Recife: como é a visita ao museu Paço do Frevo
Sou do Recife/Com orgulho e com saudade/Sou do Recife/Com vontade de chorar/E o rio passa/Levando barcaça/Pro alto do mar/E em mim não passa/Essa vontade de voltar/Recife mandou me chamar (Antônio Maria)
Tá programando uma viagem ao Recife fora da época do Carnaval? Você pode ter um gostinho da festa o ano todo :) É que esse aí em cima, o Frevo nº 3, é uma das muitas pérolas desse ritmo tão pernambucano que compõem o Paço do Frevo. Uma das minhas atrações preferidas na minha cidade, esse espaço é dedicado à perpetuação da memória e à (re)descoberta dessa manifestação cultural tão bonita. Imperdível!
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O charme do lugar começa pela localização: em frente à Praça do Arsenal, no Recife antigo, região mais turística (e não por isso menos autêntica) da cidade – e, convenientemente, quase do lado do posto de informações turísticas.
Pra completar, o espaço foi instalado num edifício de 1908 onde funcionava a sede da empresa inglesa de telégrafos Great Western e que tava desativado desde 1973. A bela museografia ficou a cargo da cenógrafa teatral Bia Lessa, que esteve por trás da exposição Grande Sertão Veredas, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e mostra que não tá pra brincadeira.
Afinal, o resultado impressiona logo de cara: na entrada, somos recebidos por paredes vermelhas recheadas de nomes de grandes personalidades ligadas ao frevo. Mais à esquerda, encontramos um simpático café, onde é possível provar clássicos locais como o bolo de rolo e o bolo Souza Leão, ou ainda sanduíches e salgados. Atualização em 2017: depois de passar um tempo desativado, o café no térreo do museu atualmente é administrado pela Malakoff, uma das melhores cafeterias da cidade.
Barriga cheia? Sigamos o passeio. Depois de comprar o ingresso, o primeiro ambiente com que você se depara é dedicado a uma linha do tempo do frevo, mostrando a história dessa manifestação artística desde os anos 1900 até hoje.
Ao som do tique-taque, caminhamos entre relógios com vários fuso-horários em meio a paredes pretas rabiscadas de giz – a ideia era que os visitantes acrescentassem à linha do tempo “oficial” suas histórias e fatos “extra-oficiais”, mas no fim das contas acabou virando tudo um emaranhado de nomes de pessoas e rabiscos. Valeu a intenção, hehe.
De lá, suba até o segundo andar, onde fica a sala da exposição temporária. Atualmente, está em cartaz a expo “São José: Territórios do Frevo”, que ressalta a importância desse bairro recifense na criação de memórias afetivo-carnavalescas. Nessa parte, somos recebidos por um coração pulsante que representa a força de São José, e através de vídeos e outros recursos somos guiados por novos olhares sobre o passado e o presente do bairro.
“De que são feitos os dias? De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças, responde Cecília Meireles. (…) No bairro de São José, ruas e praças pulsam carregadas de memória, religiosidade e festa.” (Hugo Menezes e Carmem Lélis, curadores da expo-homenagem).
Por fim, o terceiro andar nos dá o maior presente: a exposição permanente, em uma sala grande com maravilhosos estandartes e flabelos expostos no chão, protegidos por vidros, e decorada por vários outros detalhes que encantam tanto quanto o som do frevo tocando por lá.
Tem fotos do Carnaval pernambucano, representando momentos como a hora de “matar a fome e a sede do folião”. Tem grandes janelas de vidro com trechos de canções lindas e uma vista ainda mais linda da cidade por trás. E tem também o Glossário do Frevo, um recurso interativo que desvenda pra o visitante o significado de palavras como flabelo, evoé e abre-alas (Ficou curioso pra saber o que significam? Vai lá ver!).
O Paço do Frevo também é dedicado à difusão, pesquisa e formação, contando com espaços como escola de dança, escola de música, estúdio de gravação e o centro de documentação “Maestro Guerra Peixe”. Não é, reparem, um museu tradicional cheio de salas e obras pra ver, mas uma visita pra os sentidos. Tudo tá traduzido pra inglês e feito com visível cuidado. Pra ser apreciado com calma e carinho.
Serviço:
Endereço: Praça do Arsenal, 91, Bairro do Recife
Funcionamento: Terças, quartas e sextas das 9h às 18h;
quintas das 9h às 21h; e sábados e domingos das 12h às 19h
Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia). Gratuito nas terças
Mais informações: 3355-9500
(Confirme tudo no site antes de ir!)
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2 Comentários
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Luisa, você está cada dia melhor. E é uma felicidade enorme ver uma jovem jornalista tratando de assunto tão nosso, tão típico e às vezes tão distante.
Parabéns, do velho jornalista Quincas.
Quincas, seus comentários sempre tão gentis! :) Adorei (re)descobrir o frevo lá no Paço e acho ótimo que exista agora um lugar de grande alcance pra pensá-lo e praticá-lo o ano todo, né? Obrigada e um abraço!