Como aprender o básico de um idioma para viajar
“Um idioma diferente é uma visão diferente da vida”, teria dito o cineasta italiano Federico Fellini. Qualquer um que tenha conhecimento de uma língua estrangeira deve concordar: compreender como as pessoas se comunicam é uma das melhores formas de entender outra cultura. Mas esse é só um dos muitos motivos pra você aprender outro idioma para viajar.
Além de facilitar a compreensão do lugar visitado e seu povo, saber falar o básico da língua local ajuda a explorar com mais segurança as áreas com menor estrutura turística, evita que você caia em armadilhas pega-turista e serve como um bom quebra-gelo, tornando as pessoas potencialmente mais simpáticas com você. ;)
Não que seja essencial ser poliglota pra conhecer o mundo, pelamordedeus. Conheço muita gente que viaja sem falar nadica de nada além do português e se vira muito bem, obrigada, ainda que seja preciso ter mais paciência e deixar a vergonha de lado pra se fazer entender. Mas especialmente no caso de viagens mais longas por um só país, chegar lá falando ao menos um pouco da língua pode tornar suas experiências muito mais ricas.
Quer encarar essa empreitada para sua próxima viagem? Então olha só essas dicas pra aprender o básico de um idioma para viajar:
Seja realista e determine metas específicas
Antes de mais nada, ajuste suas expectativas: se você tem pouco tempo disponível, é improvável que atinja algo perto de fluência antes de viajar. E tudo bem! Você não precisa atingir a perfeição. A ideia aqui é conseguir usar frases e expressões básicas pra o dia a dia, conseguir ler placas e se sentir mais confiante.
Por isso, determine metas realistas e específicas. Se seu objetivo for simplesmente “aprender italiano”, você pode facilmente perder o foco estudando detalhes gramaticais que não são essenciais pra o básico da conversação, por exemplo. Ou ficar assustado com a quantidade de conteúdo e perder a motivação.
A dica, então, é escolher um objetivo bem específico, de acordo com o tempo que você tem disponível. Tipo “Aprender frases úteis em alemão em duas semanas, estudando meia hora por dia”, ou “Conseguir conversar o básico em francês em três meses, estudando 10 horas por semana”, por exemplo.
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Faça uma lista de palavras e frases úteis
Se o seu objetivo é só se virar, o jeito mais fácil é comprar um daqueles livros tipo Conversação para Viagem, ou procurar listas de vocabulário básico na internet. Mas quase sempre essas compilações incluem um monte de coisa meio nada a ver – já me diverti muito lendo trechos desses livros com frases que jamais usaria na vida real. E, por outro lado, eles podem deixar de fora assuntos que são pertinentes pra sua realidade.
Comececom o básico do básico, como oi, bom dia/boa tarde/boa noite, por favor, obrigado, “me desculpe, mas eu não falo ____”, quanto custa, onde fica, entrada, saída, banheiro, dias da semana, números etc. E vá acrescentando itens mais pessoais, como termos que você usaria pra se apresentar pra alguém, comidas que você gosta (ou que não pode comer), atividades que você quer fazer etc. Se você já sabe inglês e tá querendo aprender outra língua, o site Omniglot tem boas listas de frases úteis em um monte de idiomas.
Essa listinha serve pra você tentar decorar e também pra salvar no celular (num bloco de notas ou app tipo Evernote) e consultar durante a viagem. Vale a pena anotar ao lado de cada palavra a forma de pronunciá-la, que você pode descobrir usando o próprio Omniglot ou o bom e velho Google Translate.
Caso você pretenda atingir um nível conversacional, os livros da série “tal idioma em 30 dias” da Berlitz/Martins Fontes (disponíveis em línguas como inglês, espanhol, italiano, alemão, mandarim, francês e japonês) são bem legais. Tenho o de italiano e o de alemão e curto porque eles misturam as bases da gramática e o vocabulário importante a dicas práticas como o funcionamento do transporte no país, perguntas que um garçom provavelmente lhe fará num café etc. No entanto, se seu tempo for curto recomendo ignorar boa parte das lições de gramática.
