O que fazer em Salta, Argentina: guia completo

Vai viajar para o norte da Argentina e quer saber o que fazer em Salta? Primeiramente, saiba que Salta, além de ser o nome da província, é também o nome da capital do estado. E outra curiosidade é que a capital é conhecida como ‘Salta, La Linda’, por ser uma cidade super charmosa, com clima agradável e bastante segura.

Eu passei algumas semanas lá, enquanto mochilava pela Argentina, e posso dizer que a cidade realmente é encantadora. Ela mistura um pouco da cultura Andina de Jujuy com a modernidade de Mendoza e Córdoba.

A região de Salta fica inserida num vale no meio das montanhas e combina paisagens desérticas, herança ancestral e um povo multicultural, com influências europeias, indígenas e de imigrantes do mundo todo.

E como se não bastasse, Salta ainda abrange a cidade de Cafayate, que é a capital do vinho Torrontés, um vinho branco de altitude típico da Argentina. A região possui vinícolas em meio aos vales montanhosos e elas oferecem visitas guiadas, degustações e refeições em meio aos parreirais.

Já deu para notar que não falta o que fazer em Salta, né? Nesse texto, eu vou falar sobre cada uma das atrações e no final, vou dar uma sugestão de roteiro detalhado dia a dia.

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Onde fica Salta?

A província de Salta fica no norte da Argentina e faz fronteira com o Chile e com a Bolívia. A capital está a apenas 150 km da famosa ‘Ruta 40’, que é uma das estradas mais lindas e longas da Argentina. Ela corta todo o país, de norte a sul.

Salta também faz divisa com várias outras províncias da Argentina, como Jujuy, Formosa, Chaco, Santiago del Estero, Tucumán e Catamarca. Por isso, é um importante eixo geográfico e comercial do norte do país.

O que fazer em Salta

1. A capital: Salta, la Linda

Salta, a capital da província, é o ponto de partida perfeito para explorar a região. Com sua arquitetura colonial bem preservada, praças arborizadas e uma vida cultural intensa, a cidade oferece um cenário encantador e cheio de atrações.

No centro histórico, a Plaza 9 de Julio é o coração da cidade, rodeada por bares, restaurantes e imponentes edifícios históricos. Ali perto, a Catedral Basílica de Salta, com sua fachada rosada, guarda o famoso Santuario del Señor y la Virgen del Milagro, um importante símbolo religioso local.

Para os amantes de história e arqueologia, o Museu de Arqueologia de Alta Montanha (MAAM) é parada obrigatória, exibindo as fascinantes múmias incas conhecidas como “Niños de Llullaillaco”, encontradas no alto de um vulcão.

Já para quem prefere passeios ao ar livre, o Teleférico que leva até o Cerro San Bernardo é uma ótima opção do que fazer em Salta. Lá de cima se tem uma vista panorâmica da cidade e dos vales ao redor.

E para viver a autêntica cultura saltenha, nada melhor que uma visita às peñas folclóricas, restaurantes típicos com música ao vivo e muita animação. Uma boa opção é a peña ‘La Casona del Molino’, uma das mais tradicionais da região.

Não deixe de conhecer também a ‘Calle Balcarce’. Essa é a rua mais animada da cidade, onde a música, a gastronomia e a cultura popular se encontram até altas horas da madrugada.

2. San Lorenzo

San Lorenzo é um pequeno vilarejo a apenas 12km do centro de Salta. Ele é conhecido como ‘Quebrada San Lorenzo’ por ser um vale entre as montanhas, esculpidas pelo rio San Lorenzo.

Ao contrário das paisagens áridas do norte argentino, a Quebrada San Lorenzo é um oásis de vegetação, com grandes árvores, samambaias e orquídeas silvestres. Além de cachoeiras e pequenas piscinas naturais, onde é possível tomar banho e se refrescar. Por lá também é possível fazer trilhas, além de outros passeios privados, como cavalgadas e avistamento de aves.

A vila de San Lorenzo também é conhecida por ser um polo gastronômico, com restaurantes à beira do rio que servem trutas frescas, queijos da região, empanadas, locro, tamales e outras comidinhas típicas do norte argentino.

É possível chegar lá através de transporte público, que sai do Centro de Salta.

