinos… É difícil escolher minha experiência preferida entre todas as opções do que fazer no Deserto do Atacama, no norte do Chile.
E olha que nós turistas conhecemos só um pedacinho dessa imensidão! O Atacama tem mais de 100 mil km² de área, pegando a fronteira com a Bolívia, a Argentina e o Peru. Mas para conhecer um pouco desse destino queridinho dos brasileiros, você vai fazer base no povoado de San Pedro de Atacama, que é quase um oásis no deserto, e visitar atrativos ao redor dele.
Viajei para o Deserto do Atacama em maio de 2023, depois de anos vendo centenas de fotos e vídeos de amigos que não só foram para lá passear, mas chegaram a morar em San Pedro por anos. Ainda assim, me impressionei com as paisagens, que foto nenhuma consegue traduzir. E gostei mais ainda das informações compartilhadas pelos guias, que valeram por aulas de história, geografia, antropologia e geologia.
Entender um pouco sobre os hábitos dos povos andinos, a importância das cordilheiras dos Andes e de Domeyko, o uso de plantas medicinais e o comportamento dos vulcões e dos animais típicos de lá foi muito legal. E tudo isso com trilha sonora tipicamente chilena, graças ao bom gosto dos guias que nos levaram de van para lá e para cá.
Aqui neste artigo, vou falar sobre o que fazer no Deserto do Atacama: quais são os principais passeios, qual foi meu roteiro em 7 dias de viagem (sendo 5 dias inteiros e dois de chegada e saída) e como é cada um dos tours.
Para mais informações sobre o Atacama, como as melhores épocas para ir, como chegar, onde se hospedar, cuidados com o mal de altitude e outras questões de saúde, o que levar na mala e como levar dinheiro para a viagem, leia meu guia de viagem para o Atacama. Se quiser ir direto para as dicas de hospedagem, veja o post sobre onde ficar no Atacama.
O que fazer no Deserto do Atacama?
Os principais passeios do Atacama, oferecidos por quase todas as agências, atualmente são esses:
- Valle de la Luna
- Vallecito com Micro Abandonada
- Tour Astronômico
- Laguna Cejar
- Lagunas Escondidas de Baltinache
- Geyser el Tatio
- Lagunas Altiplânicas e Piedras Rojas
- Rota dos Salares
- Termas de Puritama
- Cascadas Escondidas
- Valle del Arcoiris
- Sandboard no Valle de la Muerte
- Vulcão Lascar
- Cerro Toco
- Passeio de bicicleta na Garganta del Diablo
Além desses principais, tem alguns outros que vou comentar mais adiante. Para fazer todos os tours no Atacama você precisaria de pelo menos uns 10 dias inteiros. Isso é bem pessoal, como toda decisão em viagem, mas eu particularmente não acho que valha muito a pena fazer tudo. Não é um destino barato e acho que alguns atrativos acabam se tornando meio parecidos depois de vários dias seguidos.
Como disse, fiquei 5 dias inteiros lá e achei uma boa quantidade de tempo. Se quiser incluir algum passeio que exija mais esforço físico, como o tour de bicicleta ou as subidas ao Vulcão Lascar ou Cerro Toco, recomendo deixar um dia mais tranquilo só para isso, quando já estiver mais aclimatado à altitude.
Fechei os tours com a agência Fui Gostei Trips, criada por brasileiros. Eles trabalham em parceria com fornecedores locais, com uma equipe quase toda remota, e atendem por e-mail e Whatsapp, mas têm um espaço físico lá na Rua Caracoles, em conjunto com a agência Zoom.
O atendimento foi ótimo. Tirei mil dúvidas antes de fechar o pacote de passeios, não só sobre o roteiro, mas também sobre as companhias aéreas, transfers, localização da pousada que escolhi etc. E pedi para ajustarem meu roteiro até ficar do jeito que eu queria.
