O que fazer em Ouro Preto, Minas Gerais
Nem os museus, nem mesmo as igrejas. Arrisco dizer que o que Ouro Preto tem de melhor são as ruazinhas cheias de casas lindas. E, dentro delas, lojinhas, restaurantes, cervejarias… Afinal, essa charmosa cidade histórica mineira é daquelas onde uma caminhada sem rumo é suficiente pra se apaixonar (e malhar as pernas, já que tem ladeira de sobra).
Mas isso não significa que não dê pra fazer uma boa listinha de coisas pra ver por lá, entre um chocolate quente e outro. Afinal, a cidade é cheia de história. Nesse post, compilei algumas sugestões de o que fazer em Ouro Preto. Pra aproveitar tudo com calma, recomendo passar uns três dias por lá.
O que fazer em Ouro Preto
Fundada em 1711 pelos bandeirantes paulistas (que dizimaram vários povos indígenas da região enquanto procuravam ouro por lá), Ouro Preto já se chamou Vila Rica e foi capital de Minas Gerais até 1897.
Hoje, a cidade é praticamente um museu a céu aberto, com um casario colonial super bem preservado (a pernambucana aqui sente inveja por parte de Olinda) e uma infinidade de igrejas que ostentam obras de importantes nomes como Aleijadinho.
A parte histórica de Ouro Preto foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, e além de ser linda o ano todo, abriga eventos culturais como o Festival de Inverno e o Carnaval organizado pelos moradores das Repúblicas Estudantis.
Que são, aliás, uma atração à parte: preste atenção nas placas com os nomes das repúblicas enquanto percorre as “atrações” dessa lista abaixo: algumas são engraçadinhas. ;)
Praça Tiradentes
O coração da cidade é a Praça Tiradentes, que certamente marcou presença nos seus livros de história no colégio. É que ela foi batizada assim porque foi nela que expuseram a cabeça de Tiradentes quando ele foi assassinado por sua participação na Inconfidência Mineira, em 1792.
No lugar, você vai encontrar hoje um monumento em homenagem ao conspirador. Uma curiosidade é que a estátua foi posicionada de costas pra o prédio onde ficava, na época da sua instalação, a residência oficial do governador (achei ousado).
Além do papel simbólico (e da belezura, eu diria), a praça merece atenção porque reúne várias atrações ao seu redor. As principais são o Museu da Inconfidência e o Museu de Ciência e Técnica.
Pensando em visitar outras charmosas cidades mineiras? Veja esse guia completo de Tiradentes, MG no blog Viajando na Janela.
Museu da Inconfidência
Além de ficar num prédio bonito que já funcionou como Casa da Câmara e cadeia, o Museu da Inconfidência é interessante pra quem curte história. Ele reúne desde livros e manuscritos antigos a itens de mobiliário feitos com madeiras nobres, ferramentas usadas pra mineração e muita arte sacra.
No primeiro andar você encontra, por exemplo, uns oratórios com detalhes super bem trabalhados e várias obras de Aleijadinho. Achei legal que os textinhos explicativos estão escritos não só em português, mas também em inglês (muitos equipamentos turísticos Brasil afora pecam nisso).
Atualmente, o ingresso pra o Museu da Inconfidência custa R$ 10 (ou R$ 5 pra estudantes, professores e idosos) e o horário de funcionamento atual é de terça a domingo das 10h às 18h. Confirme antes de ir!
Ah, um detalhe: não é permitido fotografar ou filmar o interior do museu, por isso câmeras e bolsas devem ser guardadas num guarda-volumes disponibilizado na entrada.
Museu da Ciência e Técnica
No lado oposto da Praça Tiradentes fica o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, no prédio que antes era sede do Palácio dos Governadores. Mesmo que você não queira entrar no museu, vale a pena subir até lá pra ver a vista da praça, já que ele fica numa posição mais elevada.
Criado como Museu de Mineralogia em 1877, o espaço inclui hoje exposições sobre diversos assuntos, incluindo História Natural (achei fraquinha, mas tem fósseis e esqueletos de alguns animais interessantes) e Mineração (que explica um pouco sobre a cadeia produtiva dos minérios).
