Conheça o MBA Atlântico: um ano de estudos em Portugal, Brasil e Angola
“É uma experiência de vida que nos tira da zona de conforto para fazer-nos mergulhar durante três trimestres nas realidades políticas, econômicas, sociais e empresariais de três cidades, de três países, em três continentes. Porto, Luanda e Rio de Janeiro. Três geografias, três culturas e um elemento que nos une: o idioma de Fernando Pessoa, Machado de Assis e Pepetela”, descreveu a jornalista Mona Dourado, minha ex-chefe e amiga. Essa experiência incrível que ela relatou atende pelo nome de MBA Atlântico, um programa de estudos inovador promovido por uma aliança entre Universidades Católicas de Portugal, Angola e Brasil.
Mona participou da sétima edição do programa, que aconteceu entre janeiro e outubro de 2017, e me contou como foi transformador participar desse Master of Business Administration voltado pra “formar gestores vocacionados para a internacionalização através do espaço da língua portuguesa”, como descrito na página oficial.
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Com um trimestre de estudos em cada país, o programa exige dedicação integral e promove mais de 500 horas de aulas e workshops sobre gestão, marketing, finanças e o contexto de cada um dos países, além de quase 200 horas de atividades extras, como visitas a empresas locais, seminários, atividades de team-building e desenvolvimento de um plano de negócios.
O programa é capitaneado pela Católica Porto Business School com parceria da Universidade Católica de Angola e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). De acordo com o site oficial, o participante típico das últimas três edições do MBA Atlântico tem uma idade média de 30 anos e uma experiência profissional média de 8 anos. São pré-requisitos obrigatórios ter concluído o ensino superior e ter no mínimo três anos de experiência profissional.
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Atualmente, o curso completo custa 25 mil euros, incluindo transporte entre países e acomodação. Mas existe a possibilidade de conseguir uma bolsa por mérito, correspondendo ao financiamento de 100%, 75%, 50% ou 25% do valor. Mona, que conseguiu uma bolsa de 100%, conta mais detalhes dessa vivência transformadora:
Como foi a seleção?
No Brasil, atualmente, existem processos seletivos no Recife, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Vi uma palestra de apresentação do programa aqui no Recife e duas ou três semanas depois foram aplicadas as provas, que consistiam em uma redação e um teste tipo GMAT (Graduate Management Admission Test, prova de aptidão lógica e verbal usava pra ingresso em vários programas de MBA). A seleção também incluiu avaliação do currículo e entrevista.
O que está incluído nos custos do curso?
A logística toda fica por conta deles, incluindo as passagens pra ir de um país ao outro e o alojamento em cada cidade. A alimentação e o transporte no dia a dia ficavam a cargo dos alunos. Como em Luanda o transporte é complicado, tínhamos à disposição uma van pra circular pela cidade.
Como era o alojamento?
Em Luanda ficamos alojados junto da faculdade, numa estrutura que se assemelhava a um hotel. No Rio de Janeiro ficamos em um hotel em Ipanema, e no Porto em um seminário ligado à Igreja Católica. Essa acomodação foi a mais espartana, mas também confortável. Sempre tínhamos quartos e banheiros individuais.
Qual era a carga horária?
Tínhamos aulas de segunda a sexta-feira, o dia inteiro: das 9h às 12h30 com um intervalo de meia hora, e depois das 14h a 17h30 com um intervalo de 15 minutos. No Rio de Janeiro o ritmo foi mais pesado e tivemos também aulas nos feriados e num sábado.
Quanto tempo passaram em cada cidade?
O curso começou na cidade do Porto em janeiro e terminou no final de outubro no Rio. Passamos três meses no Porto, dois em Luanda e dois no Rio, voltando sempre para as cidades de origem entre uma etapa e outra por cerca de 30 dias, para resolver burocracias relacionadas ao visto etc.
Quais eram os perfis dos alunos?
Éramos 21 alunos, sendo 9 brasileiros (3 recifenses, 4 cariocas e 2 paulistas). Éramos 8 mulheres e 13 homens com áreas de atuação bem variadas: engenheiro civil, engenheiro de produção, jornalistas, profissionais de RH, advogada, gente de tecnologia, administração, educação física…
E os conteúdos abordados?