Consegui um cupom de 5% de desconto para quem fechar com a Fui, Gostei Trips por minha indicação: é só pedir seu orçamento sem compromisso por este link e informar o cupom JANELASABERTAS5 quando entrarem em contato com você. Eles também têm tours em Santiago e em Uyuni, na Bolívia.
Meu roteiro no Atacama
Dia 1 – Chegada e Tour Astronômico
Dia 2 – Piedras Rojas e Lagunas Altiplânicas
Dia 3 – Vale do Arco-íris e Vale da lua
Dia 4 – Rota dos Salares
Dia 5 – Laguna Cejar
Dia 6 – Geyser el Tatio e Lagunas Escondidas de Baltinache
Dia 7 – Volta para Santiago
Gostei bastante desse roteiro, que foi planejado pela Fui Gostei Trips. Se fosse para deixar algo de fora, seriam as Lagunas Escondidas de Baltinache, que não achei tão impressionantes depois de já ter visto outros lugares lindos e entrado na maravilhosa Laguna Cejar. O Vale do Arco-íris também não é muito “uau”, mas gostei de ter uma perspectiva mais arqueológica e geológica.
A seguir, vou dar meu relato sobre cada um dos tours que eu fiz no Atacama. Também vou explicar como são os atrativos que eu não conheci, com base nas informações da Fui Gostei Trips.
Mas antes, algumas observações sobre os passeios no Atacama:
- Na maioria dos roteiros tem várias paradas para ir ao banheiro. Quando não tem, os guias sabem de lugares onde dá para ir “ao ar livre” se necessário.
- Em alguns passeios você paga tudo para a agência, mas em outros é preciso levar dinheiro em espécie para pagar as entradas dos parques. Eles vão informar direitinho, mas lembre-se de conferir isso antes de sair da hospedagem para não esquecer a grana. No final deste artigo eu vou falar sobre como levar dinheiro para o Atacama.
- Se você for idoso ou estudante, informe isso à agência e ao guia, porque quase sempre tem desconto. No caso de estudantes, em um dos passeios eles pediram comprovante de matrícula em vez da carteirinha.
Principais passeios no Deserto do Atacama
Tour Astronômico
Esse tour era minha prioridade quando fui planejar o que fazer no Deserto do Atacama. O deserto tem tem as melhores condições do mundo para se observar o céu, por estar longe de grandes centros urbanos, com altitude alta e o clima muito seco. Dá para ver vários corpos celestes, planetas, nebulosas e a via láctea.
Não por acaso, o Atacama obriga o Observatório ALMA (Atacama Larger Milimeter Array), gerenciado por vários países e organizações, com telescópios poderosíssimos. Até a pandemia, era possível visitar o ALMA, sendo necessário reservar com no mínimo três meses de antecedência, mas as visitas foram suspensas e ainda não foram retomadas.
Tá, mas como é esse passeio? Saindo de San Pedro de Atacama, fomos na van da agência até uma região mais afastada do povoado, em um percurso de uns 15 minutos. A ideia é evitar as interferências luminosas da cidadezinha, que atrapalhariam a visibilidade.
Chegando lá, caminhamos um pouquinho até uma espécie de clareira onde havia dois grandes telescópios e cadeiras com mantas para a gente se aquecer.
É importante lembrar que as noites no deserto são bem frias, e dependendo da época do ano as temperaturas podem ficar negativas. Por isso, é bom ir bem abrigado para o passeio – eu usei todos os meus acessórios de frio e ainda achei um pouco congelante.
Sentadinhos nas cadeiras, foi hora de aproveitar aquele grande espetáculo natural. Enquanto observávamos o céu, o guia ia apontando com uma caneta laser algumas estrelas e constelações que podiam ser vistas a olho nu e explicando várias curiosidades sobre o cosmos. Me emocionei pensando em como somos pequeninos diante daquela imensidão!