E tem a parte que me fez considerá-lo meu museu preferido por lá: a de Mineralogia, que reúne uma super coleção de pedras lindas, vindas de várias partes do Brasil e de outros países. Em algumas partes eles expõem as pedras brutas junto com versões lapidadas, e é bem interessante fazer a comparação. Passei um bom tempo tentando escolher minha pedra preferida, sem sucesso.
O ingresso pra o Museu de Ciência e Técnica também custa, hoje, R$ 10 (meia entrada por R$ 5) e o funcionamento é de terça a domingo das 12h às 17h. Confirme as informações atualizadas antes de ir. Ah, infelizmente também não é permitido tirar fotos lá dentro.
Rua Direita
Nem precisava realmente colocar essa rua no roteiro, porque vai ser inevitável você passar por ela. A Rua Direita, também chamada Conde de Bobadela, é uma das mais movimentadas de Ouro Preto e conecta a Praça Tiradentes a outras partes legais da cidade.
A rua é cheia de casas centenárias com sacadas simpáticas e janelas com “molduras” coloridas, que abrigam lojinhas, bares, cafés e restaurantes deliciosos. Da manhã até a noite, a Rua Direita costuma ficar cheia de vida.
Casa dos Contos
Além dos muitos lugares pra comer, beber e comprar, a Rua Direita tem atrativos mais “culturais”. Um exemplo é a Casa dos Contos, museu localizado num casarão bem bonito construído entre 1782 e 1787 pra ser a casa de João Rodrigues de Macedo, responsável pela arrecadação do dízimo na Capitania de Minas Gerais.
Quando ouvi falar em “contos” logo pensei em literatura, mas o lugar tem esse nome porque funcionou como sede administrativa da contabilidade pública da capitania. O espaço também teve outros usos: foi Casa de Fundição e até prisão pra inconfidentes.
Na visita você pode ver uma exposição simples com réplicas de moedas e cédulas brasileiras antigas e explicações sobre o processo de fundição, além de visitar uma biblioteca com livros antigos, como uma edição de 1862 de Marília de Dirceu e uma de 1863 de Cartas Chilenas (ambos de Tomás Antônio Gonzaga, caso você tenha esquecido das aulas de literatura).
O que eu mais gostei, no entanto, foi de admirar os detalhes do prédio, desde os suportes pra tochas e roldanas pra lampiões ao piso com pedras tipo pé de moleque que dava acesso aos armazéns e senzalas da casa. Inevitável imaginar como era a vida de quem morava ali… Tanto dos donos da casa quanto dos seus escravos.
Lá você também encontra uma sala com itens do dia a dia dos negros no Brasil, incluindo objetos de tortura. Essa parte não pode ser fotografada porque faz parte de uma coleção privada. Achei bem interessante e acredito que merecia inclusive mais destaque.
As exposições têm textos informativos em português, inglês e espanhol, e funcionários simpáticos também fornecem explicações. Ainda não tá convencido a dar um pulo lá? Saiba que a casa também tem uma vista bonita e que a entrada é gratuita.
O Museu Casa dos Contos funciona atualmente de terça a sábado das 10h às 16h45 e aos domingos e feriados das 10h às 14h45.
Igrejas
Ouro Preto tem uma quantidade surreal de igrejas, às vezes até uma juntinha da outra. Se você se interessar muito por arte sacra, vale a pena montar um roteiro baseado nas ditas cujas, porque as de lá têm ótima reputação por suas características arquitetônicas e pelas obras que ostentam no interior. Algumas têm entrada gratuita, mas em outras é cobrada uma taxa.
Entre as principais, se destaca a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que fica por trás do Museu da Inconfidência e foi construída em estilo Rococó. Vale ir até a entrada mesmo que você não pretenda vê-la por dentro: a vista dali pras casinhas e montanhas, que aparece nas fotos abaixo, foi uma das minhas preferidas em Ouro Preto. Entrada: R$ 3.