Os principais temas foram finanças, marketing, marca, liderança, direito, controle de operações, estratégia, mercados financeiros internacionais, concorrência, negociação e comunicação, cultura e poder nas organizações.
Além das aulas, que tipo de atividades vocês tinham?
Tivemos sessões de coaching muito interessantes, com orientações para aprimorar o CV e o perfil no Linkedin e até uma entrevista de emprego simulada. A entrevista era filmada e depois recebíamos um feedback detalhado sobre o conteúdo, expressão corporal etc. Foi muito interessante.
Também participamos de eventos com o objetivo de trocar ideias com o empresariado local, o que ajudava a entender se você quer empreender ou buscar uma vaga em uma grande empresa. Fomos também a feiras de empregabilidade – um colega inclusive já conseguiu um emprego através delas.
Visitamos também diversas empresas: da Frezite à Schmitt; da Fazenda Quiminha à Tigra, passando pela Jobartis, Café Angola, Bantu Makers e Thompson House; sem falar na Fiocruz e na fábrica de sonhos que é o Projac…
E não posso deixar de mencionar as atividades que almejavam desenvolver “soft skills”. Pode parecer bobagem, mas essas atividades são bem legais. Simulamos reuniões de negócios, por exemplo, e fizemos uma disputa em barco à vela no Rio Douro que nos desafiava a trabalhar em equipe, colaborar e competir na mesma proporção.
Pra completar, um modelo de negócios baseado no Canvas Business Model é desenvolvido como projeto final, que nos desperta a criatividade, o espírito empreendedor e as habilidades de apresentação em público.
Como eram as aulas e avaliações?
Algumas aulas eram mais “tradicionais” e outras mais práticas. Os professores oferecem muitos materiais e caminhos, e o aproveitamento total depende muito de cada aluno. As avaliações também variavam muito de acordo com o perfil do professor; alguns aplicavam provas tradicionais e outros seguiam métodos diferentes.
Sobrava tempo pra conhecer cada lugar?
A carga horária era bem pesada, mas aproveitei cada intervalo. Tinha gente que mal saía do seminário lá no Porto, mas eu andava pela cidade sempre que possível, tentando explorar novos caminhos, e fiz algumas viagens por Portugal. Um dos desafios do curso era justamente gerir seu tempo pra dar conta das atividades e passear ou viajar, se esse era seu objetivo. Viajamos mais em Angola, por ser um destino mais difícil e que despertava muita curiosidade. Fui pra Benguela e também pra o Namibe, onde me encantei com o encontro do deserto com o mar.
Como foi o convívio com os alunos de outros países?
Nessa rota da lusofonia, enriqueci não só o meu currículo, com conhecimentos de negócios, gestão e liderança, mas o meu português, que se misturou a muitos sotaques, tornou-se mais diverso e divertido, ganhou novas expressões, significados e referências literárias.
Levei cuscuz pernambucano, queijo do reino e Chico Science pra Angola e trouxe comigo a elegância do kizomba, além de tecidos e telas que enchem a minha casa de cor e alegria. Amedoim para mim agora é ginguba e o baobá virou imbondeiro. No Porto, deixei minha sombrinha de frevo. E guardo cada gentileza como filosofia de vida. Do Rio, mantenho a energia para seguir em frente.
Só quem já esteve em uma das sete edições sabe o quanto o MBA Atlântico é único. A convivência diária, do pequeno almoço ao jantar, incluindo sete horas de sala de aula mais seminários, grupo de estudos e reuniões estratégicas, impõe-nos um desafio que nenhum big brother é capaz de prever. Tal como nas empresas, precisamos conciliar perfis distintos e equilibrar diferenças, ter sabedoria para liderar e maturidade para ser liderado. Acima de tudo, exercitar a resiliência e aprender a lidar com as consequências de cada decisão.
Quer mais informações? Acesse o site oficial do MBA Atlântico, onde é possível fazer a candidatura online quando as inscrições estão abertas e onde você também encontra uma aba de contato com e-mails e telefones dos responsáveis e pode fazer download da brochura explicativa do curso.
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