Nova York: passeio guiado combina gastronomia e história no Lower East Side
O dia em que me apaixonei por Nova York não foi aquele em que vi o Empire State desde o Top of The Rock, nem quando fui até a Estátua da Liberdade. O romance rolou mesmo no meu terceiro dia por lá, começando por um tour da Big Onion Tours que aborda o passado e o presente multiétnicos do Lower East Side a partir da gastronomia.
Andar por essa parte da cidade me trouxe a sensação de cruzar fronteiras entre diversos mundos. Durante o passeio e depois dele, cruzei com senhoras idosas conversando em mandarim, um grupo de jovens negros fazendo rap numa esquina, meninas hipsters indo às compras, turistas tomando gelatto… Tudo junto e misturado, e muito representativo do que fez (e faz) de NY o que ela é: a imigração.
O tal passeio guiado em Nova York, que serve de ótima introdução pra esse aspecto da cultura da cidade, se chama Original Multi-Ethnic Eating Tour e é promovido pela Big Onion desde 1993.
Confesso que inicialmente me interessei pelo tour pela parte do “eating”, já que amo provar comidinhas diferentes, mas gostei mais ainda quando descobri que os guias da empresa são estudantes de pós-graduação em história, têm experiência como professores e conhecem a fundo as particularidades da cidade.
Curti também a explicação pra o nome da empresa, que faz uma brincadeira juntando o termo “Big Apple”, como é chamada a cidade, e a ideia de “descascar camadas de história”, como uma cebola. :)
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Passeio guiado em Nova York
Encontramos nossa guia, Laura, na esquina das ruas Delancey e Essex. Depois de uma conversa inicial e apresentações, passamos umas duas horas caminhando por áreas como Chinatown e Little Italy, enquanto fazíamos paradas pra provar umas 10 comidinhas diferentes. Cada uma era representativa de uma comunidade que faz parte do Lower East Side, como dominicanos, italianos, chineses e judeus.
Começamos aprendendo um pouco sobre a imigração em Nova York. Segundo a guia, atualmente 12% da população dos Estados Unidos nasceu em outros países, e em NYC esse percentual chega a 39%. Em termos nacionais, os principais imigrantes vêm do México, China e Filipinas, enquanto na “Big Apple” as comunidades mais expressivas são da República Dominicana, China e Jamaica.
São pessoas atraídas pelas oportunidades de empregos e pela diversidade da cidade, onde todo mundo dá um jeito de se sentir em casa. Afinal, muitos desses imigrantes criam comunidades bem pautadas na sua cultura de origem, e os recém-chegados não se sentem tão estrangeiros ao encontrar gente que fala o mesmo idioma, pratica a mesma religião e (claro) come as mesmas comidas.
Enquanto andávamos, fomos entendendo a lógica de ocupação do Lower East Side, que começou com muitos alemães, irlandeses e judeus e, a partir dos anos 1960, ficou mais misturada. E o que por muito tempo foi uma região barata, cheia de trabalhadores pobres doidos pra sair de lá, agora é uma zona cobiçada por jovens com grana.
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Comida e história misturados
Entre as delicinhas que comemos, teve desde sweet plantain (banana da terra docinha), representativa do Caribe e América Latina, aos “bialys”, uma espécie de bagel assado de origem polonesa adaptado por judeus novaiorquinos. Visitamos a padaria mais antiga especializada em bialys, a Kossar’s, criada em 1936, bem na hora em que saía uma fornada quentinha. <3
Também comemos um picles bem bom (e olha que eu nem gosto de picles) e um abacaxi em conserva apimentado (ainda mais gostoso). Ambos comprados numa loja chamada The Pickle Guys, que faz todo tipo de comida em conserva.
A parada não foi casual: enquanto provávamos, aprendemos que os imigrantes se espremiam em apartamentos pequenos (eram até 25 pessoas em apês de 2 ou 3 quartos) e não tinham refrigeração, então faziam tudo em conserva pra que durasse mais.
Outro item que curti foi um beef jerkey da Malásia, que é diferente do que normalmente é encontrado nos EUA. Ele representa uma mistura de tradições: segundo a guia, os chineses antigos ressecavam carne pra durar mais, porque era cara e comida muito raramente. E aí os malaios aprenderam isso com eles lá em Nova York, mas adaptaram a receita e fizeram uma versão docinha.
Entre uma comida e outra, também passamos por muitas lojas que vendiam iguarias asiáticas como a famosa fruta fedida durian e várias outras coisas que eu não soube identificar, mas fiquei com vontade de voltar pra provar.
Outra coisa que comemos foi um summer roll vietnamita feito com arroz, tofu, cebola e alface, com um molho apimentado de amendoim. Mas a melhor parte dessa parada foi o lugar escolhido: o Lions Gate Field, um parque bem agradável e aparentemente frequentado quase que 100% por pessoas com origem asiática.
Achei massa ver a galera jogando “american handball”, jogo que eu não conhecia, e descobrir que ele foi introduzido pelos imigrantes irlandeses. Pobres, eles não tinham como praticar esportes que precisassem de muitos equipamentos, então inventaram esse, que só precisa de uma bola e uma parede.
A última parte do tour foi em Little Italy, onde aprendemos que muitos italianos foram pra os Estados Unidos nos anos 1880 pra fugir da depressão econômica e viviam em quarteirões diferentes de acordo com a cidade de onde vinham. Lá, comemos muçarela fresquinha, parmesão, salame e cannoli: tudo delícia, comprado na hora.
Recomendo muito esse tour pra quem entende inglês e quer explorar essa parte tão interessante de Nova York por uma perspectiva diferente. A caminhada é bem leve, e apesar de curtinho, o passeio mistura muitas informações interessantes, comidas gostosas e lugares curiosos. Quer mais o quê? :)
Além do Original Multi-Ethnic Eating Tour, a Big Onion Tours promove vários outros passeios guiados, como um sobre a história do Harlem, outro sobre arte, sexo e rock, um com tema “gangs of New York” e outros focados em regiões como o Financial District, Chelsea e East Village.
Atualmente, esse passeio guiado em Nova York com foco na gastronomia e diversidade étnica do Lower East Side custa 32 USD, porque inclui todas as comidinhas (que valem por uma boa refeição). A maioria dos tours da empresa, no entanto, custa 25 USD (ou 20 USD pra estudantes). Pra saber informações atualizadas sobre horários, preços e disponibilidade dos passeios e fazer sua reserva, acesse o site da empresa.
E você, fez algum passeio guiado em Nova York? Gostou? Conta aí nos comentários!
Fiz o Original Multi-Ethnic Eating Tour a convite da Big Onion Tours. As opiniões expressas aqui são pessoais e não sofreram nenhuma interferência da empresa. O Janelas Abertas preza pela transparência e sempre sinaliza eventuais parcerias. Saiba mais sobre as políticas do blog.
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