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Work exchange em Paraty: como foi ser “voluntária” numa pousada

Dicas Práticas | 19/06/17 | Atualizado em 12/08/21 | 8 comentários

Um dos meus passatempos preferidos nos últimos meses foi fuçar sites de work exchange e ficar sonhando com os lugares incríveis que poderia conhecer sem gastar com hospedagem – e, claro, com as experiências massa que poderia ter ao trabalhar durante algumas horas por dia em hostels, pousadas e fazendas mundo afora. Foi assim que resolvi fazer meu primeiro work exchange, em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.

Fiquei na Pousada Brunello, à beira-mar da Praia do Jabaquara, que fica a 1 km do charmosíssimo Centro Histórico de Paraty. Encontrei a vaga no Worldpackers, um dos sites que fazem esse link entre viajantes/voluntários e estabelecimentos/indivíduos que procuram gente pra dar alguma ajuda em troca de hospedagem e, em alguns casos, alimentação também.

A oportunidade (que ainda tá no ar aqui) me chamou atenção porque o foco era comunicação digital, área em que já trabalhava no Recife e como freelancer. Também adorei, é claro, o fato da pousada ficar em uma cidade fofíssima que eu tinha muita vontade de conhecer.

O que eu não sabia era que durante o work exchange em Paraty eu ia encontrar uma galera massa e viver um monte de coisa legal! Neste texto, vou contar tudo sobre a inscrição e a experiência.

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Work exchange em Paraty: minha experiência

A inscrição

Numa das madrugas boladonas que passei fuçando o Worldpackers e outros sites do tipo, resolvi enviar minha candidatura pra o Brunello. Sempre que você for se inscrever pra uma vaga nessas plataformas é bom ver atentamente o que eles pedem e o que oferecem em troca e pensar se tá mesmo dentro do que você procura e se você pode dar o que precisam.

Eu não me inscreveria pra uma vaga que pedisse habilidades de programação ou marcenaria, por exemplo, e talvez não topasse trabalhar mais de 6 horas por dia ou ficar hospedada em condições muito precárias. Seja sincero consigo mesmo e pense no que vale a pena pra você. ;)

O que eles ofereciam (hospedagem num quarto duplo, dividido com outro Worldpacker, e café da manhã) me parecia bem justo pelo que pediam em troca (25 horas de trabalho por semana, com duas folgas).

Eles também deixaram claro que não eram um hostel, então o ambiente era mais tranquilo do que baladeiro – achei isso bom porque provavelmente seria tranquilo pra trabalhar nas minhas coisas no tempo livre, e de fato foi.

pousada onde fiz work exchange em paraty

Resolveu se inscrever? Lembre-se que é importante mostrar pra quem oferece a vaga por que você tá interessado nessa posição. Ao escrever pra gerente do Brunello expliquei um pouco sobre meu background, o porquê da minha viagem etc. e falei por que achava essa oportunidade interessante e como podia colaborar.

Ela me respondeu rapidamente, perguntando um pouco mais sobre como eu poderia ajudar, e me aceitou pra vaga. Topei e paguei a taxa do site. Pronto: tava marcada a minha ida. Mais perto da data, a gerente confirmou comigo se eu ia vir e pediu meu Whatsapp, e alguns dias antes avisei a data e hora aproximada em que ia chegar.

O dia a dia

Quando cheguei, tarde da noite, encontrei na recepção outra Worldpacker (“voluntária”) que estava lá há uns 20 dias e me recebeu superbem, explicando como tudo funcionava na pousada (e virou uma amiga querida <3). Dividi quarto com ela por alguns dias, até que ela se mudou pra trabalhar num hostel.

O quarto era bem confortável, com espaço pra guardar as coisas e banheiro privativo, e a estadia também dava direito a um café da manhã delicioso preparado por uma galera massa. :)

No último finde tive que liberar o quarto porque era feriadão e a pousada tava cheia, mas já tinham me avisado sobre essa possibilidade antes. Nesses casos eles dão a opção de ficar numa barraca na área da lavanderia, mas acabei indo pra casa de uma amiga.

Nos primeiros dias, a gerente e o dono da pousada (que mora em Ubatuba) não puderam sentar comigo pra conversar melhor sobre o que precisavam, então fui começando um planejamento digital por conta própria.

Enquanto isso, me pediram pra cobrir os intervalos de almoço e jantar do pessoal da recepção, além da folga do vigia noturno. Essas funções não constavam na descrição da vaga no site e seria bom saber que estavam incluídas, mas não me incomodei; era um trabalho muito tranquilo e durante esses períodos dava pra ir trabalhando no planejamento, editando fotos etc.

piscina da pousada do work exchange em paraty

As pausas dos funcionários duram de 1h a 2h e a folga do vigia é puxadinha, das 23h às 7h, mas só uma vez por semana. Nesses períodos às vezes não tinha nada pra fazer e outras vezes tinha coisas simples como check-in e check-out de hóspedes, atender telefone, receber encomendas do supermercado etc.