Em seguida, pudemos observar vários detalhes através dos telescópios. Na época da minha visita, não era possível ver nenhum planeta, mas talvez você dê sorte e consiga ver Saturno, por exemplo. Ainda assim, foi bem legal observar fenômenos astronômicos e tirar dúvidas.
Depois, fomos bater papo sobre o céu e a vida enquanto forrávamos o estômago com uns petiscos e nos aquecíamos com vinho, chá ou chocolate quente (tudo incluído no passeio).
Por fim, uma fotógrafa fez registros profissionais de cada viajante (individualmente e com seu grupo) com a via láctea ao fundo. Uns dois dias depois, as fotos estavam disponíveis para download.
Foi ótimo fazer o tour astronômico já no primeiro dia porque não é um passeio que exige aclimatação à altitude, e como só começa à noite pudemos nos instalar no povoado com calma.
Além disso, é bom não deixar esse tour para o final do seu roteiro porque ele não acontece todos os dias. Se o céu estiver nublado, como aconteceu em outros dias da minha viagem, não dá para fazer o passeio. É bom marcar para o primeiro dia e, caso a visibilidade esteja ruim, ter outros dias para tentar remarcar.
Outro ponto importante: nos dias de lua cheia, algumas agências não fazem o passeio, porque a luminosidade da lua faz com que as estrelas fiquem menos aparentes. A Fui Gostei Trips faz o passeio mesmo assim, mas no formato de “tour lunar”, com foco em observar os detalhes da lua.
Se a observação do céu também for uma das suas prioridades dentre as opções do que fazer no Atacama, vale a pena até conferir as fases da lua para planejar as datas da viagem, se possível.
Piedras Rojas e Lagunas Altiplánicas
Meu segundo dia no Atacama foi dedicado a um dos passeios mais lindos do deserto. É difícil escolher um preferido, mas o chamado Piedras Rojas (pedras vermelhas) e Lagunas Altiplánicas (lagoas altiplânicas) com certeza está no meu TOP 3.
A Fui Gostei Trips colocou esse passeio no começo do nosso cronograma porque ele é considerado um “tour de aclimatação”: nele chegamos a mais de 4 mil metros de altitude, mas vamos subindo aos poucos. Ao todo, a variação é de 2.300 a 4.200 metros, em um percurso de cerca de 400 km. Com a Fui Gostei Trips, o café da manhã e o almoço estão incluídos.
Entre os pontos altos do passeio estão as lindíssimas lagoas Miscanti e Miñiques, onde vimos flamingos muito fofos e aprendemos várias coisas sobre os hábitos deles.
A parada seguinte foi Piedras Rojas, onde passamos cerca de 1h30. Primeiro paramos para ver a vista, depois descemos da van em outro ponto e andamos por cerca de 1.5 km. No final do caminho tem uma lagoa linda, que estava meio congelada, com um visual surreal.
Foi um passeio maravilhoso, mas tinha muuuuito vento, então é bom se preparar com corta-vento e outros acessórios para o frio.
Saindo de lá, paramos para um almoço tardio num povoado simpático e chegamos de volta em San Pedro às 18h.
Vale do Arco-íris
O passeio para o Valle del Arcoiris não consta em todas as listas do que fazer no Atacama e realmente não é dos mais deslumbrantes e fotogênicos, mas achei muito interessante. E tem uma vantagem: geralmente tem poucos turistas lá.
Ele se chama Vale do Arco-íris por causa das cores dos sedimentos nas montanhas da região, como o carbonato de cálcio (branco), argila (vermelha) e óxido de cobre (verde). É muito bonito. Além disso, existem pinturas rupestres super bem conservadas por lá.
Esse atrativo fica a 3.200m de altitude e a distância total percorrida é 130 km, podendo ser feito numa manhã ou uma tarde. O esforço físico é bem baixo, só uma caminhada leve.