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Use e abuse da internet
Você pode estar estranhando que, em pleno século 21, eu esteja indicando coisas jurássicas como livros e listas, né? Não dispenso métodos mais “tradicionais”, mas é claro que a tecnologia é uma grande amiga. Existem sites e aplicativos de sobra pra você memorizar palavras e frases e completar lições curtinhas meio gameficadas, como Memrise, Duolingo, Babbel e Busuu, ou fazer perguntas pra falantes nativos, como o HiNative.
Além desses, já falei aqui no blog sobre vários outros recursos pra aprender idiomas online de graça, além de dar dicas específicas pra quem tá estudando alemão, espanhol e francês.
Sem falar que durante a viagem você também pode dar uma “trapaceada” e usar a tecnologia pra ajudar, né? Alguns apps até funcionam off-line, mas se possível contrate um plano de internet.
É maravilindo poder jogar no Google aquele nome de comida estranho pra ver uma foto e entender o que é, ou buscar traduções no Google Tradutor ou usando outros apps e recursos de inteligência artificial.
Pratique antes de viajar
Por mais legais que sejam esses apps, sites e livros, a melhor forma de aprender a falar outro idioma para viajar (ou pra qualquer outra finalidade) é falando. Mas você não precisa esperar chegar ao seu destino pra praticar. Se conhece alguém de lá, peça uma ajudinha pra treinar as frases básicas que você tá aprendendo.
Se não conhece, procure um parceiro de intercâmbio linguístico na sua cidade, que muitas vezes são organizados por grupos do Couchsurfing e grandes universidades. A ideia é promover um “match” entre estrangeiros querendo praticar português e brasileiros estudando outras línguas. Já fiz isso na Espanha e no Recife e foi massa. :)
Ou, se nada disso for possível, recorra mais uma vez à internet: sites e apps como iTalki, Conversation Exchange, HelloTalk, Speaky e Tandem são uma mão na roda pra encontrar alguém com quem praticar, ou pagar pouco por algumas aulas online.
Você pode pedir ao coleguinha pra simular situações cotidianas, como pedir uma refeição num restaurante, comprar uma passagem de trem ou pedir instruções pra chegar num ponto turístico. Assim, você vai poder se acostumar com o ritmo de um falante nativo, praticar a pronúncia, perceber de fato quais palavras são mais úteis pra você e identificar quais são suas maiores dificuldades – tudo isso antes de precisar usar a língua no mundo real.
Faça uma imersão no dia a dia
Especialmente se você estiver viajando pra morar por um tempo (ou pra sempre) no destino, nessa fase pré-viagem é legal tentar se inserir o máximo possível no universo do idioma. Pra isso, além de conversar com nativos sempre que possível, você pode ouvir música, mudar o idioma do seu celular e até espalhar post-its pela casa com os nomes de cada coisa (escova de dentes, abajur, liquidificador, máquina de lavar, sofá etc.) na outra língua.
Não tenha vergonha de errar
Por último, a dica mais importante de todas: não adianta você seguir todos os passos anteriores se, na hora H, ficar com vergonha de colocar em prática o que aprendeu. Uma das maiores barreiras pra aprendizados de idiomas é justamente ficar travado com medo de falar algo errado (se você se identificou, saiba que #tamojunto).
Mas é importante lembrar sempre que o fundamental é conseguir se comunicar, e pra isso não importa se você tá conjugando errado, formando a frase de um jeito estranho, usando gestos ou falando com um sotaque muito forte: se sua mensagem for transmitida, tá mais do que suficiente pra um contexto de viagem, ou pra o início da sua inserção em outro país.
Em vez de se sentir meio besta, pense que vários outros turistas estão passando por essa mesma situação. E lembre-se, também, que o simples fato de você estar se esforçando pra se comunicar na língua local já é um mérito enorme. Especialmente em países com idiomas menos comuns, suas frases desajeitadas (mas bem intencionadas) com certeza vão lhe garantir a simpatia e boa vontade de todos com quem se relacionar.
E você, tem outras estratégias pra aprender um idioma para viajar? Conta aí nos comentários!
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