3. Cafayate

Cafayate fica a 200 km de Salta capital. No caminho para lá já dá para perceber o quanto de paisagens diferentes a região preserva. A Quebrada de Las Conchas, o Anfiteatro e o Obelisco são algumas das atrações que ficam na própria estrada principal a caminho de Cafayate.

Sugiro alugar um carro para poder aproveitar cada um desses lugares logo na chegada em Cafayate. Mas caso não seja possível, você pode ir de transporte público ou por agências de turismo, enquanto estiver hospedado em Cafayate.

A cidade fica a 2.300 metros de altitude, em meio a montanhas coloridas e uma infinidade de vinhedos. Inclusive, uma das melhores coisas para fazer em Cafayate é visitar vinícolas. Eu indico a ‘Finca las Nubes’, que fica num lugar sensacional e conta com um restaurante, onde você pode almoçar ou passar a tarde tomando vinho produzido ali mesmo.

E caso você goste de natureza e um pouco de aventura, recomendo fazer o passeio para ver as ‘7 Cascadas del Río Colorado’. O início desse passeio fica um pouco após a entrada da Finca las Nubes e é obrigatório contratar um guia local. Logo no estacionamento há um balcão de informações e ali mesmo você contrata o condutor, sem precisar de agendamento. Leve água e lanche e tente ir até a última cascata. É uma paisagem incrível!

Outro lugar que eu adorei conhecer em Cafayate foi o ‘Cabras de Cafayate’. A visita guiada para aprender sobre a criação das cabras e fabricação dos queijos é super interessante, e no final há uma degustação de todos os queijos com vinhos produzidos pela mesma família, Domingo Molina. Além de tudo ser delicioso, o atendimento é ótimo e o lugar maravilhoso.

Para os caçadores de pôr do sol, o local ‘Los Médanos’ é excelente. Fica a 8km do centro da cidade, no meio das dunas de areia e com vista para as montanhas. Eu fui de bicicleta, mas dá para ir de carro ou de táxi.

Outras vinícolas que me recomendaram muito foram a Piattelli, que fica um pouco mais longe do centro, sendo necessário ir de carro próprio ou táxi, e a Domingo Molina, que é da mesma família das Cabras de Cafayate. A Bodega Amalaya, a Finca el Recreo e a Bodega el Esteco também são ótimas opções e um pouco mais perto do centro da cidade.

A Praça Central de Cafayate e o Mercado Municipal também valem a visita, principalmente nos dias de feira artesanal. Ah, e não deixe de experimentar o famoso sorvete de vinho que é servido em todas as sorveterias da cidade.

4. Cachi

Cachi é um vilarejo parado no tempo, com ruas de pedra, casas brancas de adobe e cercado por montanhas. Este povoado é um dos destinos mais autênticos da província de Salta.

A vila fica a mais ou menos 160 km de Salta e de Cafayate. Se você estiver de carro, pode sair de Salta para Cachi e em seguida ir para Cafayate. Caso esteja de ônibus, tanto faz ir até lá a partir de qualquer uma das duas cidades, mas atente-se aos horários de ida e de volta, pois o transporte para lá é bastante limitado.

A estrada para chegar em Cachi é uma das melhores atrações do que fazer em Salta. Se você for através de Cafayate vai passar pela Quebrada de las Flechas e por mirantes sensacionais, que dão a impressão que você está em outro planeta.

Se você for por Salta, por outro lado, vai passar pelo Parque Nacional Los Cardones, onde é possível avistar cactos gigantes e muitos guanacos. Além da Cuesta del Obispo, uma estrada sinuosa que chega até os 3.400 metros de altitude, e da Recta del Tin Tin, uma reta de 18 km no alto da montanha, que faz parte do caminho Inca.

5. San Antonio de los Cobres e ‘Tren a las nubes’

O ‘Tren a las nubes’ é um dos passeios mais icônicos da Argentina. O trajeto pelos Andes chega a mais de 4.000 metros de altitude, cruza 13 viadutos, 2 túneis e 9 pontes, e dura aproximadamente 5 horas.

