Snorkeling em Noronha: nadando com tartarugas e tubarões no Sueste

Sendo recifense, as histórias sobre tubarões que eu conheço mais de perto não são muito felizes – como você deve saber, nossas praias recebem visitas desses animais e algumas dezenas de incidentes foram registrados nas últimas décadas, especialmente depois da construção do Porto de Suape. Somando a isso o imaginário de predadores que esses bichos têm no mundo todo, acho que dá pra entender por que eu achei tão surreal nadar pertinho de tubarões em Noronha, né?

Fui fazer snorkeling na Baía do Sueste durante o Ilha Tour, passeio de 4×4 que percorre vários pontos da ilha durante um dia inteiro. Tínhamos cerca de uma hora pra ficar por lá e podíamos mergulhar por conta própria ou pagar R$ 50 por pessoa pra um guia ir nos puxando com uma boia e mostrar a vida marinha. Escolhi o guia e recomendo: faça isso também! Foram os 50 dinheiros mais bem gastos do meu período noronhense.

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O Sueste não é uma das praias mais bonitas do arquipélago, especialmente porque a água é turva, bem diferente do azul-piscina de lugares como o Sancho. Mas a explicação pra isso é justamente o que faz dela mais especial: tem uma grande concentração de algas por lá, que deixam a água escura, mas também atraem muitos animais – em especial tartarugas marinhas <3 – pra fazer um lanche. ;)

Ficar na areia, então, é um grande desperdício. Se você não tem equipamentos de snorkeling e não alugou antes de ir pra lá, não tem problema, já que dá pra alugar óculos, snorkel, nadadeiras e colete salva-vidas no Centro de Apoio aos Visitantes que fica na entrada da praia. E mesmo que você nade bem, não dispense o colete: é obrigatório usá-lo ao entrar na parte onde fica a maior concentração de animais marinhos, pra evitar que você pise nos corais.

“Ah, mas eu nado bem. Pra quê preciso de um guia?”. É preciso se afastar um bocado da areia pra chegar onde tem mais bichinhos, e mesmo se você tá acostumadx a fazer snorkeling pode ser um pouco cansativo, porque costumam rolar umas marolinhas nessa praia e é preciso certo esforço pra se manter na direção desejada. Com o guia, você só tem que se preocupar em segurar a boia redonda que ele vai puxando e olhar pra baixo – vida boa mesmo ;) Além disso, as chances de você ver animais interessantes são muito maiores assim, já que os caras tão mais do que acostumados e sabem onde encontrá-los.

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O guia que me acompanhou era Daniel, muito atencioso e profissional (recomendo!). Bastaram alguns minutos pra gente avistar as primeiras companhias marinhas: tartarugas gigantes, que nadavam embaixo de nós super blasés e tranquilonas. Em vários momentos tive que tomar cuidado pra não bater nelas sem querer, porque as moças (ou moços, vai saber) tão acostumadíssimas com a presença humana e ficam bem na delas, sem se abalar com aquele povo todo respirando por um tubo.

Infelizmente não vi arraias, que acho supersimpáticas, mas dei de cara com vários peixinhos e lagostas, até que a grande estrela do passeio resolveu aparecer: o tubarão-limão, que passou uns bons minutos nadando junto do nosso grupo e depois chamou um amigo pra se unir a ele. Pra mim, que só tinha visto esses animais através de vidros em oceanários, a experiência foi incrível. :)

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Apesar de um turista já ter sido atacado lá no Sueste (aparentemente, por um tubarão migratório de outra espécie) e outro ter recebido uma mordidinha de um tubarão-limão na Praia do Leão, os especialistas garantem que podemos mergulhar (ou seria boiar?) tranquilos, porque essa é uma espécie pacífica e o ecossistema noronhense é bem equilibrado.

Se ligue: a Baía do Sueste faz parte do Parque Nacional Marinho, então é preciso ter pago o ingresso do parque, que vale por 10 dias, pra ter acesso a ela. Além de ser obrigatório mergulhar com colete salva-vidas é proibido entrar na água com pau de selfie ou aquele bastão comprido da GoPro – amarrei a minha na mão pra não correr o risco de perder, mas se você tiver aquele bastãozinho pequeno flutuante acho que rola usar.

Ah, e é superfácil chegar nessa praia por conta própria, se você não fizer o Ilha Tour ou quiser voltar lá depois. É só pegar o ônibus que percorre a ilha de uma ponta a outra e tem uma parada bem na frente do Sueste.

Mais mergulho

Várias outras praias de Noronha são boas pra fazer snorkeling, como a do Sancho (onde rola uma parada com esse objetivo delícia durante o passeio de barco) e a do Atalaia (pra chegar lá, é preciso fazer uma trilha e o tempo de permanência é limitado pra proteger o local – não esqueça de agendar sua visita no escritório do ICMBio assim que chegar à ilha, porque o número de visitantes também é limitado). Vale a pena levar equipamentos de snorkel se você tiver ou encontrar baratinho, mas se não for o caso é tranquilo alugar por lá, pagando cerca de R$ 20 por dia.

Outra opção é praticar mergulho de cilindro: o batismo, mergulho pra quem não tem experiência, pode ser feito embarcado (ou seja, você vai num barco até uma parte mais funda) ou num navio naufragado perto do porto. A primeira opção fica em torno de R$ 400 e a segunda sai por uns R$ 250 (valores de fev/2017). Infelizmente não rolou pra mim porque no período em que fui (fevereiro) as águas tavam muito agitadas e tinha chovido, então a visibilidade tava ruim. Quem manda em Noronha é a natureza, mas quem somos nós pra reclamar, né? ;)

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