Descendo a Rua Direita, você encontra a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, que é cheia de ouro – isso porque a Paróquia do Pilar era a mais endinheirada nos tempos da Vila Rica. A entrada custa R$ 6 e dá acesso ao Museu de Arte Sacra do Pilar, que fica no mesmo lugar.
Outra opção interessante é a Igreja de São Francisco de Assis, que fica perto da Praça Tiradentes. Ela foi construída em estilo barroco com elementos decorativos rococó e conta com obras de Aleijadinho e Mestre Ataíde. Essa igreja foi até classificada como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa do Mundo. Entrada: R$ 6.
Não sou tão fã de igrejas por dentro, por isso minha preferida foi a Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que só vi por fora, mas adorei. É que ela é arredondada, com uma fachada diferente das demais, e achei mais original. ;)
Feira da Pedra Sabão
Na frente da Igreja de São Francisco de Assis, na área conhecida como Largo de Coimbra, você vai encontrar a Feira de Pedra Sabão, que pode ser um bom lugar pra comprar lembrancinhas.
As barracas vendem itens muito parecidos, mas encontrei coisas interessantes, desde objetos decorativos e jogos de xadrez feitos de pedra sabão a bijuterias feitas com outras pedras típicas da região (ou suas versões sintéticas).
Mina de Chico Rei
Aproveitando que você está num lugar tão importante pra o passado minerador do Brasil, que tal visitar uma mina? A opção com acesso mais fácil em Ouro Preto é a Mina de Chico Rei. Reza a lenda que ela foi batizada assim por causa de um escravo trazido do Congo, onde supostamente era rei de uma tribo, e se tornou um líder na cidade.
Depois de trabalhar na mina por muitos anos, Chico Rei teria não só conseguido a carta de alforria como comprado a própria mina, libertando seus subordinados. A história diz ainda que ele e outros escravos escondiam ouro nos cabelos e lavavam as pedras nas igrejas, sendo acobertados pelos religiosos.
A mina foi redescoberta em 1946 e seu túneis passam por baixo de boa parte do centro histórico de Ouro Preto. Ela hoje está aberta à visitação turística nos 50 metros iniciais, diariamente das 8h às 17h. Acabei não indo lá porque preferi ir na Mina da Passagem, perto de Ouro Preto (saiba mais sobre ela mais adiante).
Onde comer em Ouro Preto
Com certeza o item mais presente na minha lista de o que fazer em Ouro Preto (mais até do que subir ladeiras) foi comer. E muito bem, viu? Vou fazer um post só com dicas de onde comer em Ouro Preto e atualizo esse aqui com o link.
Mas adiantando: recomendo O Passo e Bené da Flauta pra uma atmosfera mais chique e vistas bonitas, Villa Koa pra sanduíches e sobremesas gostosas num ambiente charmoso com ótima trilha sonora, Chopp Real pra ficar ao ar livre e o bar e lanchonete Satélite pra economizar e conhecer gente.
E ainda tem mais: O Porão pra comer um hambúrguer delícia e escolher entre 80 cervejas artesanais, Spaghetti pra lasanhas e pizzas muito boas, Sótão pra um bufê livre excelente por R$ 25, Mr. Cheff pra um bufê livre gostosinho por R$ 15, Cervejaria Ouropretana pra harmonizar brejas com queijos mineiros e Chocolates Ouro Preto pra lidar com os dias frios.
Só de escrever esses parágrafos já fiquei salivando, então me faça um favor e coma em dobro por mim. :)
Passeios a partir de Ouro Preto
A cidade de Ouro Preto em si já faz valer a viagem, mas seus arredores também oferecem atrações bem legais. Enquanto no Centro Histórico não existe necessidade de usar carro (e nem é muito prático, já que as ruas são estreitas e têm poucas vagas pra estacionar), pra esses outros rolês fica mais fácil ter um veículo.
Se não quiser ou puder dirigir, também dá pra fazer muita coisa de ônibus, mas com carro fica mais fácil conciliar Ouro Preto com cidades vizinhas como Mariana e até incluir outras cidades mais distantes que compõem rotas turísticas como o Circuito do Ouro ou a Estrada Real.