Do trem é possível ver vales, vulcões e montanhas nevadas. São paisagens impressionantes! Dá para contratar o serviço na cidade de Salta ou diretamente em San Antonio de los Cobres. De Salta, as agências disponibilizam um ônibus de ida e volta até San Antonio. Não é um passeio econômico, mas se você tiver condições financeiras, vale a pena!

6. Iruya

Iruya faz parte da província de Salta, mas é distante de todos os pontos turísticos que eu citei acima. O acesso mais prático é através da província de Jujuy, pela Quebrada de Humahuaca. Caso você tenha tempo para conhecer as duas províncias (Salta e Jujuy), vale a pena colocar Iruya no seu roteiro.

O povoado é encantador, escondido a 2.780 metros de altitude, com uma arquitetura típica andina, com casinhas coloridas de adobe, ruas de pedra, becos e escadarias que se entrelaçam entre as montanhas.

De qualquer ponto do vilarejo você verá o rio Iruya serpenteando pelo cânion, cercado por montanhas coloridas. As pousadas por lá são rústicas, os restaurantes servem comida caseira e o comércio local oferece artesanatos feitos à mão.

A caminhada até o ‘Mirador del Cóndor’ é desafiadora, mas recompensadora. No topo, além de ver os condores sobrevoando o vale, você pode admirar uma vista panorâmica de Iruya e das montanhas. A descida revela novos ângulos do vilarejo, cada um mais bonito que o outro.

E se você colocou Iruya no seu roteiro, não deixe de seguir mais um pouquinho (6km) para chegar até outro vilarejo chamado San Isidro. Ele fica ainda mais alto, a 2.900 metros de altitude, e é mais remoto.

Dá para ir caminhando (cerca de 2 horas) ou de caminhonete 4×4, se preferir mais conforto. Lá, a sensação de estar no “fim do mundo” é ainda mais forte. Perfeito para quem busca tranquilidade e conexão com a natureza.

O que fazer em Salta: roteiro de 7 dias

Para explorar os principais atrativos de Salta (capital, Tren a las Nubes, Cachi e Cafayate) em um ritmo confortável, recomendo um mínimo de 7 dias. Abaixo vou sugerir um itinerário dia a dia:

Dia 1: Salta Capital

• Manhã: Centro histórico (Plaza 9 de Julio, Catedral, MAAM)
• Tarde: Teleférico ao Cerro San Bernardo + Mercado Artesanal
• Noite: Jantar e música na peña folclórica La Casona del Molino

Dia 2: Tren a las Nubes

• Manhã: Saída cedo de Salta em ônibus fretado até San Antonio de los Cobres
• Tarde: Tren a las Nubes (San Antonio de los Cobres → Viaduto La Polvorilla)
• Retorno a Salta no final da tarde
• Noite: Calle Balcarce

Dia 3: Cachi

• Manhã: Alugue um carro em Salta e pegue a estrada pela Ruta 33 (Cuesta del Obispo, Parque Los Cardones, Recta del Tin Tin) até Cachi
• Tarde: Passeio pelo vilarejo (Igreja, Museu Arqueológico, artesanato)
• Noite: Pernoite em Cachi

Dia 4: Cafayate

• Manhã: Viagem pela Ruta 40 (parada na Quebrada de las Flechas e nos mirantes) até Cafayate
• Tarde: Cabras de Cafayate ou vinícola Piattelli + pôr do sol no Los Médanos
• Noite: Volta pela praça central da cidade e descanso

Dia 5: Cafayate

• Manhã: Trilha ‘7 Cascatas del Río Colorado’
• Tarde: Almoço na ‘Finca las Nubes’
• Noite: Jantar na ‘La Casa de las Empanadas’

Dia 6: Retorno a Salta

• Manhã: Viagem pela Ruta 68 (paradas na Quebrada de las Conchas: Garganta del Diablo, Anfiteatro, Obelisco)
• Tarde: Se ainda tiver energia, dá para esticar o passeio até a Quebrada de San Lorenzo
• Noite: Organização para a volta ao Brasil

Dia 7: Retorno ao Brasil

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E aí, gostou das dicas do que fazer em Salta? Espero que sim! Esse roteiro está caprichado com os melhores pontos turísticos da região. Boa viagem!

Texto e fotos por Bárbara Nicoli, colaboradora do blog Janelas Abertas.