Saímos de San Pedro às 7h20 e chegamos lá uma hora depois. O guia explicou muita coisa sobre as formações geológicas; é um prato cheio para quem se interessa pelo assunto. Na volta, paramos num mirante de onde se vê um cânion lindo. Saímos de volta para San Pedro às 12h e chegamos umas 13h.
Vale da Lua
No mesmo dia do Vale do Arco-íris, que é um pouco mais “lado B”, fiz um dos passeios mais populares do Atacama: o Vale da Lua, ou Valle de la Luna. Esse atrativo fica bem pertinho de San Pedro e tem baixa altitude (2.400m), então é fácil de ir numa manhã ou tarde nos primeiros dias da viagem. São só 40km de percurso total.
Eu não gosto de falar em atrações “imperdíveis”, mas com certeza recomendo priorizar o Vale da Lua ao escolher o que fazer no Atacama. O lugar realmente parece um cenário de fora desse planeta. Não por acaso, ele foi cenário de filmes como Star Wars e foi usado para testar veículos da NASA antes de irem para Marte. As fotos não fazem jus ao quão surreal é esse lugar!
Nesse dia saímos de San Pedro umas 15h e fizemos várias paradas com a van, algumas em mirantes só para fotos e outras com caminhadas subindo e descendo as dunas – que são firmes, porque ficam sobre rochas, em vez de se moverem com o tempo como as do Saara, por exemplo.
Um dos pontos altos do passeio ao Vale da Lua é o pôr do sol. Vimos o entardecer na Pedra do Coyote, que tem esse nome porque se parece com a pedra do desenho animado (aquele do Papaléguas). Paramos para um lanche com um visual lindão e voltamos para San Pedro ao anoitecer.
Ah, vale ressaltar que dentre os passeios do Atacama mais tradicionais, esse é um dos que envolvem mais esforço físico. É só um pouco de caminhada, só que tem trechos de subida. No meu grupo tinha uma pessoa com dificuldades de locomoção e ela conseguiu fazer o percurso todo, mas se você tiver alguma restrição é bom falar com os guias.
Rota dos Salares
Só dois dos passeios mais populares do Deserto do Atacama duram o dia inteiro: Piedras Rojas e Lagunas Altiplânicas e a Rota dos Salares, que substituiu o antigo passeio do Salar de Tara (onde está sendo construída uma mineradora, infelizmente). A Rota dos Salares é o tour que chega à maior altitude, 4.800 metros.
Nesse dia, saímos de San Pedro por volta das 8h e fizemos a já tradicional parada para café da manhã numa paisagem linda, com vista para o vulcão Licancabur e o Cerro Toco. Como havia poucas pessoas inscritas para o passeio pela Fui Gostei Trips, fomos num carro, e não numa van – só éramos eu, meu pai e um casal.
Passamos a maior parte do tempo no carro, parando só para dar uma espiada nas paisagens e tirar fotos. Fez bastante frio nesse dia, então não achei ruim ficar dentro do carro: em alguns momentos estava uns 4 graus e com muito vento, então parecia até mais frio.
Como indica o nome do tour, passamos por vários salares. Vimos uma parte congelada do rio Quepiaco, a Laguna Diamante com suas cores maravilhosas e aves aquáticas, o salar Águas Calientes e o salar Quisquiro, entre outros atrativos lindos. Além disso, essa é uma das rotas com mais chances de ver animais típicos do deserto.
Já que éramos poucos, conseguimos fazer tudo no nosso ritmo e voltar relativamente cedo. Saímos de volta para San Pedro por volta das 12h e paramos para o almoço, incluído no passeio, já do ladinho do povoado.
Laguna Cejar
Confesso que por mais que estivesse achando tudo lindo até então, sentia falta de interagir mais diretamente com a natureza. Por isso, fiquei empolgada com o passeio para a Laguna Cejar e Laguna Piedras, que chega a 2.300 metros de altitude e fica dentro do Parque Nacional de los Flamencos. Finalmente eu ia poder entrar numa das lagoas – e não era uma lagoa comum, mas uma “inafundável”, devido à altíssima concentração de sal.