Eu fui de carro e combinei três dias em Ouro Preto com um dia em Belo Horizonte, outro em Inhotim e uma tarde em Mariana, cidade de interior bem simpática, mas muito simples se comparada a Ouro Preto.
Mina da Passagem
Também visitei a Mina da Passagem, que fica entre Ouro Preto e Mariana. Dá pra chegar lá de carro ou de ônibus e o passeio é bem divertido, porque você desce num carrinho que me lembrou os de Gringotes de Harry Potter. :P O programa dura uns 45 minutos ao todo, incluindo a descida e um tour guiado pelas galerias da mina.
Atualmente, o ingresso custa R$ 88 (inteira) ou R$ 44 (estudantes e professores) e o horário de funcionamento é das 9h às 17h, todos os dias. Mais informações no site oficial.
Trem pra Mariana
Também fiz o percurso turístico de trem até Mariana: são 18 km de linha, percorridos em 1 hora. Achei o passeio simpático, mas nada excepcional; vale a pena se você nunca andou de trem, por exemplo.
Vou falar mais sobre o tour em outro post e atualizo aqui, mas já adianto que vale a pena comprar os ingressos online, pra conseguir assentos junto das pessoas do seu grupo e pra ficar do lado direito, onde a vista é melhor.
Atualmente, os ingressos custam a partir de R$ 50 ida ou R$ 70 ida e volta em alta temporada (janeiro, julho e feriados) e a partir de R$ 46 ida ou R$ 66 ida e volta nos demais meses. Veja mais informações no site do trem da Vale.
Outra dica é economizar dinheiro e tempo indo de trem e voltando de ônibus, que custa menos de R$ 5, sai de uma parada bem em frente à estação de trem e chega à Praça Tiradentes em menos de 40 minutos.
Atrativos naturais
Fiquei com vontade de voltar a Ouro Preto tanto pra curtir de novo todos os lugarzinhos gostosos do centro histórico como pra explorar os atrativos naturais dos arredores. Ali por perto você encontra algumas cachoeiras, o Parque Estadual do Itacolomi e outras atrações como as mencionadas aqui.
Onde se hospedar em Ouro Preto
Fiquei hospedada em duas pousadas em Ouro Preto. A primeira foi a Pousada Colonial, que fica a uns dois minutos da Rua Direita. O quarto onde fiquei era como um sótão, com teto inclinado e baixo, e era um pouco apertado, mas achei tranquilo. O chuveiro era bom, o banheiro limpo, o café da manhã gostoso e o atendimento da recepção foi excelente.
Pra quem tiver problemas de locomoção, no entanto, não é a melhor opção, porque a pousada não tem elevador e tem quartos no primeiro andar, e o café da manhã é servido num andar inferior. Além disso, o estacionamento privativo fica a uns 400 metros.
Nos dias seguintes, ficamos na Pousada Clássica, com localização ainda melhor, bem no meio da Rua Direita. O quarto tinha uma estrutura mais novinha e moderna, o café da manhã era bem bom e tinha um chá da tarde incluído (simples, mas providencial).
Eles têm estacionamento interno com manobrista. Achei que o atendimento na recepção poderia ser um pouco melhor, mas nada grave. Se estiver dentro do seu orçamento, recomendo bastante.
Pra quem quer um hotel mesmo, com mais estrutura, uma dica é o Grande Hotel, que tem piscina e fica logo por trás da Rua Direita. Outra opção com boa reputação é a pousada Arcádia Mineira.
Se você procura um albergue, algumas opções bem localizadas são o Rock in Hostel, que fica bem na praça Tiradentes, e o Varanda Hostel, na continuação da Rua Direita. Veja todas as opções de hospedagem em Ouro Preto e faça sua reserva gratuitamente.
E você, tem outras dicas de o que fazer em Ouro Preto? Conta aí nos comentários!
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2 Comentários
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Vc diz no início do post que Ouro Preto (Vila Rica), foi capital de Minas Gerais até 1987…. acho que vc digitou errado os mês.
Oi, Fernando! Tem razão, me confundi na digitação! Era 1897, hehe. obrigada por me avisar! :) Um abraço