Como se apaixonar por Budapeste: saudades antecipadas
Eu vinha sentindo que finalmente tá na hora de ir pra casa. Mas maaaais uma vez tá acabando e fica cada vez mais evidente como tudo isso tem sido incrível e transitório. Pra transformar isso em tradição (vide post anterior sobre Valladolid :P), não resisti a vir falar das coisas que vão deixar saudades em mim quando for embora de Budapeste (pausa pra enxugar as lágrimas).
Dois meses, oito semanas, 62 dias. Não é muito tempo, mas já suficiente pra me apaixonar por Budapeste. Tem sido, afinal, uma experiência totalmente diferente de passar os mesmos dois meses na rotina de sempre, na zona de conforto (e de certa forma, Valladolid já era zona de conforto também). Parece que quando a gente preenche a vida com tantas novidades, o relógio e o calendário assumem um ritmo todo especial, né?
Pra começar, eu aprendi um pouco sobre uma área de trabalho diferente do que eu tava acostumada e me enchi de inspiração. Já comentei que vim fazer um “estágio” na Minority Rights Group, uma ONG que tem como objetivo ajudar minorias e populações indígenas de vários países a lutar pelos seus direitos. O trabalho que eles fazem é muito legal, meu chefe é um cara extremamente inteligente e tudo aqui é aprendizado pra mim – inclusive conviver em um ambiente de trabalho bem diferente de uma redação de jornal e com pessoas de uma cultura diferente da minha e com percursos profissionais diferentes também (e inspiradores).
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Só por isso, a experiência já teria valido muito a pena. Mas não parou por aí, claro. Morar com três meninos também foi massa, seja indo tomar uma cerveja na rua de trás pra me alegrar quando recebi uma notícia muito triste, aprendendo a noiar menos com organização (hehe) ou assistindo It’s Always Sunny in Philadelphia numa quarta-feira cansada. Sem falar em todas as outras pessoas incríveis que conheci e que se tornaram importantes em um espaço de tempo ridiculamente pequeno e até mesmo em quem tava só de passagem, mas deixou lembranças muito bonitas e me ensinou coisas novas.
Esse período também serviu pra que eu aprendesse mais do que nunca a pedir ajuda. Quando tava vivendo num país de língua francesa ou espanhola, conseguia me virar sozinha, muito obrigada. Aqui, até coisas simples como enviar uma carta podiam ser complicadas e contar com a solidariedade de amigos ou de estranhos e não ter vergonha de perguntar e fazer mímicas foi importante ;) Sem falar no amigo Google Translate, claro <3
Outro aspecto interessante foi viver num país sobre o qual sabia tão pouco. Ainda não posso dizer que sei muito, mas o que descobri sobre a Hungria foi fascinante, já que antes minhas referências se limitavam a pouco mais do que “Danúbio azul”, páprica, os banhos termais e o livro de Chico Buarque (que eu ainda não li inteiro! fato a ser corrigido em breve). Minhas impressões continuam sendo superficiais, mas foi gostoso abrir os olhos pra mais um pedacinho do mundo. Em breve, volto pra contar um pouco do que aprendi :)
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E sem mais delongas, aqui está a pequena lista das minhas saudades húngaras antecipadas:
Limonadas, limonadas e mais limonadas em todo lugar – se for com morango, melhor ainda. Os bares maravilhosos: em ruínas, com mil árvores no meio, com decorações bizarras, com tema, com mil ambientes. A vista da Liberty Statue da minha janela do primeiro apartamento. Os ônibus, metrôs e tramways antigos. O enorme pátio interno dos prédios, principalmente do meu, sempre com flores nas varandas. A Liberty Bridge durante o dia e a Chain Bridge à noite. O pé-direito alto dos apartamentos. O Parlamento, a qualquer hora, mas principalmente à noite, chegando na Margaret Island. O Danúbio. O City Park e seus cantinhos delícia. Comprar um monte de Túró Rudi e ficar com peso na consciência, mas acabar comendo tudo em dois dias. Encontrar minha húngara preferida e contar as novidades. Almoçar alguma gororoba delícia no mercado de orgânicos do Szimpla todo domingo e voltar pra casa com queijo ou geleia. Conhecer uma penca de gente nova pelo menos duas vezes por semana. Encontrar os meninos em Oktogon e ir pra os mesmos bares de sempre. Me perder pelo bairro judeu. Comer lángos e kürtőskalács. O café/sebo que parece quintal de casa de vó. A energia inexplicável da cidade. Essa atmosfera de leve estranheza que foi se tornando cada vez mais natural. Ir tomar café com minha colega polonesa no intervalo do trabalho e trocar impressões sobre jornalismo, a vida e nossas burradas. O quanto as coisas mudaram de uma semana pra outra. E o gosto de construir algo novo, de novo. Obrigada, Budapeste :)
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6 Comentários
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Coisa mais linda! Saudade de você e de sua poesia no meu dia a dia (rimou!)
que delícia, Lu! Busapeste deve ser fascinante, especialmente o sebo com cara de quintal de casa de vó <3
É fascinante mesmo :) Difícil de colocar em palavras. Com exceção dos monumentos na beira do rio, não é uma beleza óbvia, sabe? E acho que ias amar o café/sebo e vários outros lugarzinhos do tipo ^^
oh, lu, estou morrendo de saudade por você!
Amei o seu blog! Me identifico muito com tudo que voce escreve! :)
Oi, Juliana! Muito obrigada pelo comentário, fico feliz :) Beijo!