Saímos de San Pedro umas 14h30 e chegamos lá uma meia hora depois. Essa região é protegida, então não é permitido fumar nem voar drones e os visitantes têm que andar sempre junto com os participantes do grupo. Além disso, você deve passar protetor solar antes de sair da hospedagem, para reduzir a contaminação das lagoas.
Chegando lá, primeiro passamos no banheiro, onde você pode colocar a roupa de banho (mas recomendo já ir vestido com ela para facilitar). Fomos, então, ver a Laguna Cejar, que estava com pouca água por causa da época do ano, da crise climática e das intervenções humanas, como a mineração e a canalização de rios para abastecer San Pedro. Ainda assim, a paisagem da lagoa em meio ao Salar de Atacama, terceiro maior salar do mundo, é bem bonita.
Depois, chegamos na Laguna Piedras, lagoa de água salgada onde podemos entrar – urrul! Além de muito salgada, a água é super gelada. Algumas pessoas tiveram dificuldade de entrar, mas me acostumei rápido e adorei a experiência de ficar boiando sem fazer nenhum esforço. O visual ao redor é absolutamente incrível e eu amo boiar, então achei uma delícia. Fui a última do meu grupo a sair, hehe.
A permanência máxima era de 30 minutos, tanto para não lotar a lagoa com vários grupos ao mesmo tempo quanto porque não faz bem ficar tanto tempo imerso numa quantidade tão grande de sal.
E falando em sal, é importante tomar cuidado para a água não cair nos olhos, e é bom evitar molhar o cabelo também. Se tiver algum machucado, prepare-se para sentir arder bastante, mas depois passa.
Tem umas barraquinhas junto à lagoa onde você pode deixar suas coisas, mas recomendo levar só o que for muito necessário. Depois do banho, voltamos para a área dos banheiros, que ficam próximos ao estacionamento da van.
A estrutura é boa, com vários chuveiros ao ar livre. A água é fria, mas muito útil para tirar o sal. Depois você pode trocar de roupa em vestiários individuais.
Não se esqueça de levar toalha; de preferência uma que seque rápido, como as de microfibra vendidas na Decathlon. E evite se enrolar ou enxugar com ela quando sair da lagoa, porque aí ela vai ficar cheia de sal. O ideal é deixar para se enxugar só depois de tirar o sal no chuveiro.
De lá, ainda paramos em outra lagoa lindíssima, a Tebenquinche, e nos Ojos do Salar, duas pequenas lagoas de água doce, mais fundas e que refletem muito o que está ao redor. Achei bem interessante! É como se fossem dois buracos meio mágicos – mais um dos cenários “extraterrestres” atacamenhos.
Depois, paramos para um coquetel num ponto lindo com vista para um vulcão de um lado e o pôr do sol do outro. Beliscamos comidinhas com vinho e pisco sour mais uma vez, numa vibe deliciosa. Foi um dia lindo!
Geyser el Tatio
No dia seguinte, chegou a hora do passeio mais frio do Atacama. Confesso que fiquei apreensiva, porque muita gente me falava que esse tour era BEM congelante. Até comprei uma calça, luvas e gorros melhores do que os que levei lá em San Pedro, porque quis estar bem preparada. Mas até que o frio foi mais tolerável do que eu pensava.
Faz tanto frio no tour do Geyser el Tatio porque o passeio acontece justamente no amanhecer, a hora mais fria do dia. É que os gêiseres ficam mais ativos nesse horário, e com uma aparência mais impressionante. Além da hora, outro fator que contribuir com o frio é a altitude, já que chegamos a 4.300 metros.
Saímos de San Pedro um pouco depois das 5h da manhã e chegamos nos gêiseres em cerca de 1h30. O ideal é ir dormindo no caminho, mas boa parte do trajeto é cheia de curvas, então não é tão fácil pegar no sono. Felizmente, senti muita segurança no motorista, porque era realmente uma estrada bem sinuosa.