No caso de problemas mais complexos eles pediam pra eu anotar o recado e repassar pra um funcionário, já que em duas semanas não ia dar pra eu sacar todas as peculiaridades do funcionamento da pousada.

Durante a madrugada eu tinha que ficar ligada caso algum hóspede precisasse de alguma coisa e adiantar alguns itens do café da manhã: fazer suco de laranja, fatiar frios e colocar a água do café pra ferver. Ficar acordada a noite toda é meio chato, mas nada de mais, e acabei tendo companhia em boa parte do tempo. :)

Me senti super em casa lá, porque os funcionários são muito tranquilos e o ambiente é sem frescura. No tempo livre fiz alguns passeios lindos nos arredores, com o objetivo duplo de produzir conteúdo pra o blog e pra o Brunello, e também curti a cidade em si.

Foram duas semanas de uma rotina nada tediosa, com direito a ir correr à beira-mar, ler e lagartear na areia, passear pelo Centro Histórico, conhecer praias, cachoeiras e alambiques e sair à noite. Só esse amanhecer na orla de Jabaquara já fazia valer o dia. É dos momentos que mais sinto falta quando penso no meu work exchange em Paraty.

nascer do sol na praia do jabaquara

Paraty é uma cidade pequenina, mas cheia de gente que veio de fora e tá aberta pra conhecer pessoas novas. Encontrei uma galera vinda do Rio ou de São Paulo em busca de uma vida mais tranquila e muitos viajantes que tão na estrada há meses ou anos, vivendo de formas não convencionais e inspiradoras. <3

Acabei não trabalhando exatamente 5h por dia com 2 folgas semanais, mas somando o planejamento, conteúdo e as horinhas na recepção, acho que deu mais ou menos isso. A galera lá foi muito legal comigo e me esforcei pra retribuir – ainda tou terminando umas coisinhas pra eles, aliás, e espero não perder contato.

É bom lembrar que a troca precisa ser justa pra os dois lados: ao mesmo tempo em que você deve entender que não tá ali “de favor”, não deve aceitar caso sinta que tá sendo explorado ou que tão exigindo coisas muito diferentes do que foi combinado inicialmente.

 work exchange em paraty

Conclusões sobre meu work exchange em Paraty

Cada estabelecimento lida de formas diferentes com os voluntários de work Exchange. Tem quem seja mais tranquilo como a galera do Brunello, que tem um quadro de funcionários certinho e encara os voluntários como “extras” pra contribuir com algum conhecimento específico ou quebrar um galho quando necessário.

Tem quem seja megaorganizado, com um cronograma de trabalho definido com antecedência, como um hostel onde vou ficar em setembro; e tem quem explore os voluntários, exigindo muitas horas diárias de trabalho pesado em troca de poucos benefícios, como aconteceu com uma amiga.

Por isso, é importante alinhar as expectativas dos dois lados e, se possível, combinar inicialmente um período de permanência mais curto e prolonga-lo caso a experiência dê certo pra todo mundo. Se eu não tivesse outras viagens programadas, certamente ia pedir pra ficar mais um tempinho em Paraty.

rua charmosa de paraty

Acho esse tipo de viagem MUITO massa quando bem aproveitado – não só porque permite economizar, mas principalmente pela vivência de ter uma rotina no destino. Adorei conhecer um pouquinho mais sobre o funcionamento de uma pousada e sei que outros tipos de troca (em fazendas orgânicas, por exemplo) também têm muito a ensinar.

Saiba mais sobre minhas experiências posteriores de work exchange num hostel em Budapeste e na casa de um casal no interior da França, e veja todas as dias que já dei sobre troca de trabalho por hospedagem.

E você, pensa em fazer work exchange em Paraty ou outro lugar? Tem alguma dúvida? Fala aí nos comentários!

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8 Comentários

  1. Valeria Alcantara

    Gostei muito da sua reportagem!

  2. Shirley Dias Santos

    Olá, por qual site você se inscreveu? E qual o tempo máximo estipulado pra ficar no voluntariado?

    • Oi, Shirley! Pelo Worldpackers :) Coloquei o link aí no post e nele você encontra a versão atualizada da vaga, caso ela ainda esteja disponível, incluindo informações como tempo máximo de permanência. Um abraço!

    • Ownn, que linda você! :) São esses comentários que fazem a blogagem valer a pena <3 Obrigada por acompanhar minhas andanças! E sim, espero que a gente se esbarre por aí um dia :D Um abraço!!

  3. Oi Luísa

    Achei muito legal suas dicas, vou para Ubatuba ficar 10 dias e se tivesse visto seu site antes teria economizado muito.Mas vai ser útil para as próximas férias. Desejo a você muita luz Deus te abençõe bjs

    • Oi, Silvana! Que pena, mas dessa vez você curte sem preocupações e na próxima vive essa experiência! :) Um abraço e boa viagem!

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