Recordações de viagens: sobre os momentos que não cabem em fotos
Acordei com um sorriso e fiz um levantamento de sonhos. Não daqueles sonhados e imaginados, mas sim os vividos – ainda que às vezes de olhos fechados. Passearam pela mente uma série de recordações de viagens. E nessa compilação de instantes, apareceram poucas das milhares de fotos feitas pra ilustrar posts do blog, pra ganhar likes no insta ou pra enganar o coração, que muito bem sabe: tudo escorre pelas mãos.
Apareceu, sim, muito daquilo que a luz não consegue transformar em imagem. Aquela composição mais profunda das coisas, que não cabe em paletas de cores e tem como filtro a memória. E como se agradecessem pelo carinho, as lembranças que repousavam quietinhas abraçaram bem forte as histórias já contadas.
A sensação de calma que se instala no movimento. No ônibus, no trem, no avião. Planejando os próximos dias, relembrando os que passaram, e lembrando – por fim! – de voltar pra o presente. Ouvindo a mesma playlist pela milésima vez, olhando ao redor e tentando imaginar os porquês de cada um. Sentindo que o caminho é o fim, mais que chegar.
Os sabores que vão muito além dos ingredientes. Os bolinhos de bacalhau e pastéis de nata regados a horas de conversa madrugada adentro num subsolo em Lisboa. As coxinhas, pastéis e hambúrgueres de carne de jaca nesse universo paralelo que é o Capão. As tapas e sangrias que me transportaram pra o passado em Barcelona. Os almoços e jantares feitos com a colheita do dia em Saint Père-en-Retz. O café da manhã à beira-mar que anunciava um novo dia de trabalho e preguiça em Paraty. O jantar vietnamita surpreendente em Berlim. As sobremesas e cafés que deixaram ainda mais doce a passagem pela Bósnia. O sanduíche que alegrou um dia difícil em Amsterdam. O galeto do Sat’s no final de uma noite de samba no Rio. O burrito no chão da praça depois de um dia lindo na Eslovênia. As cervejas que fizeram companhia em um sem número de bares, praias e escadarias.
Os mergulhos reais. Banhos de mar, cachoeira, lagoa e rio na Bahia, no Rio, na Croácia, na Espanha. Hesitar, colocar o pé na água, temer o frio, pensar em com quem deixar as coisas. Perceber que em alguns lugares é possível ser livre não só de alma, mas também de corpo. Entrar, olhar dentro d’água e não acreditar na transparência, olhar ao redor e ver uma imensidão azul, olhar pra dentro e agradecer.
Os mergulhos metafóricos. Convites inesperados, mudanças de planos, muito overthinking (não deixo de ser eu, afinal) e muitos “sim”. Um bate-volta, um par de mãos dadas, uma viagem de última hora, um passeio de barco, uma festa, uma cerveja, uma trilha. Uma coleção de deslumbramentos, um total de zero arrependimentos.
As sensações físicas. O sol na cara, o frio na barriga durante o salto, o suor que insiste em escorrer, a força da cascata batendo nas costas, as pedras machucando os pés, o torpor ao acordar do cochilo na areia, as pernas cansadas no fim do dia, o abraço apertado, o abraço desajeitado, o shot que desce queimando, as pernas bambas na travessia, o frio que congela as mãos, o carinho que parece antigo, a pele cheia de sal, o vento forte à beira do rio, o arrepio antes do beijo, o aconchego do edredom, a febre indo embora feito fogo que apaga, a barriga cheia depois do exagero, a embriaguez em plena tarde, a falta de fôlego ao chegar no topo.
As pequenas surpresas. Recém-chegada, no caminho desde o aeroporto, ganhar uma torta de morango. Na festa nada a ver com cerveja cara, escutar uma das músicas preferidas. Na conversa com alguém do outro lado do mundo, perceber infinitas coisas em comum. Na cidade mais sem graça, encontrar risos e karaokê. Numa madrugada de lágrimas inesperadas, receber carinho e gentileza ainda mais inesperados. Perdida e confusa, sem dinheiro ou internet, ganhar um sorriso e uma carona. Na pergunta por informação, descobrir uma amiga. Na pausa pra um cafezinho, ter uma aula de história vivida.
Os maiores presentes. Na conhecida que ofereceu abrigo, perceber que a vida pode dar segundas e terceiras chances pra amizades surgirem. Em conversas vazias, dar mais valor do que nunca às trocas que fazem pensar. Nos reencontros com amigos de outros tempos, entender com atraso o quanto aqueles tempos foram transformadores. Nas aproximações, lembrar como é uma besteira generalizar. Na troca de mensagens com alguém distante, se inundar de motivação. Num estalo, perceber que viver as saudades às vezes é tão importante quanto matá-las. Num sorriso, saber que cada instante importa.
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7 Comentários
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Que lindo!
“Sair do lugar”, tanto metaforicamente como literalmente, tem esse poder né?
Em breve farei minha primeira grande viagem e espero ter essas experiências sensíveis que vc descreveu!
Oi, Veronica! Pois é, principalmente quando a gente tenta sair no sentido metafórico também, né? :) Que bom que você gostou do post <3 Espero que sua grande viagem seja enorme de experiências! Um abraço
Oi Luisa, uau, precisei de uma pausa para me recompor. Me reconheci em cada frase sua, em cada sentimento, em cada momento… tantos lugares, tantas dúvidas, tantos amigos de lugares que mais eram remotos pra mim, pessoas que se tornaram irmãos e irmãs do coração… os amores que passaram, o medo, a insegurança, a alegria e o amor… essa vontade de chorar de alegria e saudade, e gratidão por ter essas lembranças dentro de mim. Obrigada, por reviver em mim tudo isso. <3
Oi, Caroline! Que delícia ler essa mensagem logo pela manhã. :) São muitos os sentimentos mesmo, né? Uma mistura danada dentro da gente. Obrigada por comentar e boas viagens! <3
Amei o seu texto, se percebe a emoção em cada momento vivenciado. Lindo.Parabéns!
Oi, Viviane! Fico muito feliz de saber que o texto provocou esse efeito :) Muitíssimo obrigada pelo comentário! <3