Chegando lá, aprendemos que esse é o terceiro maior campo geotérmico do mundo e o maior do hemisfério sul. Ali perto fica o vulcão El Tatio, que está dormente, e segundo o guia, isso faz com que aconteçam atividades geotérmicas ao redor, como o surgimento de gêiseres e piscinas termais.
Passamos uns 30 minutos no setor menor e depois fomos para a parte principal, onde ficamos cerca de 1 hora. Nos primeiros 20 ou 30 minutos, o frio era realmente bem intenso, mas quando sai o sol já esquenta bastante.
Depois de percorrer a área, aprender sobre os gêiseres e tirar muitas fotos, fomos tomar café da manhã com vista para o parque, com direito a visitas de gaivotas e raposas. Terminamos o café umas 9h30 e seguimos viagem.
Primeiro paramos num mirante com vista para um alagadiço na área do vulcão Putana. Segundo o guia, ele recebeu esse nome em homenagem a uma prostituta italiana que morreu de pneumonia ali. No alagadiço e na estrada vimos várias aves diferentes; achei bem bonito!
Por volta das 10h30 chegamos no povoado Machuca, que significa “o lugar sagrado” em Quechua. É um povoado minúsculo, com cerca de 40 moradores, e bem fofinho.
Tem uma igreja no topo de uma escadaria, um pequeno museu comunitário e um lugar que vende empanadas fritas de queijo de cabra e espetinho de lhama. Provei e achei gostoso – eles temperam com bastante coentro!
Lagunas Escondidas de Baltinache
Muita gente me falou bem do passeio para as Lagunas Escondidas de Baltinache, mas confesso que ele foi o que eu menos curti. Primeiro porque pegamos uns 40 km no chamado Llano de la Paciencia, uma estrada de terra bem ruim – exige paciência mesmo. Recomendo cobrir o rosto com um lenço se você for alérgico como eu, porque é poeira que não acaba mais, mesmo com as janelas fechadas.
Chegando lá, paramos numa lagoa de água salgada para banho, mas diferentemente da Laguna Cejar, lá não tinha estrutura de duchas nem vestiários. O pessoal da agência levou um galão de água com um jato para tirar o excesso de sal e a troca de roupas era no improviso mesmo. Eu preferi não entrar, porque a lagoa era bem menor que aquela onde eu já tinha entrado e eram só 20 minutos para banho.
Depois fomos caminhando para ver as outras lagoas do complexo, que é rodeado por um solo pedregoso formado de sal, com estruturas irregulares bem interessantes, em cores diferentes de acordo com a quantidade de água e de argila. Achei algumas das lagoas lindas, mas outras eram bem pequenas e meio sem graça.
O passeio das Lagunas de Baltinache fica a 2.400 metros de altitude e envolve só uma caminhada leve. A distância total percorrida é de 115km e dá para fazer o tour numa manhã ou tarde.
É algo bem pessoal, mas se você estiver procurando algum passeio para eliminar da sua lista do que fazer no Deserto do Atacama, eu sugeriria esse. Achei muito bonito (não vi nada feio no Atacama, hehe), mas foi meio chatinho de chegar e não achei tão diferente do que já tínhamos visto.
A Fui Gostei Trips oferece a possibilidade de visitar também o Magic Bus no mesmo dia, num passeio de dia inteiro com almoço incluído. O Magic Bus é um ônibus que foi abandonado no meio do deserto e fica bem bonito nas fotos. Como não sou muito fã de passeios “só para foto”, não fiz questão de conhecê-lo, mas vale conferir caso faça mais seu estilo.
Na volta para San Pedro, no fim da tarde, paramos para mais um coquetel num lugar lindo e chegamos de volta ao povoado pouco depois das 18h.
Passeios pelo povoado de San Pedro de Atacama
Além dos tours, separe um tempinho para curtir o próprio povoado de San Pedro. A parte turística, ao redor da Rua Caracoles, é bem pequena e dá para percorrê-la em pouco tempo, mas também dá para gastar umas boas horas entrando nas lojinhas e curtindo os restaurantes (vou falar sobre onde comer no Atacama mais adiante). Ah, sem falar nos muitos cachorros de rua, que são fofíssimos e certamente vão te distrair.
Vale muito a pena visitar a Igreja de San Pedro de Atacama, que é uma graça mesmo para quem não é super fã de igrejas como eu. A construção é feita com materiais e técnicas típicas do deserto e o resultado é bem lindinho por fora e principalmente por dentro.
Numa manhã livre, eu e meu pai pegamos uma das bicicletas que ficam disponíveis para os hóspedes na pousada onde nos hospedamos e fomos dar uma volta pelas ruas mais distantes da Caracoles. Foi bem legal para sair um pouco da “bolha turística”. Se possível, recomendo também pegar uma bike um dia. Se tiver mais disposição e tempo, você pode inclusive fazer alguns passeios de bicicleta por conta própria nos arredores do povoado.
Foi nesse rolê de bike que descobrimos, por acaso, o Museu do Meteorito, que fica a uns 500 metros da Rua Caracoles, mas meio escondido. Infelizmente ele estava fechado, mas apesar de simples, pareceu ser interessante. O museu fica dentro de uma tenda esférica, com chão de areia, e lá você pode ver alguns meteoritos expostos e aprender mais sobre esses objetos e outras curiosidades “espaciais”.
O que fazer no Deserto do Atacama: outros passeios
Esses foram os tours que eu escolhi fazer no Deserto do Atacama, mas como mencionei lá no começo, existem outros.
Um dos mais populares é o das Termas de Puritama, piscinas naturais aquecidas por causa das nascentes termais. Elas têm uma temperatura em torno de 35 graus e são rodeadas por vegetação. Esse passeio geralmente precisa ser reservado com antecedência, porque tem um número mais limitado de visitantes por dia. A altitude é 3.500 metros e são 55 km de percurso de ida e volta, podendo ser feito pela manhã ou à tarde. Eu não fiz porque não curto muito águas termais e era um dos tours mais caros.
Entre as rotas menos conhecidas está o passeio das Cascadas Escondidas, que leva a umas quedas d’água pequenas onde é possível tomar banho (com água bem gelada), depois de uma caminhada de menos de uma hora passando por cactos gigantes. A altitude é de 2.900 metros e são 40 km de carro, ao todo.
Para os mais radicais, tem a opção de fazer Sandboard no Valle de la Muerte, que fica bem pertinho do povoado de San Pedro. Parece bem divertido, mas tem que ter disposição para subir as dunas depois de descer, hehe.
Um tour que eu gostaria de ter feito, mas achei que ia ficar muito puxado no meu roteiro, é o passeio de bicicleta pela Garganta del Diablo. Nele você vai para lugares aonde os carros não chegam, e deve ser legal se sentir mais “imerso” no deserto, pedalando. Não é um percurso com dificuldade alta: são ao todo 22 km de bike e o esforço físico é considerado moderado. Mas apesar de não estar numa altitude tão elevada para padrões atacamenhos (2.500 metros), exige um esforço maior que a nível do mar, então é bom se preparar.
Está disposto a enfrentar um desafio nível hard? Um dos passeios mais exigentes dentre as possibilidades do que fazer no Atacama é a trilha de ascensão ao Vulcão Lascar, o mais ativo do Norte do Chile, em que você chega a quase 5.600 metros de altitude. O esforço físico é considerado difícil, especialmente pela altitude, e dizem que o que conta mais é o preparo mental.
Uma alternativa um pouco mais leve é subir o Cerro Toco, um vulcão adormecido. A inclinação é um pouco menor, mas a altitude alcançada é a mesma, então imagino que não faça tanta diferença assim. A vista lá de cima parece incrível, e tanto esse passeio quanto o do Lascar certamente trazem uma sensação muito boa de superação, apesar dos perrengues.
Tem também o Vallecito com Micro Abandonada, passeio para fotos com um ônibus abandonado no meio da Cordilheira de Sal; o voo de balão, que é um tour caro, mas deve ser lindo; a fortaleza de Quítor (Pukará de Quítor, em quéchua); e a Aldeia de Tulor, um sítio arqueológico com casas de adobe de mais de 3 mil anos parcialmente cobertas pelo deserto.
E aí, imaginava que tem tanta coisa para fazer no Deserto de Atacama?
Onde comer no Atacama
Apesar de ser um povoado muito pequeno, San Pedro tem restaurantes legais, desde os mais charmosos e caros aos mais simples, com comida caseira e preços em conta. A maior parte deles fica na Caracoles, principal rua do povoado, e nas ruas paralelas. De modo geral, achei os preços parecidos com os de Santiago.
Se quiser economizar, recomendo procurar os “menus do dia”, com entrada e prato principal por valores bem razoáveis. Outra dica que recebi é ir nos Carritos Licancabur, um lugar perto do campinho de futebol onde ficam uns cinco restaurantes bem simples, de comida caseira, com o melhor preço do povoado.
Acabei não comendo tanto em restaurantes porque não tinha muita fome, já que os passeios sempre incluíam um lanche e às vezes café da manhã ou um coquetel, e na pousada também tinha café da manhã ou um pacotinho de lanche para os dias em que saíamos muito cedo.
No primeiro dia, almocei um “menu do dia” no Karavan, que fica junto do Mercado Blanco, e gostei bastante. O lugar é charmoso, tocava músicas boas e achei o preço justo.
Em outro dia, almoçamos no Jardin Meraki, lugar muito agradável e que parece ficar bem romântico à noite. Pedimos lomo saltado (prato peruano) e achei só gostosinho, mas me disseram que os risotos são bons e bem servidos.
Meu lugar preferido para comer no Atacama foi o Empório Andino, que é uma cafeteria com empanadas muito gostosas. Provei uns quatro sabores e adorei todos. Eles também têm alfajores, outros doces e café de verdade (no Chile, é comum servirem café instantâneo). Também curti o La Franchutería, padaria francesa com bons pães e sucos bem caprichados.
Outros restaurantes famosos por lá são o Adobe e o La Casona, que tem música ao vivo à noite. Uma opção mais barata que me recomendaram foi o Picada del Indio, e para comida vegetariana falaram do Estrella Negra.
Todo mundo fala também da sorveteria Babalu, que tem duas ou três unidades pela Caracoles, com sabores “locais” bem peculiares; vale provar, mas não é barato e não achamos essas coisas todas.
Vale saber que não é permitido beber na rua em San Pedro, assim como no resto do Chile. Também não se pode ficar bêbado nos bares, que supostamente podem ser multados por isso. E geralmente você precisa comer algo para poder beber bebidas alcóolicas, porque a maioria dos estabelecimentos tem licença só de restaurante. Também há várias regras que restringem festas, mas sempre rolam umas farras clandestinas no deserto.
Para curtir a noite, as opções mais badaladas no povoado são o boteco Chela Cabur (foto abaixo) e o karaokê Lola.
E aí, curtiu essas dicas do que fazer no Atacama? Se tiver dúvidas, fala aí nos comentários ou clica aqui para pedir um orçamento sem compromisso à Fui Gostei Trips.
Transparência: este não é um post patrocinado. Escolhi contratar os passeios com a Fui Gostei Trips por conhecer seus fundadores e confiar na seriedade do trabalho deles. O texto não sofreu nenhuma interferência da empresa, mas se você resolver fechar passeios com eles, eu ganho uma comissão que me ajuda a bancar o trabalho aqui no blog e você não paga nada a mais por isso.
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